1. Spirit Fanfics >
  2. Land Of All >
  3. Juntos

História Land Of All - Juntos


Escrita por: Shiniz

Notas do Autor


^^ Oi! Nem vou falar muito, tem mais um capítulo para postar hohohohoh
mas enquanto o reviso uma última vez, vamo ler aqui??? :D

Esse cap tá oh! uma coisa linda ^^
EEEE
Resposta da carta do JK nas notas finais o/

Capítulo 14 - Juntos



 

Jungkook chegou em Washington na madrugada, estava com um bom quarto reservado em um dos belos hotéis da região, pois sabia que futuramente ganharia o suficiente para manter suas vaidades. Estava bastante otimista em relação a ANSA. Iria até a Agência no dia seguinte em uma reunião que conseguiu através de seus contatos da universidade, e tinha certeza que sairia dali com um cargo na Agência. Tudo corria como o planejado.

Afundou-se na banheira do hotel e deixou que a água morna aliviasse a tensão de seus músculos depois da longa viagem de carro. Podia ter pego um avião, mas queria evitar deixar seus dados soltos por aí. Jungkook precisava se manter discreto, mesmo sabendo que ao entrar para a ANSA, muitos teriam acesso ao seu histórico de vida.

Jungkook fechou os olhos e quase adormeceu na banheira. Ali começava uma nova etapa em sua vida, e mesmo que demorasse anos para que seu plano fosse concluído, Jungkook sabia que teria êxito.

 

-----§§§-----

 

Na manhã seguinte, Jungkook já estava dentro de um táxi passando por diversas inspeções de segurança até conseguir ser liberado a entrar no Fort Meade. Pegou seu passe com validade de algumas horas e se dirigiu até a recepção, observando o movimento sério dentro do lugar. Ali todos tinham os olhos em seus celulares, muita gente andando rápido e muito silêncio que era cortado apenas pelo ar-condicionado que deixava tudo tão frio que chegava a incomodar.

E depois de uma pequena espera, um dos outros guardas serviu de escolta para Jungkook até a sala de uma das pessoas mais importantes da ANSA, o diretor Bearwalker. Jungkook seguiu por um longo corredor branco, não gostando nem um pouco daquela cor. Passaram por uma enorme porta redonda de aço, onde Jungkook espiou a senha do guarda descaradamente. Precisava se manter atento a tudo ali dentro. Caminharam por uma enorme sala cheia de mesas e computadores, e mesmo sendo um sábado, o local estava cheio de funcionários. Jungkook sabia que os gênios que trabalhavam ali costumavam não ir para a casa. Ficavam presos as suas máquinas de tecnologia absurdamente avançadas em projetos que ele podia fazer ideia do que seria. A ANSA tinha por principal objetivo proteção da nação, assim como a D-8, porém, os americanos usavam de todos os meios para aquilo. Limite era uma palavra que não existia no contrato dos funcionários. Ali eles estariam praticamente espionando computadores de todo o planeta em busca de algo que pudesse lhes trazer algum benefício ou problema. E Jungkook até mesmo poderia rir, afinal, a D-8 roubou tanta informação daquele lugar e ele próprio desvendou o seu maior segredo. E isso quando era apenas uma criança.

Seguiram até uma escadaria com um carpete em veludo vermelho que levava até uma sala praticamente flutuava sobre todas aquelas mesas. A sala era ampla e de vidro a prova de som, e o diretor tinha a visão de todo o salão a baixo. Aquilo era apenas uma falsa sensação de transparência entre os membros daquele lugar, mas Jungkook sabia que aquilo tudo era apenas uma bela fachada para o que eles escondiam andares a baixo do solo, ou até mesmo nas outras enormes salas que ocupavam todos dos 350 mil metros quadrados da ANSA.

— O senhor Bearwalker o aguarda, senhor Jeon. — Disse a secretária que o recepcionou na flutuante sala de vidro. — Pode entrar.

— Muito obrigado. — Jungkook usou o seu melhor sorriso e viu a moça corar. Fazia tempo que não usava seu charme. E agora que estava prestes a entrar para a Agência tinha que ser bastante sociável.

Passou pelas portas carmim de madeira e entrou na sala de Bearwalker. O diretor estava sentado em sua mesa de vidro com vários documentos impressos e uma tela holográfica azul com alguns dados passando em sua frente. O homem de pouco mais de cinquenta anos acenou para que o jovem sentasse em uma das caras poltronas a frente de sua mesa.

— Olá senhor Jeon. — Disse o diretor, terminando de digitar algumas coisas.

— Por favor, diretor Bearwalker, não me chame de senhor, me sinto um velho. — Respondeu Jungkook em um raro ar divertido.

— Tudo bem. — Disse, passando a mão na tela azul que a fez desaparecer. — Finalmente nos conhecemos Jeon. — Levantou, estendendo a mão ao jovem que retribuiu o resto.

— Depois de horas em bate papos em sites de relacionamentos, estava na hora não? — Respondeu em brincadeira.

— Tem razão. — O sorriso morreu da face do diretor. — Então me mostre o porquê de aceitá-lo em minha equipe. Ainda me pergunto o motivo de você ter exigido que eu mesmo o entrevistasse.

— Não confio na opinião de pessoas que não tenham importância pra mim. — Jungkook respondeu com desdém àqueles que trabalhavam para ANSA. Ninguém ali dentro o importavam, nem mesmo aquele poderoso homem em sua frente.

— Então me mostre a sua importância, ou será só mais um entre todos esses sem valor algum.

— Pensei que tudo o que eu lhe enviei seria o bastante para dispensar essa entrevista inútil, diretor.

— Não brinque comigo, garoto. — Falou, vendo Jungkook estreitar o olhar. Ele não gostava quando o tratavam daquela maneira. — Que você é inteligente eu sei, não é atoa que é formado em tantas áreas em tão pouco tempo, os dados que tirei de Harvard são verdadeiros, porém ainda não confio em você e esses olhos puxados me deixam em alerta.

Jungkook respirou fundo. Ele podia ter os melhores contatos que alguém poderia ter, mas ainda sim, ele era o estranho naquele mundo. Era um estrangeiro em um lugar onde se protegiam o país. Qualquer um o olharia com desconfiança não importava o tempo que passasse e o quanto se dedicasse ali. Mas Jungkook não ligava para aqueles julgamentos, só queria ter acesso à máquina do tempo.

— Fica em alerta porque sabe a fama que os asiáticos têm.

— Os asiáticos têm fama de várias coisas…

— E uma delas é a inteligência invejável.

— Temos os melhores trabalhando conosco, não venha querer se gabar Jeon. — Bearwalker rebateu.

— Tem mesmo? Meu nome ainda não está na folha de pagamentos, diretor.

O diretor sorriu. Já conhecia Jungkook há algum tempo, e em uma das conversas que tiveram, Bearwalker mostrou seu verdadeiro lado, um homem corrupto que queria saber apenas de lucros. Jungkook abominava tal pessoa ter total controle de uma importante agência, alguém que dava voltas e voltas no presidente do próprio país e que as vezes vendia informações que a ANSA descobria apenas para se ter dinheiro e segurança. Afinal, comandar uma agência capaz de descobrir os segredos do mundo e depender apenas da segurança americana não era uma boa opção a Bearwalker. Ele gostava de vender algumas mínimas informações para fora do país e assim continuar a manter-se seguro por ambos os lados. Mas com o tempo as informações foram ficando cada vez mais vazadas e por mais que tivesse a melhor equipe do mundo, sempre surgia alguém que conseguia burlar a segurança. E agora que o diretor não era o único a manter todos os segredos consigo, não havia como manter as vendas de informações, e posteriormente não conseguiria manter sua segurança por muito tempo. Nisso acabou conhecendo um jovem gênio de Harvard, Jeon Jungkook.

E assim que Jungkook descobriu quem era o homem que comandava a poderosa ANSA, sentiu que poderia entrar facilmente na mesma. Já havia conseguido a confiança de Bearwalker e mesmo sendo jovem demais, ninguém iria dispensar uma mente como a sua.

— Nosso chefe da Criptografia está para se aposentar, acho que o lugar seria adequado a você. — O diretor começou.

Jungkook arqueou uma sobrancelha, o cargo atrairia muitas atenções para si, mas resolveu arriscar, afinal teria a proteção do diretor.

— E quando começo?

— Segunda-feira, como todo bom funcionário. — Respondeu enquanto se recostava na confortável cadeira de couro.

— Tudo bem, então segunda começaremos a mexer com a nova rede de segurança daqui.

O diretor sorriu.

— Já vai começar por aí?

— Um chefe tem que mostrar o seu serviço, e também, é só por isso que o senhor me contratou, não foi?

— Hmm, claro. Mandarei seus dados para o RH, e assim que tiver de saída o seu novo crachá estará de posse do pessoal da recepção.

Jungkook e Bearwalker se levantaram e deram um forte aperto de mãos.

— Seja bem-vindo a ANSA, Jeon Jungkook, e lembre-se, seja fiel a mim e terá tudo o que desejar.

— Sim, senhor diretor.

Jungkook saiu da sala e enquanto caminhava, mantinha no rosto um largo sorriso. Agora não demoraria muito até ter acesso ao quarto andar do subsolo.

 

-----§§§-----

 

Hoseok andava de um lado para o outro, checava o telefone, discava alguns números, e nada. Jungkook ainda não tinha ligado e seu celular estava desligado. Jimin o havia ligado desesperado na noite anterior, contando sobre o sumiço de Jungkook e aquela carta encriptada, e isso fez Hoseok perder o sono desde então. Mil coisas se passavam na mente do jovem e nenhuma delas eram boas. Dentro de uma hora iria para a reunião na gravadora junto com a banda, e a cabeça estava só em Jungkook naquele instante. Xingava-se mentalmente, pois se alguma coisa tivesse acontecido com o amigo, Hoseok não saberia o que fazer.

Ouviu a campainha, e Hoseok quase correu para abri-la, mas quem estava atrás da porta era Taehyung.

— Oi! — O loiro abriu um sorriso, mas o fechou ao ver a face preocupada do namorado. — Tudo bem?

— Ah, amor… mais ou menos. O JK ainda não deu notícias e estou preocupado. — Falou em um longo suspiro. — Entra…

— Não, vamos dar uma volta antes do pessoal vir buscar a gente. Não gosto de te ver com essa cara fechada. — Falou, segurando a mão de Hoseok.

— Tudo bem. — Deu um pequeno sorriso e avisou a mãe que já sairia.

Os rapazes andaram por um tempo e Taehyung só conseguia sorrir por culpa da cara fechada de Hoseok.

— Eu estou arrancando os cabelos por causa da entrevista e você por causa do JK… — Taehyung falou.

— Desculpe, eu…

— Não, tudo bem. Só estava brincando. Vocês são amigos e é natural você se preocupar, mas as vezes é como se você o tratasse como se ele fosse uma criança.

— Você tem razão… — Pousou o braço nos ombros do outro. — Mas eu me sinto responsável pelo JK, por tudo o que acontece com ele.

— Tudo? Fala sério, o cara já tem quase vinte e cinco anos na cara, está morando do outro lado do país e você se sente responsável pelas coisas que ele faz? Eu entenderia se fosse a mãe dele falando isso, e ainda acharia estranho. O Jungkook é responsável por ele mesmo. — Taehyung fechou a cara, não negava que sentia ciúmes de todo o cuidado que o namorado tinha com o amigo. As vezes sentia como se Hoseok quisesse colocar o outro dentro de uma redoma de vidro e cercá-la com arames farpados que davam choques. — É responsável também por ele fazer o meu amigo sofrer há tantos anos?

Hoseok encarou o namorado que já inflava as bochechas parecendo outra criança emburrada.

— Tae… Desde quando você começou a se interessar por música?

— Como? O que isso tem a ver? — Encarou Hoseok de volta.

— Não foi depois de ir a um show de rock?

— Hã? Foi, mas…

— Desde aquele dia, você me disse que sonhava em subir em um palco, cantar, animar as pessoas, mostrar que você também conseguia fazer aquilo, não é? — Hoseok estava alterando seu tom de voz, um pouco irritado.

— S-sim, mas o que isso tem a ver com você ficar mimando o Jungkook?

— E se você nunca tivesse ido aquele show? Acha que estaria aqui hoje? Indo fazer uma entrevista em uma gravadora? Estaria pensando em seguir carreira na música? — Continuou com seu raciocínio.

— E como eu vou saber? Talvez sim, porque eu amo música.

— Mas seu interesse maior foi depois daquele show, até porque você me disse que já tinha ido em outros e não foi a mesma sensação.

— Hmm… e?

— “E”, que digamos que eu fui o “show de rock” do JK, “e” eu fico preocupado com ele porque eu sei que sou a causa de tudo o que ele faz, e a causa de tudo o que pode acontecer com ele.

Taehyung acabou por se irritar.

— E o que drogas você fez então? — Saiu do abraço de Hoseok. — Tudo que tem a ver com o Jungkook é assim. Mas agora me fala o que você fez. — Fechou a cara e ficou esperando por uma resposta do outro

Hoseok caiu em si quando viu o que tinha dito. Estava tão preocupado que seu humor mudava drasticamente. Ele não queria ter se alterado com Taehyung e muito menos o deixado também irritado em um dia como aquele.

— Desculpe amor, não queria…

— Desculpas depois. Agora quero saber sobre isso o que você fez.

Hoseok abriu a boca para dar alguma explicação, mas o que teria para falar seria impossível de Taehyung acreditar. E mesmo que não pudesse falar sobre o que fez, estava ficando sufocado. As vezes queria sentar e conversar com Taehyung sobre tudo o que aconteceu em sua vida, no entanto…

— Tae, eu… — foi interrompido pelo toque do celular. Hoseok o tirou rápido do bolso, e sua expressão mudou completamente quando viu quem era que o ligava. — É o JK. — Falou para Taehyung que continuava com a cara amarrada. — Jungkook seu desgraçado, filho da mãe! Onde é que você está? Some assim sem avisar ninguém, eu estava pra colocar os Estados Unidos de cabeça pra baixo pra te encontrar! — Hoseok gritava no telefone enquanto Taehyung apenas cruzou os braços e respirou fundo.

Ouvia a conversa, ou os gritos de Hoseok e também pegou o celular para mandar uma mensagem para Jimin. Taehyung sempre aconselhou Jimin a se afastar do outro, mas não teve jeito, e para, pelo menos, acalmar o coração do amigo, resolveu mandar aquela mensagem dizendo que o sumido havia aparecido.

Jimin logo o encheu de perguntas e tudo o que Taehyung escutava da conversa, o mandava, mas sempre dizendo que Jimin devia mesmo era largar mão de Jungkook.

Já em Cambridge, Jimin juntava todas as informações e se preparava para ir atrás de Jungkook. Mesmo ouvindo protestos de seu colega de quarto, Jimin não recuou dessa vez. Alugou um carro e saiu por caminhos que mal conhecia indo em direção a Maryland, local onde ficava o Fort Meade e a ANSA. Depois que Hoseok o ajudou a decifrar a bendita carta, Jimin estava se segurando para não agredir alguém, mas sua vontade era mesmo de fazer o gêniozinho engolir aquele papel com algumas porradas.

Vai ter que dizer tudo o que escreveu na carta na minha cara!

 

-----§§§-----

 

Na sala de reuniões da gravadora, Taehyung estava calado, deixava que os outros membros da banda conversassem com os produtores e as demais pessoas naquela sala. Raramente olhava para Hoseok e aquilo estava perturbando o outro. Hoseok sempre foi um bom namorado para Taehyung, sempre o colocando em primeiro lugar nas coisas em que fazia e pensava, e a maior prova que pode dar foi deixar de ir para Harvard para ficar com ele. Hoseok tinha sim o sonho de seguir com uma carreira na música, mas não teria escolhido isso se não fosse pela influência de Taehyung em sua vida.

Hoseok só não consegui entender o motivo do namorado sempre se irritar toda vez que ele falava de Jungkook. Tudo bem que o amigo não era a melhor pessoa do mundo e ainda tinha o fato dele sempre magoar o Jimin, que era amigo de Taehyung, mas a raiva que ele sentia era tão mais parecido com um ciúme besta. Hoseok tentava explicar os motivos que o fazia olhar com tanto cuidado para Jungkook, mas por não poder dizer a verdade, sabia que a conversa sempre tinha pontos faltando. Hoseok queria poder sentar e contar tudo, não gostava de esconder segredos do namorado até porque a bola de neve em que tinha entrado estava cada vez maior. Entristecia por ver a desconfiança de Taehyung e se sentia culpado por tudo, e dessa vez não poderia simplesmente voltar no tempo e consertar o que fizera. Até porquê, sabia que voltar no tempo não resolvia nada, apenas piorava tudo de um jeito diferente.

A entrevista foi um sucesso, os produtores ficaram animados com os garotos, principalmente pela voz de Taehyung, gostaram das melodias e letras, disseram que nunca tinham escutado um som daquele tipo, e aquilo abriu o sorriso do vocalista que se mantivera sério o tempo inteiro.

Saíram animados da reunião e combinaram uma comemoração em um dos lugares mais caros da cidade, tudo por conta da gravadora que agora era responsável por eles. Haviam assinado um contrato e mal podiam acreditar que fariam parte de um grande gravadora que já foi responsável por artistas conhecidos no mundo todo.

A van alugada deixou os rapazes em suas casas para logo mais a noite os pegarem para a comemoração. Hoseok desceu junto de Taehyung, seguindo-o para o apartamento que agora morava sozinho.

— Ei, Tae! — Chamava o loiro que continuava a seguir para o portão do prédio.

— Que é Hoseok? — Respondeu sem se virar.

— Mesmo depois de uma ótima entrevista vai ficar de cara amarrada?

Taehyung suspirou, parando de abrir o portão para encarar o namorado.

— Desculpe, mas as vezes esse seu lado protetor de Jungkook me irrita. — Foi direto. — Desculpe se não consegui ignorar isso até em um dia como hoje. Eu juro que estarei melhor hoje a noite no restaurante. — Abriu o portão e antes de fechá-lo, Hoseok o segurou e entrou junto de Taehyung.

— Devia parar com esse ciúme besta.

— Não é ciúme besta.

— Poxa, o JK some sem falar nada e como é que você quer que eu fique?

Taehyung desviou o olhar. Não queria entrar em uma briga com Hoseok.

— Desculpe, de novo. — Taehyung falou baixinho.

— Amor… — Hoseok se aproximou de Taehyung enlaçando sua cintura. — Sabe que eu sou só seu. — Tentou olhar nos olhos do outro, mas ele continuava a desviá-los.

— Eu sei.

— Então para com essa implicância com o JK, um dia eu vou te dizer o porquê dessa minha preocupação com ele, tá?

Taehyung acabou por fazer um bico olhando para Hoseok.

— Por que até agora não me disse?

— Porque eu não posso, não é tão simples. — Falou em uma expressão triste, queria mesmo poder contar para o outro, mas não sabia como. — Um dia, quando tudo estiver bem, eu prometo que contarei tudo.

— Hmm… — Fez mais um bico. — É algo de quando vocês se conheceram?

— É.

— Vocês eram crianças, o que poderia ter feito você ficar assim? — Sorriu nervoso. Crianças não teriam motivos tão obscuros para ficarem daquela forma por tanto tempo.

— Eu… Eu fiz uma coisa que me arrependo muito. — Ficou sério, deixando Taehyung confuso e curioso. — Eu me culpo e me sinto responsável pelo JK por conta disso, mas não posso falar ainda o que é.

— Eu sou o seu namorado e parceiro de banda. Eu me preocupo com você e acho que devia confiar em mim pra contar sobre os seus… problemas.

— Eu sei, mas não posso. Não agora. — Abraçou Taehyung bem apertado. — Vamos pensar apenas no nosso futuro enquanto isso?

Taehyung deixou os ombros caírem e se rendeu aquele abraço. Daria mais aquele tempo a Hoseok.

— Tudo bem, eu deixo passar com uma condição.

— É? Qual? — Afastou-se um pouco para encarar o namorado.

— Que você venha morar comigo.

— Hã?

— Está na hora de sair da casa dos pais, senhor Hoseok. — Sorriu. — E você ficou de me dar a resposta sobre isso no mês passado e eu não quero mais esperar. Quero que você venha morar comigo de vez.

— Ah…

— Metade das suas coisas já estão no meu apartamento, só falta você. — Puxou Hoseok pelo pescoço, arrastando-o para o elevador.

— Mal assinou o contrato e já está me propondo casamento? — Hoseok sorria já prensando Taehyung contra a parede do elevador.

— Não, mas a gente pode morar junto e vê se não nos matamos. — Desceu as mãos para a cintura do outro, puxando-o mais para si.

— Vou adorar correr esse risco. — Hoseok não esperou Taehyung responder, começou a beijá-lo e nem se importava que no elevador haviam câmeras. Sua vida não poderia estar indo em melhor caminho, mas ainda sim pensava em Jungkook e no que ele pretendia fazer. Seus esforços para manter o amigo longe da ANSA não deram certo, Jungkook fez contatos muito mais poderosos que os seus e isso o assustava.

 

-----§§§-----

 

Já era noite quando um carro branco atravessava as ruas de Maryland em uma velocidade perigosa. Jimin praticamente não apertou o freio uma única vez desde que saiu de Massachusetts. Sua vontade de encontrar Jungkook era tudo o que tinha em mente, as multas que provavelmente receberia por atravessar sinais vermelhos ou andar acima da velocidade permitida em vários trechos não importavam no momento.

Mas ao reparar que já estava dando voltas sem sentindo, Jimin encostou o carro e pegou o celular, discando rapidamente para Hoseok. As informações que teve de Taehyung foram bem vagas, Jimin sabia apenas que Jungkook estava naquela região, mas não especificamente onde.

O telefone deu dois toques e Jimin já estava soltando fumaça pelas orelhas com a demora de ser atendido.

— Atende essa merda, Hoseok. Tá comendo o Taehyung é? — Praguejava.

Mais alguns toques e Hoseok finalmente o atendeu.

— Caramba, Hoseok! Se fosse assunto de vida ou morte eu já teria morrido com essa sua demora.

— Boa noite pra você também Jimin.

— Sem essa, me fala agora onde é que está o Jungkook. — Falou irritado e sabia que se arrependeria no outro dia pelo modo como tratava o amigo, mas no momento não queria conversa.

— Hã? O Jungkook?

— Sim! Eu já sei que ele está em Maryland e eu já estou aqui. Agora preciso saber em que cidade, rua, casa, apartamento, o inferno que seja! — Alterou a voz. — Onde ele está?

— Você está em Maryland? Jimin você é doido? — Hoseok falou surpreso.

— Olha, se você não me falar onde ele está, eu coloco esse estado de cabeça pra baixo, eu mato um inocente, mas eu quero ver aquele desgraçado agora! — Jimin não estava para brincadeiras. Sempre foi alguém mais reservado e quieto, mas quando se irritava, era bom que ninguém estivesse por perto. E no momento, Jimin estava armado de um carro que poderia subir em uma calçada e cometer uma chacina.

Hoseok suspirou pesadamente. Jungkook havia ligado mais cedo, porém, com a reunião da gravadora e com a quase briga que teve com Taehyung, ele esqueceu completamente de avisar Jimin sobre Jungkook, mas pelo jeito Taehyung já tinha adiantado o assunto. No entanto, Jungkook havia pedido para que não contasse sobre sua localização por enquanto, e mesmo que entendesse sua discrição naquele momento, Hoseok estava preocupado em deixá-lo sozinho com as pessoas da ANSA.

— Jimin… o JK está trabalhando em Maryland, mas… ele tá hospedado em Washington.

— Como? — Jimin podia sentir seu corpo tremer em raiva.

— Ele me ligou mais cedo e quase não me passou detalhes de nada, mas… — Hoseok já havia conseguido todos os dados que precisava. Por mais que Jungkook soubesse se esconder dos americanos, ele não fazia ideia que seus passos eram bem vigiados por Hoseok e sua pequena equipe. — Eu vou te passar a localização por mensagem, mas não garanto que seja uma boa ir até ele…

— Não será mesmo uma boa pra ele.

Finalizaram a ligação e Hoseok queria acreditar que ainda existia uma possibilidade de Jungkook pensar melhor sobre o futuro, e Jimin precisava ser essa possibilidade. Enviou o endereço do amigo e tentou se animar com todos no restaurante onde estava. Sua vida teve mais uma chance justamente por conta da pessoa que estava ao seu lado naquela mesa Jungkook precisava sentir o mesmo e se entregar em novos caminhos.

 

-----§§§-----

 

Jungkook estava arrumando a cama para dormir quando o interfone tocou. Achou estranho aquele incomodo tão tarde da noite e já pegou o aparelho pronto para reclamar com quem quer que fosse do outro lado da linha.

— O quê?

— Desculpe interfonarmos a essa hora senhor Jeon… Mas o senhor está esperando alguma visita?

— Visita? — Estranhou, sentindo o corpo ficar em alerta. — Não estou esperando por ninguém. Quem é?

— Ele se chama Jimin Park.

Jungkook parou de respirar por um instante, e sabia que aquilo só podia ter sido obra de Hoseok. Realmente não devia ter contado ao amigo onde estava hospedado. Girou os olhos e pensou no que fazer. Jimin causaria um escândalo se ele mandasse os seguranças o tirarem dali? Provavelmente… E tudo o que Jungkook menos queria era chamar a atenção daquela forma.

— Pode deixá-lo subir. — Respondeu por fim ao recepcionista.

Assim que desligou, caminhou de um lado para o outro pensando em como faria Jimin ir embora dali sem dar um show.

— Droga… — Praguejou. Estava dando seus primeiros passos dentro da ANSA e não podia ter nenhuma distração no momento. Mas Jungkook sabia que Jimin era um tipo de escape daquilo tudo, daquele ódio e daquela vingança. Ouviu o bater à porta e respirou fundo. Assim que girou o trinco, Jimin empurrou a porta com força, fazendo Jungkook dar alguns passos para trás assustado.

Assim que entrou, Jimin foi em direção ao outro, segurando-o pela gola da camiseta enquanto o prensava na parede. Jungkook não tinha reação para aquele pequeno furacão que invadia seu quarto. Nunca viu Jimin tão bruto daquele jeito.

— O que você tem na cabeça, seu idiota? — Jimin falava alto e seu rosto começava a ficar vermelho. — Eu quero ouvir da sua boca!

— Ouvir o quê?

— Tudo aquilo que você escreveu. Eu quero ouvir tudo aquilo! Se vai me deixar, fala na minha cara! — Gritou.

Jungkook fez uma expressão séria.

— Fala!

— Vai embora Jimin… Não podemos ficar juntos. — Falou calmo.

— Não foi isso o que você escreveu. — Continuou a apertar os punhos próximos ao pescoço do outro.

— Não foi isso, mas é isso o que eu tenho a te dizer, vá embora.

— Você não quer que eu vá embora!

Jungkook se surpreendeu, mas continuou a manter a expressão firme.

— Se você não me quisesse aqui, não teria deixado aquela carta. Você queria sim que eu viesse atrás de você. E sabe porquê?

— Por quê? — Tentou se fazer de desentendido. Mas podia muito bem sentir o coração disparar.

— Porque você gosta de mim.

— É? — E agora foi a vez de Jungkook segurar a blusa de Jimin, virando-o contra a mesma parede em que antes estava. Agora era Jungkook quem prensava o menor. — E desde quando isso é motivo para que eu o queira aqui comigo?

Jimin analisou os olhos de Jungkook por um tempo, também sentindo seu coração disparar.

— Então você admite?

— Você faz esforço para que eu o chame de idiota, não é?

— É, você admite. — Deu de ombros, tentando não se sentir intimidado pelo olhar sério do outro.

Jungkook girou os olhos e passou a mão no cabelo.

— O que você está fazendo aqui, Jimin? Independente do que eu tenha escrito na carta, não era pra você ter vindo até aqui.

— Por quê? — Levou as mãos até o tórax de Jungkook, suas mãos não conseguiam ficar longe do outro por muito tempo.

Jungkook apenas suspirou. Não podia dizer nada.

— Jungkook… — Chamou baixo, nem mesmo parecia a fera que invadiu aquele quarto minutos atrás. — Por que você nunca disse que gostava e mim?

— Fala sério… — Tentou se afastar, mas foi segurado pelo outro.

— Responde!

— Não daríamos certo.

Jimin se surpreendeu por aquela resposta. E olhava para Jungkook que conseguiu se soltar de suas mãos e foi até a porta para fechá-la finalmente. Jungkook pensou um pouco e mesmo que não quisesse ter aquela conversa, talvez fosse melhor tê-la de uma vez.

— Você é muito dependente Jimin… E eu planejei a minha vida sozinho. Nunca tive a intenção de ter alguém para compartilhar nada.

— Dá pra perceber… — Jimin olhou em volta. Mas com tudo o que passaram juntos, era bem óbvio que Jungkook nunca deixava ninguém se aproximar demais.

— Mesmo? Então por que você nunca foi embora? Jimin, eu sempre fiz de tudo pra você me odiar. Tem seis anos que vivemos um relacionamento escondido sendo que não tinha nenhuma necessidade disso.

— Então por que você quis esconder?

— Por que você aceitou que eu escondesse? — Olhava para Jimin querendo que ele entendesse o quão tóxicos eles eram. — Jimin, você é tão dependente que aceitava qualquer coisa que eu te desse contanto que tivéssemos algo. E agora está aqui de novo, mesmo sabendo que eu quis ir embora e que não quero ficar com você. Sabe… mesmo que eu goste de você, eu tenho outros planos pra mim.

— Você gosta de mim?

Jungkook fechou os olhos por alguns instantes. Jimin parecia querer ouvir apenas o que não era tão importante. E isso o preocupava. Jimin era sentimentalmente dependente, e Jungkook era seu objeto de dependência. E um relacionamento assim sempre seria fadado ao fracasso. Por que Jimin não entendia? Jungkook abriu os olhos e encarou aquele jovem tão bonito e tão perdido… Jungkook detestava gente burra, gente que usava sentimentalismo pra tudo, que era ignorante ou que tinha ideias enraizadas no passado. Mas sempre que olhava para Jimin e via tamanha fragilidade em sua dependência afetiva, chegava a sentir pena.

E talvez essa pena foi o que fez Jungkook ter se envolvido mais.

Jimin era alguém simples e de ideias simples, mas sempre foi esforçado e se dedicava a tudo o que fazia. Com um empurrãozinho certo, Jimin era capaz de fazer grandes coisas. Muitos de seus trabalhos e projetos na universidade ganharam a aprovação de Jungkook, e sua inocência com certas coisas ganhavam seus sorrisos. Jungkook gostava do tempo que tinham juntos, que não era preciso pensar demais, que não tinha que atuar para ganhar a confiança de pessoas importantes. Era apenas os dois ali, juntos em algum lugar curtindo a presença um do outro. Jungkook gostava dos carinhos que recebia na cabeça, do colo que Jimin sempre o oferecia. Gostava de assistir filmes mais inteligentes que forçava Jimin usar todas as engrenagens da cabeça pra entender. Conversavam coisas leves ou coisas complicadas somente para falar por horas e ver o quanto o outro parecia impressionado. E de certa forma, Jungkook também tinha uma dependência por atenção. Ele adorava, e Jimin sempre tinha tempo pra ele.

No entanto, mesmo que gostasse do outro, como de fato gostava, Jungkook não tinha intenção de estar junto dele. De ninguém. Mas no fundo tinha medo que, depois de suas mudanças no tempo, Jimin acabasse se aproximando de gente ainda pior. Jungkook sempre observou o outro de longe e sentia ciúmes quando via ou sabia que Jimin estava se envolvendo com outras pessoas. Por um lado achava que seria o melhor, mas depois que via quem realmente eram essas pessoas, ia atrás de Jimin. Jungkook não queria que alguém se aproveitasse da fragilidade emocional do outro. E antes que pudessem dizer que ele fazia o mesmo, Jungkook sempre acreditou que usava da psicologia reversa para acordar Jimin. Mas nada deu certo.

Eles tinham um relacionamento errado e bagunçado, mas se gostavam. Se gostavam tanto que Jungkook passou a cogitar a ideia de levar Jimin consigo em seus planos, afinal, acreditava que somente ele poderia cuidar de Jimin. Mas quando se viu pensando nessa possibilidade, arrumou as coisas e foi embora sem olhar para trás.

— Você é um idiota Jimin… — Disse, vendo-o se encolher um pouco contra a parede. — O que você quer de mim? Que eu diga que gosto de você? Que diga que tudo o que vivemos juntos foi bom? Eu posso falar tudo isso, mas e depois?

Jimin respirava fundo encarando aqueles olhos sérios e indecifráveis.

— Jimin… às vezes, a pessoa certa aparece pra gente no momento errado e precisamos deixá-la ir.

Jimin sentiu o lábio tremer. Queria dizer algo, mas Jungkook continuou a falar.

— Eu posso parecer a pessoa certa pra você assim como você se parece a pessoa certa pra mim, mas estamos no momento errado.

— Por quê?

— Porque vivemos em uma linha de tempo errada. — Disse, deixando Jimin confuso.

Ficaram em silêncio naquele momento. E mesmo que tentasse entender o que aquela frase queria dizer, Jimin não podia deixar que o assunto acabasse ali.

— E o que é preciso fazer pra essa linha de tempo ser a certa? — Perguntou, vendo Jungkook negar com a cabeça.

— Não tem como você entender.

— Me ajude a entender então. — Aproximou-se do outro. — Talvez possamos fazer dar certo. Só me diz o que está acontecendo com você.

— Você não vai acreditar… — Afastou-se mais uma vez, indo para o outro lado do quarto.

— Você sabe? — Virou-se para Jungkook, seguindo-o. — Eu estou aqui, não estou? Eu gosto de você e por mais que não quisesse gostar, continuo aqui.

— Você continuaria aqui se soubesse que… — Jungkook pensou um pouco. — Sabe que eu vou trabalhar na ANSA? Sabe o que aquele lugar é capaz de fazer?

— Ah… — Jimin repassou em mente tudo o que já escutou sobre aquele lugar. — A Agência de Segurança? Sei lá… eles espionam o mundo todo e vivem dizendo que não? Algo assim?

— A ANSA faz muito mais do que espionar o mundo, Jimin. Eles são perigosos… E sabe porquê eu vou trabalhar lá? — Jungkook não se importava em dizer aquilo. De toda forma, Jimin nunca diria nada a ninguém que pudesse prejudicá-lo. — Porque eu sou pior que eles.

— Eu não me importo. — Disse, fazendo Jungkook sorrir um pouco. — Sério! Eu não me importo. Você vai trabalhar em um lugar onde se espionam pessoas? Tudo bem, é preciso mesmo saber quando alguém quer fazer algo ruim e impedir que aconteça, certo?

— Eu não vou espionar pessoas, Jimin. E só para que você saiba, eles tem acesso a todos, não existe isso de bem ou mau para os computadores.

— Hmm… Então o que você vai fazer lá?

— Eu vou mudar o mundo. — Sentou na cama e olhou para a grande janela a sua frente. — Do jeito que eu quero…

— Eu não posso fazer isso com você?

Jungkook olhou para Jimin que se aproximava devagar.

— Não que esteja dizendo que posso te ajudar em algo no seu trabalho, mas eu posso ficar aqui com você… Posso te ajudar de alguma outra forma. Não acho que ficar sozinho em um lugar como aquele fará bem para alguém. Eu posso… — Também sentou na cama, encarando Jungkook mais de perto. — Eu posso ser o seu escape, como sempre fui.

— Você é mais que isso Jimin.

Novamente Jimin se surpreendia com o que o outro falava.

— Não entendeu o que acabei de dizer? Você é mesmo tão idiota assim em não perceber que eu me preocupo com os seus sentimentos? — Deixou Jimin sem palavras. — Você, apesar de ser tão dependente e isso me irritar, é alguém sem maldade alguma. Eu tentei te fazer ver o quanto o mundo e as pessoas eram ruins, mas não… você continuou esperando por mim, continuou vindo sempre que chamava. Continuou me fazendo acreditar que eu poderia tê-lo sempre, que mesmo depois de dias, semanas ou meses longe, eu poderia ficar calmo, pois sabia que você estaria lá quando eu precisasse. E eu tentei… Tentei de todas as formas ser aquela pessoa ruim que não merece o seu amor, mas você é dependente e idiota demais.

— Eu tentei te esquecer várias vezes, mas sei que é inútil… Então só aceito o que tenho.

— Não! Você não pode aceitar isso Jimin. — Virou-se para o outro, segurando seus braços com força. — Você não pode aceitar as migalhas de alguém. Se você gosta de alguém você tem que se doar inteiro a essa pessoa, os dois precisam. Não é assim que relacionamentos funcionam? Se um dos lados dá menos, os dois saem perdendo. Um perde tempo e o outro perde o amor. E eu te fiz perder os dois!

— A gente nunca é feliz o tempo todo, não é? — Sorriu, mas seus olhos estavam se enchendo. — E tivemos muitos momentos bons, você sabe disso, escreveu isso na carta.

— Jimin… — Fechou os olhos e balançou a cabeça. Estava tão difícil ver o quanto o outro continuava a se humilhar por um pouco de si.

— Jungkook… Se você realmente não queria ter vivido tudo o que viveu comigo, por que deixou isso crescer dessa forma em mim? Se sabe tão bem sobre os meus sentimentos e se preocupa com eles, por que me tratou tão mal e me fez chorar tantas vezes? Por que não me deixou conhecer outras pessoas e tentar ser feliz com elas?

Jungkook não respondeu.

— Viu? Você não colabora! Se eu te esperei tantas vezes é por culpa sua, pois você sempre me deu esperanças.

— Isso foi um erro meu, admito.

— Errou por mais de seis anos. Quase nove se for contar o ensino médio. Mas se você admite ter me dado esperanças e ter voltado tantas vezes pra ficar comigo, é porque gosta de mim.

— Já disse que gostar de alguém não significa querer ou poder estar junto com ela.

— E por que você não quer ou pode?

— Por culpa do meu trabalho. Já disse…

— Besteira então. — Jimin cruzou os braços parecendo uma criança emburrada. — Que trabalho é esse que te impede se estar com alguém? Eles vão investigar sua vida? Vão me ver? Isso pode ferrar a sua imagem de alguma forma?

— Eles não dão a mínima pra isso, contanto que a pessoa seja confiável e importante a Agência, seus relacionamentos passam batido. Embora sim, eles investigam a vida de cada funcionário. Iriam ver você… pesquisariam você.

— Não tenho nada a esconder. Não me importo. — Moveu os ombros.

— Você quer mesmo, de todas as formas, ficar comigo?

— Eu sei que estou sendo muito idiota, mas… se os dois tentassem de verdade… Gostamos um do outro, certo? — Jimin queria porque queria fazer Jungkook dizer aquelas palavras.

— Jimin, eu não estou te pedindo isso, mas se quer mesmo ficar comigo, daqui um tempo você teria que abrir mão de toda a sua vida.

— Por quê?

— A partir do momento que eu te disser, você não terá mais a chance de sair disso. Ficaremos juntos pra sempre.

Contar sobre a máquina do tempo poderia soar como loucura para leigos como Jimin, mas até que o mesmo acreditasse em si, Jungkook precisaria detalhar tudo. Desde sua infância até o presente momento, e depois disso, Jimin não poderia simplesmente ir embora. Ele teria informações importantes demais e a vida de ambos correria perigo. Ou eles ficavam juntos pra sempre como viajantes do tempo, ou Jimin ia embora e nunca mais aparecia.

— Quero que pense bem Jimin. — Virou o corpo, ficando em de frente para o outro. — A vida que podemos ter juntos pode ser ótima, mas é arriscada e pessoas vão querer me ferir, assim como quem estiver ao meu lado. Tem coisas demais na minha vida que você nem faz ideia, e eu não posso te dizer nada se não tiver a certeza que posso confiar em você. E antes que sua curiosidade faça a sua cabeça e você responda algo sem pensar nas consequências, lembre-se que é da sua vida que estamos falando. Se você quiser ficar, será pra sempre, sem voltas. Mas se quiser ir, não nos veremos nunca mais e eu vou desaparecer das suas lembranças em algum momento.

— Não tem como eu esquecer você…

— Tem. — Confirmou com a cabeça. — Responda o que quer fazer, agora.

Jimin estava confuso com tudo aquilo. Jungkook estava sério demais e por mais que quisesse mais informações sobre o trabalho estranho que Jungkook teria e que poderia ser perigoso aos dois, o medo de nunca mais vê-lo o incomodava. E a ideia de estar junto pra sempre de Jungkook parecia um letreiro de neon em sua cabeça que dizia “sim”.

— A vida que tenho hoje, em partes devo a você Jungkook…

— Você conseguiu muitas coisas sozinho desde que entrou em Harvard. Eu posso ter sido o seu modelo para seguir esse caminho, mas você tem seus méritos. Você pode seguir uma carreira incrível se ficar. Tenho bons contatos em várias áreas que, com certeza, irão se interessar por você.

— E se eu ficar com você?

— Eu cuido de você… ficamos juntos.

— Juntos… Juntos? — Seus olhos até mesmo brilharam naquele momento.

— Eu gosto de você e já analisei muito um cenário onde estamos juntos. Mesmo com a vida que pretendo seguir, há espaço para mais um… você.

Jimin não disse mais nada, apenas se jogou para cima de Jungkook e o beijou. Aquela era a sua resposta, e Jungkook, em todas as suas análises desde que soube que Jimin estava no hotel atrás de si, eram as mesmas. Jimin ficaria consigo.

Jungkook o abraçou e o deitou na cama, beijando-o cada vez mais intensamente. Não estava feliz, não totalmente. Ele tinha uma vida em suas mãos, a vida frágil e dependente de Jimin e estava com medo de não conseguir cuidar dele, mas em todo o caos que ir pra a D-8 tivesse causado em sua vida, Jimin tinha sido uma das melhores consequências. Aquela linha de tempo não era tão errada assim.

Se abraçaram mais apertado e não teriam mais o que conversar. Jimin não sabia onde exatamente estava se metendo, mas finalmente tinha Jungkook. Isso já era a melhor coisa que podia querer. Ele disse que ficaria e cuidaria de si, confiava em suas palavras.

Suas mãos foram rápidas em retirar a roupa um do outro, fazia pouco tempo em que estiveram juntos, mas eles já sentiam falta daquele calor. Como passariam os próximos anos sem se aquecerem nos braços um do outro? As respirações se intensificavam e a cada carinho que Jimin recebia no pescoço, gemia baixo, puxando as costas do outro mais para si. Podia sentir a coxa de Jungkook entre suas pernas já o deixando exitado, e dessa vez, sentiam que estavam diferentes. Jungkook o atacava com intenções de deixar marcas profundas, assim como Jimin que não se importava em arranhar mais o outro, queriam fazer daquelas marcas suas posses.

Logo as roupas se espalharam pelo chão e Jungkook adorava ouvir os gemidos de Jimin. Sabia que era o único quem causava aquilo no outro, e agora, era certeza que Jungkook era de Jimin assim como Jimin era de Jungkook, e sempre seriam.

Em pouco tempo estavam mais uma vez se agarrando sem pudor algum, beijos, mordias, lambidas e arranhões. Gemidos, suspiros, desejos e prazer, tudo estava intenso e perfeito para os dois. Não importava que todos escutassem que eles estavam juntos e se amando naquele quarto de hotel. E aquela palavra passou pela mente de Jungkook que começou a ler mentalmente todos os significados dela. Amando: Ter amor a; Gostar muito de; Estar apaixonado. Tentou relacionar aquilo com o que sentia, e pensava que havia se tornado um idiota.

Eram dois idiotas.

Jimin não conseguiu conter algumas lágrimas durante o ato. Sentia a respiração de Jungkook contra a sua, os lábios se encontrando e se separando pela falta de ar, aquelas mãos apertando suas coxas, e senti-lo entrar e sair de dentro de si, sabendo que dessa vez tudo continha sentimentos verdadeiros e revelados o deixavam com o coração mole de uma vontade de sorrir e chorar. Sabia que não ia acordar sozinho no outro dia, podia sentir que não.

Jungkook se arremetia com mais força para dentro do menor, sabendo que o atingia em seu ponto sensível, e Jimin gemia cada vez mais alto, sentindo o outro se mover cada vez mais rápido e ir cada vez mais fundo, deixando-o perder a cabeça quando chegou em seu limite.

Continuaram a se mover, prolongando aquela sensação até os corpos pararem por completo. Ficaram abraçados por um tempo, tentando recuperar a respiração devagar. Jungkook mantinha a cabeça deitada no tórax de Jimin enquanto sentia as mãos dele deslizem por seu pescoço e costas em um carinho suave. Sentia o sono chegar aos poucos e pensava que no dia seguinte, teria que revelar muita coisa a Jimin. Mas faria com que ele entendesse e o apoiasse. Agora não teria mais volta…

— Jimin? — Chamou quase em um sussurro.

— Hm?

— Amanhã eu estarei aqui quando você acordar…

Jimin fechou os olhos e sorriu, levando as mãos até a cabeça de Jungkook em um carinho. Ele era mesmo um idiota feliz. O mais idiota e o mais feliz de todos.


 


Notas Finais


:3 viu? Eu sei fazer capítulos felizes u.u
----
Resposta da carta
EM primeiro lugar..... os códigos estavam fáceis poxa D: hohohoohohho fiquei maior tempo conversando com os leitores pelo twitter apenas em códigos XD hohoohohho foi muito bom. Aí eu comecei a fazer outros códigos :D mas enfim
Vogais: (números romanos) ;Consoantes: (números)
1–B, 2–C, 3–D, 4–F, 5–G, 6–H, 7–J, 8–K, 9–L, 10–M, 11–N, 12–P, 13–Q, 14–R, 15–S, 16–T, 17–V, 18–W, 19–X, 20–Y, 21–Z
I–a, V–e, X–i, L–o, C–u

Carta:
Desculpe por ter ido embora sem dizer nada,
Mas sei que se tivesse contado, você me seguiria, e também não entenderia.
Estou indo embora, pois tenho que resolver algo apenas meu e não posso compartilhar com ninguém.
Então preferi partir assim.
Gosto de você Jimin, e não quero que viva em função de mim
Pode doer agora, mas você vai superar assim como eu
Tudo o que passamos juntos foi bom… É complicado dizer isso, mas é verdade.
Dói em mim te deixar, mas preciso.
E não se preocupe, tudo que está sentindo agora logo será uma lembrança de algo que nunca existiu
Então, um dia, você vai me perdoar.

Bjos e até o próximo cap ^^ que sai daqui alguns minutos/horas :D


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...