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História Land Of All - Xeque-Mate


Escrita por: Shiniz

Notas do Autor


E vocês esperando que eu postasse CV primeiro né? hhohoohohoho
Vou confessar... Eu só vim postar LOA mais cedo pq queria mostrar logo uma coisinha aqui hohohohoho
Tem tiros viu?


Bjos ;D

Capítulo 7 - Xeque-Mate


 

 

Jungkook levantou em um impulso visivelmente irritado.

— Não aceito isso!

— Mas você vai vencer mesmo, então eu posso pedir isso sim. — Jimin respondeu se mostrando calmo.

— De jeito nenhum! Eu não vou ceder a sua aposta.

— Então você acha que eu posso vencê-lo?

— Claro que não! — Respondeu quase gritando.

— Então? — Jimin abriu um sorriso. — Eu poderia até pedir um milhão de dólares pra você já que são pedidos impossíveis, dando-se em conta que eu jamais te venceria.

Jungkook fechou a cara. Jimin estava mesmo usando bons argumentos para prosseguir com aquele jogo? Perguntava-se desde quando aquele garoto tinha ficado tão esperto. Respirou fundo e voltou a sentar no sofá. De toda forma, ele sabia que não perderia aquele jogo, então não tinha motivos para ficar tão irritado, mas aquele pedido... Jungkook não acreditava que Jimin queria mesmo aquilo. Mesmo sabendo que iria perder ele teve a cara de pau e a coragem de lhe pedir um... beijo? E por um segundo pensou em como seria beijar aquele garoto, e a ideia ficou um tanto distorcida em sua mente.

Jungkook virou o tabuleiro e agora as peças brancas estavam do seu lado, queria começar logo e terminar logo com aquilo. Ele sabia que poderia expulsar Jimin aos gritos de sua casa naquele momento, mas agora que apostas haviam sido feitas, não queria que Jimin espalhasse por aí que ele era um covarde que não aceitava uma aposta absurda mesmo sabendo que venceria. Realmente, não tinha porquê ficar irritado.

Moveu a primeira peça e esperou que Jimin fizesse algum movimento. Mas Jimin apenas cruzou os braços e se recostou no sofá.

— Sua vez. — Disse, procurando se manter calmo.

— Eu sei...

— Então joga. — Aumentou o tom de voz.

— Eu posso ter todo o tempo do mundo pra jogar, eu não preciso analisar suas próximas jogadas para saber o que fazer? — Estava sendo sarcástico.

— Você nunca vai saber minhas próximas jogadas, Park. Agora anda logo que eu quero acabar com isso e te ver longe. — Estava perdendo o controle.

Mesmo que Jimin soubesse por onde levar a brincadeira que fazia, era difícil conter as pontadas que sentia toda vez que Jungkok o menosprezava.

— T-tá bom. — Respondeu, porém não se moveu do lugar.

Jungkook puxou o ar pronto para gritar com o outro, mas percebeu que era exatamente aquilo que Jimin queria, o deixar louco. Sua respiração pesada voltou gradativamente ao normal, tentava se acalmar mais uma vez. Também se recostou no sofá e esperou por qualquer ação de Jimin, mas isso levou ainda mais tempo. Os dois garotos apenas se encararam durante longos minutos e até mesmo podiam ouvir os ponteiros do relógio da sala se mover. Aquele realmente seria um longo jogo.

 

-----§§§-----

 

Quase uma hora depois de começaram o jogo, os dois garotos que estavam na sala ouviram a porta do quarto de Hoseok abrir. Hoseok descia todo contente, elogiando e falando sobre instrumentos e técnicas musicais a Taehyung que estava mais quieto que o normal. E seu rosto avermelhado deixava a dúvida em saber se ele estava corado ou ainda sob o efeito do vinho.

— Nossa Tae, você realmente vai precisar arrumar uma banda a sua altura. Você é muito bom compondo, de verdade. — Disse Hoseok descendo as escadas na frente do outro. — Acho que você até devia tentar a carreira solo. Vai se sair ainda melhor!

— E-eu? Não sou tão bom assim Hoseok. — Taehyung ficava ainda mais vermelho. Ouvir tantos elogios de Hoseok era algo precioso para si.

— Se eu estou falando é porque é.

Hoseok virou-se para a sala e percebeu o clima tenso ali. Jungkook e Jimin se encaravam em silêncio, e parecia que seus olhos travavam uma briga de foices. Notou no centro deles o tabuleiro de xadrez com apenas uma peça mexida do lado de Jungkook.

— Oi gente? — Perguntou receoso, embora eles estivessem cada um de um lado, quietos, sentia como se suas almas estivessem se matando.

— Oi Hoseok. — Jimin respondeu.

— Estão... jogando xadrez?

— Park está vendo se consegue mover as peças com o poder da mente. — Jungkook falou sem tirar os olhos de Jimin, estava prestes a atacá-lo.

Jimin olhou para o amigo que terminava de descer as escadas e Taehyung sorriu sem graça, balançando a cabeça negativamente. O que indicava que ele não havia se declarado a Hoseok. Jimin apenas sorriu e levantou do sofá.

— Bom, vamos indo né, Tae?

— Como? — Jungkook também levantou. — Quer dizer que está abandonando o jogo?

— Claro que não. — Abaixou-se, movendo uma peça qualquer sem nem mesmo ter pensando em alguma estratégias durante todo aquele tempo. — Pronto, amanhã a gente continua.

— Amanhã? Está achando que eu vou aceitar isso? Esse vai ser o seu joguinho? Mover uma peça por dia? Pra mim já chega. — Jungkook virou a mesinha e por sorte as peças de vidro do tabuleiro não quebraram, pois caíram no macio e comprido tapete que sua mãe tando gostava de deixar na sala.

— Então você desistiu? Eu venci? — Jimin falou já abrindo o sorriso. Hoseok e Taehyung só assistiam aquela cena sem entenderem nada.

E naquele instante, o sangue subiu a cabeça de Jungkook. Ele foi na direção de Jimin e o segurou pela gola da camisa, empurrando-o com tudo contra a parede mais próxima. Jimin soltou um gemido de dor e Hoseok tentou segurar o amigo, mas Jungkook estava descontrolado, conseguindo empurrar o outro com apenas uma mão para longe. Taehyung largou o violão no chão e também tentou separar aqueles dois, só que parecia impossível, Jungkook estava com uma força fora do comum.

— Larga ele! — Taehyung tentava segurar os braços de Jungkook. — Para com isso!

Hoseok levantou e puxou o amigo com uma gravata. E só assim para Jungkook sentir falta de ar e largar Jimin de uma vez.

— Se controla JK! — Hoseok tentava segurar o amigo, mas ele estava fora de si. E aquela cena não lhe era estranha. Lembrou-se de quando o amigo havia se rebelado a primeira vez dentro da Divisão 8, eles ainda não se conheciam naquela época, mas a imagem de Jungkook sendo amarrado e amordaçado enquanto injetavam algum medicamento em suas veias para fazê-lo ficar quieto, era uma cena muito ruim e perturbadora. Lembrava do olhar vazio de Jungkook em sua direção até que não conseguisse mais ficar acordado. Hoje Hoseok sabia que aquelas lembranças já não existiam mais na mente do amigo, mas eram claras na sua. — Calma JK... — Falava, controlando mais a voz para que Jungkook não se estressasse mais. E aos poucos ele parava de se debater em seus braços.

— O que aconteceu aqui? — Taehyung perguntou ao amigo que ainda se mantinha encostado na parede encarando Jungkook de forma assustada.

— Não tinha necessidade disso Jungkook... — Jimin falou enquanto tentava parar com a tremedeira nas mãos.

— Não tinha necessidade desse jogo idiota, não tinha necessidade de você estar aqui! — Jungkook vociferou enquanto se soltava dos braços de Hoseok, mas dessa vez não iria para cima do outro garoto.

E mesmo que Jimin estivesse assustado, não podia deixar que Jungkook fizesse o que bem entendesse e o atacasse daquela forma.

— Eu sei que você sabe exatamente como estavam as peças do jogo, então... — Jimin olhou para Taehyung querendo que eles fossem embora dali naquele instante. — A gente termina a partida em um outro dia.

Taehyung pegou o violão e se despediu de Hoseok, seguindo o amigo logo em seguida.

Jimin estava irritado e magoado, mas não ia parar com aquilo. O descontrole que Jungkook teve era um bom sinal, ou, pelo menos, era nisso que ele queria acreditar. Jimin sabia que podia mexer com os sentimentos de Jungkook de uma forma ou de outra, e mesmo que se sentisse um masoquista, queria ser capaz de ir adiante com aquele jogo besta. Talvez ele não tivesse sorte da próxima vez, mas ainda sentiria algum orgulho de ter tentado algo.

— Mas que doideira foi aquela Jimin? — Taehyung perguntou.

— Foi apenas o início de um jogo. Mas Jungkook não é um bom jogador.

— Eu acho que você devia fazer um seguro de vida, hein?

Já dentro da casa dos Jeons, Jungkook estava colocando o quarto a baixo. Jogava tudo no chão, rasgava suas preciosas folhas com códigos que demorou tanto tempo para relembrar e Hoseok apenas batia à porta para que o amigo abrisse e parasse com aquilo, mas Jungkook estava muito irritado, irritado de um jeito que nunca estivera antes.

Eu definitivamente odeio Park Jimin! Gritou e parou para analisar a situação quando viu em suas mãos pedaços rasgados das folhas da parede. Como aquele garoto havia conseguido o tirar do controle daquela forma? Estava agindo irracional demais, não era ele mesmo, estava deixando que os sentimentos o dominassem. O que pretendia fazer com Jimin mais cedo? Bater nele? Agir como um animal? Largou os pedaços das folhas no chão.

Hoseok estranhou o silêncio e voltou a bater à porta.

— JK abre essa porta agora ou eu a coloco no chão! — Gritou.

E depois de poucos minutos, Hoseok ouviu o barulho da chave girando no trinco. Colocou a mão na maçaneta e a abriu com rapidez, olhando tudo para ter certeza de que o amigo estava bem. Entretanto, seu quarto estava bastante revirado, e era tão estranho ver aquele cômodo tão destruído. Jungkook sempre foi tão organizado com suas coisas...

— Mas o que está acontecendo com você JK? Por que todo esse descontrole?

— Aquele… aquele… — Não conseguia responder, mas apontou para a parede com a enorme cortiça cheia de papéis pregados. — Está vendo isso?

— Sim…

— Isso vai mudar a minha vida.

Hoseok engoliu em seco.

— Vai, é? — Falou como se não entendesse do que se tratava. Jungkook nunca o contou o que eram aqueles códigos, mas Hoseok sabia exatamente o que era.

— Esse Park vai sumir da minha vida um dia. — Estatuou.

Hoseok suspirou tentando ignorar o assunto que “não” conhecia. O melhor a se fazer era apenas perguntar sobre o ocorrido que fez o amigo ficar daquele jeito.

— Eu ainda não acredito que você tentou bater no Jimin por culpa de um jogo. Que cena ridícula foi aquela?

— O idiota quis jogar.

— E precisava você ter ido pra cima dele?

— Fizemos uma aposta…

— Hã? Apostaram? Mas o Jimin vai perder de qualquer modo, é injusto você ter feito aposta com ele.

— Eu só pedi para que ele desaparecesse da minha vida caso eu vencesse.

— JK! — Repreendeu o amigo que tentava arrumar o quarto mais uma vez. — Não se deve fazer esse tipo de pedido. Fora que se você quer mesmo ele longe de você, é só chegar e falar. Não precisaria de um jogo idiota desses. — Brigava, mas o outro garoto parecia não dar atenção. — Essa história ridícula só vai fazer mal ao Jimin e você sabe muito bem o porquê. — Ficou bastante sério enquanto encarava o amigo. — Nossa Jungkook, a cada dia você fica ainda mais insensível. — Negou com a cabeça e levou a mão aos cabelos, bagunçando-os um pouco. — E eu pensando que você estava mudado pra melhor…

— Ele também fez uma aposta. — Falou baixo e Hoseok ficou em silêncio por um tempo. Jungkook tinha escutado o que ele tinha dito?

— Ele fez? E o que ele pediu?

Jungkook largou os papéis rasgados na escrivaninha e respirou fundo. Sentia raiva apenas por lembrar daquela aposta, mas também estava constrangido pela mesma.

— JK? — Hoseok notou o jeito estranho do amigo.

— Ele… pediu um beijo meu.

O queixo de Hoseok caiu em câmera lenta, seus olhos piscaram algumas vezes e ele não sabia o que pensar ou responder. Levantou as mãos tentando colocar as ideias no lugar mas apenas uma frase piscava em sua mente: O JIMIN PEDIU O QUÊ?

— Por que ele pediu isso sabendo que vai perder? — Jungkook perguntou ao amigo que nem mesmo conseguia falar.

— Quê? E eu sei lá. — Estava pasmo. — Eu não acredito que ele pediu mesmo isso. — Levou as mãos aos lábios para tentar segurar o sorriso. — Mas… se você vai ganhar, qual é o problema?

— O problema é que ele não está jogando, não viu o que ele fez? Moveu uma única peça durante mais de uma hora em que havíamos começado. Eu não vou aturar esse joguinho idiota dele, não mesmo.

— Foi por isso que você ficou tão irritado quando ele perguntou se você tinha desistido?

— Sim! Mas de forma alguma eu vou desistir. Se o idiota quer esperar vinte anos para terminar esse jogo, que seja assim, eu que não vou perder.

— Mas que coisa mais infantil JK…

— Como?

— Infantil! Vocês dois. Quer dizer que suas vidas vão depender desse joguinho besta de xadrez? Se você não quer o cara perto de você, chega e fala. Se ele quer um beijo seu, chega e fala também, embora ele já tenha dado a entender isso quando se declarou, mas por favor! Vão ficar com essa coisa de criança? Vão depender de quem vencer?

— E acha que eu sou do tipo que desiste de um desafio? O Park não é melhor que eu.

— Eu sei que não, mas nesse caso… — Hoseok pensou na situação e pareceu entender o que Jimin queria. E ao ouvir aquele “clique” na cabeça foi que teve a certeza de que Jimin era mais esperto do que aparentava ser. — Bom… Se querem mesmo fazer isso, vão em frente, mas que isso vai ser uma guerra fria, vai. — Enquanto Jungkook não desse o xeque-mate, muita coisa poderia acontecer. A intenção de Jimin não era ganhar o jogo e sim ficar mais tempo com Jungkook. Hoseok podia cair na risada naquele momento. Entretanto, seria mesmo possível que Jungkook não estivesse vendo com clareza o truque do outro?

— Amanhã ele vai ver… — Jungkook reclamava sozinho arrumando o quarto.

E depois do jantar, Jungkook foi até a sala e arrumou as peças do tabuleiro de xadrez do jeito que estavam antes. Só tinham duas peças movidas ali mesmo…

 

-----§§§-----

 

Embora a vontade de Jungkook fosse terminar de uma vez com aquele jogo para se ver livre de Jimin, o garoto agora passava a evitá-lo agora. Jimin não falava com ele, não o enchia a paciência nas aulas de exatas e nem mesmo ficava estudando dentro da sala nos intervalos. Jimin vivia se esquivando de Jungkook, procurando estar sempre em lugares diferentes e rodeado de pessoas.

Jungkook estava se irritando com aquele tratamento, já haviam se passado dias e Jimin nem mesmo olhava em sua cara. Ele até mesmo chegou a pensar que o outro havia desistido do jogo e estava cumprindo a aposta de sumir da sua vida, mas em um dia qualquer, Jimin foi até sua casa dizendo que queria continuar a partida. E foi até com um pouco de surpresa que Jimin viu aquele tabuleiro da forma como deixaram, com apenas duas peças movidas.

Sentaram em silêncio e Jungkook moveu uma peça, e Jimin fez o mesmo movimento. E aparentemente, jogaram mais daquela vez. Jimin mal olhava para o tabuleiro e até isso deixava Jungkook impaciente. Jogar na sorte não faria ninguém vencer um jogo de xadrez.

— Acha mesmo que vai vencer se não pensar no que está fazendo?

— Eu sei o que estou fazendo. — Jimin respondeu calmamente.

— Estou vendo isso… — Jungkook sorriu e moveu outra peça, capturando uma de Jimin. — Sua vez. — Disse, mas Jimin não se moveu.

Passaram-se alguns minutos e nada acontecia. Jungkook batia o pé no chão e ao ver que provavelmente o jogo daquele dia tinha terminado, levantou do sofá e foi para o quarto fazer algo mais proveitoso.

Jimin olhou pro tabuleiro e sorriu. Ele gostava mesmo de se machucar… Moveu outra peça e foi embora.

O jogo durou mais dias que o esperado, e Jungkook finalmente entendeu que era ele quem estava sendo controlado por Jimin. Eles sempre ficavam em silêncio enquanto jogavam e Jungkook não sabia como lidar com aquilo. Jimin estava se tornando uma caixinha de surpresas. Tinha dias que ele só ia para sua casa e não movia nenhuma peça. As vezes fazia apenas uma jogada ou no máximo três, e por mais incrível ainda que pudesse parecer, Jungkook não conseguia enxergar uma forma fácil de vencê-lo.

Como Jimin não estava jogando sério, Jungkook não conseguia formular nenhuma estratégia. Fora que não conseguia imaginar quais seriam as peças que Jimin moveria, pois, às vezes ele cobria os olhos e passava a mão em cima do tabuleiro e na primeira peça que tocava, mexia. A inteligência de Jungkook estava sem utilidade perante aquele jogo.

Jimin não havia conseguido capturar nenhuma de suas peças, mas, mesmo assim, seu rei estava protegido. E em um desses dias de jogo demorado, Jimin resolveu quebrar um pouco do silêncio.

— Pensei que esse jogo fosse terminar mais cedo. — Falou em provocação ao gênio de gelo.

— Talvez se você jogasse pra valer e não demorasse dias pra pensar em um único movimento. Será que as engrenagens do seu cérebro não estão funcionando?

— Por que é tão grosso com as pessoas, Jungkook?

Aquela pergunta fez a expressão arrogante desaparecer do rosto de Jungkook, dando lugar a uma vazia e sem emoções.

— Porque quero manter todos longe de mim.

— E por que quer isso? — Perguntou surpreso.

— Vai mexer alguma peça hoje ou não? — Disse, mudando de assunto.

— Hum… Não sei, estou pensando ainda.

— Você não está pensando, está jogando de qualquer jeito, nem olha pras peças que mexe. Na primeira oportunidade que eu tiver, acabarei com isso.

— Tem razão, estou jogando de qualquer jeito, mas você não pode fazer nada não é? Meu rei ainda está muito bem protegido e é a minha vez de jogar, então posso esperar o tempo que eu quiser.

— Pretende demorar quantos anos nisso?

— O suficiente.

— O suficiente para?

Jimin apenas sorriu. Por mais que ele analisasse o jogo, perguntasse para os jogadores do colégio e os da internet, não fazia ideia de como poderia vencer alguém que tinha milhares de jogadas prontas em mente. Então deixou isso de lado e estava indo na sorte. O importante era apenas enrolar o máximo que conseguisse.

Em algumas semanas os alunos do último ano fariam o “SAT Reasoning Test”, exame que define se o aluno está ou não preparado para entrar numa universidade e em poucos meses eles estariam finalmente se formando no ensino médio.

O que ninguém sabia era que Hoseok já tinha terminado o ensino médio aos doze anos uma vez, mas com a mudança forçada de sua vida, se viu obrigado a fazer todo o ensino médio de acordo com a idade de outros estudantes, e por isso acabou conhecendo Jungkook no início do colegial na Coreia. Hoje Hoseok tinha apenas dezessete anos, mas podia muito bem incluir mais seis anos no currículo de sua vida, o que lhe dava uma mente ainda mais madura, o jovem teve duas infâncias, uma em que estava dentro da Divisão 8 e uma em que estava fora da mesma.

Jungkook também poderia ter se formado no ensino médio há muito tempo, ou até mesmo já estar se formando em alguma universidade, mas ele, assim como Hoseok, queria se manter invisível. Ainda mais agora que sabia que a D-8 o havia encontrado.

Jimin ainda olhava para o tabuleiro sem a menor intenção de mover algo e se perguntava se um dia conseguiria entrar na renomada universidade dos Estados Unidos junto daqueles dois gênios. Seus pais disseram que dariam total apoio financeiro para a mudança de estado caso conseguisse ingressar em Harvard, e por isso Jimin sabia que precisava se esforçar. Para entrar naquela universidade não seria preciso se submeter a um vestibular. O comitê de admissão da instituição analisava as notas obtidas pelos alunos durante o ensino médio, o nível de envolvimento com a comunidade local, atividades extracurriculares e experiência de trabalho. E era por isso que Jimin não se sentia confiante em ser aceito. Sabia que Hoseok e Jungkook já tinham recebido cartas da universidade sobre o interesse da instituição em ter os garotos estudando por lá, já Jimin… Ele sempre foi um aluno mediano e pouco teve experiência com estágios, seria um milagre conseguir ir para o mesmo lugar que aqueles dois. E era por isso que aquele jogo demoraria…

Levantou a mão para mover mais uma peça, mas parou no meio do movimento, sem mesmo tocar em nada.

— Acho que já jogamos demais por hoje. — Disse, levantando para ir embora.

— Nossa, como jogamos… — Jungkook falou em sarcasmo.

— Bom, amanhã eu juro que volto. — Disse por fim abrindo a porta para sair.

— Querendo terminar mais cedo?

— Não… Só passar mais tempo com você. — Ao dizer aquilo, Jimin encarou Jungkook que pareceu ter travado de novo. — Tchau! — Acenou e saiu quase correndo daquela casa. Jimin sentia o coração leve, mas o peso nas costas aumentava a cada dia.

Faltavam pouco tempo pro fim das aulas e aí sim, ele realmente ficaria longe de Jungkook. Só queria aproveitar mais daqueles últimos dias…

 

-----§§§-----

 

Hoseok estava em seu quarto tocando algumas músicas na guitarra. Como ele e Jungkook sempre ficavam sozinhos em casa durante todas as tardes, pelo fato de seus pais estarem no trabalho, podia tocar seus instrumentos bem alto. Queria também ter uma bateria dentro do quarto, mas achava que seria “barulho” demais para os vizinhos. E mesmo que ele tocasse perfeitamente, haviam sempre aquelas pessoas que não entendiam que aquilo era boa música e não só barulho.

E pensar em sua música o fazia suspirar diversas vezes. Ele já estava com os dois pés em Harvard praticamente. Mas Hoseok só iria para a faculdade para agradar os pais e lógico, estar perto de Jungkook. Jurou a si mesmo que protegeria o amigo sempre, só que o ser de vinte e três anos que vivia dentro de si já não aguentava mais aqueles anos acadêmicos. Hoseok tinha seus sonhos… E depois de conhecer Taehyung, outro apaixonado por música, seu desejo por aquela vida voltou a dar as caras.

Tocou mais algumas notas e pegou seu caderno de anotações. Ele estava abarrotado de músicas. Suas ideias fluíam e tudo o que podia fazer era brincar de fazer música no computador, tocar alguns instrumentos para se distrair e sonhar… Era quase um pecado morar em Los Angeles, ser um apaixonado por música e não poder se dedicar nem um pouco aquilo.

Suspirou mais uma vez… Mas Hoseok sabia que só estava daquele jeito porque ele mexeu demais com o tempo. Mudar um mísero detalhe no tempo afetava coisas demais. Vidas demais…

Largou a guitarra e fechou o caderno de anotações. Levantou da cama e abriu a gaveta grande da escrivaninha. E ao olhar para aquele fundo da gaveta, seus olhos ficaram opacos. Puxou a gaveta com cuidado e pressionou um lado do fundo um pouco, ouvindo um clique específico. O fundo levantou completamente, revelando um conjunto de pistolas pretas, alguns cartuchos e tasers. Desde que se mudou com a família e Jungkook para a América, nunca precisou usar daquelas armas, mas sempre era preciso mantê-las consigo. Pegou a menor que tinha ali e guardou na mochila. A D-8 estava quieta, e eles não ficariam assim depois de alguns dias sem contato com o informante deles. Hoseok precisava de ajuda, precisava investigar o que estava se passando naquele Centro e o andamento com as novas máquinas do tempo. O ruim era que ele não tinha nenhum conhecido, ninguém se lembrava dele a não ser uma única pessoa.

Ouviu passos pesados subindo a escada e pode perceber que o infinito jogo de xadrez de Jungkook e Jimin havia terminado.

Fechou a gaveta, escondendo tudo de novo e ao ouvir uma batia forte na porta do outro quarto, teve que sorrir. Jimin estava mesmo deixando Jungkook doido.

Foi até o quarto do amigo e assim que bateu na porta, ouviu um grito irritado.

— Sou eu, JK! — Abriu a porta com cuidado e viu o amigo jogado na cama com a cabeça enterrada no travesseiro. Jungkook parecia uma criança emburrada por não ter ganho o presente que queria de natal. E Hoseok só pensava que agora o amigo estava finalmente colocando a infância perdida pra fora. — Mais um dia sem nenhum avanço? — Perguntou.

— Como? Aquele idiota joga na sorte, mas eu sei que em cinco jogadas eu acabo com ele!

— Nossa, vai continuar mesmo com isso então?

— Por mim… Agora é só questão de vencê-lo mesmo. Daqui alguns meses estaremos indo pra Massachucetts e é adeus ao Park. Ele jamais entrará em Harvard mesmo.

— Não deveria dizer isso, vai que ele consegue?

— Ele vai ficar me seguindo até o fim da minha vida? Que cara mais idiota e insistente.

— Vai me dizer que não está gostando?

Jungkook levantou a cabeça fuzilando o Hoseok com o olhar.

— Claro que não!

— Tem certeza? — Encostou-se na porta e sorriu sacana ao outro. — Se não gostasse disso já o teria mandado sumir há muito tempo.

— Mesmo que eu falasse ele simplesmente não sumiria. Ele é muito chato!

— E acha mesmo que com um jogo besta ele vai sumir? Ele sabe melhor do que nós dois que vai perder, mas não me parece estar nem aí.

— Tanto faz, quando nós dois formos embora será o fim dessa chateação.

Hoseok suspirou pesadamente. Pensar naquela mudança doía em si, mas doía ainda mais abandonar de vez os seus sonhos. Ele não teria mais como mudar o passado, então que ao menos uma vez, vivesse a vida que tanto queria. Hoseok não queria deixar Jungkook sozinho e jamais faria isso, porém, o observaria de longe e com alguma ajuda. Ele precisava se afastava para fazer investigações mais precisas e claro, tentar arrumar tudo para que a vida dos dois fosse a mais normal possível.

— Jungkook… — Abaixou o olhar por um tempo, e seu jeito sério chamou a atenção do outro garoto. — A gente precisa conversar.

Jungkook franziu a testa e tentou analisar aquela mudança rápida no humor do outro.

— Sobre?

— Sobre Harvard… Eu não vou mais pra lá.

 

-----§§§-----

 

Como prometido, Jimin foi no dia seguinte a casa de Jungkook. Estava adorando deixar o outro irritado, mas às vezes tinha que se segurar para não sair chorando de lá. Jungkook era muito cruel com ele, mas também estava aprendendo que cão que ladra não morde. Conseguia ouvir as palavras frias e grosseiras do gênio de gelo e não se deixava ofender como antes. Junkook era só um babaca que precisava diminuir os outros para se sentir bem, e por esse tipo de pessoa Jimin não podia sofrer. Bom… Pelo menos era isso que vivia dizendo a si mesmo, afinal, só de ficar perto daquele garoto Jimin se sentia um idiota apaixonado, e estava sofrendo silenciosamente por saber que sua paixão platônica iria embora em pouco tempo.

Tocou a campainha e abriu um sorriso que sabia que irritaria Jungkook. Vê-lo irritado era tão bonito…

Jungkook abriu a porta, e mesmo que Jimin conhecesse as frias expressões dele, aquele dia Jungkook estava mais assustador que o normal. Seus olhos opacos penetraram nos seus e pode sentir um frio na espinha que há tempos não sentia. Jungkook deu passagem para o outro garoto que ficou na dúvida se entrava ou não. Sentia muita hostilidade no ar daquela vez.

Entrou devagar ouvindo a porta lentamente ser fechada e olhou em volta na esperança de ver Hoseok. Estava sentindo medo de ficar a sós com Jungkook naquele momento.

— Cadê o Hoseok?

— Saiu.

— Pra onde? — Perguntou, e viu a face do outro se contorcer.

— Foi na casa do… Isso não te interessa. — Usou seu tom mais grave. Não queria falar de Hoseok. Abaixou a cabeça, e agora Jimin não sabia explicar se a expressão que via nele era de tristeza ou não. Mas logo aquela estranha expressão sumiu, dando lugar mais uma vez a de raiva. Jungkook pegou Jimin pelo braço e o arrastou para frente do tabuleiro.

— Joga! — Gritou, deixando Jimin ainda mais sem reação. — JOGA!

Jimin piscou algumas vezes e pensou se fazia alguma coisa logo ou se esperava mais um pouco. Olhou para o tabuleiro e novamente parou a mão no ar antes de mover algo.

— Está tudo bem com você? — Perguntou um pouco receoso, vendo Jungkook fechar os olhos e parecer contar mentalmente para se acalmar.

— Não.

Jimin não esperava aquela resposta, na verdade não esperava resposta nenhuma, mas resolveu ir em frente.

— Não? Por quê?

Jungkook abaixou o olhar, perguntando-se se usava dos truques que aprendeu -a base de pressão- e mentia sem demonstrar que o estava fazendo, ou se falava algo que estava o apertando. Nunca foi de contar dos seus problemas para alguém que não fosse Hoseok, mas agora, ele sentia que não teria mais nem o amigo para conversar. Se sentia mais uma vez traído e abandonado. Entendia os motivos do amigo e da conversa do dia anterior, mas mesmo assim, não queria que Hoseok o deixasse. Sem perceber sua expressão foi ganhando traços tristes e isso preocupou Jimin.

— Jungkook?

Jungkook encarou Jimin mais uma vez, queria que aquela brincadeira acabasse e que ele sumisse, não queria mais conversas. Levantou a mão e com agilidade puxou a gola da regata que Jimin usava, puxando-o para frente e aproximando seus rostos.

Jimin parou de respirar quando viu o quão próximos eles estavam. Jungkook olhava firme em seus olhos e por mais que a aproximação fizesse seu coração disparar, o medo de levar um soco também era grande. Mas só de imaginar que os lábios que tanto desejou estavam a centímetros dos seus, ele não se importava em levar um soco após ter o contato deles.

— Gosta disso? — Jungkook perguntou próximo demais.

Jimin não soube o que responder.

— Se eu te beijar agora, você vai sumir?

Jimin arregalou os olhos.

— Depois de ter o que você quer, você vai embora?

Jimin não entendia aquelas palavras, Jungkook o beijaria naquele momento se ele dissesse que sim? Que iria embora e o deixaria em paz pra sempre? A ideia até que fez seu corpo se inclinar mais pra frente, mas… Não. Jimin queria mais que um beijo, queria Jungkook. Passou anos e meses o querendo, tentando se aproximar, entendê-lo, ser alguém interessante para ele. Mudou sua rotina, seus pensamentos, e agora, estava mudando até o rumo que queria seguir no seu futuro. Tudo por causa de Jungkook. E nem mesmo sabia o porquê daquele bloco de gelo mexer tanto consigo.

— Responde, Park! — Perguntou, se irritando até mesmo por aquela demora toda. Aquela era uma proposta que atenderia muito bem os dois.

Jungkook não gostava daquela sensação de derrota, mas depois de sentir que perderia Hoseok, muitas coisas não importavam mais. Se beijar Jimin significasse que este sumiria depois, tudo bem. Estava acostumado com as pessoas apenas quererem estar com ele por algum interesse. Sempre foi assim nos anos que ficou trancado naquela Divisão. Ele dava as respostas que eles queriam e eles não o faziam mal. Jungkook sentiu um bolo se formar em sua garganta, era novamente aquela vontade de chorar que reprimia há anos.

Jimin queria um beijo seu, aquilo seria a menor coisa que daria pra se ver livre de algo ou alguém. Depois daquele beijo Jimin iria embora e ele ficaria só, em paz. Jimin não significava nada para ele assim como aqueles abutres da D-8. Só queria se livrar dele antes que ele também o fizesse mal. Foi então que sentiu algo quente tocar sua bochecha, levantou o olhar que estava direcionado a boca do outro e encarou seus olhos avermelhados.

— Park?

— E-eu… — Tentou falar, não conseguindo segurar o choro. — Eu não quero ir embora…

— Não? — Surpreendeu-se por aquela resposta. — O que… você quer então?

— Eu quero ficar com você… não só um beijo… — Jimin falou extremamente baixo, fechando um pouco os olhos por se sentir bastante envergonhado.

— Ficar comigo? — Jungkook estava confuso.

— Eu… gosto de você…

Jungkook sabia daquilo. Mas não fazia sentido aquele sofrimento, ou aquela vontade de querer ficar consigo. Sua cabeça tentava entender a lógica de Jimin, ou de seus sentimentos e nada fazia sentido. Jimin sabia que Jungkook era inalcançável e mesmo assim queria ter algo com ele?

Jimin levou uma das mãos ao rosto, limpando as lágrimas traiçoeiras e era melhor entender de vez que aquilo era o fim. O fim de algo que nunca nem começou.

— Tá bom, Jungkook… — Levou a mão trêmula até o seu rei na intenção de derrubá-lo e assim terminar de vez com aquela história. Mas ao ver o movimento que faria, indicando que realmente estava desistindo do jogo, Jungkook segurou sua mão.

— Jungkook?

— Então… você não quer ir embora? — Jungkook perguntou.

— Eu vou… Se é o que você quer…

Se é o que você quer

Aquela frase soava tão estranha na cabeça de Jungkook. E ficava ainda mais estranha quando ele olhava para o rosto de Jimin que transbordavam verdade e tristeza com aquele ato de partir.

Jungkook fechou os olhos e tentou ao menos uma vez não usar tanta lógica. Levou sua mão ao seu rei e o derrubou. Jimin encarou a cena e quando voltou os olhos para os de Jungkook, sentiu os lábios dele nos seus em apenas um selar. Jungkook mantinha os olhos fechados enquanto Jimin arregalava os seus com o ato. Jimin não sabia se seu coração estava parado ou batia tão rápido que ele não conseguia sentir, mas era certeza de que naquele momento o tempo já não estava andando.

Fechou os olhos quando sentiu Jungkook movimentar os lábios, e o beijo de fato começar.


Notas Finais


E nem vou dizer nada, podem encher a mão do caps lock nos comentários u.u vamo lá... conheço vocês hohohhohohoo
Alias, próximo cap será ainda melhor ;D


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