História Last To Fall - Prólogo

Antes de tudo isso, desde as minhas primeiras palavras, até as últimas palavras do meu pai, diziam que eu era uma menina luz.

— Olhe para os olhos verdes! — Minha avó costumava comentar.

— Ela parece um anjo! — Minha madrinha.

Meus familiares sentiam orgulho de mim. Eu era uma das duas únicas crianças da família. Sinto falta da menina luz. Quem eu era antes iria odiar quem sou agora.

Ainda tenho cabelo loiro e olhos verdes, assim como a minha mãe tinha, mas, o que há dentro de mim, com certeza mudou. Antes, a menina luz, o doce anjinho, tinha a inocência estampada no rosto. Agora, 4 anos mais tarde, mudei drasticamente. Não há mais luz atrás dos meus olhos. Apesar de eu estar tentando conservar o meu lado humano, acredite, farei de tudo para sobreviver.

De vez em quando me pergunto como eu seria se nada disso tivesse acontecido. Com certeza uma garota comum que se preocupa com o cabelo, garotos, e outras coisas fúteis. Idiotice, eu sei. Quem dera fosse assim.

Os gemidos sem sentido algum ecoam na minha cabeça, em uma sinfonia ensurdecedora, completamente capaz de enlouquecer qualquer um. Coisas inexplicavelmente insanas acontecem lá fora, há sangue manchando o chão, e tudo está em ruinas.

Nesse mundo, eu definitivamente não deveria ficar focando a minha atenção em coisas que não acontecerão, a garota de antes se foi junto com os meus pais, e agora não há como voltar.

Um sentimento estranho habita o meu coração. É estranho pensar que os meus pais, e o resto da minha família, estão me assistindo de algum lugar. Com toda a certeza, se Deus existe, sinto que está me assistindo junto deles, me esperando cair. Observando tudo desmoronar.

O mundo agora é complicado, a qualquer momento, posso perder tudo. A vida agora é como um castelo feito de cartas, onde qualquer deslize o fará desmoronar. Qualquer erro pode me fazer perder tudo. Coisa estranha falar "posso perder tudo" quando, na verdade, não tenho nada.

A vida lá fora será difícil e solitária; algo diferente com certeza está por vir, e eu não tenho o poder de controlar; terei de deixar tudo acontecer do jeito que vier. Deixarei que tudo desmorone para que eu consiga reerguer. 

O que a Nancy de antes pensaria da Nancy de agora?

Aliás, esse é o meu nome; Nancy.