Justin POV
TRÊS MESES DEPOIS
20 de Junho de 2017 - 18h (horário de Brasília)
- Esse foi o voo mais cansativo de toda a minha vida. - Ryan me disse assim que saímos da área de embarque.
- Espero que esse tal de são joão seja bom mesmo. - eu disse.
- Com certeza deve ser. Eu já perdi o carnaval, preciso que essa festa seja melhor quanto.
- Que Caitlin não te escute. - ele riu.
- Você falou com a Nicole esses dias?
- Sim. Ela anda estranha.
- Estranha como?
- Sei lá. Ela diz que está desanimada para sair, não tá mais tão atenta nos estudos.
- A separação de vocês deve estar machucando ela até agora.
- Talvez. Mas, esqueçamos a Nicole. Viemos ao Brasil para nos divertir, não para pensar na Nicole.
- Você não quer nem visitá-la?
- Ryan, foco na diversão. Vamos, o motorista já chegou pra levar a gente ao hotel.
[...]
22h
- Eu tava lendo na internet sobre esse são joão - disse Ryan sentando na cama dele com o notebook. - E dizem que as festas mais animadas são no nordeste. A mais famosa fica em Caruaru, acho que é assim que se fala.
- Vamos para lá então.
- Essa cidade é no estado da Nicole. - eu o olhei - Seria isso o destino?
- Uma merda. - ele riu. - Vamos para lá, mas a Nicole não precisa saber.
- Claro que precisa, ela é minha amiga. Quero revê-la.
- Você é meu amigo a mais tempo que é amigo dela. Tenho prioridades.
- Uma merda. - ele disse me imitando e riu.
[...]
21 de Junho de 2017 - 02h
- Sorte nossa que tinha o último voo do dia para cá. - disse Ryan assim que desembarcamos.
- O ruim vai ser achar um lugar pra ficar. - eu disse enquanto íamos até a esteira de malas.
- Com isso você não precisa se preocupar. - eu o olhei.
- O que você fez?
- Você verá.
Pegamos nossas malas e saímos da área de desembarque. Ryan rodou os olhos pelo aeroporto, até que fez um sinal para alguém, saiu andando e eu apenas o segui.
- Muito obrigado por ter vindo nos buscar assim tão tarde. - ele disse para alguém que eu ainda não tinha visto. Parei ao lado dele já esperando ver a Nicole, mas quem estava ali era a Elisa.
- Elisa? - eu perguntei sem entender.
- Justin. - ela disse - Finalmente nos conhecemos pessoalmente.
- O que está acontecendo aqui?
- Vocês vão ficar na minha casa. - ela disse.
- Uou, como se conheceram?
- Caitlin. - eles disseram em uníssono.
- Claro. Eu não tinha pensado nisso. Mas, obrigado por nos conceder sua residência.
- Estou fazendo isso com o maior prazer. Agora vamos. Temos muita estrada até minha casa.
[...]
02:50h
Assim que chegamos na casa de Elisa, ela nos levou diretamente para o quarto de hóspedes. Tinha apenas uma cama de casal, ou seja, Ryan dormiria no chão. Coitado dele. Só que não. Ela nos ajudou a deixar nossas malas no quarto e depois saiu nos deixando à vontade.
- Você vai dormir no chão. - eu disse enquanto colocava minha mala em cima da cama para tirar minha calça de moletom.
- Você que vai. - ele disse.
- Óbvio que não.
- Eu que consegui um lugar para ficarmos, então eu fico com a cama.
- Eu não vou dormir no chão.
- Muito menos eu. - revirei os olhos.
- Não tem outra saída a não ser ficarmos juntos.
- Eu e você?
- Sim!
- Não vai rolar.
- Vamos dormir de conchinha, bebê. - eu disse e ele me mostrou o dedo do meio. - Nossa, ela é bravinha.
- Vai à merda Justin. - eu ri. - Tá, vamos ter que dividir a cama, mas você deixa isso que tem entre as pernas bem longe de mim.
- Até ontem você gostava.
- Tá muito tarde para as suas viadagens, - eu ri. - Eu estou cansado, ok? Vamos dormir.
Depois de estarmos devidamente prontos para dormir, Ryan colocou nossas malas no meio da cama, na intenção de separar o espaço de cada um. Apenas o mandei para de frescura, coloquei tudo no chão e deitei na cama.
- Vem bebê. - eu disse batendo no espaço vazio. - tô pronto pra você.
- Caitlin vai adorar saber disso. - ele disse e eu ri.
- Ligue para ela. Sua namorada não dorme cedo.
- Eu esqueci de pedir a senha do wifi para a Elisa. - ele disse e eu bufei.
- Será que ela ainda está acordada?
- Eu não sei. - sentei na cama - Onde vai?
- Vou procurar a Elisa e pedir a senha. - fiquei de pé e vesti uma camisa. - Fica aí.
- Pela manhã a gente pede.
- Eu quero que você fale com a Caitlin - ele bufou e eu saí do quarto.
Estava tudo escuro, mas a iluminação da rua me deixava ver algumas poucas coisas. Foi quando ouvi uma risada vinda não muito longe de mim, apenas segui o barulho e encontrei Elisa no sofá mexendo no notebook.
- Não tá muito tarde para estar acordada? - eu perguntei e ela fechou o notebook na mesma hora.
- Justin? - ela disse, ficou de pé e acendeu a luz da sala. - Eu achei que estivesse dormindo. Acordei você?
- Não. Ryan e eu precisamos da senha do wifi para ele poder falar com Caitlin. Eu atrapalhei algo? Você fechou o notebook com brutalidade quando me viu.
- Ah, não era nada. - ela pegou um papel e anotou a senha. - Aqui está. - ela me entregou o papel. - Precisa de algo mais?
- Não, obrigado. Boa noite. - eu disse e fui na direção do quarto, mas parei quando ela falou algo que não entendi, provavelmente estava falando em português. Voltei a andar na direção do quarto, mas parei novamente ao ouvi-lá falando o nome Nicole. Mudei minha direção e voltei para a sala. Ela novamente fechou o notebook.
- Justin?
- Você estava falando com a Nicole? Eu disse que não queria que ela soubesse que estou aqui.
- Sim, eu estava falando com a Nicole, mas ela não sabe que você está aqui. Prometi a Ryan que não contaria. Mas... Por que não quer que Nicole saiba que está aqui? Ela é minha melhor amiga, não consigo esconder as coisas por muito tempo para ela. - Elisa sentou no sofá e eu sentei ao lado dela.
- Eu não sei se estou pronto para encontrá-la novamente. Nós nos falamos uma vez ou outra, mas não é como antes.
- Eu imagino. Mas, ela me fala muito de você e do quanto se divertiram juntos no Canadá. É verdade que você a fez comprar calcinhas? - eu gargalhei. - Eu fiquei passada quando ela me contou. Mas nem estranhei muito, a Nicole é louca, provavelmente encontrou alguém mais louco que ela, ou seja, você.
- Nicole e eu nos divertimos muito juntos.
- E pelo o que estou percebendo você sente falta disso.
- Eu acho que vou dormir.
- Não! - ela segurou meu braço - Eu não vou contar pra Nicole. Até porque eu realmente não tenho como contar, já que fui proibida de informá-la sobre sua estadia em minha residência. - eu apoiei meus braços nas minhas pernas e a olhei - Você gosta dela, não é?
- Eu? O que? Não! - ela me deu um soquinho leve e eu ri - Eu gosto muito da sua amiga.
- Então por que não a reencontra?
- Porque foi difícil saber que ela deixou de ser namorada e passou a ser amiga. Eu não vou suportar isso de novo.
- Nicole sofreu também. E ainda sofre. Ela chora todas as vezes que você conversam e eu não aguento mais ouvir o drama dela. - eu ri - não pense que sou uma péssima amiga, porque eu amo a Nicole mais do que possa imaginar. Só que cansa ver ela sofrendo o tempo todo por algo que eu sei que vai dar certo. - eu franzi o cenho - Minha intuição me diz que vocês irão ficar juntos para sempre como num conto de fadas.
- Ah tá bom.
- Tá duvidando dos meus poderes sobrenaturais? Eu sou uma ótima fada madrinha, mas posso te rogar uma praga terrível.
- Não precisa, eu acredito eu você.
- Muito bem.
- Agora eu quero saber o que seus poderes sobrenaturais acham que eu devo fazer.
- Eles dizem que você deve encontrar a Nicole. E eu sei como pode fazer isso. - eu me sentei melhor no sofá.
- O que sua mente brilhante está aprontando?
- Vá descasar. Amanhã conversamos.
[...]
Nicole POV
13h
- Não entendi nada. - eu falei para Elisa.
- É que lançou um filme incrível no cinema e eu quero que venha assistir comigo. - ela falou.
- Você mora no fim do mundo. - ela riu irônica por eu ter zoado o bairro que ela mora.
- Eu fico na sua casa. Por favor, favorzinho.
- Tá! Só porque eu realmente não tenho nada para fazer.
- Você é a melhor das melhores.
- Onde eu te encontro?
- Meu pai vai me deixar no shopping, a gente se encontra na entrada do cinema.
- Tudo bem. Nos vemos já.
- Beijinhos. - ela encerrou a chamada.
- Nicole? - minha mãe me chamou e eu fui até ela. - Estava no telefone?
- Sim.
- Quem era?
- Elisa. Ela quer ir ao cinema ver um filme que acha que eu irei gostar muito. E depois, ela vai passar a noite aqui.
- Quer que eu te leve?
- Eu não posso ir sozinha com o carro?
- Pode. Mas venha direto pra casa depois do cinema.
- Sim senhora. - bati continência e saí para me arrumar.
[...]
14:30h
- Já estou no shopping. - eu disse assim que ela atendeu a chamada. - Onde está?
- Acabei de chegar. Trouxe dois amigos. Tem algum problema?
- Esse amigos vão dormir na minha casa?
- Sim!
- Você tinha que ter avisado antes, para eu dizer a minha mãe.
- Ela vai adorar conhecê-los. Você nem imagina o quanto ela vai. E você também.
- Se estiver tentando me empurrar para alguém, eu juro que mat...
- Eu não estou fazendo nada. Sei que só pensa, pisca, respira e ouve Justin.
- Muito bem.
- Acabei de entrar na sala de cinema.
- Você o que?
- Vem logo pra cá. Beijos. - ela encerrou a chamada e eu bufei.
Fui até o elevador do shopping e subi até o piso cinco, onde fica a praça de alimentação e o cinema. Tirei minha carteira de estudante da bolsa, fui até a entrada, entreguei meu ingresso, mostrei a carteira e fui andando na direção da sala. Assim que entrei, Elisa estava logo numa das primeiras fileiras perto de um murinho que é ótimo para colocar os pés. Um dos amigos dela estava sentado ao lado dela, do outro lado tinha uma cadeira vazia, provavelmente era a minha, mas eu não achei o outro amigo. Sentei ao lado dela e a olhei.
- Achei que tivesse dito que eram dois amigos. - eu falei.
- E são. O outro está ao seu lado.
- Elisa! Eu disse que não queria nada disso de conhecer garotos.
- Deixa de sua frescura. Você vai me agradecer muito depois.
- Aí, esse filme não vai começar nunca? - falou uma pessoa que eu reconheceria no fim do mundo.
- Ryan? - eu falei totalmente sem entender nada.
- Nicole? Você por aqui? Que mundo pequeno. - ele disse e eu olhei para Elisa.
- O que está acontecendo aqui? - eu perguntei e ela apenas sorriu apontando para a cadeira ao meu lado. Olhei lentamente para trás e lá estava ele.
- Quer pipoca? - ele perguntou.
- Justin? - eu não sabia o que fazer. Se ria, se chorava, se batia nele, se o abraçava. Então eu apenas fiquei o olhando.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.