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História Lágrimas de um sorriso - Byahime - A paz que você me traz


Escrita por: AndyInoue

Notas do Autor


Olá a todos!! Finalmente um novo capítulo. Como sempre digo: essa fic será um pouco mais lenta, os capítulos são um poucos maiores que os meus normais e tenho Duas vidas pra terminar.

Obrigada a todos pelos comentários e favoritos, sempre fico muito feliz com isso.


Pra vocês que amam Byahime, criem histórias sobre eles, Annelise está criando a dela e me propôs uma segunda campanha, então vamos incentivar.
#AnnelisefazByahime #MazufazByahime

E pra vocês que estão sumidos (as) estou com saudades: Monapont, Agatass_011, Pand-chan, Inehime, hernandesportos, Hozier_ Sinto falta de vocês atualizando, suas historias são ótimas, então voltem, por favor.

Boa leitura.

Capítulo 5 - A paz que você me traz


Fanfic / Fanfiction Lágrimas de um sorriso - Byahime - A paz que você me traz

 

Tatsuki caminhava lentamente ao longo do rio, não queria ir pra casa, não queria falar com ninguém, era a primeira vez em sua vida que sentia vergonha de suas atitudes, ela se considerava a melhor amiga de Orihime e mesmo depois de ouvir a verdade de todos os motivos do afastamento da ruiva ainda teve a capacidade de julgá-la.

“Que bela melhor amiga que eu sou, que eu sempre fui... Tudo que eu queria era ela sem nunca me importar como ela se sentia, era simples ela só precisava seguir em frente... como se fosse fácil... estúpida e egoísta... é isso que eu sou. Todos esses anos e a única coisa que eu fiz foi enxergar meu próprio umbigo... Essa eu perdi... todos nós perdemos...”.

Tatsuki sentiu algo molhado em seu pescoço, só então percebeu que estava chorando. Sentiu toda a amargura de todas as vezes que julgou sua melhor amiga, perdera a conta da quantidade de vezes em que achou que tudo não passava de fraqueza “ela tem que ser forte, ela tem a gente”...

“Que gente, nós?... seus formidáveis melhores amigos?... Eu?... sua melhor amiga?...”

Ela caiu de joelhos, escondendo o rosto entre as mãos admitindo para si mesma que àquele homem rico, frio e assustador era tudo o que nenhum deles foi capaz de ser para Orihime. Uma onda de vergonha varreu seu ser. Um completo estranho conseguiu em um dia o que ela, conhecendo Orihime praticamente a vida inteira, nunca conseguiu.

- Parece que eu nunca enxerguei você... apenas a mim mesma... era eu quem sempre precisou de você... me perdoe...

...

- Eu preciso saber o que está acontecendo – Desde o pedindo de Byakuya que Rukia zanzava de um lado para o outro.

- Você não acha que se fosse algo grave ele teria falado? – Nem Renji acreditava no que dizia.

- Você sabe que não.

E era verdade, Rukia lembrava com precisão de como ficou sabendo da morte de seus pais e irmã: uma semana depois, todos os corpos prontos para serem cremados ou o que sobrara deles, os responsáveis presos e um Byakuya mais frio que as calotas polares.

- Agrh! Liga logo. – Renji desistiu, era melhor uma mulher mal humorada do que curiosa ao nível preocupada e extremista.

- Nii-sama?... – Rukia tentava controlar sua ansiedade.

- O que quer?

- Nii-sama me perdoe – Ela respirou fundo – Mas o que está acontecendo para que você precise ir ao hospital?

- Apenas um check-up para Orihime.

- Nee-sama está doente? – Rukia ficou alarmada ao mesmo tempo em que sentia seu sangue gelar.

- Creio que não, ela teve um desmaio e quero saber por que.

- Tudo bem, me avise, por favor.

- Orihime está perguntando se você quer ajuda-la a comprar roupas.

- ... – Rukia parou no meio do passo, assimilando essa nova informação.

- Rukia?

- Sim, quero dizer que já estou indo, é claro que quero. – Sua voz estava estática.

- Agora você vai me dizer o que foi que aconteceu? – Renji olhava para uma Rukia praticamente sem alma mesmo depois de encerrada a ligação.

- Nii-sama está indo fazer compras...

- O quê? – Ele ficou tão sem alma quanto ela – Eu acordei no planeta certo?

- Vamos Ren – Rukia praticamente voou em direção à porta depois que o espanto amenizou – Nii-sama detesta esperar.

...

Byakuya sabia muito bem os motivos do comportamento de sua irmã e não se incomodou em responder suas perguntas, coisa que nunca acontecia, e ficou feliz com a preocupação dela para com Orihime. Ele sabia que Rukia o amava incondicionalmente e o conhecia melhor do que ninguém. Ouvi-la chamar Orihime de nee-sama fez com que se sentisse orgulhoso dela e ficou ainda mais satisfeito com o convite de Orihime para acompanha-los, foi bom saber que a companhia de sua única família era agradável à mulher que amava.

- Ela vai nos encontrar lá. – Ele olhou nos olhos de Orihime.

- E ela sabe onde é esse ‘lá’ que nem eu sei? – Ele sorriu, Orihime era simples em sua essência.

- Sim, não se preocupe. Vamos?

- Sim. – Ela parou – Espero que ela não se sinta obrigada da ir...

- Orihime – Ela voltou seu olhar para Byakuya – Você não tem ideia do quanto Rukia está feliz por eu ter você ao meu lado, se nós a convidássemos para ficar entre nós dois o tempo todo ela ficaria radiante.

- Não exagera – Ela fez uma cara engraçada – Ela tem a vida dela.

- E mesmo assim sempre cuidou da minha.

- Espero que ela tenha paciência comigo, eu realmente não sei o que vestir para andar por aí com você...

- Não vou negar que quero que você tenha o melhor, mas isso não quer dizer que quero que fique desconfortável, escolha o que quiser e pronto.

- Tem certeza?

- Absoluta.

Foi com uma enorme paz no coração que Orihime percebeu que nunca precisaria fingir nada para este homem, ele a aceitava por quem ela era e como era, independente de qualquer problema. Ela o abraçou apertado, surpreendendo Byakuya que não hesitou em retribuir o abraço. Nenhuma palavra foi dita, ambos sabiam o que significavam um para o outro: esperança.

- É aqui. – O telefone de Byakuya tocou e ao ver que era do Hospital resolveu atender então sinalizou para que Orihime fosse entrando. – Sim... Orihime Kuchiki...

Orihime sorriu ao ouvir seu novo nome e entrou na loja deixando Byakuya resolvendo suas questões, ou as delas. Orihime não reparou na forma como as atendentes daquela loja estavam olhando para ela enquanto ela olhava para as roupas. Mas Byakuya viu, embora tenha pedido para que ela fosse escolhendo alguma coisa, ele não tirou os olhos dela e de onde estava às atendentes não o viam. Nenhuma se prontificou a atendê-la e todas pareciam caçoar dela, desdenhando de sua simplicidade. Foi então que ele viu Rukia chegar e as mesmas atendentes pareciam disputar para ver quem a atenderia.

Rukia não viu Byakuya, embora Renji o visse e foi em direção a ele. O olhar nos olhos do cunhado era de ódio profundo e Renji sabia que tinha a ver com Orihime, só precisava saber o que estava acontecendo.

- Byakuya-sama, algo errado? – Essa era a forma como os dois se tratavam: direta e respeitosa.

- A incompetência daquele lugar beira a repugnância. – Renji seguiu a direção do olhar de Byakuya e entendeu no segundo seguinte, Orihime não tinha visto Rukia e Rukia estava cercada de mulheres querendo agrada-la.

- Vou buscá-las. – Sempre que ocorria algo que não agradava seu cunhado, Renji de pronto resolvia, então acreditou que Byakuya não iria querer por os pés ali.

- Também irei. – Foi com esforço que Renji escondeu sua surpresa, ou pelo menos tentou.

- Rukia vamos. – Isso chamou a atenção de todos.

- Vamos pra onde Renji? – Foi então que Byakuya entrou em sua linha de visão – Nii-sama? – Rukia ouviu todas as mulheres expressarem sons de espanto embora ela própria já estivesse ouvindo o que Renji não havia dito – Sim.

- Podemos ajuda-lo Kuchiki-dono? – Aos ouvidos de Byakuya aquelas vozes lembravam o som de varias aves de rapina brigando por alimento, ele não respondeu.

- Byakuya? – Elas quase quebraram o pescoço ao olhar para Orihime – Rukia já chegou?

- Sim – Ele foi até ela enquanto cada atendente o seguia olhando de boca aberta – Ela está nos aguardando lá fora.

- Esta não é a loja? – “Ela nem percebeu” Byakuya pensou enquanto colocava uma mexa de seu cabelo ruivo atrás de sua orelha

- Não mais. – Orihime viu a chama da raiva dentro de seus olhos então pôs a mão em seu rosto gentilmente.

- Algo errado? – O toque de Orihime dissipou sua raiva, menos sua memória.

- Nada com que se preocupar, apenas não gostei do atendimento.

- Mas eu nem fui atendida... – Ele rodeou a cintura de Orihime com a mão puxando-a para fora da loja.

- Precisamente.

Enquanto observava a interação de Byakuya com Orihime Rukia era informada do que estava acontecendo por Renji, que também observava a cena. Era surreal que de um dia para o outro seu tão inacessível cunhado estivesse amarrado ao rabo da saia de uma mulher e agindo como uma águia protegendo o ninho. Dava medo.

- Rukia isso está ficando ainda mais assustador a cada minuto...

- Nem me fala, nunca vi nii-sama tão possessivo e ao mesmo tempo tão dependente.

- Vamos.

Byakuya caminhava tranquilamente com Orihime para outra loja a qual Rukia indicara, ele não pôde precisar se foi pela companhia, mas Orihime foi muito bem atendida e o vestido escolhido era perfeito: Longo e justo até o quadril onde se abria e cascateava até o chão, com mangas longas transparentes  e de um azul celeste delicado, as vezes sombreava um tom mais escuro mas ainda assim claro num todo.

Ele teve que admitir que se divertiu assistindo sua irmã e sua mulher escolhendo roupas, pareciam que se conheciam desde sempre, cada palavra, cada sorriso era natural, a interação de ambas era natural. Depois de um tempo Renji parecia uma arara de roupas, tornando todo o cenário ainda mais cômico para o até então pouco humor de Byakuya. Essa era a primeira vez que ele deixava de lado suas obrigações, mas prometeu para si mesmo que faria isso com mais frequência, e com Orihime.

Ele acabou por desistir de ir ao apartamento, dada a hora acabariam por se atrasar para o jantar, então acabou comprando um terno para si mesmo, despediram-se de Rukia e Renji e retornaram para a mansão, era reconfortante perceber o quão mais fácil estava sendo passar por esses portões que antes só lhe traziam más recordações.

- Em que você está pensando? – Byakuya observava uma pensativa Orihime.

- Nesse jantar... Estou com medo de te envergonhar e eu sei que você já me disse que tem certeza que quer que eu vá.

- Não seja boba, não há nada que você possa fazer que vá me envergonhar. – Ele tinha plena certeza disso, ela poderia bancar uma índia e comer com as mãos que para ele não faria a menor diferença.

- Byakuya faz muito tempo que não vou a algum jantar formal, estou completamente desinformada sobre qualquer cardápio exótico, bebidas nem se fala já que eu não bebo e...

Não houve mais palavras, ele a beijou silenciando todos os seus argumentos, nublando sua mente. A cada beijo, a cada troca de caricia tudo se tornava mais intenso, um toque e o coração pulsava, uma caricia e o sengue fervia, um beijo e a chama do desejo ardia em todo seu corpo, no de ambos.

- Tudo bem – Orihime respirava de forma acelerada – Já entendi, você não se importa com meus maus modos.

- Uma criatura como você não possui nada de mau.

E para Byakuya aquilo era a mais pura verdade, por mais nuvens escuras que houvesse em sua vida sua alma era tão pura quanto a de um anjo. Ela era marcada pela dor e pela solidão, assim como ele, mas de uma forma diferente dele ela era pura. Ele não pensou duas vezes em destruir todos os que ousaram desafiá-lo, nunca se importou em ser gentil com ninguém e nunca quis saber do bem estar de quem quer que fosse salvo seus empregados de confiança. Orihime era diferente, tudo o que fez desde a perda de sua família foi evitar repassar seu sofrimento para os outros, tudo que ela fez foi ser educada e gentil com todos, tudo o que ela fez foi se autodestruir e prol dos outros.

- Boa tarde senhor – Kira não queria interromper mais não tinha alternativa – Recebi uma ligação do hospital que precisava de informações que eu não sabia então passei seu número para a atendente.

- Não se preocupe – Byakuya via que o homem queria qualquer coisa menos estar ali – Está tudo resolvido.

- O que eles queriam? – Orihime se perguntou o quanto Byakuya sabia sobre ela.

- Nada demais – Ele sorriu e a puxou com ele enquanto subia as escadas para seu quarto – Histórico de doenças genéticas, medicação em uso, alergias, como disse não é nada demais.

- Esses relatórios que você faz sobre quem é contrato pra trabalhar com você são tão completos assim? – Orihime teve a decência de ficar surpresa.

- Sim, nada fica de fora – Ele foi ao guarda roupas e retirou duas toalhas – Embora no seu caso nada faça a menor diferença – Ele lhe entregou uma tolha – Vou primeiro, vou precisar acertar algumas coisas enquanto você se arruma.

Foi o primeiro momento desde que colocou os pés na empresa de Byakuya que Orihime tinha um tempo para pensar sozinha. Ela não tinha feito nada que não quisesse ter feito, mas isso não mudava o fato de o quanto tudo aquilo era inesperado. Ela havia acordado sem nenhuma perspectiva de mudança, mesmo que conseguisse o emprego. Agora, horas mais tarde, todo o seu futuro havia sido refeito e o amanhã não seria o que era todos os dias para ela. Tudo mudou.

“Acho que devo mais que um simples ‘obrigada’ a Ukitake-sensei, onde no mundo eu imaginei que eu teria um futuro outra vez? Eu não sei a quem devo agradecer por ter Byakuya em minha vida, nem sei por que milagre ele reparou em mim – ela riu sem humor – logo eu... uma concha vazia, tão vazia... Tudo está tão cheio agora, está difícil lidar... Otou-san... Okaa-san... Nii-san – ela colocou a mão sobre o peito, pensar neles sempre doeria, ela pedia aos deuses que um dia fosse menos – Sinto tanto a falta de vocês – ela estava chorando e nem percebia – queira tanto que vocês estivessem aqui para conhecer Byakuya... ele tem me feito tão bem... – ela olhou para o céu, estava na janela – eu quero poder fazê-lo feliz... eu ainda tenho medo, tanto medo...”

Byakuya olhava para Orihime de pé na janela olhando para o céu e perdida em pensamentos, ele a chamou mas ela não pareceu ter ouvido, ele até tentou deixa-la sozinha com seus pensamentos, sabia que era algo que ela precisava, mas ele simplesmente não conseguia, era mais forte que ele. Quando lágrimas começaram a rolar por seu rosto ele sentiu suas entranhas se contraírem, era contra a ordem da natureza ela chorar, mas mais uma vez ele sabia que ela precisava disso. Quando o corpo dela cambaleou ele não conseguiu mais ficar apenas assistindo, aquele desejo insano de poder toca-la sempre que quisesse estava reinado com força dentro de sua mente.

- Orihime? – Seus olhos refletiam preocupação

- Oh! Byakuya, não ouvi você... – Ela analisou seu olhar.

- Você está chorando – Byakuya secou seu rosto com o dorso da mão – E pareceu perder o equilíbrio.

- Estava pensando em minha família – Seus olhos se encheram de lágrimas novamente – Te falei que você veria isso com frequência.

- Você me avisou – Ele a encarou com firmeza – Mas isso não me impede de ficar preocupado e de querer estar com você.

- Você tem sua vida, não quero ser egoísta. – E não queria mesmo, ele estava lhe dando mais do que ela jamais imaginou ter.

- Você é minha vida e o egoísta sou eu e não me importo nem um pouco com isso.

Ela sorriu para ele, seu sorriso choroso marca registrada, embora não quisesse admitir ela estava gostando desse lado egoísta, possessivo e protetor dele, lhe dava segurança e coragem, era bom. Ela sabia sem que palavras fossem ditas que ele não era um lunático, ele era apenas mais uma alma solitária que havia encontrado alguém tão compatível que tinha medo desse alguém ser uma ilusão.

- Obrigada – Ela o abraçou forte, sendo abraçada de volta – Vou tomar um banho e me arrumar, afinal tenho um jantar para ir e um certo alguém me espera.

- E esse alguém está ansioso para mostrar ao mundo que seu coração foi permanentemente ocupado.

Orihime correu para o banheiro, ele ouviu quando, após um tempo, a água do chuveiro começou a cair e pensamentos nada puritanos preencheram todos os seus sentidos deixando-o sem ação, melhor dizendo deixando-o com vontade de ter muitas ações. Antes que seus pensamentos se tornassem atitudes ele se vestiu e saiu daquele quarto, por mais que as coisas entre eles estivessem num ritmo absurdo alguns passos deveriam ser dados um de cada vez.

...

- Você é a criatura mais linda que já vi.

E era verdade, Orihime estava linda, o vestido deixou o corpo dela mais alongado, o cabelo preso e trançado deixava a mostra seu pescoço esguio, a leve maquiagem realçava ainda mais sua pele de porcelana e seu sorriso era o toque final àquela obra de arte dos deuses.

- Você está me deixando sem graça. – Ela realmente se sentiu sem jeito – E você está maravilhoso.

- Tenho que estar a altura do meu anjo. – Ele sorriu quando viu suas bochechas corarem – Tenho algo pra você.

Ele tirou o colar que seu avô lhe dera de dentro da caixa e colocou no pescoço de Orihime e sentiu exatamente o que seu avô disse que ele sentiria: orgulho, aceitação e certeza. Tudo dentro de Byakuya encontrou seu lugar, tudo ganhou clareza, seu futuro se abriu diante de seus olhos. Tantas possibilidades... Uma vida de amor, uma família, filhos... Esse pensamento acendeu uma nova chama dentro de Byakuya e ele finalmente acreditou nas palavras de seu avô sobre a existência de uma alma gêmea para cada um e agradeceu silenciosamente aos deuses por ele ter encontrado a sua.

- É lindo... – Orihime falou baixinho enquanto admirava o colar – Byakuya eu...

- Nem pense em recusar, ele esteve aqui por anos esperando por você. – Byakuya sabia que suas palavras eram totalmente verdadeiras.

- Eu... ok... tudo bem... deixa eu respirar... obrigada... eu tenho medo de perder... – E tinha mesmo, vai que seu lado desastrada voltasse também.

- Não se preocupe com isso, é uma joia de família e por ser muito antiga meu avô decidiu colocar um localizador nela – Ele riu ao se lembrar de quando encontrou o manual no fundo da caixa do colar – Ele temia que fosse roubado então quis alguma garantia de que nunca se perdesse.

- Acho que me sinto melhor assim e vamos logo se não chegaremos atrasados.

- Como quiser minha senhora.

...

- Até parece que vamos jantar com a máfia – Orihime observava o restaurante, extremamente elegante, reservado porém lotado e de uma imponência digna de gente poderosa.

- Esse é um dos poucos lugares onde os paparazzi não conseguem entrar – Byakuya achou apropriada a observação de Orihime – E você tem razão, não apenas homens honrosos veem aqui.

- Me lembre de nunca vir aqui sozinha. – Ela não estava olhando para Byakuya então não viu a expressão de indiferença em seu rosto.

- Se ainda não se deu conta você nunca mais estará sozinha. – De fato, nunca mais.

- Eu acredito em você.

E acreditava mesmo, o olhar de Byakuya nunca deixava margem para dúvidas e o palpitar frenético de seu coração era apenas uma confirmação extra para o que ela tinha aprendido em apenas um dia sobre este homem ao seu lado: Byakuya nunca voltava atrás em sua palavra.

- Kuchiki-dono seja bem vindo – A recepcionista do restaurante saldou Byakuya como de costume e seu sorriso ainda era o mesmo, aquele que tentava impressionar – Senhorita...

- Senhora – Byakuya cortou de imediato – Esta é minha esposa – Byakuya sentiu Orihime apertar-lhe o braço – Orihime Kuchiki – A cada vez que repetia essa sentença ele se sentia ainda mais orgulhoso, as palavras de seu avô não poderiam ser mais certas.

- Kuchiki-sama – A recepcionista estava dividida entre total espanto e total surpresa apenas a inveja era algo confirmado – Seja bem vinda, sua mesa já está pronta e parte de seus convidados se encontra presente.

- Sim – Byakuya não foi o único a sentir-se orgulhoso, uma onda de puro prazer varreu o corpo antes sem vida de Orihime, dando a ela tanta alegria que ela se perguntava como uma coisa dessas poderia ser possível.

Com uma mão enlaçada na cintura de Orihime, Byakuya seguiu para sua mesa costumeira, recebendo olhares de todos os lados enquanto passavam. Todos olhavam para ele com surpresa evidente já os olhares dedicados a Orihime variavam entre surpresa, admiração e luxuria o que em parte irritou Byakuya, mas também o deixou arrogante e possessivo, não havia mulher mais bonita que a sua, e ela era só sua.

Depois das devidas apresentações, elogios, votos de felicidades e troca de gentilezas o jantar começou. Entre bebidas e petiscos, aperitivos e o prato principal propostas foram feitas e acordos iniciados. Uma empresa de joias Russa queria espaço no mercado japonês e a influencia de Byakuya seria primordial para um bom desenvolvimento e ligações necessárias, a mesma empresa russa já havia se aliado, embora não oficialmente, a uma empresa francesa e tudo que precisavam era apenas mais um investidor no local, em suma precisavam de uma empresa de porte no Japão.

Byakuya era fluente em vários idiomas, mas o francês de Orihime era impecável inclusive em vários dialetos e gírias, muito estudo e pesquisa e uma ajudinha de vários filmes fizeram do francês quase uma segunda língua para ela de tão familiar que havia se tornado. E foi graças a isso que Byakuya evitou uma grande quantidade de perda de tempo. Os dois franceses estavam sentados ao lado de Orihime, que ouvia e observava tudo sem que ninguém desse a menor atenção a ela, todos acreditavam que ela era apenas um corpo sem cérebro. Grande erro.

- Je vous garantis que tout sera notre (Eu garanto que tudo será nosso) – Sussurrou um para o outro.

- D’une façon ou d’une autre (De uma forma ou de outra) – Respondeu o outro.

A mente de Orihime começou a trabalhar em busca de uma maneira de avisar a Byakuya sem se mostrar, era um golpe, ela percebeu, os russos seriam os mais prejudicados embora fosse claro que respingos atingiriam Byakuya. Ela não podia colocar Byakuya em risco, aquilo era uma ameaça que precisava ser sanada.

- Byakuya – Ela o chamou, a voz quase um sussurro – Você me acompanha ao reservado, não me sinto muito bem.

- Me deem licença – Ele viu que ela queria dizer outra coisa, estava escrito nos olhos dela e de forma alguma ele iria contestar aquilo.

- O que houve? – Eles já estavam em uma área reservada para reuniões privadas e ali ninguém os ouviria.

- Aqueles dois franceses, eles pretendem aplicar algum golpe – Ela contou o que ouviu – Eu sei que não é muita coisa, mas isso não parece ser nada bom. Eu não quero que você corra risco e aquilo foi claramente uma ameaça.

- Você está certa – A muito tempo Byakuya aprendeu a controlar seus impulsos mas sua vontade era chamar a policia e colocar todos atrás das grades – Fique aqui, vou pegar o telefone no carro, Yoruichi cuidará deles.

Enquanto seguia para o carro Byakuya era um misto de raiva e orgulho, ele não assinaria nenhum contrato com quem quer que fosse sem que um pente fino fosse feito no presente, passado e futuro do sujeito embora o que mais o aborrecesse fosse o fato de alguém ainda acreditar que poderia passar-lhe a perna. Mas o fato era: Orihime o defendeu. Era ingênuo de sua parte achar que ele cairia assim tão fácil, mas ela o defendeu, foi discreta e assusta, estava prestando atenção em tudo e era extremamente inteligente.

- Yoruichi ouça...

...

Orihime se afastou um pouco da área reservada e foi até uma janela próxima aos jardins, de onde estava podia ver a mesa onde eles ainda eram aguardados, todos pareciam conversar animadamente.

- Inoue?! – Ela praticamente pulou com o susto que levou.

- Kurosaki-kun! Você me assustou! – Ela ainda estava com a mão no coração quando percebeu que ele não estava sozinho, mas aquilo realmente não incomodava mais, em nenhum aspecto, ela sorriu – Myako-san! Como vão?

- Orihime, é uma surpresa encontrar você aqui. – Myako não se preocupou em esconder seu desconforto em encontrar a mulher de quem Ichigo sempre falava.

- Faz tempo que não via você. – O coração de Ichigo estava acelerado, Orihime estava linda.

- Realmente, faz muito tempo, mas fico feliz que vocês estejam bem, realmente feliz – Ela olhou para Myako – Estar aqui também é uma surpresa para mim.

Orihime sentia uma paz tão libertadora ao ver Ichigo e Myako juntos, mesmo depois de tudo ela ainda se perguntava o que seria a sua vida se ela e Ichigo tivesse ficado juntos e sempre carregou uma pequena dose de amargura por entre eles nada ter dado certo. As voltas que a vida dá. Ela jamais saberia o que poderia ter sido  a sua vida se as escolhas de ambos fossem outras, mas agora ela estava bem com isso, agora ela tinha Byakuya.

- Por que você está sozinha? – Ichigo não esperou resposta e estendeu com a intenção de puxar Orihime pelo braço – Vem sentar com a gente.

- Orihime não irá a lugar algum – Uma mão pálida e esguia deteu o avanço de Ichigo – E não está sozinha – Byakuya passou a mão envolta de Orihime no mesmo instante que Ichigo puxava a sua.

- Eu não consegui dizer a eles que não estou só – Orihime sorriu para Byakuya.

- Kuchiki-sama, é sempre um prazer encontra-lo – Myako nunca perdia a oportunidade de mostrar uma intimidade que não tinha – Nunca imaginei que você conhecesse Inoue , ela é tão... tímida.

- Não é Inoue, é Kuchiki e é evidente que à conheço, ela é minha esposa. – Byakuya tinha a historia de Orihime gravada a ferro em sua memoria e sabia que Myako não era apenas a herdeira dos Sousuke e Ichigo o herdeiro dos Kurosaki, eles eram uma parte do passado de Orihime, especificamente o homem a quem ela amou durante anos e a sua namorada.

- O que? – Ichigo expressou sozinho o espanto de ambos.

- Ainda é muito recente – Orihime sorriu gentilmente para o casal, não queria ter que explicar algo quem nem ela mesma tinha as palavras certas para dizer.

- Você se afasta de todos e agora aparece casada?! – Ichigo não conseguiu colocar as palavras juntas sem que uma expressão de desagrado se formasse em seu rosto – Precisamos conversar.

- Ichigo! – Enquanto ele olhava para Orihime, Myako não desgrudava os olhos de Byakuya e da forma possessiva que ele agia em torno de Orihime.

- Você está certo, precisamos conversar – Orihime sentia a tensão vindo de Byakuya então aproximou seu corpo ao dele, se apoiando nele, tentando acalma-lo – Só que agora não é o momento, estamos no meio de um jantar e creio que vocês também.

- Vamos – Byakuya puxou Orihime enquanto se virava para voltar a sua mesa mas parou e estendeu seu cartão para Ichigo.

- Pra que eu quero isso? – Ichigo estava com todos os seus sentimentos desordenados, não sabia o que pensar, não sabia o que fazer.

- Se você quiser falar com Orihime irá precisar. – O gesto de Orihime fez mais efeito do que ela poderia imaginar.

- São seus números de telefone... – Ichigo não conseguia raciocinar.

- Exato – A expressão no rosto dele fez Byakuya se dar ao trabalho de “explicar melhor” fazendo disso uma excelente oportunidade de esclarecer algumas coisas – Orihime não mora mais naquele apartamento, então o único numero que você tinha dela não serve mais, aí está meu número particular, para falar com ela basta me ligar.

Ele já tinha falado demais para uma vida com aquele homem que um dia Orihime amou, seu coração lhe dizia que Orihime não sentia mais o mesmo, mas seus ciúmes não davam a mínima para isso.

- Está tudo bem? – Era a vez dela fazer essa pergunta, o olhar de Byakuya era de pouco amigos.

- Sim – Ele parou, respirou fundo e acariciou o rosto de Orihime – Fiquei com ciúmes – Ele não tinha vergonha em admitir isso, era a mulher que amava – Não sei lidar muito bem com isso.

- Eu ainda acho que tudo não passa de um sonho – Seus olhos estavam aquosos tanto pela admissão dele quanto pelo que estava falando – Ainda acredito que vou acordar sozinha no meu apartamento, mas pela primeira vez não senti mágoa ao olhar eles dois.

- Você irá acordar nos meus braços – Agora tudo que ele queria era acabar com aquele jantar – Vamos terminar logo com isso.

Nenhum dos dois se deu ao trabalho de olhar para trás, não importava para eles quem os estava assistindo, não fazia a menor diferença que a troca de carinho entre eles tivesse plateia. Se tivessem olhado para trás veriam Ichigo olhando para os dois, veriam em seus olhos o quão confuso ele estava, veriam raiva na expressão de Myako, raiva por Byakuya estar com Orihime, da intimidade entre os dois, do ciúme evidente no rosto de Ichigo, raiva por não ter para ela nada daquilo que eles dois possuíam.

- Desculpem a demora, minha esposa encontrou um amigo – Byakuya riu, sabia que alguém correria dali em breve – Aproveitei o momento para chamar minha chefe de segurança aqui, todos sabem que para se associar comigo tem que haver total transparência.

- Não temos problema algum quanto a isso. – Os russos falaram enquanto os franceses apenas olhavam para Byakuya.

- Isso é ótimo – Os olhos de Byakuya estavam ávidos – Yoruichi Shihouin é excelente em seu papel.

Quando Yoruichi chegou foram necessários apenas os dados pessoais e as digitais dos presentes e trinta minutos para que ela descobrisse que os franceses queriam usar a empresa dos russos para lavagem de dinheiro e trafico de drogas, os russos ficaram surpresos e chocados, Yoruichi chamou seus antigos parceiros e entregou os franceses para eles, como ela sempre andava armada não foi difícil “convidar gentilmente” os franceses para que a acompanhassem até a saída do restaurante.

- Mil perdões Kuchiki-dono – Dimitri falou – Não fazíamos ideia de suas reais intenções.

- Sei que sim, Yoruichi teria descoberto qualquer coisa que vocês estivessem tentando esconder e por terem sido honestos comigo irei analisar com calma a possibilidade de trazermos uma de suas lojas para o Japão.

- Eu agradeço a sinceridade – Nikolai ainda estava abismado com toda a situação.

- Na próxima semana minha irmã entrará em contato com vocês. – Eles se despediram após isso.

- Vamos pra casa – Tudo que Byakuya queria era estar sozinho com Orihime – Vou pedir a Kaede para que faça algo para comermos.

- Não precisa, deixe que ela durma, está tarde – Ela sorriu para ele e beijou seus lábios já prestes a entrar no carro – Eu cuido disso.

- Embora eu goste da ideia tenho minhas dúvidas de que ela vá ficar feliz com isso. – Byakuya devolveu o beijo antes de deixar Orihime entrar no carro, sua casa que antes era o último lugar para onde ele tinha vontade de ir agora era o lugar onde ele mais queria estar.

Ao longe Ichigo não tirava os olhos de Orihime. 

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado e me perdoem os erros, sempre passa alguma coisa. Até o próximo.


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