História Land Of All - Começos e Finais

2021

Acordou em uma manhã fria, como era de costume em dezembro no norte do país. Abriu os olhos devagar, encarando a janela ainda aberta do quarto e infelizmente a visão que se tinha era apenas os muros vermelhos de tijolos do dormitório vizinho, mas bastava levantar um pouco para conseguir enxergar melhor a rua. Só que acordar sempre vendo tijolos vermelhos estava começando a irritá-lo. Porém, não ia incomodar o seu companheiro de quarto para mudarem de cômodos, já estava acostumado com tudo ali. Com sua pequena bagunça que acumulou ao longo daqueles seis anos em que era um estudante de Harvard.

“Tudo bem” Era o que Jimin sempre dizia a si mesmo quando as coisas não saíam do modo como ele queria.

Levou a mão direita para o outro lado da cama, sem se virar, e mais uma vez ela estava vazia. Suspirou. Ainda se iludia com a ideia de sentir algum calor ao seu lado da cama em todas aquelas manhãs depois de noites quentes de amor. Amor… aquela palavra ecoava em sua mente há um bom tempo. Não era amor.

Jimin virou o corpo, ficando de barriga para cima. Encarava o teto branco por um tempo e as lembranças de mais uma noite vinha à mente. “Seis anos…” Pensava. Fazia seis anos que poderia dizer que eles estavam “juntos”. Juntos somente naquele quarto bagunçado, juntos naquela cama que sempre amanhecia vazia. Jungkook esperava Jimin dormir para sair do cômodo, e por muitas vezes, Jimin teve apenas a companhia de suas lágrimas pelas manhãs. No início, aquela situação foi muito difícil para Jimin, ele tinha feito alguns amigos na universidade, mas ninguém em quem pudesse confiar a ponto de contar sobre seu “relacionamento” e aquilo era sufocante. Às vezes ligava para Taehyung, mas só de ouvir os comentários felizes do que o amigo estava vivendo com Hoseok, Jimin engolia os problemas e apenas escutava. Não queria chatear Taehyung com suas besteiras…

Levantou devagar e pousou os pés na cerâmica também branca e olhou o corpo nu. Notou várias marcas ali, marcas feitas por Jungkook. Gostava delas, pois o fazia se sentir do outro. Jimin era de Jungkook e Jungkook era de Jimin, sempre pensava nisso, e Jimin sabia que ele era o único com quem o ‘senhor do gelo’ se deitava e aquilo acalmava seu coração nas horas em que se sentia sozinho.

Os dias acadêmicos tomavam muito de seus tempos e por isso os dois jovens quase não se viam pelo campus, e foi complicado para Jimin aceitar que Jungkook encontrou pessoas que agora ele chamava de amigos. Não acreditava que aquele garoto que conheceu, que só andava com Hoseok e não falava com ninguém agora estava tão entrosado com tanta gente. Seus colegas e amigos eram sempre os mais reconhecidos e inteligentes de toda a universidade. Gente de todas as partes do mundo estavam em seu ciclo de amizade. Eles andavam juntos, tinham uma mesa “reservada” no refeitório, faziam encontros na biblioteca, saiam e viajavam juntos. Parecia mesmo uma coisa de outro planeta ver Jungkook em festas importantes, reuniões e palestras. Seu nome estava na boca de todos os professores, assim como do grupo ao qual fazia parte.

De alguma forma, Jimin até gostava de ver aquela mudança no outro. Vê-lo evoluir e sair daquele iglu em que vivia era bom, mas também o preocupava bastante, afinal… Jimin apenas via Jungkook de longe nesses momentos.

Pensava no porquê de Jungkook preferir andar com qualquer um do que com ele, a pessoa com quem dividia a cama nos momentos em que também se sentia solitário. Em algumas conversas que tinham, sempre depois do sexo, Jungkook confessava que quando se sentia só, Jimin era o único quem ele queria ver. E embora, às vezes, Jungkook quisesse apenas ter uma conversa normal, era inevitável que terminassem na cama. E sempre na cama de Jimin, onde logo depois Jungkook poderia se levantar e ir embora.

Jungkook nunca o apresentou para os novos amigos, nem mesmo o dirigia a palavra quando estava junto deles. Raros eram os momentos em que os dois ficavam juntos em algum outro lugar onde não fosse o quarto de um deles. Se encontravam nos lugares mais escondidos da universidade, comiam juntos em algum restaurante também mais afastado. Era como se eles estivessem sempre se escondendo, mesmo que não fosse necessário esconder o que tinham. Aquele lugar possuía a mente aberta, mas Jungkook nunca esteve disposto a se mostrar com Jimin. E por mais que o menor já tivesse reclamado e discutido muito sobre o que eles eram ou tinham, no fim, Jungkook sempre repetia que estavam juntos por necessidade. E que se fazia Jimin se sentir melhor, ele era o único com quem conseguia se envolver, mas que não havia sentimento o suficiente para cogitar a ideia de algum relacionamento.

Em diversas vezes, Jungkook pediu para que Jimin se afastasse. Eles eram ácidos um para o outro, e Jimin tentou, mas não conseguia. Por mais que quisesse, havia sempre um diabinho em seu ouvido dizendo que um dia Jungkook mudaria. Que se Jimin era único para ele, de alguma forma, então havia esperança.

Jimin levantou e tomou um banho rápido e quando saiu do quarto, deu de cara com seu colega de quarto na pequena sala. Ele que mexia no notebook enquanto comia alguns pães doces, e por culpa das olheiras, Jimin sabia que Yoongi havia passado a noite em claro nos estudos.

— Acordou tarde… — Disse o outro rapaz de cabelos verdes.

— Fui dormir tarde. — Respondeu, sentando a mesa junto do outro.

— É… vi quando o Jungkook saiu do seu quarto.

Jimin continuou em silêncio, pegando um dos pães do colega. Yoongi o olhou por um tempo, reparando em seu rosto cansado e deprimido. Os dois se conheciam há seis anos e mesmo que não fossem tão próximos, Yoongi sentia que o estranho relacionamento de Jimin e Jungkook era muito prejudicial.

— O pessoal vai dar uma festa no final de semana, tá afim? — Yoongi perguntou, ouvindo uma respiração forte em resposta. — Sabe quem estará lá?

— Quem?

— Davis…

— Aquele australiano?

— Ele mesmo. — Sorriu para Jimin que apenas continuou a comer. — Não animou?

— Não tenho interesse nele. Já te disse isso, já disse isso pra ele.

— Ele ainda fala muito de você…

Jimin respirou fundo mais uma vez. Por mais que se sentisse feliz por não ver Jungkook com outras pessoas, ou mesmo não saber de nada, Jimin tentou conhecer outras pessoas e desatar aquelas amarras que os dois tinham. Foi para algumas festas com Yoongi, conheceu bons caras, ficou com alguns, mas nada parecia tão interessante assim. Ninguém tirava o ‘senhor do gelo’ de sua cabeça. Jimin entendia que Yoongi queria ajudá-lo, mas não adiantava forçá-lo a sair com outras pessoas sendo que sua cabeça não queria.

— A faculdade já está terminando Jimin…

— Ainda bem, né? — Sorriu e foi terminar de se arrumar. Teria algumas aulas naquele dia.

— Vai deixar mesmo esse tempo passar e não aproveitar nada? — Falou alto para que Jimin o escutasse de dentro do quarto.

— Eu aproveitei.

— Não, você perdeu tempo, é diferente. Tem tanta gente bacana por aqui, gente que te deu valor… O Davis mesmo. Ele é o que chamam de bom partido.

— Mas eu não gosto dele.

— Você mal deu chance pra ele, poxa. Ficaram o quê? Só uma semana?

— Ah… a gente não ia dar certo…

— Ia sim, você tava curtindo. O problema é que o Jungkook voltou muito rápido daquela viagem que ele fez com os amigos, não foi? — Yoongi esperou Jimin dizer algo, mas ele continuou em silêncio. — Bastou ver o Jungkook pelo campus que você largou o Davis pra correr atrás dele. Sinceramente… tem seis anos que tento ver o que esse cara tem de tão bom que te hipnotiza desse jeito. — Negou com a cabeça, voltando a prestar atenção em seus estudos. Finalizar uma faculdade era ainda mais estressante.

Yoongi lembrava de quando viu Jimin pela primeira vez. Jimin era um garoto assustado, mas feliz e disposto. Ele era dedicado aos estudos, responsável e focado, só que havia aquele ponto fraco chamado Jungkook. Yoongi nunca soube direito como aqueles dois começaram a ter algo, mas sempre achou tudo muito tóxico.

Jungkook era aquele estudante fechado, inteligente ao extremo e popular. Uma combinação nem um pouco convencional. Ele vivia em festas e eventos chiques e havia uma fila de pretendentes no seu pé. E o que era estranho, era que Yoongi nunca viu ou soube de nenhum relacionamento de Jungkook fora o Jimin.

No início, sempre achou que Jimin era o “sexo fácil” do outro, mas Jungkook poderia ter o mesmo com qualquer um devido a sua popularidade e boa aparência. Só que parecia que aqueles dois tinham um pacto de irem pra cama apenas um com o outro e isso se estendeu por todos aqueles anos. E sempre que Jimin tentava se afastar, Jungkook aparecia…

— Yoongi, eu já disse… — Disse Jimin assim que terminou de se arrumar e abriu a porta do pequeno apartamento que dividiam. — Você não precisa enxergar o que eu enxergo pra entender.

— Mas eu enxergo você… e sua imagem não me parece nada boa.

— É porque o problema sou eu e não ele. — Disse por fim deixando o apartamento.

Yoongi ainda olhou para porta por um tempo e pensava em como aqueles dois ficariam com o fim da universidade. Ou na verdade, pensava em como alguém podia se sabotar daquela forma. Jimin tinha tudo para ser feliz se conseguisse fazer uma escolha melhor.

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Jimin não foi para nenhuma aula naquela manhã. Apenas queria caminhar por ali perto. Foi até a praça mais próxima e observou um campo de beisebol que raramente ia com alguns amigos jogar. Infelizmente, tempo pra lazer era o que os estudantes de Harvard menos tinham. E como era o seu último semestre ali, Jimin pensava no que realmente aproveitou e em tudo o que deixou passar. Era triste pensar que deixaria todo aquele lugar para trás em alguns meses, mas também era uma sensação engraçada. Ele nunca nem mesmo havia pensado que um dia poderia estar ali, estudando naquele lugar. E agora estava para se formar…

Jimin andava distraído, com o olhar preso no chão. Ele conheceu gente nova, gente de toda a parte do mundo. Conseguiu contatos importantes de trabalho e cada vez mais ouvia que era o orgulho da família, mas ainda sim, tinha o vazio em seu peito que nunca preenchia. E ele estava se acostumando com isso. Ou já estava mesmo. Às vezes uma ferida é tão dolorida que ela mesma se anestesia.

Jimin se sentia anestesiado em relação a Jungkook. De alguma forma, estava tudo bem contanto que eles ainda se vissem.

Acabou esbarrando em alguém enquanto caminhava. Viu alguns livros no chão e se deu conta de que já estava próximo a uma das bibliotecas do campus.

— Ah! Desculpe, eu não o vi. — Abaixou-se para ajudar o homem em quem esbarrará.

— Tudo bem, também não tinha te visto. — O homem continuava a recolher os livros do chão junto de Jimin.

Jimin olhava discretamente para alguns dos títulos ali. E os temas deles muito o faziam lembrar do quarto de Jungkook em Los Angeles. Aqueles livros grossos sobre ciência e tecnologia…

— Tudo bem carregar isso tudo sozinho? — Perguntou ao homem que aparentava mais de quarenta anos. Jimin não podia ter certeza sobre sua idade, era um oriental e seus traços dificilmente revelavam o quanto ele já tinha vivido. Mas ele aparentava ser um professor.

— Ah! Tudo bem sim. Estou ficando velho, mas ainda tenho muita força. — Disse o homem com um sorriso bonito de covinhas.

Jimin o ajudou a empilhar aqueles sete livros e olhou em volta.

— Está indo para a biblioteca?

— É… estou.

— Então deixa eu te ajudar. — Jimin pegou uns quatro livros e fez questão de ajudar o homem. — Nossa, isso está pesado até pra mim.

— Oh! Obrigado. E você precisa se exercitar mais, meu jovem. — Deu um tapinha no ombro de Jimin e seguiram para a biblioteca.

Ao chegarem na recepção, a recepcionista sorriu a Jimin, cumprimentando-o.

— Hey Jimin! Quanto tempo.

— Hey Sarah!

— Nunca mais te vi por aqui, o que aconteceu?

— Estou encerrando, né? Mas volto aqui para devolver os livros que ainda tenho comigo.

— Já está se formando? — A moça ficou surpresa. — Nossa, o tempo voa pra valer por aqui… Mas meus parabéns.

— Obrigado. — Sorriu pequeno e olhou para o homem ao seu lado que devolvia os grossos livros. — Bom, eu vou indo, ainda tenho algumas aulas.

— Ah! Obrigado mais uma vez por me ajudar com os livros.

— Tudo bem, não foi nada.

— Então senhor… — a recepcionista foi verificar o nome daquele homem no sistema pelos títulos que ele estava entregando.

— Me chamo Namjoon Neumann. — Disse, facilitando o serviço da moça.

— Neumann? — Jimin falou como se estivesse lembrando de algo.

— Sim. — Namjoon se virou ao rapaz que encarava os livros que ele havia posto no balcão. — É o sobrenome do meu bisavô — pegou um dos livros e mostrou a Jimin. — John Von Neumann.

— Oh! O grande matemático era o seu bisavô? — A recepcionista se surpreendeu novamente.

— Era. — Namjoon respondeu.

— Ah… Tenho um amigo que gosta muito dos livros dele. — Disse Jimin, e mais uma vez Jungkook vinha em seus pensamentos.

— Sério? — Namjoon pareceu interessado. — Seu amigo gosta do entediante mundo da física e da matemática?

— Pra ele não é tão entediante assim. — Jimin sorriu. — Afinal ele já se formou em cinco cursos da área.

— Mesmo? — Namjon levantou uma sobrancelha.

— É… Até hoje eu não sei como ele consegue ter alguma vida social. Mas deve ser porque ele é um gênio e nem precisa estudar muito. Seis anos de Harvard e cinco diplomas nas costas não é pra qualquer um…

— Oh… não é mesmo. Os jovens de hoje em dia realmente estão me surpreendendo. Gostaria muito de conhecer o seu amigo algum dia.

— É. Acho que o Jungkook vai gostar de conhecer o senhor também.

— Jungkook é? — Namjoon sorriu ao ouvir aquele nome. — Alguém que consegue se formar em tantos cursos em tão pouco tempo deve ser bastante conhecido por aqui. Creio que vou conseguir encontrá-lo logo.

— Aposto que sim. Ele anda metido nas salas de física quântica ultimamente, finalizando seu mestrado. — Seu olhar voltou a ficar baixo e melancólico. A cada dia que passava, Jungkook se enrolava mais com os assuntos da faculdade e eles se viam cada vez menos. E com tudo aquilo terminando, Jimin sentia medo pelo futuro. — Bom, eu realmente preciso ir. — Despediu-se dos dois e rumou para fora da biblioteca.

Nisso, Namjoon apenas observava Jimin sair. Aquele encontro foi proposital.

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Jungkook estava deitado em sua cama encarando o teto branco. Eram visíveis algumas olheiras no belo rosto, não havia pregado os olhos desde que saiu do quarto do Jimin na madrugada. Não sabia que horas eram aquelas, mas sabia que era tarde. Em volta da cama as malas já estavam prontas. E em pouco tempo iria embora do dormitório e de Massachusetts, e nem mesmo se despediria. Não havia motivos para se despedir…

Finalmente levantou, com um pouco de dor de cabeça. Não precisava esperar até o final do ano letivo para ir embora. Nos seis anos que passou em Harvard já tinha se formado em cinco cursos, obtido PhD em dois e agora terminava um mestrado, e mesmo assim, decidiu que iria embora em dezembro daquele ano. Todos os contatos que conseguiu já tinham feito ligações sobre ele a pessoas de interesse maior. E há poucas semanas havia recebido o convite que tanto desejou.

Pegou as malas e desceu assim que recebeu uma mensagem sobre a condução que o aguardava. Olhou tudo em volta, sabendo que não deixaria nada para trás e respirou fundo. Mesmo com o passar dos anos, Jungkook nunca deixou seu principal objetivo sair da mente. Destruiria toda a D-8 assim como destruiria todos os lugares onde existiam ou poderiam existir máquinas do tempo. Apenas ele seria apto a usar tal arma e viajar pelo tempo sozinho.

Colocou tudo dentro do carro e assim que se sentou não fez mais questão de olhar para trás. Tudo ali faria parte do seu passado. Tudo e todos…

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Taehyung andava de um lado para o outro bastante ansioso, pois no dia seguinte ele e teria uma reunião em uma grande gravadora de Los Angeles. Ele e a banda do qual fazia parte. Depois de alguns anos e da crescente carreia dos jovens, finalmente uma grande gravadora resolveu convidá-los para uma conversa que estava mais do que certo que sairiam dali com um contrato assinado. E isso deixava Taehyung mais agitado que nunca.

— Ei Tae, se acalme. — Disse Hoseok sentado na cama enquanto dedilhava algumas notas do violão.

— Eu não consigo Hoseok… parece que meu coração vai sair pela boca. — Falava com um sorriso de orelha a orelha.

— Vê se não morre antes da reunião, tá bom? — Brincou.

— Está louco? Deus me livre uma coisa dessas! — Bateu na madeira da escrivaninha do outro. — Amanhã eu tenho que estar no melhor estado possível!

— Então se acalma, ou vai nascer um monte de acne na sua cara.

— Eu já passe dessa fase. — Fez uma careta.

— Pode ser… mas mesmo assim, vai que te dá uma dor de barriga?

— Hoseok! Para de jogar praga!

— Por que eu jogaria praga? Eu só estou dizendo que você tem que se acalmar mais, estou ficando nervoso só por te ver nervoso, e amor, se eu ficar nervoso aí sim será um problema pra nossa banda.

Taehyung fez um bico manhoso e sentou na cama abraçando Hoseok. Eles entendiam que precisavam ficar calmos. Já haviam passado por muitas reuniões daquelas, mas ainda sim, era frustrante, mesmo sabendo que tudo já estava praticamente encaminhado para o sucesso.

Quase seis anos haviam se passado desde a noite no Hard Rock Cafe em que Hoseok o havia beijado, e desde então tudo mudou. Pouco tempo depois Hoseok foi em sua casa para conversarem, e antes mesmo que Taehyung pudesse esperar, eles já estavam juntos em um parque trocando mais e mais beijos.

Começaram a sair juntos e depois da grande surpresa de que Hoseok não iria mais para o outro lado do país fazer faculdade, Taehyung não conseguia se caber em tanta felicidade. Aos poucos foram conhecendo pessoas e a banda foi se formando. Eram cinco garotos talentosos que rapidamente chamaram a atenção da internet e em seguida, de pessoas mais importantes. Lógico que a vida de músico independente não era fácil, mas eles estavam felizes.

— Ei! — Disse Hoseok colocando o violão ao seu lado na cama. — Relaxa… — Abraçou Taehyung de volta. — Que tal se acalmar um pouco?

— Só de pensar que amanhã a gente vai tá de cara com aquele pessoal, fico pensando o que vão achar da gente, nem sei com que roupa ir… eu vou chegar horrível lá sem ter o que vestir.

— Certeza que eles querem saber da música em primeiro lugar, não? — Sorriu.

— Claro que não, Hoseok. Hoje em dia aparência é tudo! Temos que manter a música e a aparência em sincronia. E eu já quero chegar lá mostrando quem nós somos, o primeiro impacto tem que ser o melhor possível.

— Eles já nos conhecem, não se preocupe tanto. E além de tudo, o vocalista da banda é lindo. Quem não vai querer ter esse rostinho estampado por aí? — Disse, depositando um beijo no rosto de Taehyung que batia os pés no chão.

— Não quero ser só um rosto bonito, Hoseok… — Levantou a cabeça, encarando de perto o outro.

— E você não é. Você é um conjunto completo de maravilhas.

— Mas o gênio daqui é você. — Sorriu um pouco mais relaxado. — Ainda bem que você é o líder e sabe se portar na frente desse povo.

— Mas é o vocalista que está sempre no foco, amor. Pode ir se preparando.

— Vou fazer o possível pra eles não olharem muito pra mim. Quero todos os membros com foco igual por aqui.

— Difícil…

— Por que difícil?

— Porque eu só consigo ter foco em você… — Sorriu pela cantada idiota, mas ela foi o suficiente para fazer Taehyung rir envergonhado.

— Para com isso. — Tentou se afastar, mas Hoseok apertou sua cintura e o puxou mais para si.

— Não quero parar, na verdade… eu quero mais. Você além de lindo é um perfeito cantor.

— Se continuar assim eu posso me apaixonar, viu?

— Hã? Ainda não está apaixonado? — Brincou.

— Não sei… — Fez um bico, e Hoseok não perdeu tempo em tomar aqueles lábios em um beijo calmo.

— Vem cá, deixa eu te acalmar um pouco… — Falou próximo ao ouvido de Taehyung, arrepiando-o um pouco. Levou as mãos até sua cintura e o empurrou para trás, deitando-o na cama.

— Hey! Me deixe inteiro para amanhã, tá? — Taehyung pediu com um sorriso safado.

— Sem problemas. — Hoseok respondeu voltando a atacar os lábios do namorado. Só queria deixá-lo mais relaxado, mas, com certeza faria questão de cansá-lo um pouco também.

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Já escurecia quando Jimin voltou para o dormitório. Estava um pouco cansado por conta dos trabalhos finais da universidade e só queria dormir um pouco. E por mais que não estivesse a fim de ver Jungkook naquele dia, sentia que precisava da ajuda do outro para seu term paper. Jungkook sempre o ajudava, alias. Com qualquer dúvida ou dificuldade que Jimin tivesse, o outro estava sempre ali para socorrê-lo. E mesmo que eles fizessem cursos diferentes, era óbvio que o senhor do gelo sabia tudo sobre tudo.

Entrou no dormitório e foi para o elevador. Não sabia dos horários de Jungkook e por isso não tinha ideia se ele estaria ou não no quarto, mas arriscou mesmo assim ir até lá. Só esperava que o outro estivesse sozinho. Somente quando estavam sozinhos era que podiam ser eles mesmos e ter aquele “relacionamento” único. Às vezes, ficavam um no quarto do outro apenas na companhia do silêncio, e isso não era algo incomodo. E sempre depois que eles terminavam seus afazeres individuais, o som dos beijos logo ecoavam e não demorava muito para que um adormecesse nos braços do outro.

Hoje Jimin podia se contentar com o fato de dormir nos braços de Jungkook, mesmo que sempre acordasse sozinho depois.

Saiu do elevador e quando se dirigiu ao quarto do outro, viu a faxineira do dormitório sair dali, trancando o quarto em seguida.

— Olá? — Jimin se aproximou enquanto a senhora guardava os produtos de limpeza em seu carrinho.

— Olá! Jimin, não é? Tudo bem?

— Sim… — Sorriu. — Estou bem… O Jungkook está?

A senhora franziu o cenho em estranheza.

— O Jungkook? Não, ele já foi.

— Já foi? Pra onde? — Perguntou ingenuamente.

— Foi embora… do dormitório. — Disse, terminando de arrumar os produtos de limpeza no carrinho que trouxera.

Jimin demorou alguns segundo para entender o que a faxineira disse. Mas não fazia sentindo algum. Embora do dormitório?

— Como assim embora do dormitório?

— Embora, meu jovem. Ele se foi hoje de manhã, mas só agora que tive tempo de vir limpar tudo e preparar o quarto para o próximo estudante.

Jimin não conseguia entender o que aquela senhora estava dizendo. Notou que a chave mestra dela ainda estava no trinco da porta de Jungkook e não pensou duas vezes em correr para abri-lo. E uma pontada no peito fez sua respiração falhar ao abrir aquele cômodo.

— O QUÊ? — Gritou. — Cadê as coisas dele?

Olhou para todos os lados e não conseguia encontrar nada que pertencesse a Jungkook. A escrivaninha estava vazia e havia um novo jogo de cama ali. E ao abrir o guarda-roupa, Jimin sentiu as pernas fraquejarem, acabando por sentar na cama naquele momento. Jimin encarava apenas a madeira do fundo daquele móvel, pois não tinha mais nada dentro dele.

— Jimin! Não pode mais entrar aqui assim. — Disse a senhora parada na porta, mas o rapaz nem mesmo se moveu.

Jimin só podia estar no quarto errado. Não era possível que Jungkook não estivesse ali. Ele havia mudado de dormitório? E por que ele não disse nada antes?

Passou as mãos no rosto e voltou-se para a faxineira que o encarava preocupada.

— A senhora sabe pra onde ele foi?

— Ele não te avisou pra onde ia?

Jimin sentiu o lábio tremer por não saber de nada. Levantou da cama e ainda não acreditava que Jungkook tinha ido embora dali. Aquele quarto tinha tantas memórias…

— Ele deve ter ido ao aeroporto…

— Até onde eu sei um carro veio buscá-lo. Então ele deve mesmo ter ido ao aeroporto, né? — A senhora respondeu.

— Tem quanto tempo que ele saiu?

— Foi pela manhã. Um pouco antes do horário do almoço.

— Entendo… — Jimin não aguentou mais ficar ali. Saiu do quarto e correu em direção as escadas, não estava com tempo para esperar o elevador. Chegou no andar onde ficava o seu quarto e teve dificuldade em abrir a porta por suas mãos estarem tremendo, mas assim que o fez, não deu atenção a Yoongi que se surpreendeu com sua entrada afobada. — Eu vou sair. — Disse, correndo para pegar alguma roupa mais quente e dinheiro. Jimin não sabia o que estava fazendo, mas sentia que precisava ir a algum lugar. Jungkook não podia ir embora daquela forma, não podia…

— Jimin… — Yoongi foi até seu quarto, mas o outro continuava focado em encher uma mochila com alguns pertences. — Onde você vai?

— Eu… — Jimin pegava o que via pela frente e enfiava na mochila. — Eu não vou demorar.

— Vai ficar uns dias fora?

— Vou.

— Você tem um trabalho e tanto pra terminar por aqui, não acha?

— Eu já disse que não vou demorar. — Fechou a mochila e olhou em volta, certificando-se de que não precisava de mais nada.

— Vai atrás do Jungkook? — Yoongi perguntou, fazendo Jimin parar para encará-lo finalmente.

— O quê?

— Acho que ele não quer que você vá atrás dele.

— Você sabe de alguma coisa?

— Preferia não saber.

— Me fala! — Foi para cima do colega e Yoongi deu um passo para trás se assustando com o jeito que Jimin estava.

Yoongi o olhou dos pés à cabeça e Jimin podia sentir seu julgamento. Ele estava desesperado, enchendo uma mochila com qualquer coisa para ir atrás de uma pessoa que decidiu ir embora. Jimin não queria demonstrar que havia sido abandonado, e queria ir atrás de Jungkook para que ele o dissesse que aquilo não estava acontecendo, que foi só um mal-entendido e que ele o ligaria depois avisando sobre sua mudança repentina.

— Eu não sei pra onde ele foi, mas… — Yoongi puxou do bolso um envelope dobrado. — Mais cedo ele passou aqui e deixou isso. E a única coisa que me falou foi para que você não o seguisse. — Jimin puxou o envelope de suas mãos e o encarou por um tempo. — Sério Jimin… O cara foi embora sem mais nem menos, não te avisou nada e mesmo assim você ia atrás dele?

Jimin sentiu seus olhos encherem. Não conseguia encarar o colega a sua frente por vergonha. Mas ele não queria aceitar que, depois de tanto tempo, tudo o que Jungkook o dizia era mesmo verdade. Que ele não se importava e que não tinha sentimentos mais profundos. Que o que os dois tinham era apenas carnal e despretensioso. Jimin nunca quis acreditar naquelas palavras, sempre achou que no fundo, no fundo, tudo aquilo era apenas por culpa da pose que Jungkook queria manter. Até achava fofo o jeito sério e frio do outro…

Jungkook nunca amanhecia ao seu lado na cama, mas eles dormiam juntos, jantavam juntos, passeavam, tinham seus lugares secretos pelo campus e pela cidade. Iam ao cinema, a bares… às vezes, mesmo que muito raro, passavam alguns finais de semana juntos em outra cidade. Eles tinham seus momentos como um casal. Não era corriqueiro e ainda tinha todo o fato de Jungkook o esconder do restante dos colegas, mas ainda sim… Jimin queria acreditar que era especial.

Sentou na cama ainda encarando aquele envelope e tinha medo de abri-lo. Medo de não ter nada ou até mesmo de ter uma única palavra: Idiota.

— Jimin… — Yoongi voltou a se aproximar, mas o colega pediu para que ele saísse de seu quarto e fechasse a porta. Yoongi insistiu do contrário, mas Jimin não queria conversar. — Você sabe que não merece passar por isso. — Pegou a mochila de Jimin e saiu do quarto. — Chore o que for preciso, mas eu não vou deixar que você vá atrás daquele gênio canalha. — Fechou a porta, deixando Jimin com os olhos presos no envelope.

Jimin realmente não sentia mais força alguma em levantar dali e ir a algum lugar. Passou os olhos devagar pela cama, e encarou a TV na parede, podendo ver atrás dela, em suas lembranças, ele e Jungkook sentados em algumas almofadas ali no chão. Uma lembrança das raras noites que apenas ficavam juntos, curtindo a presença um do outro enquanto viam algum filme, sempre da recomendação de Jungkook, claro.

Um dia estavam ali, vendo um conhecido filme dos irmãos Wachowski, o Matrix.

— Ei, Kook, esses códigos do filme tem algum significado? — Perguntou, referindo-se a chuva verde de códigos bastante conhecida do filme. Podia identificar a escrita japonesa, mas não entendia do que se tratava.

— Tem. Pra quem olha pela primeira vez, pensa que é apenas um amontoado de palavras sem significados, isso pra quem entende um pouco de criptografia. Mas olhando bem, dá para ver que são as escritas das pedras guias da Georgia.

— Como é?

— Sim. Leia cada coluna de baixo pra cima e verá que são as frases das pedras, e ficam se repetindo. E o motivo de terem colocado em escrita japonesa, é apenas porquê nos oito idiomas das pedras, não se tem essa língua.

— Mas que pedras são essas?

— Por favor! Você mora nos Estados Unidos desde que nasceu e não sabe sobre as pedras que estão no Congado de Elbert, na Georgia?

— Não mesmo…

— Deixa eu te explicar. A grande maioria dos filmes americanos sempre tem alguma coisa subliminar, seja em alguma frase, algum detalhe no cenário, ou como nesse caso, os códigos verdes.

— Teoria da conspiração? — Jimin perguntou surpreso.

— Basicamente. Mas se eu for explicar isso, vai levar o dia inteiro. Mas sobre as pedras da Georgia… Estão gravadas nelas dez frases em oito línguas modernas: inglês, espanhol, suaíli, hindi, hebreu, árabe, chinês e russo. No topo delas tem uma pequena mensagem escrita em quatro línguas antigas: babilônio, sânscrito, grego e hieróglifos egípcios. Tais escritas trazem muita curiosidade e as pessoas acabam criando mitos em cima delas. Como o que popularmente dizem que tem a ver com os Iluminatis, Maçonaria, entre outros grupos, mas até hoje nada foi confirmado.

Sempre que Jungkook falava, Jimin mantinha os olhos fixos nele. Facilmente se impressionava com as conversas que tinham. Na verdade, o fato de escutar tudo o que o outro sabia, conhecer e entender coisas novas era incrível. Jimin também gostava de fazer milhares de perguntas a Jungkook, sobre vários assuntos, apenas para ouvi-lo falar por horas e horas. E não havia mais aquele tom arrogante no outro.

Jungkook também gostava de poder falar com alguém que gostasse de ouvi-lo. E mesmo que soubesse que dificilmente Jimin o entenderia, ele continuava ali sem parecer perder o foco. Quantas vezes não deixou a comida esfriar em seu prato enquanto passava algum tempo com Jungkook? Tempos que só conseguiam quando achavam algum espaço em suas agendas. O que tornava os “encontros” mágicos para Jimin.

— E como você descobriu sobre os códigos do filme? Eu já procurei em tudo quanto é lugar na internet e ninguém conseguiu a resposta.

Jimin continuava lembrando de uma das boas noites que passaram juntos.

— Bom… Eu não pesquisei em lugar nenhum sobre isso, na verdade eu nunca tinha visto esse filme… — Disse Jungkook em um sorriso forçado. — Mas só de olhar para eles pude decifrá-los na hora.

— Como você faz isso?

— Eu não sei bem, tenho isso desde criança. É só olhar para algum código, seja ele qual for, que é como se minha cabeça já soubesse a resposta, mesmo que eu nunca tenha visto antes. — Jungkook sabia o motivo de sua mente ser tão eficaz, mas não podia contar ao outro. — Eu olho e sei exatamente que direção seguir para respondê-los. — Apontou para a chuva verde de códigos que desciam no televisor. Sabia muito bem que depois de ter um supercomputador acoplado em seu cérebro nada mais parecia impossível para sua mente.

— Isso é incrível Kook…

Lembrava do olhar de Jungkook para si naquele instante. Algo como satisfação e melancolia, só que daquela vez, Jungkook não se gabou. Não achava que descobrir tal código era algo tão incrível como Jimin achava que era. Naquela noite Jungkook deitou no chão e apoiou a cabeça em seu colo enquanto terminavam de ver o filme. Pegaram no sono ali no chão junto as almofadas, dormiram abraçados e mais uma vez, Jimin acordou sozinho, porém deitado e coberto em sua cama.

— Por quê?… — Jimin levou o envelope ao rosto e chorou. E com o pouco de coragem que ainda tinha, abriu o papel e encontrou uma carta escrita a mão, mas ela também o fez chorar e xingar Jungkook.

“Jimin…

3 V 15 2 C 9 12 V – 12 L 14 – 16 V 14 – X 3 L – V 10 1 L 14 I – 15 V 10 – 3 X 21 V 14 – 11 I 3 I

10 I 15 – 15 V X – 13 C V – 15 V – 16 X 17 V 15 15 V – 2 L 11 16 I 3 L, – 17 L 2 V – 10 V – 15 V 5 C X 14 X I, – V – 16 I 10 1 V 10 – 11 I L – V 11 16 V 11 3 V 14 X I.

V 15 16 L C – X 11 3 L – V 10 1 L 14 I, – 12 L X 15 – 16 V 11 6 L – 13 C V – 14 V 15 L 9 17 V 14 – I 9 5 L – I 12 V 11 I 15 – 10 V C – V – 11 I L – 12 L 15 15 L – 2 L 10 12 I 14 16 X 9 6 I 14 – 2 L 10 – 11 X 11 5 C V 10.

V 11 16 I L – 12 14 V 4 V 14 X – 12 I 14 16 X 14 – I 15 15 X 10.

5 L 15 16 L – 3 V – 17 L 2 V – 7 X 10 X 11, – V – 11 I L – 13 C V 14 L – 13 C V – 17 X 17 I – V 10 – 4 C 11 2 I L – 3 V – 10 X 10

12 L 3 V – 3 L V 14 – I 5 L 14 I, – 10 I 15 – 17 L 2 V – 17 I X – 15 C 12 V 14 I 14, – I 15 15 X 10 – 2 L 10 L – V C.

16 C 3 L – L – 13 C V – 12 I 15 15 I 10 L 15 – 7 C 11 16 L 15 – 4 L X – 1 L 10… – V – 2 L 10 12 9 X 2 I 3 L – 3 X 21 V 14 – X 15 15 L, – 10 I 15 – V – 17 V 14 3 I 3 V.

3 L X – V 10 – 10 X 10 – 16 V – 3 V X 19 I 14, – 10 I 15 – 12 14 V 2 X 15 L.

V – 11 I L – 15 V – 12 14 V L 2 C 12 V, – 16 C 3 L – 13 C V – V 15 16 I – 15 V 11 16 X 11 3 L – I 5 L 14 I – 9 L 5 L – 15 V 14 I – C 10 I – 9 V 10 1 14 I 11 2 I – 3 V – I 9 5 L – 13 C V – 11 C 11 2 I – V 19 X 15 16 X C

V 11 16 I L, – C 10 – 3 X I, – 17 L 2 V – 17 I X – 10 V – 12 V 14 3 L I 14.

Adeus,

Jeon Jungkook.”

Jimin não entendeu nada do que estava escrito, mas a última palavra sendo um “adeus” fez o jovem universitário cair em prantos mais uma vez. Não importava o resto do conteúdo da carta se no final tudo fosse uma despedida. Onde Jungkook estava com a cabeça de ainda sim, em um momento como aqueles, brincar consigo daquela forma?

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Jungkook mantinha os olhos na paisagem que seguia durante toda a viagem, e por mais que tentasse, não conseguia tirar Jimin da cabeça. Sabia que tinha sido um idiota com ele. Praticamente o abandonou sem dar nenhuma satisfação, mas achava que era o melhor a se fazer. Jimin jamais entenderia seus motivos de ir embora e Jungkook não queria abrir mão de tudo pelo que lutou por culpa de alguém. E sim, Jungkook estava se envolvendo a ponto de cogitar tal ideia. Por diversas vezes, quando estava a sós com Jimin, Jungkook praticamente se esquecia da D-8, da Agência Americana, da sua raiva e sua vontade de vingança. Esquecia do tempo conturbado que viveu como propriedade dos outros, que era caçado e que a qualquer momento, algo de ruim poderia voltar a acontecer consigo. E isso, de certa forma, era mais um dos motivos que o fez partir. Jungkook sabia que ele era perigoso e isso poderia afetar as pessoas ao seu redor. Ele não queria envolver ninguém em seus planos e por isso sempre fez questão de afastar as pessoas. E mesmo que tivesse conhecido bastante gente nestes seis anos, todos eram apenas peças do seu jogo de manipulação. Precisava se aproximar das pessoas certas para conseguir chegar em um certo lugar.

No entanto, com Jimin era diferente. Sempre foi. E era por isso que ele foi o único que não soube sobre sua partida. Jungkook não queria jogar tudo pro alto por culpa do outro, não podia ignorar as pessoas que o fizeram mal, pois deixá-las impunes não o agradava. E Jimin… Jimin conseguia arrancar a raiva de si apenas ficando ao seu lado. Aquilo era perigoso demais, aquele sentimento que começou a dominá-lo.

Mas, um dia, Jimin nem mesmo se lembraria que já o conheceu, então ele não sofreria como poderia estar naquele momento.