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História Laura e a última canção de amor - Capítulo 12


Escrita por: Cissabks

Capítulo 12 - Capítulo 12


Não olho para Ross até chegarmos na areia. Na verdade só olho para o rosto dele quando é inevitável. Ele sabe o que aconteceu. Eu sei que ele sabe. Ele sabe que eu sei. Estamos divididos entre tocar no assunto e fingir que nada aconteceu. Escolho a segunda opção. Não conseguiria ouvir ele dizer que foi apenas um momento e que ama a namorada dele.

Passamos ao lado de um quiosque de sorvetes e essa é a oportunidade perfeita para nos distrairmos.

- Quer um sorvete? - Pergunto.

- Nossa, eu estou matando por um sorvete agora. Quando eu era criança gostava de misturar todas as coberturas, ficava horrível, mas fazia de novo só para descobrir se um dia ficava boa - Fico aliviada que ele tenha aceitado mudar o rumo e que também quer aliviar essa tensão que está entre nós.

    Caminhamos pela orla por horas, nossa conversa seguiu normalmente. Acredito que já estou ficando craque em deixar os sentimentos para lá e ter uma conversa natural e amigável com ele. O céu está uma mistura de cores, do laranja ao roxo. Aos poucos anoitece e as lâmpadas da cidade estão acesas. Ross e eu encontramos um espetáculo de rua e paramos para assistir. É uma comédia boba, mas saímos de lá rindo muito.

Quando chegamos ao dormitório, parecemos duas crianças. Ross está cantando um rap e fazendo beatbox enquanto eu danço conforme o ritmo da música. Já passa das duas da manhã e nossas vozes estão altas demais.     

- Devemos ser os únicos nesse prédio ou alguém já teria nos interrompido. - Ele diz.

- Se não tem ninguém então posso fazer isso! - subo na mesa de centro da sala de estar e faço uma dancinha engraçada. Ross dá risadas altas e faz batuques na mesa. Termino fazendo uma mesura e ele aplaude.

Subimos as escadas aos pulos. Ross me persegue e eu corro os últimos lances da escada. Temos uma crise de risos e eu acabo babando entre um riso e outro. Ross se apoia na parede para rir mais ainda. Chegamos ao meu andar

- Bem. - Diz ele. Nossa conversa se interrompe pela primeira vez em horas. Eu olho para ele. - Hum. Boa noite.

    - Vejo você amanhã? Para o café da manhã?

    - Isso seria bom.

    - A menos que… - ele se interrompe.

    A menos que? Ele está hesitante, muda de ideia. O momento passa. Dou-lhe um olhar interrogativo, mas ele se afasta.

    - Tudo bem. - É difícil afastar a decepção da minha voz. - Vejo você pela manhã. - Eu ando pelo corredor e olho para trás. Ele está olhando para mim. Eu levanto minha mão e aceno. Ele está parado e estranho. E então sobe o primeiro lance de escadas. Eu não entendo porque as coisas sempre vão de perfeitas a estranhas conosco. É como se fossemos incapazes de ter uma interação humana normal. Esqueça isso Laura. Quando estou chegando à minha porta escuto passos apressados descendo as escadas.

    Ross aparece no corredor. Meu coração para. Ele parece nervoso.

- Foi um bom dia. Na verdade é o primeiro dia inteiramente bom que eu tive em muito tempo. - Ele caminha lentamente em direção a mim. - Eu não quero que isso acabe. Eu não quero ficar sozinho agora.

- Uh. - Eu não posso respirar.

Ele para diante de mim, examinando o meu rosto.

- Estaria tudo bem se eu ficasse com você? Eu não quero fazer você se sentir desconfortável…

- Não! Quero dizer… - Minha cabeça gira. Eu mal consigo pensar claramente. - Sim. Sim, é claro, está tudo bem.

    Ross fica parado por um momento. E então ele concorda.

    Coloco minha chave na fechadura. Ele espera atrás de mim. Minha mão treme quando eu abro a porta.

    Ross está sentado no meu chão. Ele arranca os tênis pelo meu quarto e eles batem forte na minha porta. É o primeiro barulho que fizemos desde que viemos para cá.

- Desculpa. - Ele está constrangido. - Onde eu devo colocá-los? - Mas antes que eu possa responder ele tagarela. - Courtney acha que eu devo largar o curso, ir fazer música em Los Angeles e enfrentar meu pai. Quase tranquei minha matrícula várias vezes, mas não vejo porquê sabe… Eu gosto do meu curso, agrada à todos.

Eu estou assustada com sua explosão.

- Às vezes, eu imagino se ela - Courtney - se ela, você sabe… - A voz dele fica baixa. - Quer que eu vá.

Ele nunca fala sobre sua namorada. Por que agora? Eu não acredito que tenho que defendê-la. Eu alinho seus tênis ao lado da porta para evitar olhar para ele.

- Ela provavelmente só quer te ver feliz. - Eu adiciono. - Eu tenho certeza… Eu tenho certeza que ela é louca por você como sempre.

- Humm - Ele me observa ficar de pé e esvaziar meus bolsos. - E você? - Ele pergunta depois de um minuto.

- E eu?

Ross mexe em seu relógio.

- Aquele garoto, Peter. Você irá vê-lo no próximo mês.

    Ele está restabelecendo… o quê? O limite?

    Eu tento, mas não consigo não dizer nada sobre Peter depois de ele mencionar Courtney.

    - Você ia gostar dele. Ele é um cara super engraçado. É incrível, você ia gostar dele. Eu já disse isso né? Mas você ia gostar.

    Cala a boca Laura. Cala. A boca. Ross abotoa e desabotoa a pulseira do relógio.

    Enquanto tomo banho Ross vai tomar também. Estou secando o cabelo com a toalha quando ele volta. Seu cabelo está molhado e ele está usando uma camiseta cinza e calça azul.

- Estou derrotada. - Eu falo. E é verdade. Nossa conversa e o dia me deixaram exausta. Eu rastejo para a cama e me pergunto o que ele vai fazer. Deitar no meu chão? Vai voltar para o quarto dele? Mas ele coloca o relógio na minha mesa e se inclina para minha cama. Ele escorrega para perto de mim. Ele está em cima da coberta e eu embaixo. Nós estamos totalmente vestidos, exceto os sapatos, e toda a situação é mais que embaraçosa.

Ele fica mais tenso. Eu tenho certeza que ele está prestes a partir, e eu não sei se fico aliviada ou desapontada, mas… ele apaga minha luz. Meu quarto está escuro como breu. Ele se enrola em volta da minha cama e bate nela.

- Ouch. - Ele diz.

- Hey, tem uma cama aqui.

- Obrigado por me avisar.

- Sem problemas.

- Está frio aqui.

- Deve ser por causa do cabelo. Está molhado.

Ele dá a volta na cama e desliza em volta.

- Seria estranho…

- Se você dormisse de cueca? Sim.

- Que bobeira. Eu só quero ficar embaixo do cobertor. Estou com frio. - Ele desliza para baixo da coberta, e agora estamos deitados lado a lado. Na minha cama estreita. Engraçado, mas eu nunca imaginei que minha primeira noite com um garoto fosse para dormir.

- Tudo que nós precisamos agora são Segundas Intenções e um jogo de Verdade ou Consequência.

Ele tosse.

- O-o quê?

- O filme, pervertido. Eu estava só pensando que tem um tempo desde que alguém posou no meu quarto.

Uma pausa. - Oh.

- Ross?

- Sim?

- Seu cotovelo está machucando minhas costas.

- Merda! Desculpa. - Ele muda e então muda de novo e então de novo, até nós ficarmos confortáveis. Uma de suas pernas descansa contra a minha. Apesar da camada de roupa entre a gente, eu me sinto nua e vulnerável. Ele muda de novo e minha perna inteira, da panturrilha a coxa, descansa sobre a dele. Eu cheiro seu cabelo. É bom.

NÃO!

Eu engulo, e é tão alto. Ele tosse de novo. Eu estou tentando não me contorcer. Depois do que parecem horas, mas são só minutos, sua respiração se acalma e seu corpo relaxa. Eu finalmente começo a relaxar também. Eu quero memorizar sua essência e o toque de sua pele (um dos seus braços está encostado no meu) e a solidez do seu corpo. Não importa o que aconteça, eu lembrarei disso para o resto da minha vida.

Eu estudo seu perfil. Seus lábios, seu nariz, seus cílios. Ele é tão bonito.

O vento sacode as vidraças. Ele dorme profundamente. Por que eu me importo tanto com ele? E por que eu desejo que não me importasse? Como pode uma pessoa me deixar tão confusa toda hora? É possível que eu me sinta desse jeito por ele sem que estes sentimentos sejam recíprocos?

Como todas as vezes que eu estou com ele, eu não sei de nada. Ele escorrega para mais perto de mim enquanto dorme. Sua respiração está quente contra meu pescoço. Eu não sei e nada. Ele é tão bonito, tão perfeito. Eu imagino se ele… se eu…

Um raio de luz brilha nos meus olhos e eu aperto os olhos desorientada. Luz do dia. Os números vermelhos do meu relógio marcam 11:27. Huh. Significa que eu adormeci? Que dia é hoje? E então eu vejo um corpo na cama próximo a mim. E eu quase saio do meu corpo.

Então, isso não era um sonho.

Sua boca está aberta e os lençóis estão para fora. Uma de suas mãos está sobre o estômago. Sua blusa está levantada, e eu posso ver o abdômen dele. Eu olho estupefata.

Oh, merda! Eu acabo de dormir com o Ross.

Quero dizer, eu não DORMI com ele. Obviamente, mas eu dormi com ele.

Eu dormi com um garoto! Eu faço um túnel e volto para baixo dos lençóis e rio.

Eu fico na cama o máximo que posso, mas uma hora minha bexiga vence. Quando volto do banheiro, ele está olhando pela minha janela. Ele vira e ri.

- Seu cabelo. Está espetado em várias direções diferentes. - Ross ilustra o que está falando apontando seus dedos para cima em volta da cabeça como se fossem chifres.

- É você que está falando.

- Ah, mas parece que é de propósito. Levei anos pensando na melhor forma de conseguir um penteado bagunçado desses para ignorá-lo completamente.

- Então você está dizendo que isso está uma porcaria? - Eu olho no espelho e fico alarmada ao descobrir que pareço uma besta com chifres.

- Não. Eu gosto. - Ele ri.- Café da manhã?

- É meio dia.

- Almoço?

- Deixa eu me arrumar primeiro.

Nós nos separamos por meia hora e nos encontramos no quarto dele. Está todo arrumado. Nós passamos o dia passeando novamente, vamos em lojinhas e eu compro um presente para Claire. Passamos numa livraria, pela praia e pelo farol. Começa a chover e entramos num bangalô com enfeites artesanais. Meus pensamentos vão e voltam para nós dois o dia todo. Nosso momento na praia, a noite que passamos juntos. Por que tudo tem que ser tão complicado? Por que ele está comprometido? As coisas teriam sido diferentes se eu o tivesse conhecido antes da Courtney?

Ele disse que eu sou especial, e que me ama. Mas não sei se isso é um flerte ou apenas seu jeito de ser amigo. Ou se realmente veio de algo pessoal.

A preocupação vai embora durante o jantar, comemos pizza e mousse de chocolate de sobremesa.

    - Vamos para casa. - Ele diz. E isso faz meu coração palpitar.

    A minha casa é a casa dele também. Quando chegamos ao dormitório fico nervosa, será que ele vai repetir o feito ou vai direto para seu quarto? Caminho devagar, enrolando para chegar ao quarto.

    - Vou me arrumar para dormir. - Ele diz.

    - Ok, também vou.

    - Vejo você em um minuto?

Inspiro aliviada.

- Aqui ou lá em cima?

- Laura, acredite, você não quer dormir na minha cama. - Ele ri e eu tenho que virar o rosto para o lado, porque eu quero. Droga! Como eu quero. Mas sei o que ele quer dizer. Minha cama com certeza é mais limpa. Corro para o quarto e visto minha calça de vaquinhas voadoras e uma camiseta justa da Hard Rock Café. Não que eu esteja pretendendo seduzi-lo. Eu nem sei como.

Ross bate poucos minutos depois e está vestindo a calça azul e uma camiseta preta. Eu estou tendo problemas para respirar.

- Serviço de quarto. - Ele diz.

Minha mente fica em branco.

- Ha ha. - Eu falo, fraco demais.

Ele sorri e apaga a luz. Nós nos deitamos na cama, e é absolutamente,, positivamente, completamente desajeitado. Como normalmente, eu rolo para meu lado da cama. Ambos estamos rígidos e retos, com cuidado para não tocar a outra pessoa. Eu devo ser masoquista para continuar a me meter nessas situações. Eu preciso de ajuda. Eu preciso consultar um psiquiatra, ou ser trancada numa cela com camisa de força, ou algo assim.

Depois que parece uma eternidade, Ross suspira alto e muda de posição. Sua perna bate na minha, e eu desvio.

- Desculpe. - Ele diz.

- Tudo bem.

    Silêncio.

- Laura?

- Sim?

- Obrigado por me deixar dormir aqui de novo. Ontem…

A pressão dentro do meu peito é torturante. O quê? O quê, o quê, o quê?

- Fazia anos que eu não dormia tão bem assim.

O quarto está silencioso. Depois de um tempo rolo para o lado e estico minha perna até meu pé tocar o tornozelo dele. Sua respiração está intensa. E, então, eu sorrio, porque eu sei que ele não pode ver minha expressão no escuro.

 



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