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História Lágrimas de um sorriso - Byahime - Quando a alma chora


Escrita por: AndyInoue

Notas do Autor


Pessoal como disse, essa fic será atualizada um pouco lentamente, é difícil escrever universo alternativo, fazer com que tudo faça sentido e colocar os personagens nos devidos lugares... Já escrevi um monte a tudo ainda está na mesma manhã...

Bem desculpem a demora e boa leitura.

Capítulo 3 - Quando a alma chora


Fanfic / Fanfiction Lágrimas de um sorriso - Byahime - Quando a alma chora

 

A mansão era linda, para dizer o mínimo, mas nada disso estava prendendo a atenção de Orihime, o olhar distante de Byakuya era tudo o que ela realmente via, aquela sombra de tristeza que ela viu em alguns momentos na empresa tinha assumido todo seu olhar, ela não quis interromper e aguardou até que ele tivesse tudo o que queria no lugar.

Após saírem do carro caminharam lentamente até o imenso chafariz alguns metros do portão principal, estava sendo mais difícil do que ele queria admitir estar de volta onde tudo começou e tirar esse peso de seus ombros não seria fácil.

- Foi aqui onde meus pais e minha irmã foram mortos.

Orihime olhou para ele com surpresa evidente em seus olhos e não apenas isso, parecia que a dor dele havia passado para ela. Ela viu que os olhos dele estavam atormentados e viu lágrimas que ela sabia que não seriam derramadas, não agora.

- Byakuya... – Ela apertou a mão dele, seus próprios olhos estavam aquosos.

- Vou contar tudo pra você – Ele se voltou para ela, tocou seu rosto e sorriu um sorriso triste, porém sincero – Tudo pra você.

E ele contou, contou como sempre se viu cercado de pessoas interesseiras que apenas estavam em busca de poder e status, de mulheres que queriam dinheiro e fama, de homens que estavam sempre perto de seus pais em busca de riqueza e glória, a única coisa que ele nunca via era honra. Ele ficou feliz quando Rukia adoeceu tão de repente, foi à desculpa perfeita para ele não ir a mais uma festa cheia de ratos. Às vezes ele quis ter estado com sua família, dentro daquele carro, muitas vezes na verdade, mais aí ele olhava pra Rukia, que na época era uma adolescente, então ele ficou por ela mas não era mais o mesmo.

O Byakuya que socializava por educação tornou-se o Byakuya que só participava de eventos de negócios, não permitindo que ninguém se aproximasse dele ou de Rukia, Renji precisou provar dia após dia que era merecedor de estar ali, que possuía honra. Os anos lidando com raposas velhas o ensinaram a ver uma serpente a distância e em todos esses anos ele nunca havia visto uma alma pura.

Homens de negócios que se aproximavam dele eram totalmente investigados, passado, presente e futuro. Mulheres que se aproximavam dele eram totalmente ignoradas. Pessoas que queriam tornar-se seus amigos desistiam diante do olhar frio que recebiam. Ano após ano e o resultado era um Byakuya confortável com sua solidão e um homem inalcançável.

- Desde que eles foram assassinados que eu me isolei de qualquer ser humano que quisesse se aproximar de mim – Ele olhava um ponto qualquer no imenso jardim – Você perto de mim pode ser considerado um milagre.

Byakuya havia contado tudo isso olhando para sua antiga casa, seus jardins, a vista em volta, todo lugar, menos para Orihime. Quando disse essas palavras ele finalmente olhou para ela e foi para vê-la com o rosto banhado em lágrimas silenciosas, seus olhos eram duas cascatas que pareciam não ter fim. Ele ficou surpreso.

Orihime entendeu exatamente o que Byakuya estava falando, ela ouviu as palavras que ele não havia dito. Assim como ela, ele não confiava em mais ninguém e a dor que sentiu foi tão grande que ele não queria passar por aquilo outra vez, a devastação em seu coração era tanta quanto à dela, só havia sombras. A única partícula de luz para ele era Rukia, já para ela foi a lealdade dos amigos de seu pai e irmão.

Orihime foi até Byakuya e o abraçou com tanto carinho que chegava a doer, libertar seu coração estava sendo mais doloroso do que aprisiona-lo. Quando sentiu os braços de Byakuya envolve-la ela sorriu, um sorriso triste, um sorriso cheio de lágrimas, ela precisou encontrar alguém que sofreu tanto quanto ela para poder alcança-la, para poder arrancar ela do quarto escuro onde se trancou. Ao perceber isso a primeira avalanche de dor veio e seu corpo inteiro tremeu.

- Eu sinto muito Byakuya – Sua voz contradizia todo o estado do seu corpo, estava clara e serena – Eu sei o quanto dói... se você quiser eu fico aqui com você.

Essas palavras, essas simples palavras selaram seu destino. Byakuya apertou seu abraço em torno dela ainda mais apertado, parecia ter medo que ela fosse evaporar de sua vida. Quando ele enterrou o rosto em seu pescoço, escondendo-se em seus cabelos as primeiras lágrimas vieram, silenciosas.

- Eu quero que você fique em minha vida para sempre – Em muito tempo, depois de muito tempo, ele sentiu vida em seu coração – Não entendo como isso aconteceu e sinceramente não quero saber o porquê, mas tudo o que sei é que eu preciso de você.

...

Renji tentava ver o rosto de sua mulher e não conseguia, parecia que estavam em mundos separados. Rukia estava olhando para o nada embora sua face estivesse voltada para o coelho que havia recepcionado os entrevistados.

- Você! – Ele olhou para Loly, não lembrava o nome dela – Preciso falar com minha mulher em particular, vai dar uma volta no departamento pessoal e pergunte a Unohana-senpai a respeito do novos contratados.

Ele não esperou resposta, praticamente empurrou a garota porta a fora nem se dando ao trabalho de indicar-lhe o caminho, ele apenas enxergava sua pequena que parecia perdida e distante como a muito tempo não via. Ele fez o que fazia de melhor, foi brusco e intenso, puxou ela da cadeira e a abraçou forte.

- Ren...

Ela viu quando ele entrou, viu quando ele percebeu que ela não estava normal, quis rir quando ele expulsou Loly de sua sala, mas não reagiu, ela só mostraria suas fraquezas para o homem em sua frente, aquele que sempre esteve ao seu lado desde que podia se lembra.

- O que é isso? – Ele olhava para o dossiê de Orihime que agora estava na mesa de Rukia.

- Você se lembra do dia em que fomos ao Festival das Cerejeiras naquele Templo perto do Monte Fuji? – O corpo de Rukia inteiro tremia – Lembra que você sempre teve a curiosidade de saber o que tento eu pedi naquele Templo?

- “Mi pequena” – Ele só usava esse termo quando realmente estava perturbado - Onde você esta querendo chegar?

- Foi no mesmo dia Renji... – Agora ela chorava abertamente apontando para a parte exata do dossiê onde falava do assassinato da família de Orihime – Eu pedi tanto que nii-sama encontrasse alguém que fosse capaz de entende-lo, alguém especial para ele, para que ele pudesse amar e ser feliz...

- Rukia eu não entendo...

- Não existia ninguém...  – Ela agora olhava nos olhos de seu marido - Então Kami-sama criou alguém pra ele... e ela perdeu tudo... nesse dia.... no mesmo dia em que eu suplicava naquele Templo pela felicidade de nii-sama.

- Não – Ele entendeu exatamente o que ela estava falando – Nem pense em acreditar que isso foi sua culpa.

- Eu entendo que não é... – Ela chorava nos braços de seu marido – Mas a ironia de tudo é angustiante, estou feliz por nii-sama mas, por outro lado, estou triste pelo que aconteceu a ela.

“Meu avô sempre contava uma lenda muito bonita desse Templo, ele contava que o avô dele viveu muitos e muitos anos por que quando ele era criança ele conheceu um anjo e que esse anjo lhe devolveu a vida e que o avô dele havia unido as almas desse anjo e de um ceifeiro de almas para a eternidade e que o amor deles era tão puro que eles se encontrariam através dos anos, dos mundos e do tempo. Eu sempre perguntava a ele como a morte e a vida poderiam viver juntas e ele respondia: Quando duas almas se amam não importa o que possa acontecer, elas se encontram e se unem, uma não vive sem a outra, é como o dia e a noite, para um existir tem que existir o outro e eles sempre andam juntos. Eu só queria ter visto esse casamento...”

- Você se lembra dessa parte também? – Ele próprio havia ficado impressionado com a lenda.

- Sim...

- Então... vai que são eles...

- Renji... – Essa era uma das razões pela qual ela sempre amou esse homem – Então... eu farei de tudo e tudo o que puder para que eles sejam felizes.

- Eu ajudo – Ele riu – Ter seu irmão fora do meu pé um pouquinho vale qualquer esforço.

- BAKA!

...

Flahsback

- Você está se tornado um homem muito difícil Byakuya. – O velho riu, seu neto era algo a se admirar.

- O senhor deveria estar descansando e não analisando minha vida amorosa. – Ele sempre se punha sério diante de seu avô.

- Seu pai não vai desistir de tentar um arranjo para casar você.

- Isso não me interessa no momento.

- Sabe, meu neto – A seriedade do velho Ginrei chamou a atenção de Byakuya – Você já tem uma alma separada no universo pra você e quando você finalmente a encontrar nunca mais a solte.

- Não acredito nessas coisas.

- Você é uma alma especial meu neto – Nesse instante ele olhou nos olhos de Byakuya intensamente.

- Não há nada de diferente em mim avô.

- Só me prometa que no dia em que você a encontrar você nunca irá deixa-la ir, e que você a segurará com todas as suas forças.

- Avô eu... – Ele foi cortado

- PROMETA?! – Seu tom era algo raro para Byakuya.

- Eu prometo. – Era uma promessa que ele poderia cumprir, caso encontrasse essa ‘tal alma’.

- Pegue aquela caixa. – Ele apontou para uma urna de aparência muito antiga a qual Byakuya nunca tinha visto. – Abra.

- O que é isso?

Era uma pergunta idiota já que ele via claramente o que havia dentro da caixa: um colar. A beleza do colar era o que impressionava: uma cadeia toda de prata com a aparência de um ramo de cerejeira toda cravejado de minúsculos diamantes em forma de flor de hibisco com seis pontas e um pingente no formato de uma lágrima com uma pétala de cerejeira no centro. Perfeito.

- Está na família a gerações, não é repassado para qualquer um – Ele sorriu discretamente – Não me interprete mal, eu amo seu pai, mas vejo em você algo que nunca vi nele e eu sei que no dia em que você se encontrar com sua outra metade você sentirá um desejo maior que você de fazê-la sua família, mesmo que sua família atual não esteja mais aqui para ver.

- Avô...

- Você sentirá que ela é parte de você, que ela foi aceita por esta família tradicional e rígida, por que esse colar irá ficar lindo em seu pescoço e você sentirá tanto orgulho ao olhar para ele no pescoço dela que tudo encontrará seu lugar dentro de você.

Byakuya achou toda a conversa muito estranha mas não discutiu, seu avô vinha com a saúde muito debilitada e tinha momentos onde a lucidez lhe faltava, então guardou suas palavras esperando que um dia ele as entendesse. Dois dias depois Ginrei Kuchiki faleceu dormindo pacificamente e as palavras dele para Byakuya ficaram gravadas em seu coração, ele foi ao quarto de seu avô e pegou a caixa, guardando em seu próprio quarto. Quando sua família foi morta ele esqueceu tudo sobre aquilo de tão enterrado que ficou no meio de sua raiva.

...

Ele se deu seu próprio tempo, nem se lembrava a ultima vez que havia chorado mas sentia-se bem como a muito tempo não se sentia, ainda estava nos braços de Orihime, o tempo parecia parar quando estava com ela. Para um homem acostumado a lidar com a lógica tudo o que sentia simplesmente não fazia sentido mas era muito bom sentir tudo isso.

- Você não tem ideia do que você é para mim. – Depois de mais alguns momentos Byakuya finalmente falou.

- Eu tenho medo de não ser boa o bastante pra você – Mais uma vez ela olhava para o chão, tinha medo mas tinha que ser sincera com ele – Eu sou boba, não sei muitas coisas, tenho medo de encarar meu passado, não tenho família pra quem voltar, não tenho ninguém e até entrar em seu prédio eu tinha certeza de poucas coisas em minha vida mas uma delas era que eu morreria sozinha para não preocupar ninguém mas agora está tudo tão diferente... eu quero estar com você mas eu tenho tanto medo...

- Orihime – As palavras dela tocaram sua alma, ele sabia que tudo tinha que ser dito, mas doía demais – Você irá acabar com meus medos e eu acabarei com os seus – Ele fez com que ela olhasse para ele – Nós vamos passar por isso... só... não me abandone.

- Você tem certeza? – Ela queria, ela queria muito o que estava sentido, mas precisava ouvir dele  que depois de tudo o que ela disse ele a queria ainda assim: uma boneca de porcelana com várias rachaduras e faltando algumas partes e que mesmo que fosse concertada sempre haveriam as marcas.

- Eu quero você para ser minha prometida por agora – O sentimento que seu avô uma vez lhe disse que sentiria estava ali, ele tinha certeza – E em breve minha esposa, mãe de meus filhos, senhora de minha casa, dona do meu coração... Mas para sempre a mulher da minha vida, o centro do meu universo.

Ele olhava em seus olhos a medida que aproximava seus lábios dos dela, queria que soubesse e concordasse com o que estava prestes a fazer. Quando finalmente seus lábios se tocaram ele pode sentir o corpo dela tremer em seus braços bem como um sentimento de posse e entrega correr dentro dele e atingir seu coração com força. Um beijo casto e singelo mas com tanto significado que não era possível colocar em palavras. Ambos sabiam que não poderiam seguir caminhos diferentes, ambos sabiam que estariam sempre juntos.

- Vamos, você precisa conhecer a casa. – Ela olhou pra ele e sorriu, como antes, feliz ainda mais que antes e Byakuya soube que faria qualquer coisa para que aquele sorriso sempre estivesse ali.

- Sim. – Ela sabia que ainda havia muito pra curar mas ela tinha luz agora, direção, graças ao homem que a levava pela mão e que agora era o dono de sua alma.

...

- Você não me parece muito bem. – Seu jeito superior sempre deixava seu amigo irritado.

- Uryuu não enche o saco! – Ichigo estava longe de estar bem – Tem muita coisa na minha vida que não era para ser assim.

- E qual foi o milagre que te fez ver o obvio? – Ele não queria demonstrar o quanto estava preocupado.

- Myako... ainda não sei porque continuo com ela. – O remorso que sempre sentia o atingiu outra vez – Era só para provocar...

- Até hoje não entendi o que aconteceu pra você concordar com isso. – Uryuu balançou a cabeça, parecia querer clarear os pensamentos – Você sempre amou Inoue-san e do nada você aparece namorando essa garota.

Uryuu ainda se lembrava, claro como o dia, da noite em que Ichigo chegou para a reunião deles acompanhado, e lembrava mais ainda da dor que se instalou nos olhos de Orihime, ele assistiu sem poder fazer nada Ichigo exibindo a namorada e quando Orihime finalmente decidiu ir embora ele viu o próprio Ichigo desnorteado. Quando ele finalmente conseguiu arrastar um Ichigo ainda alterado ele soube que tudo não passava de uma farsa, que sua intenção era ver se Orihime gostava dele, o idiota era o único que não via, e quando Uryuu conseguiu convencer Ichigo a se abrir com Orihime já era tarde demais, a vida da amiga havia mudado drasticamente e nenhum deles conseguiu alcançá-la.

Eles perderam as contas de quantas vezes tentaram falar come ela, todos eles, ela simplesmente estava inacessível. Todos eles, mesmo Tatsuki, ela evitava todos eles, sempre que um a encontrava o resultado era o mesmo: Um cumprimento vazio, um sorriso sem vida e uma saída rápida. Não houve oportunidade para nenhum deles explicar o que aconteceu e estar lá para ela. Ela simplesmente não deixou. No fundo todos carregavam uma pequena culpa pelo que aconteceu e Ichigo era quem mais se culpava.

- Eu sinto falta dela... – Ichigo baixou a cabeça – Eu a vi hoje... ela estava linda...

- Tentou falar com ela?

- Ela entrou no prédio das Empresas Kuchiki’s, fiquei curioso pra saber o que diabos ela foi fazer lá. Eu conheci o cara, um esnobe arrogante que acha que é melhor que todo mundo.

- Você está falando de Byakuya Kuchiki? – Ele recebeu como resposta um aceno positivo de cabeça – Meu pai tem negócios com ele.

- O meu também, parece que ele doa medicamentos para clinicas que tratam pessoas carentes de graça. – E novamente a curiosidade – Eu queria saber o que ela foi fazer lá.

- Será que um dia teremos nossa amiga de volta? – Era difícil admitir mas Uryuu sentia falta de Orihime, ela foi sua primeira amiga.

- É tudo que eu quero – Ele ficou triste de repente – Mas eu sei que ela mudou e não sei o que fazer para ajudar.

- Não acho que qualquer um de nós sabe o que fazer.

- Eu quase esqueci – Sua expressão mudou de tristeza para tédio – Myako quer jantar fora hoje, não sei o que tanto ela acha divertido em jantar em um restaurante após outro toda noite.

- Isso se chama status – As vezes Uryuu esquecia o quanto o amigo não valorizava essas coisas – Para algumas pessoas isso é muito importante, embora dessa vez partilho de sua opinião.

...

- Kuchiki-dono!! – Exclamou a velha governanta da mansão com surpresa evidente estampada em seu rosto.

- Não me chame assim, dá a impressão que meu avô está atrás de mim. – O olhar sereno de Byakuya era o que mais estava surpreendendo a anciã Kaede, desde a morte de seus pais e irmã ela só o tinha visto pela televisão e mesmo antes, desde a morte de seu avô, ela podia jurar que não via esse ar tão calmo a muito tempo. – Byakuya, como sempre, é suficiente.

- É muito bom vê-lo Byakuya-san. – Ela estava emocionada em ver o jovem a quem viu crescer.

- Esta é Orihime – Ele esperou que ela focasse seu olhar na mulher que trazia pela mão – Minha noiva.

- Como vai? É um prazer conhecê-la. – Ela fez uma reverencia para a senhora, mais emocionada pelo título que recebeu, verdade seja dita, do que pela apresentação embora era fácil ver a emoção no rosto da senhora.

- Noiva... – Os olhos da anciã ficaram cheios de vida de tanta felicidade que sentia, suas esperanças de que “seu menino” encontrasse a paz que tanto merecia vinham acabando ao longo dos anos, aquela jovem que ele trazia era o sol que a vida dele precisava – Olá “minha menina”, eu sou Kaede Mo e é uma honra conhecê-la.

- A honra é toda minha Kaede-sama. - Mas uma vez ela se curvou para a anciã.

- Não a chame assim – Byakuya já podia ver a avalanche de argumentações vindo em direção a eles – Todos a chamamos de Obasan.

- É melhor – A anciã sorriu.

- Nós vamos almoçar aqui, mas não tenha pressa, temos um pouco de tempo.

- Oh! Que maravilha, estou muito feliz... muito feliz. – Quando ela virou e começou a chamar uma serie de nomes dos quais alguns Byakuya não reconhecia foi possível ver ela enxugar uma lágrima que escorria por seu rosto, fato que aqueceu o coração de Byakuya.

- Obasan – Ele esperou ela olhar para ele – Nós vamos morar aqui.

- Sim... sim.

Foi tudo que ela conseguiu pronunciar antes de sorrir abertamente, o velho rosto ficando todo enrugado, os olhos sumiram de tão largo que era o sorriso e dessa vez ela não pôde evitar que suas lágrimas fossem vistas, ela ria e chorava ao mesmo tempo, o milagre que ela pediu finalmente diante de seus olhos, ela tinha certeza que se morresse agora morreria em paz mas queria alguns anos a mais de vida para poder apreciar essa felicidade tão merecida.

- Você deve estar com fome. – Mesmo que fosse verdade era uma excelente maneira de amenizar o efeito de tantas emoções desenterradas.

- Byakuya fome está entre os últimos itens da longa lista de coisas que estou sentindo – Agora que as portas foram abertas tudo estava vindo ao mesmo tempo e estava uma bagunça, sem contar a ligeira observação com relação a "nós vamos morar aqui". – Tenho que pedir desculpas aos meus amigos, tenho que agradecer a Urahara-san e Zaraki-san por tudo que fizeram por mim, preciso ir ao túm... – Ela pôs a mão livre sobre o peito, ele doía – Ao túmulo... ao túmulo deles e...

As imagens vieram, aquelas que ela fez questão de esquecer inutilmente, os tempos felizes, as conversas com sua mãe, seu pai a ensinando a ver as coisas a sua volta com mais atenção, seu irmão brincando com ela, os festivais, os risos, a alegria de ter a família reunida quando sua mãe colocava a mesa, os rostos deles começaram a girar em sua mente e tudo escureceu. O peso de mexer em tantas emoções teve seu preço, ela desmaiou, para desespero de Byakuya que a pegou antes que seu corpo atingisse o chão.

- Orihime! Orihime! – Esse tipo de medo era novo para ele – Obasan preciso que traga o médico aqui agora!

Mesmo que ele não morasse mais ali, naquela casa estavam os trabalhadores que sempre foram leais a sua família e tinha uma boa quantidade de idosos entre eles que eram muito teimosos e insistiam em trabalhar mesmo já estando aposentados. Quando ficou sabendo através de Rukia que o jardineiro da mansão havia enfartado e quase morreu pela demora no atendimento ele contratou um médico e um enfermeiro para morar na mansão para dar assistência a todos ali. Embora fossem poucas as ocorrências foi uma sabia decisão, ainda mais agora.

- Preciso que se afaste. – O médico não sabia com quem falava.

- Eu não vou sair de perto dela.

O médico tinha total intenção de argumentar mas desistiu diante do olhar do homem a sua frente então resolveu dar atenção a quem realente precisava. Após uma checagem rápida duas coisas ficaram evidentes:

- Não posso dizer o que aconteceu sem que alguns exames sejam realizados, mas os sintomas iniciais são de uma estafa mental, o pulso dela ainda está acelerado. – Ele franziu a testa.

- O que mais? – O tom de Byakuya não dava espaço para conjecturas.

- Ela precisa de cuidados, ela tem sinais claros de depressão, unhas muito curtas, olheiras, a palidez de sua pele diz que ela não costuma sair de casa – Ele olhava para a mulher desacordada com um certo assombro, ela era muito bonita – Ela é muito frágil para seu próprio bem, deixe-a descansar, ela vai acordar assim que sua mente se acalmar.

- Ela terá tudo o que precisa – Ele se voltou para Kaede – Meu quarto?

- Está pronto. – Ela viu com uma clareza tão grande que dava medo: a vida de “seu menino” estava atada, amarrada e unida a daquela jovem que agora ele pegava em seus braços.

- Me avise quando o almoço estiver pronto, não se apresse.

Com Orihime em seus braços Byakuya seguiu para seu quarto, seu próprio coração estava acelerando, amanhã seria o segundo dia que ele não iria trabalhar, nem que fosse amarrada Orihime passaria por uma bateria de exames completo, se tivesse uma molécula fora do lugar ele descobriria e cuidaria, ele viveria todos os dias, os muitos dias de suas vidas com ela e não haveria nada nem ninguém com capacidade suficiente para mudar isso.

- Quem são esses? – Kira e Hanataro moravam na mansão a muito tempo e nunca tinham vistos o casal antes.

- São seus patrões, Byakuya e Orihime Kuchiki. – A velha sorriu, era emocionante dizer isso.

- O que disse? – Ele estava com quase completa certeza que estava demitido.

- Não pense nisso agora, Byakuya-san no momento só enxerga ela.

Kaede não poderia estar mais certa, Baykuya só tinha Orihime na cabeça, ele levava sua carga preciosa com tanto cuidado que mais parecia que ele temia que ela ia se quebrar. Ele entrou em seu antigo quarto mal registrando o fato de estar de volta ali depois de tanto tempo, seguiu direto para sua cama e colocou Orihime ali, ele não conseguia ficar longe dela, então ficou ao seu lado, meio sentado meio deitado, com ela apoiada em seu peito. Como tudo que sentia desde que a viu, isso não fazia sentido, o medo de perde-la era tanto que calava a dor da perda de sua família. Orihime parecia dormir então ele se deixou vagar por sua mente até que adormeceu também.

Ele ouviu o som de alguém batendo em sua porta mas pareceu tão distante e equivocado, ninguém batia em sua porta. Logo em seguida ele registrou algo quente e confortável em seu peito, levou um segundo para ele ter certeza de que tudo que ocorreu não foi um sonho louco, mas sim uma realidade muito louca que agora era parte de sua vida, na verdade agora era sua vida.

- Sim? – Ele perguntou tentando não falar alto demais.

- O almoço está pronto Byakuya-san. – Era Kaede meio a contra gosto.

- Tudo bem, iremos em instantes.

Orihime parecia tão serena aconchegada junto a ele, ele não viu o momento mas uma mão dela estava pousada junto a seu rosto em cima de seu coração. Ela começou a se mexer até que abriu os olhos levemente e olhou para ele, parecia querer saber se era realidade ou não.

- Eu realmente estou com você? – Sua mente ainda relutava em acreditar.

- Sim – Ele sorriu – E irá continuar por muitos e muitos anos.

- Isso é bom. – Ela apoiou a cabeça outra vez em seu peito.

- Por mim ficaríamos aqui para sempre mas temos um almoço nos esperando e ainda precisamos nos preparar para um jantar. – Ele não queria admitir mas estava ansioso para que o mundo soubesse que ele não era mais sozinho, que ele não era frio e indiferente, e que ele tinha ao seu lado a mulher mais linda que um dia alguém já viu.

 


Notas Finais


Bem, espero que tenham gostado e até o próximo. Como sempre obrigada pelos comentários e favoritos.


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