História Lady Lucky - Eu quero fugir

Os dias passaram rapidamente, logo era a hora de se decidir... Ela até queria entrar na universidade que os outros estavam, incluindo Yon que andava toda coberta, mas fazia uma das coisas que mais gostava: Design de Moda.

– Eu fiquei apavorada no meu primeiro dia – a platinada contou se sentando ao lado da ruiva que se assustou com a presença da outra, afinal ela estava perdida em seus pensamentos tentando decidir o que faria da sua vida. – Mas mesmo assim encarei tudo e já estou quase terminando, e muito feliz por não ter desistido de algo que gosto muito – acrescentou sorrindo. – Acho que você devia ao menos tentar – falou a encarando. E nessa encarada mostrou os momentos bons que tivera na universidade.

– Também acho que devia tentar, neko –  era HyeLiu que aparecia do nada ao lado de Mika, assustando as duas. – Arrependa-se das coisas que deixou de fazer e não das que fez – falou com o dedo em riste.

– O que gostaria de fazer? – Yon a questionou.

– Talvez algo que envolva Literatura, afinal gosto muito de ler e é algo que ocupa bastante a cabeça, assim não ficaria desviando tanto para o pensamento dos outros – ela respondeu num tom pensativo.

– Ah não, você irá passar mais tempo com a JinAh, não gostei – HyeIn reclamou assustando Yon e HyeLiu, Mika já havia escutado os pensamentos, por isso já sabia que a amiga estava ali.

– Você está parecendo essa daqui que surge do nada, HyeIn! – A platinada reclamou colocando a mão no coração. – Quer me matar de susto, garota! – Exclamou rindo nervosa.

– Eu quero ficar mais tempo com a Mika! – Ela exclamou não dando atenção para Yon e agitando os cabelos vermelhos conforme falava, a controladora de chakra fazia medicina.

– Fico com você todo o tempo do intervalo – a telepata falou rindo do jeito da outra.

– Oba! – A morena comemorou dando pulinhos animados, fazendo com que as outras rissem. – Agora vamos contar a novidade de que você irá para a universidade com a gente! – Exclamou animada.

– Mas eu não falei que... – A ruiva começou querendo desconversar, afinal não havia se decidido ainda.

– Mas vai, já irei falar para o professor ir cuidando da sua matrícula e começamos na segunda – HyeLiu falou se levantando.

– E eu irei montar um look para o seu primeiro dia – Yon falou animada se levantando também e acompanhando a amiga.

HyeIn puxou Mika para que fossem conversar com os outros que estavam espalhados pela grande casa. Quase todos se alegraram com o fato da telepata estar querendo sair do ócio que era ficar naquela grande mansão, pois, apesar de terem vários afazeres ali, era muito bom ter um ofício e aprenderem coisas novas que estavam além das que os instrutores poderiam ensinar. Alguns se mostraram desinteressados pelo fato de ela estar arrumando uma ocupação, mas um em especial não gostou daquilo, não exatamente porque ela queria fazer alguma coisa da vida, mas o fato de que ela conheceria outras pessoas não agradou Baekhyun.

Mika leu o pensamento egoísta, porém nada comentou guardando aquilo para ela pensar mais tarde, mas ao menos ele se mostrou alegre e achou ter conseguido disfarçar bem o que pensava, afinal parecia que ninguém havia entrado em sua mente, isso seria algo bom, certo?

HyeLiu voltou toda alegre com a novidade de que a ruiva estava praticamente aceita na universidade a qual elas ingressariam, afinal, segundo o que o professor contara, Mika possuía um bom histórico, então seria provável que eles não negariam a matrícula da moça.

– Além de bonita, é inteligente! – HyeIn exclamou fazendo alarde e com que a telepata corasse com o comentário.

“Agora me conta uma novidade.” O pensamento chegou nela sem que conseguisse bloqueá-lo, afinal tinha alguma coisa na cabeça dela que fazia com que os pensamentos, quando se tratassem dela, chegassem sem permissão em sua mente. E ela sabia quem havia pensado isso, mas disfarçar ela nem conseguiu, pois seus olhos se encontraram com o loiro que automaticamente desviou o olhar, afinal ele a observava.

“Vamos lá, você tem que fazer alguma coisa que se esqueceu de fazer, arrumar uma desculpa para sair daqui...” E novamente ela leu o pensamento do Byun, não gostou do fato de ele querer se afastar, sentindo-se magoada com isso, ela foi quem tomou a iniciativa de sair do meio deles.

– Eu irei para o meu quarto – anunciou num tom baixo, porém atraiu a atenção dos que estavam ao seu redor, incluindo a de certo loiro que a olhou por um momento antes de focar os olhos em outra pessoa. – Vou ajudar Yon com a escolha de minha roupa, estou com medo de que ela exagere – inventou sorrindo amarelo para os outros.

Sem deixar que nenhum falasse nada, ela saiu rapidamente, caminhando para as escadas e indo para a ala dos quartos. Porém não foi para seu quarto, havia uma pequena sacada no final do corredor, para lá que ela foi, se sentando no banco de jardim que havia ali. Seu pensamento foi longe, se perguntando o que tinha feito de errado para Baekhyun querer se afastar, mas logo chegou à conclusão de que ele fazia isso por causa de seu dom.

– Uma dádiva ou uma maldição? – Yon falou se sentando ao lado da ruiva, e, por incrível que pareça, a assustando com a sua presença repentina e sua questão que ficou no ar.

– Como sabe que eu...? – Questionou-a num tom baixo, audível apenas para a loira ao seu lado.

– Porque já pensei nisso muitas e muitas vezes – respondeu antes de dar um suspiro cansado.

– E que a conclusão chegou? – Quis saber.

– Que é um pouco dos dois – respondeu rindo da sua própria resposta. – Um dom porque me protege de praticamente tudo, nem doente direito eu fico e ainda posso ficar mais forte roubando energia vital ou o dom das outras pessoas – continuou. – Mas uma maldição porque não posso tocar pele a pele as pessoas que mais amo sem as machucar – lamentou voltando o olhar para a ruiva por um segundo. – E você? O que pensa agora?

– Eu não sei – Mika respondeu baixando os olhos para as suas mãos. – Penso que é bom saber tudo que as pessoas estão pensando, mas também penso que isso não é bom – contou. – Em certos momentos, saber o que pensam, é desnecessário, é invasão de privacidade, é... Saber demais!

– Saber demais nunca é bom, mas fazer o quê se é isso que você é? – a loira falou voltando o olhar para as folhas de uma árvore que começavam a se agitar com o vento. – Quando meu dom apareceu pela primeira vez eu fui considerada um monstro, meus pais se afastaram de mim por não entender o que estava acontecendo comigo, foi muito difícil, até que seu tio apareceu e me explicou de certa forma o que estava acontecendo comigo – ela me contou. – Ele me deu outra perspectiva do que acontecia comigo, me deu outro propósito de vida e agora seguimos ajudando aos outros de certa forma, isso é bom – sorriu.

– O que aconteceu quando seus dons ativaram? – Mika a questionou se mostrando curiosa.

Yon deu um sorriso triste para ela e voltou seu olhar para a mesma árvore de antes, as folhas se agitavam mais anunciando que viria um temporal.

– Eu tinha uma espécie de namorado naquela época, ficávamos às vezes, essas coisas – fez um gesto de tanto faz com a mão como se fosse algo sem tanta importância. – Certo dia as coisas esquentaram, nos empolgamos... Os beijos, os toques... Tudo foi letal, quando percebi que ele não se mexia, não fazia mais nada, foi quando eu surtei – deu um suspiro desanimado. – As memórias começaram a passar na minha mente, era como se eu fosse ele, mas sabia que não era ele, sabia de algum modo que aquelas memórias não me pertenciam, porém eu corri para a casa dele e com uma extrema facilidade consegui entrar no quarto dele pela janela... Eu estava confusa, era como se não fosse eu, como se fosse ele e quando tudo isso passou, minutos depois, dei um jeito de sair de lá e ir para onde estávamos... – ela deu mais um sorriso triste, dessa vez encarando a ruiva. – Ele estava desacordado, tentei fazer com que ele acordasse, mas toda vez que o tocava percebia que ele ia ficando cada vez mais pálido... Foi quando resolvi chamar por socorro – suspirou olhando para as mãos.

– Ele estava...? – Mika perguntou, não conseguindo falar a última palavra.

– Em estado vegetativo, praticamente morto – a platinada contou. – Eu o visito sempre que me sobra um tempo.

– Eu sinto muito – a ruiva falou sem conseguir encará-la.

– Eu também sinto – a outra se lamentou. – Mas isso é o que sou, tenho, temos que aprender a conviver com isso – disse se levantando. – Vou entrar agora, parece que vem uma chuva daquelas – avisou a ruiva enquanto voltava o olhos para o céu.

– Pode ir primeiro, eu vou daqui a pouco – murmurou olhando para cima também.

Yon seguiu para dentro da casa, deixando a ruiva com seus pensamentos à mil. Mikaella havia sentido toda a melancolia da amiga e mergulhada nela, ficou sentada ali até os primeiros pingos começarem a molhá-la. Quando ela se levantou de onde estivera sentada, um raio cortou o céu e o barulho veio alguns segundos depois, fazendo com que a face da garota se transformasse numa assustada e, correndo, ela entrou na mansão, fechando a porta da varanda atrás de si.

Ela teve o vislumbre de mais um relâmpago antes de correr para a sala de estar onde sabia que ele estaria, quase chorando ela parou na frente dele e com a voz chorosa, pediu:

– Faça parar.

E a sala toda ficou em silêncio com essa entrada e pedido que ela fizera, pedido que fora atendido quase imediatamente, fazendo com que a chuva forte se transformasse numa garoa fraca, sem aquela ventania e os raios junto dos trovões que a assustavam tanto. Porém, não fora isso que chocou à todos, fora a forma que Rain ficou, estático, como se estivesse inanimado, como se fosse um robô e esperasse a próxima ordem da garota a sua frente.

– O que você fez? – A pergunta chegou até Mika fazendo com que ela desviasse o olhar do instrutor e seus olhos voltassem a mostrar alguma emoção, quebrando assim o contato visual e qualquer controle da mente dele que ela tivesse.

A chuva voltou a ficar forte, porém Rain a controlou com o gesto de sua mão para que ela diminuísse e olhando abismado para a ruiva, se pronunciou:

– Você tem o mesmo dom da sua mãe, é por isso que ele a quer – a revelação fez com que a garota arregalasse os olhos e seus sentidos sumissem, a levando ao chão.

Os outros pareceram sair do choque, Baekhyun foi o primeiro a chegar até ela, a levantando como se ela não pesasse nada e, seguindo Rain, que pedira para que ele a levasse até o seu quarto, subiu com ela em seus braços. Encontraram HyunShik no caminho e ele só não pegou a sobrinha nos braços porque viu o cuidado que o loiro estava tendo com ela.

– Você já sabia disso? – O controlador do clima questionou o professor.

– Estou tão surpreso quanto você, JiHoon – o telepata respondeu, sua face também mostrava assombro. – Eu não sei até que ponto conseguirei ajudá-la – acrescentou num tom pesaroso enquanto observava Baekhyun ajeitá-la na cama. – Sei apenas que devemos protegê-la daquele cara – afirmou num tom sério.

– Talvez seja a hora de você pedir para os garotos fazerem aquilo – Rain comentou num tom baixo, não querendo que o loiro ouvisse aquela conversa.

– Irei conversar com eles, mas você sabe o quanto é perigoso... Quando eles forem para lá, não terei como protegê-los – o professor murmurou meio contrariado.

– Eles se ofereceram e disseram que saberiam se cuidar, confie um pouco nos garotos, HyunShik – ele falou, porém se calando ao ver que Baekhyun vinha na direção deles.

– Ela irá ficar bem? – O garoto os questionou num tom preocupado.

– Irá sim, não se preocupe – o professor garantiu. – Ela só precisa descansar um pouco, quando acordar, conversarei com ela – falou num tom tranquilizador.

– Aquilo que ela fez... Pode se repetir? – Ele questionou os mais velhos voltando o olhar para a garota que estava deitada na cama.

– Mika herdou os poderes da mãe, SunHio era capaz de controlar a mente das pessoas, mas odiava ter que apelar para isso... – o professor começou contando. – Ela tem a mesma índole da mãe, acredito que tenha sido o choque de saber que era possível fazer isso também que tenha feito com que ela perdesse os sentidos – concluiu dando um suspiro cansado. – Apenas tenho medo que ela se feche mais ainda – comentou num tom melancólico.

– Ela possui um dom muito poderoso, e nas mãos erradas, isso pode ser uma tragédia – Rain se intrometeu. Baekhyun concordou fazendo um gesto com a cabeça.

– Vamos protegê-la – o loiro falou e depois fez uma reverência, seguindo para o seu quarto. Sua cabeça estava uma confusão, ele precisava pensar.

~EXO~

– Vocês têm certeza que querem fazer isso? – Foi a pergunta que o mais velho fez.

– Queremos proteger todos eles, faremos isso sim – Kris se pronunciou num tom confiante.

– Se o preço a pagar for sermos odiados, não me importo – Tao falou. – Contanto que ela, que todos fiquem seguros – acrescentou.

– JunJi já previu isso, ela estava muito irritada dizendo que futuramente iria me odiar... – Luhan falou num tom pesaroso. – Mas ela não viu se isso daria certo ou não.

– Nós faremos isso dar certo – o controlador do dragão de fogo afirmou. – Arrumem suas coisas, partimos em uma hora – decretou.

Fez uma reverência, sendo seguido pelos outros dois e saíram da sala do professor.

– SunHio, espero que esteja cuidando de nós – HyunShik falou para as paredes.

E depois de sua fala, percebeu uma mente agitada no andar de cima, Mika havia acordado.