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História Lágrimas negras (Sonadow) - Capítulo único


Escrita por: Adrena_Lina

Capítulo 1 - Capítulo único


Fanfic / Fanfiction Lágrimas negras (Sonadow) - Capítulo único

Era possível se ver apenas alguns últimos raios de sol laranjas, como se dissessem um último adeus e deixando logo após um céu escuro e com poucas estrelas visíveis. A poeira atrás de mim subia a medida que eu acelerava cada vez mais. Não via para onde ia. Não sabia ao certo que fazia. Só queria correr. Minha cabeça, a mil.

Tudo havia acontecido tão rápido quanto eu. Porém, nem minha velocidade sônica, pode fazer me recuperar daquilo. Noites sem dormir. Nada fazia sentido. Mas tudo estava tão claro quanto o sol. Minha mente e consciência que não queriam aceitar.

Memórias giravam em minha cabeça. Seus espinhos negros, bagunçados atrás de sua cabeça, com pequenas e reluzentes listras vermelhas. Seu olhar ameaçador. Não era a toa que passava uma imagem assustadora ao seus inimigos - mas eu não o via assim. Me lembro das vezes em que ele se manteve forte, apenas para me dar confortos nas horas em que a culpa pelas vidas tiradas tomava minha mente. Eu era o único que conhecia esse lado carinhoso dele. Um privilégio que nunca terei a chance de ter novamente.

Seu último sorriso. Seu último tesouro mostrado a mim, antes do pior. A culpa e a dor daquele último momento. Tudo estava tão intenso agora. Porém, a culpa estava de mãos dadas com a raiva. Raiva da quem me fez passar por tal situação. Raiva de quem construiu aquele robô que roubou a vida de alguém que tinha meu coração. Raiva de quem, durante 25 anos, já debochei e acreditei ser incapaz de tirar sequer a vida de um mosquito.

De repente, o som de um avião familiar chegou aos meus ouvidos. Uma criatura amarela acima da aeronave gritou meu nome, tirando-me de meus pensamentos. A pequena raposa de cauda duplicada pousou em minha frente, fazendo com que eu parasse rapidamente. A criatura amarelada saltou do transporte e correu até mim, me abraçando fortemente. O calor dos nossos corpos entraram em harmonia e a voz da raposa se resumia em “Sinto muito”. Aquilo me lembrou de meu primeiro momento com o ouriço negro.

Ele havia me salvado. O sentimento esquisito já corria dentro de meu coração -  esquisito apenas pelo fato que eu nunca havia o tido, mas eu já tinha a certeza do que era aquilo: amor. Algo que nunca pensaria que teria algum dia. Ele me perguntou se estava tudo bem, de uma forma que parecia que não estava nem um pouco interessado. Mas eu estava interessado na resposta, apenas para contrariar. Me aproximei da figura, cuja expressão era indefinível como sempre, causando certo estranhamento, porém nada fez para me afastar. Foi quando meu cansaço de uma batalha recente tomou meu corpo, fazendo eu desabar sobre o ouriço. Mas eu não senti dor do impacto no chão naquele momento. Apenas um calor de seu corpo em harmonia com o meu: ele havia me segurado. Não sei porque, mas eu senti uma felicidade correr por mim. Talvez pelo fato de que ele era um antigo rival e podia ter me deixado cair, fazendo que toda dor e cansaço aumentasse ainda mais. Mas não. Ele me segurou, apesar de seu desdém natural.

Ele me segurou e se ajoelhou, me colocando no chão cuidadosamente, mas sua mão não me soltou. Pelo contrário, permaneceu em minha nuca, me dando suporte e conforto, apesar de mínimo. Seus olhos vermelhos se encontraram aos meus, e dentro dele, pude ver uma pitada mínima de preocupação.

“Vai ficar aí o dia todo?” - ele perguntou, tentando passar uma imagem impaciente.

“Talvez” - respondi, encolhendo os dolorosos ombros com dificuldade.

Um sorriso malicioso nasceu entre os lábios cor de pêssego do ouriço. Fiquei surpreso com o ato. Nunca o vi sorrindo antes. Não entendi por um momento, mas foi por uma fração de segundos que meu coração se aliviou. Seu rosto se aproximou de mim e meus lábios foram tocados por ele. Primeiramente, foi um beijo calmo que evoluiu para algo mais feroz. Eu mordi seu lábio inferior, fazendo com que sentisse uma pequena dor e que entendesse que um pouco de gentileza era o que eu queria - algo bem estranho de se pedir, ainda mais para ele. Como vingança, sua língua entrou em minha boca e explorou cada canto de minha boca, como se fosse um chefão.

Quando nos demos conta, ele estava sobre mim, segurando o pulso do meu braço esquerdo de um jeito que eu não conseguisse me mexer e seus dedos, entrelaçado com os meus da mão direita. Algo até que me deu um pequeno arrepio, uma vez que, juntado com seu sorriso malicioso, me trouxe pensamentos nada agradáveis.

A raposa de cauda duplicada me soltou e tentou forçar um sorriso para me animar - algo que não adiantou muito, afinal, todos aqueles sentimentos estavam fluindo em mim de forma demasiada intensa. Logo depois, ele me chamou para ir em uma lanchonete para pedir meu prato preferido. Mas eu neguei. Naquele momento, eu só queria um pouco de solidão.

Observei o pequeno avião no horizonte, voando a uma velocidade não tão alta e se mexendo um pouco - turbulências. Encostei-me numa pedra ali próximo. O céu já se mostrava negro e a lua já havia aparecido com sua luz para quebrar tal escuridão. Me lembrei do tempo em que saíamos a noite, escondidos, para uma “corrida” juntos. Escondido, sim, pois não sabíamos se a reação de nossos amigos seria boa. O problema não estava só no fato de sermos do mesmo sexo, mas sim, que éramos antigos rivais. Tínhamos medo de eles acusarem meu amado de manipulação, por isso, matemos isso em segredo. Pode não ter sido algo tão inteligente, porém, aconteceu, e isso eu não posso negar. Fui fechando os olhos devagar, até que, sem perceber, cai no sono, algo que eu não conseguia já faz um tempo.

Corremos até o pedestal. Era até pequena em comparação à altura da própria máquina, toda revestida de cobre e com detalhes prateados. Na ponta, havia um círculo brilhante de cor avermelhada. De lá entrava robôs aos milhares. Tínhamos de ser rápido ou tudo o que aqueles robôs fizessem em meu passado poderia ser permanente e eu iria sumir em poucas horas - ou até minutos. O fato é que eu ainda não sei como Dr. Eggman descobriu uma forma de construir uma máquina do tempo. De qualquer forma, o destino de ninguém está seguro com ela a ativa. Ao nos aproximarmos do pé da máquina, Tails tirou um aparelho cinza, com pequenas listras verdes fluorescentes. Foi então que eu me lembrei que da explicação da raposa sobre este aparelho: uma bomba com força de 20 bombas atômicas.

Rapidamente, a figura amarelada instalou o aparelho na máquina, ligando alguns fios de energia da própria máquina no mesmo. Ele digitou alguns códigos e, no centro do aparelho, apareceu uma mensagem de contagem regressiva de 10 minutos. Tails olhou em um relógio e então virou-se para mim, exclamando que tínhamos que sair rápido. O obedeci e sai correndo, com a raposa nos braços, já que, o mesmo, havia se machucado ao ponto de se locomover ser algo doloroso.

Alguns minutos depois, pude ver a saída, e uma figura negra nos esperando. Parei ao seu lado e o avisei que a bomba já estava armada. Foi nisso que Tails olhou em seu relógio e percebeu que já se passara 12 minutos e a bomba ficara sem responder. Foi quando o ouriço negro se virou e começou a correr em direção aonde a bomba foi implantada. Num ato sem pensar, coloquei a raposa no chão, corri atrás dele e o segurei pelo pulso. Se ele podia ficar bravo comigo por causa disso? Sim, mas eu não liguei.

“Shadow, não! Por favor! Vamos embora!” - exclamei, segurando seu pulso. Ele estava de costas para mim e nem mesmo com meu ato desesperado, quis se virar.

“Se eu não o fizer, seu futuro não será garantido” - ele me respondeu, ainda sem se virar.

“Se você se for aí sim meu futuro não será garantido” - falei, com a voz um pouco trêmula.

Ele então finalmente se virou e, num movimento rápido, me puxou para mais próximo e me beijou. Coloquei minhas mãos cruzadas em sua nuca para dar mais apoio a ele. Por um momento, me esqueci completamente da situação. Me esqueci que havia robôs ameaçando o meu “eu” do passado e automaticamente eu mesmo do presente. Me esqueci que Tails estava atrás de nós e viu toda a cena. Tudo parecia tão insignificante. Logo após isso, Shadow sorriu. Aquele sorriso maravilhoso que poucas pessoas tinham a chance de vê-lo.

“Eu voltarei antes da explosão, eu prometo” - disse, por fim, com segurança.

Eu o soltei e o vi correr todo o percurso que eu havia feito. Voltei na direção de Tails e o peguei para levá-lo para a nave. Nenhuma palavra foi trocada entre nós. Nem mesmo quando estávamos juntos, dentro da nave. Eu estava cansado e ferido, mas me recusava a fazer qualquer coisa além de esperar na porta da nave, meu amado voltar. De repente um som inesperado soou do relógio da raposa de cauda duplicada.

“10 segundos para a explosão” - a voz mecânica ecoava na nave.

“Sonic! Nós precisamos ir!” - falou Tails, me puxando para longe da porta.

“9 segundos para a explosão”

Eu relutava e continuava a olhar pela porta, ainda pela esperança de ele poder chegar a tempo.

“8 segundos para a explosão”

“Vamos logo Sonic!” - agora era Knuckles que me apressava.

“7 segundos para explosão”

“Não!” - berrei - “O Shadow ainda está lá, não podemos deixá-lo”

“6 segundos para explosão”

“Eu vou buscá-lo” - completei.

“5 segundos para explosão”

“Não!” - Tails gritou - “Se você morrer lá também, o esforço de Shadow para te salvar será em vão”

Naquele momento, me vi em uma situação complicada. Não sabia o que fazer. Eu já não escutava mais a voz mecânica. Agora, mãos me impedia de fazer qualquer coisa, apesar de eu não saber de quem eram. Relutava contra as mesmas, em vão. A porta a minha frente se fechava vagarosamente, me torturando. Foi então que uma pequena dor veio em meu braço esquerdo. E então eu apaguei.

Sim, meus amigos me deram algum tipo de acalmante. De qualquer forma quando acordei, não me lembrava de nada. Apenas de um som alto e uma luz bem forte. E um grito. Um grito familiar.

Acordei assustado. Olhei para o céu negro e percebi que a lua estava numa posição um pouco - mas não tão - diferente de quando estava antes de eu dormir - o que indicava que consegui dormir apenas algumas horas. Imagens dele iam e vinham, apenas para compensar o pesadelo que tive. Porém aquilo fez pesar ainda mais minha consciência. Eu queria dormir. E ter um sonho com ele. Um sonho bom. E não ter nunca de acordar.

Foi então que vi minha salvação. Minha última. Tirei do bolso o que para a maioria é um monstro. Mas para mim, era a única solução. Abri o medicamento e o engoli por inteiro, sem pensar.

“Não me abandone, Shadow. Eu preciso de você” - sussurrei enquanto ainda havia tempo - “Eu não tive a chance de dizer, mas… eu te amo”

E então eu fechei meus olhos. Novamente.

Mas dessa vez, para sempre.


Notas Finais


Olaaaaar

Espero que tenham gostado :3
Se tiverem alguma sugestão ou crítica CONSTRUTIVA podem me mandar :)

Bom, é só isso mesmo...

Vlw flw


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