21 de Junho de 2017 - 17h
Nicole POV
Se eu consegui assistir ou prestar atenção no filme? Nem um pouco. Enquanto isso, Justin estava vendo tudo tranquilamente, como se nada estivesse acontecendo. Assim que o filme acabou, eu acho que fui a primeira a sair da sala de cinema. Fiquei na praça de alimentação esperando os três virem. E eles vieram rindo, conversando, como se nada estivesse acontecendo, como se minha cabeça não estivesse de cabeça para baixo.
- Você não gostou do filme? - perguntou Elisa - Praticamente saiu correndo.
- O que está acontecendo aqui? - eu perguntei.
- Justin e eu viemos conhecer esse tal de São João. - disse Ryan.
- Minha cabeça está com um nó. - eu olhei para Justin - Você está aqui. Na minha frente, em carne e osso, mas eu não consigo reagir.
- Eu reajo por você. - ele disse e me abraçou.
Eu rodei meus braços no corpo dele e o apertei como se aquilo fosse um sonho que eu poderia acordar a qualquer momento. Ele está aqui, eu posso tocá-lo novamente, sentir o abraço dele.
- Isso não é real. - eu disse quando ele me soltou.
- Vai por mim, isso é bem real. - ele disse.
- Onde estão Ryan e Elisa? - eu perguntei assim que notei o sumiço dos dois.
- Eu estou aqui na sua frente e você me pergunta por Ryan e Elisa? Eles estão bem, nós dois - ele apontou para ele e depois para mim - Temos muito o que conversar.
- Eu ainda estou atordoada.
- Você podia estar no inferno, mas ainda assim iríamos conversar.
Eu segurei a mão dele e o puxei para um lugar mais calmo na praça de alimentação. Eu sentei numa cadeira e ele sentou ao meu lado. Inicialmente, ficamos nos olhando por bastante tempo, até ele resolver falar.
- Você conheceu alguém? - ele perguntou.
- Não. Eu só... Achava que estava te fazendo infeliz. - eu respondi.
- Mas quem sentiria seria eu, não você que iria pegar sua bola de cristal e supor isso.
- Me desculpa. Eu estava, ou melhor, estou com saudades. Saber que não poderia tocar você, sentir você perto, isso tudo me enlouqueceu e eu acabei fazendo aquilo.
- Agora eu tô aqui. Eu disse que iria vir, Nicole.
- Você disse que iria, mas disse que não sabia quando.
- Mas você sabia que estava perto.
- Você chama isso de perto?
- Nicole, eu estou nas férias de verão agora. Vou te fazer uma pergunta e dependendo da sua resposta, passarei minhas férias inteiras aqui.
- Pergunte.
- Você quer voltar comigo? Dessa vez sem términos ou deduções loucas do que eu estou sentindo. Eu quero ficar com você independente da distância. - eu desviei meu olhar do dele - Ok, você não quer. - eu voltei a olhá-lo.
- Quem está deduzindo algo agora é você. Sem términos, desconfianças ou deduções. Eu aceito. - ele me deu um beijo rápido.
- Espera aí. - ele me olhou - Que papo é esse de desconfiança?
- Você e aquela loirinha lá.
- Hailey? - eu afirmei com a cabeça - Você não precisa se preocupar com ela. Já tivemos um lance no passado? Sim, já tivemos. Mas você é o meu presente e ela agora é só minha amiga. Acredite em mim.
- Eu acredito. Sei que você não faria nada para me machucar.
- Nicole. - me chamou Elisa que surgiu do nada - Sua mãe chegou. - eu olhei para Justin
- Eu estou ansioso para conhecer sua mãe. - ele disse.
- Vamos logo. Eu deixei Ryan com ela e eles não sabem se comunicar. - eu ri, fiquei de pé e Justin entrelaçou nossos dedos assim que ficou de pé - E isso? - Elisa apontou pra nossas mãos.
- Depois eu te conto. - eu disse.
- Nada disso. - ela falou - Vão me contar agora.
- E Ryan? - perguntou Justin
- Ele que se vire e aprenda a falar português. - disse Elisa fazendo Justin e eu rirmos.
- Bom, Justin e eu decidimos nos dar mais uma chance - eu falei.
- Parabéns pro casal. - ela disse e nos abraçou simultaneamente.
- Obrigada.
- E como vão fazer? Justin vai embora em alguns dias. - ela perguntou.
- Na verdade... - disse Justin - ...Eu vou ficar até o fim das férias de verão.
- Mentira? - disse Elisa.
- É bem sério. - eu falei.
- Que bela notícia. - ela nos abraçou novamente e foi quando meu celular tocou.
- É a minha mãe - eu disse e atendi a chamada - Oi mãe.
- Nicole, sua amiga me deixou aqui com um garoto e eu não entendo nada do que ele fala. Venham logo por favor. - ela disse e eu ri.
- Calma, estamos descendo. Beijos. - encerrei a chamada e pus o celular na bolsa - Vamos logo, minha mãe está enlouquecendo sem entender nada do que Ryan diz.
[...]
20h
- Então ele vai ficar aqui por dois meses? - perguntou minha mãe.
- Sim. O amigo dele, vai embora depois do São João. - eu respondi.
- Nicole, ele tem muitas tatuagens - eu ri
- Eu gosto dele, mãe.
- Se eu entendesse algo do que ele fala, eu poderia dizer se ele é um menino bom ou não.
- Talvez tenha um jeito de vocês se entenderem.
Puxei a minha mãe de volta para sala, pedi o celular do Justin e abri no Google tradutor. Ensinei para ela como se mexia e disse ao Justin que todas as vezes que eles fossem conversar, falassem para o aplicativo e depois o fizesse reproduzir para o outro idioma. Feito isso, segui para o banheiro para tomar meu banho, rezando para que minha ideia desse certo.
[...]
22h
- Shiiiiu! - eu disse assim que Justin falou um pouco mais alto.
- Desculpa. - ele falou.
- Você sabe que a gente não pode nem acordar o Ryan muito menos os meus pais.
- Eu sei, eu sei, desculpa. - ele beijou minha bochecha. - Sua mãe é bem carrancuda mesmo. - eu ri fraco. - Mas acho que a gente se deu bem.
- Ela não gosta das suas tatuagens.
- Eu percebi. Mas com o tempo, quando ela for me conhecendo melhor, as tatuagens não serão nada. Porque um dia ela vai ter que se acostumar comigo, já que vamos ficar juntos pra sempre. - eu o olhei.
- Oi? Juntos pra sempre?
- É. Nós vamos casar, Nicole.
- E eu aceitei?
- Ainda não, mas vai.
- Eu não quero criar planos. - ele me olhou sem entender. - Você mora em outro país, pode conhecer outra pesso... - ele me interrompeu com um beijo.
- Nicole, eu podia ter escolhido qualquer lugar do mundo para visitar. Eu dei a ideia para vir ao Brasil mesmo sabendo que estávamos separados. Inicialmente eu e Ryan iríamos para o Rio e depois pra cá, mas aí aconteceram umas coisas que até agora eu não entendi e eu vim parar aqui antes do combinado. É o destino, eu tenho certeza. - eu sorri.
- Então, amanhã mesmo tratarei de dizer a minha mãe que era terá que engolir você, porque vamos casar e viver juntos até que a morte nos separe.
- Aí sim. - eu ri e ele tampou minha boca - Sem barulhos.
- Desculpa. - eu falei baixo - Eu amo você.
- Também te amo, Nic.
Estávamos numa rede que tem na varanda da minha casa, então ficamos até tarde conversando. Eu sabia que pela manhã estaria pior que um zumbi e com vontade zero de ir a aula, mas valeria a pena, porque eu estava com ele.
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