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História Lar - Estelar


Escrita por: MJthequeen

Notas do Autor


Estou muito feliz que estou conseguindo caminhar exatamente para onde quero levar essa história! ;)
Capítulo que serve como conexão para os próximos, o próximo vai ser super importante, eu só não queria correr com as coisas ;]

O spoiler da vez é que logo mais teremos um X nesse jogo hmmmmmm

Capítulo 6 - Estelar


Fanfic / Fanfiction Lar - Estelar

Lar

— Richard – eu chamo. Eu provo esse nome na ponta da minha língua e ele escorrega como se eu o conhecesse há anos. Como se sempre estivesse ali, esperando por mim. Tem gosto de nostalgia, derrete como líquido quente na minha garganta; e é quando desce, quando esquenta o meu peito, é assim que eu sei que esse nome tem poder sobre mim. – Richard.

E ele está sorrindo para mim; todo o seu corpo parece sorrir comigo. Eu não sinto a noite atrás de nós. Eu mal sinto a Torre sob meus pés. Eu não consigo me conter, ergo as mãos e toco seu rosto, absorvo sua pele, é como se eu respirasse pelos meus dedos e ele fosse algum perfume do qual não posso mais ficar longe.

Seus lábios estão secos, suas bochechas estão quentes e eu subo mais, até a ponta de sua máscara. Eu quero puxá-la, arrancá-la. Quero ver esses olhos, saber se eles também estão sorrindo. Eu sinto falta deles. Como eu posso sentir saudades de algo que nunca vi? Saudades; não temos um termo tão específico quanto esse na minha língua.

E é quando ele alcança e abraça meus dedos com os seus, é quando ele faz o que quase suplico; Richard deixa que a máscara caia sobre nossos pés.

X’hal.

São azuis, são realmente azuis. Como todo aquele mar infinito que sobrevoei, esperando que acabasse. Como o céu do meio-dia, céu que provei com todo meu corpo e do qual nunca quero sair. Eu nunca sobrevoei esses olhos, eu nunca os experimentei. E ainda assim, daqui, eu sinto que é a coisa mais extraordinária que observei em anos. Richard tem os olhos da Terra. 

Estou feliz. Estou tão feliz.

O fogo embaixo do meu umbigo, aquele que me lembra todos os dias que sou Tamaraneana, se alastra por todo meu corpo  como uma explosão. Estou leve, tão leve que deixo o chão e sei que meu cabelo ilumina todo o cômodo. Estou me sentindo tão quente, tão abençoada, que tomo cuidado para não deixar que esse calor chegue até minhas mãos e o queime; Dick não se importa, ele me segura ali, perto dele, não me deixa ir para longe e nossos narizes quase se tocam. Eu volto ao chão com dificuldade, ainda sorrindo de orelha à orelha.

— São azuis. Seus olhos são azuis, Richard – digo entre risos suaves. Ele sorri e entrelaça seus dedos nos meus. Eu estou tão calma, tão calma.  – X’hal, eu estou tão feliz! Eu achei que você iria para Gotham. Achei que você nos deixaria e... Eu não deveria pensar nada disso – e me solto de suas mãos e o abraço com força, rodeando seu pescoço com meus braços, absorvendo o cheiro do seu cabelo, o conforto do seu corpo no meu.

Acho que Richard vai retribuir, que vai me abraçar também e rir das minhas bobagens, dos meus pensamentos sem sentido que ele nos deixaria. O contrário acontece. Ele me segura pela cintura e me empurra para frente, olhando dentro dos meus olhos. Eu estou perturbada sob esse olhar. Esses olhos quase me assombram.

Eu não achei que me sentiria assim sob a vista de alguém.

— Star, eu preciso falar com você sobre isso – ele murmura, mesmo que ninguém possa nos ouvir. É o costume falando? Sei que Rae está nos ouvindo, mas eu não me importo com nada disso.

Estreito os olhos, confusa. O que ele quer dizer?

— Sobre isso? – repito, esperando que ele retire o que disse. Que me diga que foi engano; que não tem que conversar sobre nada, pois todas as coisas já estão decididas.

Ele me leva para o sofá e se senta do meu lado. A estranheza e a deslumbramento de vê-lo sem a máscara faz com que eu não tire, nem por um minuto, meus olhos dos seus. Sua mão ainda está na minha, eu agradeço mentalmente que ele esteja sem luvas. É bom tocá-lo assim, tão de perto.

— Star, o que eles te contaram sobre mim? – Não é uma acusação. Ele não parece preocupado sobre o que sei, só quer saber até que ponto meu conhecimento vai.  Ainda assim, a ansiedade em saber o que ele tem para me falar faz com que eu aperte seus dedos. Se eu segurá-lo aqui, Robin não vai para lugar nenhum.

—Me disseram sobre você e Batman, em Gotham. E eu entendi que ele era seu K'Norfka, como Galfore era o meu. Vocês brigaram por alguma razão desconhecida, foi quando você veio para Jump e nos conheceu; os Titãs surgiram – termino de dizer, esperando que ele se lembre o que quer dizer K’Norfka. Guardião. Batman era o guardião do Robin e, como Galfore fez comigo, o ensinou a lutar, as coisas do mundo. Eu reviro os olhos, me lembrando da última parte que Mutano tinha comentado. – E que você e a Batgirl eram vistos juntos em muitas ocasiões.  

Ele pisca relutante ao ouvir a última parte e eu o encaro.

— Eles estão certos – confirma, e estreito meus olhos. É claro que ele passava muito tempo com ela. Acontece se vocês crescem juntos e são treinados pela mesma pessoa. – Eu fui treinado pelo Batman e, sim, ele se tornou meu K’Norfka. – A pronúncia de Robin é engraçada, mas eu não tenho vontade de rir. Fico feliz que ele se lembre de guardar palavras que são importantes para mim. Sei que a linguagem de Tamaran é muito complicada para os terráqueos, por se tratar mais de grunhidos, que eles não tem costume de fazer. – Ele me adotou depois que meus pais morreram, Star, então ele foi como um pai para mim e, de certa forma, ainda é – Ele parece não gostar tanto dessas palavras e outra vez eu aperto seus dedos. Pai. Essa é uma palavra importante, não importa em que língua você pense nela. – Eu cresci em Gotham e, apesar de tudo, eu amo muito àquela cidade. – E acaricia minha mão, olhando para baixo por um instante. – Como você ama Tamaran.

— Como eu amo Tamaran – repito baixinho, encarando-o com compreensão. É claro. É sua cidade natal.

Ele fica quieto por uns segundos e eu sei que a parte importante está chegando. Estou tensa.

— Estelar, é por isso... – ele me encara e seus olhos me pedem desculpas. Eu não quero ouvir, eu não quero, eu não... – Star, eu preciso ir para Gotham.

Algo dentro de mim está se apagando. Devagarzinho, o fogo acaba. Eu solto sua mão como a de um cadáver. Não consigo esconder minha expressão de tristeza. Se Robin for, se ele realmente voltar para Gotham...

— Star, não é o que você está pensando. Eu não vou deixar os Titãs – ele interrompe meus pensamentos, como se pudesse lê-los em minha face.

Sem aguentar ficar ali, do lado dele, eu me levanto e abraço meus próprios ombros. Outra vez buscando conforto, sozinha. Outra vez. Não posso evitar vocalizar meus pensamentos, não posso esconder nada dele:

— Você diz isso, Robin... – murmuro, sem conter minha mágoa. Robin. Não, não Robin. Ele não é o Robin agora. Não há máscara sobre seu rosto. – Richard, você diz isso agora. Gotham é importante para você ao ponto de você não dividir isso com nenhum Titã... comigo... É tão importante que é algo só seu. Como fazemos com segredos obscuros ou sentimentos que não queremos que os outros descubram.

Como eu faço quando sei que estou apaixonada por você. Se ele não diz, se ele não vocaliza isso, há um motivo. E o motivo é saudades, o motivo é falta. A falta que Batman lhe faz e nenhum de nós pode suprir. A falta que Gotham lhe faz. Isso é saudades de casa. E por que estar tão longe, quando se pode voltar à qualquer momento? Dick não percebe isso. Não ainda.

Até que chegue lá.

Não posso ver, por estar de costas, mas o ouço se levantando.

— Você não está sendo justa. Quando Tamaran te chamou para um ridículo casamento arranjado, você não pensou em nós ou em mim. Arrumou suas coisas sem nem avisar nada antes! – acusa, e sua voz está tão brava quanto chateada. Recua um passo logo depois de dizer isso, mas as palavras já saíram de sua boca. Eu volto a me sentir quente e aperto os dedos nos meus ombros, sem acreditar no que ele acabou de falar.

Ele não pode estar comparando o que tem com o Batman com o que eu tenho com o meu povo – é muito mais do que uma escolha, do que morte. É sangue. É a divida que tenho com milhões de Tamaraneanos, divida de não ser a princesa que eles precisavam. É a responsabilidade que tenho com eles e que abandonei por motivos egoístas.

— Ridículo?! – eu cuspo as palavras, com nojo. – Talvez você não tenha percebido, mas eu iria me casar para salvar meu povo. Dick, eu sou uma princesa! – E sei que meus olhos estão cheios de lágrimas de ódio. Ele não pode ter diminuído tanto assim tudo o que eu tenho.

— E eu sou um herói! – rebate no mesmo instante, gritando no mesmo tom que eu. – Eu também tenho responsabilidades com outras pessoas. 

E o silêncio cai sobre nós dois. Eu estou indignada, com raiva e triste ao mesmo tempo. Dick, diga que ficará. Se ele for, se Richard for... Robin vai voltar? Ele não vai se enganar sobre as grandes luzes da cidade? A lua lá é diferente, as estrelas são?

Ele se aproxima de mim, sem medo, e me abraça pelo quadril, trazendo minha cabeça para se ombro. Eu não aguento e retribuo o abraço, querendo sumir em seus braços. É o mesmo cheiro de café e canela que persegue os meus sonhos. Quando acho que está tudo bem, quando quase esqueço nossa discussão, ele passa seus dedos no meu cabelo e sussurra, delicadamente. 

— Star, eu preciso resolver as coisas com Batman. Eu não vou deixar os Titãs, nem te deixar. – E beija a lateral da minha cabeça, como se confirmasse tudo o que está dizendo. Eu sei o valor que os beijos tem nesse planeta; no meu, eles não significam nada.

Eu o aperto um pouco mais e então o solto, percebendo só agora que já estou chorando. Eu vejo no chão o objeto que quis arrancar de seu rosto por tanto tempo, a única coisa que me impedia de conhecê-lo verdadeiramente.

Mas era isso que eu queria? Saber que Dick quer ir para Gotham? Saber que Richard tem problemas no seu passado e precisa resolvê-los? Ele me diz que não, que não vai me deixar, deixar os Titãs. Até que ponto essas palavras duram na boca desse desconhecido? Eu pego a máscara.

— X’hal. – Espero que ela possa me ouvir, onde está trancada, onde está escondida para que sua ira não caia sobre todos nós. Permita que minha ira não caia sobre mim mesma, X’hal. Me tire dessa agonia. - Richard, acho que prefiro o Robin.

E eu nunca vi olhos tão tristes.

 

 

Acordo suada do sonho que acabei de ter. São os Gordanianos outra vez; eles me pegam pelo braço e, por mais que eu lute, não sou capaz de escapar de suas unhas. Komand’r tem um sorriso sinistro em seu rosto enquanto assiste eles me levarem. “Você ama seu povo” sua voz diz na escuridão em que me encontro, “funxnaske*, irmã. Sirva-os.”

É como se a voz dela ecoasse por todo o quarto e, ainda ofegante, eu decido tomar um banho antes de ir para a sala. Já é um pouco tarde e todos devem estar acordados, mas não tenho pressa para encontrar Robin, então demoro um pouco mais me ensaboando. É diferente, esses banhos na Terra. Em Tamaran eu teria pelo menos dois servos, um para me ajudar a me limpar e outro para administrar a água, mas nesse planeta, mesmo os líderes políticos e pessoas com dinheiro são independentes nesse sentido.

A porta se abre na minha frente e não tenho tempo para reparar que BB e Cy já devem ter conversado com Robin, que, de costas, segura o controle da TV, para onde todos estão olhando. Suas costas tensas denunciam que ele me viu chegando, mas nada fala e nem troca de canal – não agora que estou olhando. É uma foto dele com Batgirl. Meu estômago embrulha e eu dou um passo para frente. Ao mesmo tempo que a porta se fecha atrás de mim, a apresentadora começa a falar:

E olha só, parece que acordamos com algo muito interessante... Vejam só se a nossa morceguinha preferida não deixou a grande e perigosa Gotham para encontrar o namorado no outro lado do estado... – A foto de Robin e Batgirl estampa a TV toda. Ela está segurando seu antebraço e, apesar da qualidade ser baixa, seus olhares são intensos um para o outro. Foi antes de ele chegar à torre. As memórias de Mutano perguntando para Cy se “o Robin já tinha pegado a Batgirl” começam a invadir minha cabeça. “Casal dinâmico”, é o que a legenda diz.– Alicia, é isso mesmo que estamos vendo?

A câmera foca em outra apresentadora, mais jovem e com um olhar traiçoeiro.

Ellen, você não ama um amor proibido?! Bem, espectadores, nossa querida Batgirl deixou Gotham por tempo indeterminado e, na madrugada passada, foi avistada rondando Jumpcity com a sensação Teen, Robin. Lembrando que se especula um namoro deles de anos atrás, mas que teria terminado na mesma época em que Robin deixou Gotham. E eles não estavam com os Titãs... – essa última parte me perturba. Eu pensei que talvez fosse algo de Mutano. Mas se a mídia toda falava sobre Robin e Batgirl, talvez fosse verdade. Eu sei que eu e ele já fomos manchete de um ou outro jornal, mas isso nunca me incomodou, pois não via problemas em sermos um casal.  Será que isso incomoda o Robin?

Ninguém pode dizer que Batgirl é boba, certo? Eu é que não arriscaria uma briga com a Estelar. – Eu estreito os olhos, tentando entender essa parte. O que elas estão pensando? Eu nunca entraria numa briga com outra garota por causa de uma paixão. Nós levamos isso muito a sério em Tamaran, um não é um não. É claro que eu ficaria chateada, como já estou, mas nunca sequer se passou na minha mente em brigar com ela por isso. 

Ah, Ellen, eu não sei. Quem sabe no planeta da Estelar elas não dividem os homens ou coisa assim? – Eu encaro a televisão tremendo de ódio. O que essa mulher pensa que somos? É o seu tom de voz que denuncia tudo. Esse tom de voz como se eu fosse... como se todas as tamaraneanas fossem... como se fossemos promiscuas.

É verdade que em Tamaran o amor pode ser visto de muitas formas, mas isso não nos faz melhores ou piores que a cultura dessa gente. Tremendo de raiva, eu puxo o controle da mão do Robin e desligo, antes que uma starbolt destrua a televisão em pedaços.

— Saudações, amigos – Eu digo, sem conseguir esconder o desgosto na voz. Deixo o controle em cima do sofá e passo para a cozinha, tentando me acalmar. Sei que todos estão me olhando, mas ignoro.

Nesse momento o alarme da torre dispara e eu me distraio com as luzes vermelhas. 

— Titãs, Dr. Luz está atacando o centro comercial – Robin diz, depois de ouvir o barulho dele digitando alguma senha na TV religada. Suspiro. Parece que estamos num ciclo vicioso onde o criminoso é pego e solto por causa de policiais corruptos. Eu já disse isso para Robin, que em Tamaran nós faríamos diferente e que a morte era sim uma opção. Ele me explicou que na Terra não fazemos isso.

Por que noto tanto essa diferença entre nós agora? Isso me incomoda.

— Quem raios tenta roubar um banco às nove da manhã?! – Mutano questiona, bravo.

— Vilões não curtem café da manhã – Raven comenta, em tom de piada, e, como estou de costas, sei que ela criou uma grande bola negra de energia apontada para Ciborgue e Robin por causa do som.  

— Vamos apostar, BB. Se eu acertar mais golpes nele, você vai me pagar um rodízio numa churrascaria – Ciborgue diz brincalhão e eu escuto um “ai”, provavelmente BB batendo nele, transformado em algum animal.

O som deles é distante, é como se eu estivesse em outro lugar.

— Star? – ele me chama e, para essa voz, eu me derreto. Encaro-o só por alguns segundos, vendo a máscara no rosto que agora conheço por completo. Ele está preocupado. Fecho os olhos e suspiro outra vez. Meus poderes sumiram. – Você está bem? – Ele está com medo da resposta. Eu também.

Não posso lutar se meu corpo não colabora comigo. Preciso de bons pensamentos. Preciso de uma motivação. Sacudo a cabeça, ainda de olhos fechados. Minha melhor motivação está bem ali, na minha frente. Eu penso naqueles olhos claros, tom d’água, e no jeito como ele me abraçou, antes de dizer que iria para Gotham. Eu só tenho seu rosto nos meus pensamentos. Suas mãos nas minhas. Sorrio, já sabendo que estou quase tocando o teto. Estou andando no ar. O calor envolve minhas mãos outra vez e eu o encaro, determinada, pronta para a luta.

— Estou. Agora estou.

 

 

Dr. Luz acabou de me lançar para trás e eu estou voando rápido demais para fora do banco, indo em direção ao prédio do outro lado da rua. Só paro quando bato em uma parede e sei que, por causa da força do impacto e da força dos meus próprios ossos, um grande buraco deve ter aparecido nela. Eu empurro meu peito para frente com certa dificuldade, ainda de olhos fechados, sentindo o peso do golpe nas minhas costelas.

— Você se machucou? – ouço a voz ofegosa de Robin, que parece estar no meio de uma troca de pancadas com Dr. Luz, dentro do estabelecimento.  A luz no meu protetor de peito pisca, é da onde o som está saindo. Foi um jeito que Cy achou de nos dar mais comodidade durante a luta; não precisamos alcançar nossos comunicadores, o meu fica ativado na joia no meu peito, o de Rae em seu broche.

— Não muito – respondo com dificuldade, ainda não me sentindo pronta para levantar. Os quatro estão lá dentro, eles podem cuidar disso só por mais um minuto, não podem?

A rua está cercada por viaturas, que impedem a aproximação de civis, olhando curiosos através dos ombros dos policiais. Eu finalmente abro os olhos e percebo que bati em uma banca de jornal. Me levanto, movimentando o ombro, de forma que meus músculo pare de doer. É nesse momento, quando estou prestes a entrar de volta no banco e ajudar meus amigos, que percebo o montante de jornais do meu lado – mais especificamente a manchete de um deles.

A imagem me motiva e eu pego o jornal na mão, mesmo sabendo que não deveria. É outra reportagem sobre Robin e Batgirl. Do lado da mesma foto que apareceu no programa de entretenimento mais cedo, há uma que não reconheço. É Robin e Batgirl, ambos quase de costas, sobre um grande prédio com outra gárgula. Franzo o cenho, segurando o jornal com as duas mãos e aproximando a página dos meus olhos. Eles estão em Gotham, a imagem é mais antiga.

Um grito de dor de Dr. Luz me incentiva a ficar ali. Eu aproveito só mais um instante para ler rapidamente a reportagem. O título me diz que, ao contrário da reportagem na TV, essa não parece focar tanto nos dois juntos, e sim no Robin, provavelmente por se tratar de um jornal exclusivo de Jump e não algo que alcançaria vários estados.

“UMA QUEDA POR RUIVAS?

Acho que encontramos o que diversos vilões vem tentando fazer todo esse tempo: o ponto fraco de Robin, o herói favorito de uma geração de adolescentes e o nosso também. Noite passada Robin foi avistado com uma ruiva que chama muita atenção por onde passa; leitor, eu aposto que você pensou na nossa doce Estelar, mas parece que o Menino Prodígio é só um adolescente comum e tem uma ex namorada no seu calcanhar.

Caso você tenha passado os últimos anos numa ilha – ou talvez em outro planeta, longe do sistema solar – não sabe que Robin, o parceiro de Batman, tinha sido apontado diversas vezes como o namorado perfeito de Batgirl. Isso não nos lembra dos clássicos?! A mocinha bonita e o jovem corajoso que crescem juntos e acabam apaixonados. Mas é claro que o final não podia ser como o de uma comédia romântica: Robin deixou Gotham para trás e não foi visto nem com Batman, nem com a antiga parceira.

Ele não só fundou uma equipe nova, como chamou atenção com outra ruiva, tão bonita quanto a anterior. Estelar é mesmo o contrário da morcega-filha: ela sorri para as câmeras e deve ter gosto de novidade. Seria ela só o amor de verão de Robin?

A volta de Batgirl, segurando o braço do amado, de forma que grita “fique!” pode provar que sim. Diversas testemunhas confirmaram que eles foram vistos em diferentes pontos da cidade; estaria Robin apresentando sua nova cidade à sua antiga garota, ou curtindo uma saídera longe da rotina esgotante da Torre em T? Batgirl não deve ser garota de uma noite só.

Bem, quem vocês levariam para apresentar ao grande e malvado Batman: a sua vizinha bonita que todos adoram, ou a caipira com lindas pernas que conheceu nas férias de verão?

Os próximos capítulos nos revelarão como Estelar reagiu ao acontecimento. Não deve ser nada fácil estar longe de sua casa e sofrer uma decepção amorosa, mesmo quando se tem poderes. Mesmo ele decepcionando a garota dos nossos olhos, é verdade que não podemos julgar Robin. A imagem dela não combina em nada com a chuvosa Gotham; e quem pode chutar o que ocorre entre quatro paredes? A herança alienígena dela deve ser... selvagem. Até demais para o nosso menino prodígio.

Eu é que não arriscaria levar o amor de verão, a forasteira para jantar com meus pais; vai que ela começa a pentear o cabelo com o garfo. É, nós podemos imaginar a reação do Batman.”

 Eu pisco para as palavras, lábios entreabertos. Eu devo ter interpretado essa reportagem mal. Muito mal. Uma luz extra forte e um rugido vindo de Mutano chamam minha atenção para a luta incessante. Arranco a primeira página do jornal e dobro de forma que posso colocar dentro do meu protetor de pulso.

 Selvagem. A palavra continua se repetindo na minha mente.

 

 

 

Eu rio de forma desajeitada quando BB me pergunta se eu vi o coice que ele deu, logo após perguntar para Ravena, que já se cansou de dizer que não. Os dois garotos não parecem perceber nada, mas Rae me olha de lábios retos, todo seu rosto coberto pela sombra do capuz. O que ela deve estar pensando? Ela com certeza pode ver através do meu sorriso. Não quero dizer nada. Talvez eu esteja... Talvez aquele programa de TV e esse jornal... X’hal. O sorriso vai sumindo do meu rosto. Ciborgue já tinha me dito uma vez que a mídia era cruel – com qualquer um, humano ou não.

— Então, o que vai ter para o almoço? Rodízio de churrasco ou de salada? – Robin se aproxima, depois de ter falado com a policia e entregado Dr. Luz, olhando divertido para Mutano e Cy. O sorriso volta como um carimbo pro meu rosto, mas eu não o encaro. Ainda estou machucada da noite anterior; eu não queria ter ficado brava com ele. Às vezes eu queria só poder controlar todos esses sentimentos exagerados que sinto; me sinto como uma bomba.

— Robin, você viu quando eu dei um coice no Dr. Luz, não viu?! – pergunta BB e Robin parece estar, sinceramente, tentando lembrar. Eu junto minhas mãos e o papel dobrado do jornal escorrega um pouco.

— BB, ninguém viu esse coice. Mas ele vai se lembrar para sempre dessa belezinha aqui – Ciborgue beija o canhão e finalmente o desativa. – Booyah!

Não quero ficar aqui parada, quero ir logo à Torre, ler essa folha com cuidado. Botar meus pensamentos em ordem. Eu levanto um dedo, pensando no que vamos comer, de uma vez por todas.

— Eu sugiro que comamos a massa fina pouco saudável e pouco temperada, às vezes queimada, com bordas crocantes, cortada em formato de círculo e recheada conforme nossa vontade. Geralmente vegetais, legumes e folhas de um lado, e a coagulação do leite e embutidos no outro – digo, esperando ser clara o bastante.

Robin me olha sorrindo, mas isso me faz lembrar automaticamente da foto dele com Batgirl. X’hal. Eu olho para o outro lado.

— É, eu acho que a pizza é uma boa – diz, e acho que percebeu como eu não o olhei.

— Star, você é tão inteligente! – Mutano dá uma piscadinha para mim e eu sorrio para ele. 

Um disco de energia negra aparece outra vez, bem de baixo dos pés de Ravena e Robin.

— Você poderia dizer isso para qualquer um – comenta em seu tom monótono. – Quase todo mundo é mais inteligente do que você. – Ciborgue não se controla e ri, Robin tem um pequeno sorriso de canto e Mutano uma veia saltada na testa.

Ele não responde, só se transforma num pterodáctilo que alcança voo com Cy segurando em seus pés. Rae está subindo com Robin e eu também passo a flutuar, seguindo-os atrás. Não me sinto bem o bastante para voar com velocidade e, quando percebo, todos os quatro estão bem mais adiantados – e também mais altos.

 

 

Quando finalmente chegamos à Torre, Rae passa em silêncio para seu quarto, depois de me olhar por alguns instantes. Eu estou me esforçando para rir de alguma graça que Cy e BB fizeram e não quero chamar atenção dela. Eu tento ir para meu quarto tranquilamente, como ela faz, mas BB diz que deveríamos jogar uma partida de videogame enquanto a pizza não chega. Fico esperando que Robin recuse, como ele quase sempre faz, mas ele me encara e diz que seria divertido – sou forçada a ficar.

Eu estou sentada encolhida do lado de Cy, por não querer ficar perto de Richard no momento. Richard... Ele está jogando e rindo de BB, pois está ganhando. Parece muito leve e muito feliz. Quando ele vai contar aos outros Titãs? Ele não me disse exatamente o dia que iria para Gotham, mas eu não acho que vá demorar muito.

Talvez eu esteja exagerando sobre Gotham. Sobre Batman ou Batgirl. Eu conheço o Robin, não conheço? Ele não nos abandonaria. Meu peito se aperta. Eu pensei, todo esse tempo, que ele me magoasse, a Terra não seria mais a mesma. Eu conheço Richard o suficiente para dizer que ele não irá nos abandonar?

 — Cy, que é hoje? – A voz de Mutano me tira do transe em que entrei. Ele está com duas pizzas na mão, já devem ter se passado vários minutos desde que chegamos.  

— 16 de Junho – Cy responde, largando o controle de videogame – Por quê?

— Não sei, cara, acho que estou esquecendo alguma coisa... – murmura, deixando as pizzas em cima do balcão. Quando ele diz isso, ambos Cy e Robin estreitam os olhos, parecendo pensativos. Eu os olho, sem entender muito bem. O calendário humano não faz muito sentido para mim, talvez por que o de Tamaran tenha muitos mais meses que o daqui.

— 18! É o aniversário dos Titãs! – diz Cy, animado e BB sorri na hora.

Aniversário dos Titãs. Nós decidimos comemorar o dia que nos conhecemos, não exatamente a fundação, pois tinha sido vários dias depois. Eu nunca entendi porquê os aniversários são comemorados na Terra. Em Tamaran nós temos datas especiais e o “aniversário” dos Titãs seria comemorado no festival da amizade, o Blorthog. O único nascimento que comemoramos é o de X’hal.  Eu me encolho um pouco mais.

Selvagem.

A palavra não sai da minha cabeça.

É isso o que quer dizer? Não comemorarmos aniversários? Isso nos faz selvagem? O que me faz selvagem?

As vozes no fundo, as vozes dos meus amigos balbuciam algo sofre festa. Fazer uma festa. Comemorar o aniversário.  

— Não seria, Star? – É a voz do Robin que está me chamando. De repente, ele me estende um prato com um pedaço de pizza. Essa comida nós não comemos com garfo e faca; ainda assim eu encaro a massa. A mudança mais difícil para mim tinha sido, definitivamente, a comida.

— Ah, sim, seria. Seria legal, sim. Obrigada – agradeço, automaticamente. Meu cabelo cai na lateral do meu rosto e eu suspiro; não estou com fome. – Em Tamaran, nós não comemoramos aniversários – Sinto vontade de dizer, sabendo que Robin está me ouvindo. É isso, outra diferença entre nós.

— Em Azarath, nós acenderíamos incensos – A voz de Ravena soa, entretanto eu não a olho. Sei que ela está me encarando, ela tem esse olhar pesado. – Mas não sou contra a ideia de comer bolo.

— Está decidido, então! – Mutano bate as mãos, animado. – Eu vou criar uma playlist de aniversário muito louca. Star, você pode me ajuda a pensar em alguns jogos, eu sei que você adora pregar o rabo no burro! – e ele se transforma num animal quadrúpede, o tal burro. Sem playlists ou rabos em burros em Tamaran, também. Estou angustiada. Acho que preciso ler aquele jornal de novo, agora. Talvez achar outros, ver todas as reportagens sobre Robin e Batgirl, decorar todas elas.

Isso me deixaria melhor ou pior?

— Sim, BB, seria ótimo – concordo, distraída. Deixo o prato de lado. – Amigos, eu preciso tomar um ar. Logo estou de volta – e estou em pé, pronta para ir para o telhado. Sei que lá eu ficarei calma. Tenho que ficar.

— Eu posso ir com voc...

É ele de novo. Eu quero dizer que sim, que ele deve vir comigo. Quero fazer mil perguntar sobre seu passado. Quero que ele me prometa que vai ficar. A voz que sai diz outra coisa.

– Não é necessário – é o tom de ordem de novo, é a princesa que fui criada para ser falando outra vez. Richard se cala. – Quero ficar sozinha. – E isso não é só para ele, é para Ravena também.

Não quero gastar minhas forças voando, eu preciso de um pouco de sol e de um pouco de tempo. Vou andando até a escada, subo todos os degraus rápido demais e finalmente estou no terraço. Daqui, a cidade é super pequena. O sol está a pino, é o que eles me disseram se chamar “horário de almoço”.

O céu é puramente azul; o mar tem a cor dos olhos dele.  

Eu me sento na beira, sem medo nenhum da altura. Nunca foi um problema, provavelmente nunca será. Mesmo que eu perdesse todos os meus poderes, eu ainda me sentiria bem aqui em cima. Puxo o papel de dentro do meu protetor de pulso e o desdobro, está amassado, mas ainda dá para ler.

Eu leio a reportagem pelo menos mais cinco vezes.

Toda vez que termino, penso que interpretei uma frase de maneira indevida. Nessa língua eles usam muita ironia, metáfora e eu sei que às vezes me perco. Então leio de novo. E de novo. A impressão final, infelizmente, é sempre a mesma: eu não sirvo para o Robin. Há algo de errado comigo; algo que não convém para ele.

É por isso que todos eles estão felizes com uma aproximação de Batgirl? Eu não entendo. Superman também é um alien. Eu deixo a folha de lado e encaro o infinito oceano.

Então pulo, sem medo, como fizeram os dois na noite passada. E vou caindo, caindo, caindo... até que estou perto d’água e o fogo dentro de mim se acende e se espalha como gasolina. Como se eu estivesse saltando sobre as luas de Bshyd-2 outra vez. Ao em vez de continuar indo, porém, eu fico parada sobre a água. Deitada sobre ela, imaginando todos os animais marinhos que habitam essa profundidade quase sem fim. E eu posso me ver, claramente: meus cabelos flutuando ao meu redor, por causa da minha energia, meus olhos cobertos por um brilho verde.

Superman também é um alien, eu penso. Ele também está em um planeta que não o pertence. Meu cenho franze por um momento. Superman com certeza não se parece comigo. Ele se parece um pouco com Dick, com vários cantores e atores famosos.

Paro de olhar meu próprio reflexo, recomeçando a voar, em direção à cidade, eu pego velocidade o suficiente para parecer só uma mancha entre os prédios, até que vou diminuindo e diminuindo, devagar. Estou sobrevoando o parque onde os Titãs e eu às vezes vamos. O jornal dizia que Robin e Batgirl foram vistos em diversos locais, será que ele a trouxe aqui? A movimentação é ótima, provavelmente por causa do dia quente de verão, e eu vejo diversas pessoas. Mães com seus filhos, irmãos mais velhos com os mais novos, namorados e amigos sentados em grupo.

Loiros, morenos. Eu até vejo um garoto ruivo e uma menina de cabelo cor-de-rosa. É o máximo. Eu já fiz isso outras vezes, mas o resultado é o mesmo: não há ninguém de pele laranja. A única vez que vi foi quando eu e Ravena fomos ao shopping, disfarçadas com os anéis de holograma do Ciborgue, e uma mulher loira saia de uma loja – ela estava com a pele laranja, alguns tons mais claros do que eu. Não pareceu ser algo bom; alguns adolescentes riam e todos olhavam torto. Rae me explicou, cuidadosa, que ela não deveria parecer laranja: tinha sido alguma falha em um procedimento estético.

Ninguém aqui tem olhos brilhantes ou voam ou poderes que saem de suas mãos. E Dick é exatamente como eles; e Barbs também deve ser, assim como Batman. Todos eles são humanos. E Superman deve se camuflar tão bem, X’hal, por que ele também parece um humano.

Estou encarando tão atentamente a multidão, que não percebo como perdi altitude.

— Não é a Estelar? – eu ouço uma voz feminina comentando baixo. Não tenho coragem de me virar para olhá-la e continuo olhando a praça como um todo. Ouço barulho de flash e sei que estão tirando fotos, mas de um jeito quase receoso. – Parece que ela tá procurando alguém.

— A Batgirl. Para dar uma surra – outra voz comenta, risonha. Não acho que era para eu ouvir isso. Franzo o cenho. – É o que eu faria, se se metessem com minha namorada.

— Eu não acho que ela precise disso; ela se garante, Estelar é muito bonita.

 — Isso não a faz menos alienígena. Talvez Robin queira alguém... Mais parecida com ele? Vai que esse planeta dela tem algum costume esquisito – uma terceira voz aparece. Não quero ouvir isso. Eu tomo altitude, mas não sem antes ouvir outro comentário.

— Ou o jornal estava certo. Ele pode gostar dela, mas tem vergonha por causa do Batman...

Eu finalmente saio dali, voando em direção a outra parte da cidade, tentando mentalizar que eu não ouvi nada disso. Eu não quero bater na Batgirl. Eu não tenho costumes estranhos, só diferentes. E Robin... Robin não tem vergonha de mim. Dick não tem vergonha de mim. Não pode ser.

Eu sobrevoo a cidade como sempre faço, mas sem tanta velocidade, e percebo muitos olhares. Até mais do que eu estou acostumada. Depois de algum tempo na cidade, todos se acostumaram a verem os Titãs por ai, vez ou outra – nós não saíamos muito sem disfarce. Me assistir voando pela cidade era normal. Não aparenta que alguém está pensando assim hoje, eles insistem em me apontar e sei, pelos movimentos de seus lábios, que estão comentando. Peguei mais de um fotógrafo aparentemente profissional tirando fotos de mim com câmeras grandes, não pequenos celulares.

Eu volto para Torre antes que lágrimas comecem a cair. Estou me sentindo mal e, quanto mais me aproximo, mais meu voo vai falhando. Até que vejo alguém no meio do terraço, segurando a página que deixei para trás, olhando na minha direção, me esperando.

Eu aterrisso horrivelmente.

— Sinto muito, Star – Ravena me diz, o rosto realmente triste, segurando a folha com força. – Esse jornal... Eles não merecem seu tempo, nem o de ninguém.

X’hal, ainda bem que não é o Robin. Engulo as lágrimas e aperto meu outro braço, ficando de costas para ela e para a cidade, olhando o outro lado da Torre, o lado onde só há oceano. Só água, mais nada. Eu me sento na beira, botando uma mecha do cabelo para trás da orelha. Sou mais forte do que isso.

— O que quer dizer “amor de verão”? – pergunto num fio de voz.

Ravena suspira e se senta do meu lado. Ela deixou a capa para trás e é uma sensação boa ver seus ombros e braços.

— É uma expressão, algo que não é duradouro – explica com cuidado. – Com certeza, não é o que eu usaria para descrever você e Robin.

Eu abraço minhas próprias pernas, em posição fetal. Encosto o queixo no joelho e observo o horizonte, muito, muito grande.

— Dick – corrijo e ela pisca, mas não muda a expressão. – Eu sei que você sabe o nome dele.

— Sei – confirma, soltando o jornal e deixando de lado. Deixa de me olhar e procura o que estou procurando no horizonte.

—...você viu muitas coisas na mente dele? – pergunto depois de um momento, sem saber se realmente quero uma resposta.

— Muitas.

— E Gotham...

— Gotham é muito importante para ele.

Eu abro e fecho a boca. Abro novamente, mas não consigo dizer nada. Ravena espera com paciência. É quanto sinto suas mãos nas minhas costas, na parte onde estou nua e posso sentir o vento batendo todas às vezes. Ela acaricia com os dedos, como se para me acalmar. É quando eu não aguento mais e começo a chorar.

— Ravena, eu... todas essas coisas que eu ouvi... tudo o que estão falando de mim... – e minha voz morre. – Ele indo embora...

Então Rae faz algo que eu nunca achei que ela faria; Ravena me abraça. Ela passa seus braços pelos meus ombros e me traz pro seu peito. Não tenho outra reação. Eu devolvo seu abraço e me enrosco nela, quero sumir, quero que ela me leve para outro lugar. Onde não há dúvidas. Onde eu não duvido de mim mesma, onde eu não duvido dele. Ela passa os dedos pelos meus cabelos, sussurra outro pedido de desculpas, como se dissesse pelo mundo, como se realmente quisesse me levar para onde posso estar segura. Minha melhor amiga.

Meu coração está com ela agora. 


Notas Finais


*Funxnaske: palavra criada por mim, significa "servir para ser servido" e foi introduzida no capítulo anterior. Digamos que as coisas vão ficar cada vez mais '''Tamaraneanas'''' a partir de agora, então eu posso criar muitas palavras novas, ok? ;]

Past the blue and the ozone layer
Past the polluted atmosphere
Nothing is more important than our connection


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