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História Laura e a última canção de amor - Capítulo 14


Escrita por: Cissabks

Capítulo 14 - Capítulo 14


Fanfic / Fanfiction Laura e a última canção de amor - Capítulo 14

As seguintes semanas são borradas. Aulas com professores ansiosos, seminários em grupo, essa semana tentei evitar Ross o máximo possível. Eu tinha ficado magoada com ele, depois do ótimo feriado que passamos juntos ele ficou os próximos dias frio e distante. Até nossos horários para terminar o ensaio ele cancelou. Com o afastamento dele me aproximei mais da Rydel, Georgia, Amaya e Romeu. Eu estou sentada na cafeteria com eles. Estamos conversando sobre nossas vidas, contando histórias de infância.

Rydel passou a infância inteira com os irmãos, ela disse que teve dificuldades em manter amizades com garotas porque tudo que as menininhas da época faziam ela achava terrível. Aparentemente os meninos a doutrinaram a não suportar ti-ti-ti de garotas, o que é ok, eu também não suportava isso. Mas tive várias amigas garotas, apesar que Claire sempre foi a melhor delas.

Pelas histórias de Amaya, a infância dela foi divertida também, brincava mais com primos do que com amigos da escola e a cultura japonesa sempre esteve presente em sua vida. Ela não tinha costume de beber café e sim chá, diz que está aprendendo a consumir mais a bebida por minha causa, já que eu estou sempre com um copo na mão. Em sua casa ela anda descalça ou com pantufas, eles não entram de sapato em casa. Acreditam que é levar a sujeira da rua para dentro do lar, isso faz sentido, já que a rua é imunda.

Romeu pareceu ter sido uma criança terrível. Ele conta histórias da escola que parecem ter sido tiradas de um filme do pestinha. Já pintou bigodes no quadro do diretor da escola QUE ERA UM PADRE. Levou suspensão por isso. Já perdeu um dente correndo de um fazendeiro que o pegou roubando espigas de milho na cidade onde seus avós moram, num dia de chuva encheu baldes com água para jogar nos quadros das salas para as aulas serem canceladas porque o giz não pegava, e a melhor: pulou o muro para dentro do quartel para brincar de “Rambo”, acabou sendo pego e passou uma hora preso dentro do batalhão.

Eu rio tanto com as histórias que o canto dos meus olhos estão salpicados de lágrimas.

- Como você se tornou esse amante da ciência e conhecedor das curiosidades mais bizarras se era tão danado na escola? - Pergunto.

- Eu era danado na vida. - Ele responde. - Gostava de brincar e me sujar, mas nas horas de descanso e antes de dormir, nada me agradava mais que pegar um livro de história e curiosidades. Já a ciência o que me colocou nesse ramo foram álbuns de figurinhas. Eu tinha vários, animais da selva e marinhos, biomas, fauna, dinossauros. Isso me fez gostar disso tudo. - Ele continua - Ah tem outra coisa que você não sabe sobre mim.  Ele passa o braço pelo encosto da minha cadeira e coloca a mão na minha orelha, de repente ele tira sua mão e entre seus dedos tem um pequeno bombom. - Eu também sei fazer mágica. - E me entrega o bombom.

- Nossa! Como você fez isso? - Pergunto admirada.

- Uau. Ele é um sabe tudo. - Todos olhamos para ver quem estava falando e era Ross. Um clima estranho ficou entre nós. Ele não falava direito comigo há semanas, e quando tinha a oportunidade de se juntar e se divertir conosco é extremamente rude com meu amigo.

Eu esperei por mais uma encarada estranha como da outra vez, mas ao invés disso Romeu deu um sorriso sem graça.

- Nem tudo. Não sei deixar meu cabelo bagunçado assim. - Ele diz.

Rydel ri.

- Ah ele demorou anos para aprimorar essa prática.

- Do que você está falando? Eu não arrumo o cabelo. - Ele olha debochadamente para o cabelo perfeitamente cortado e penteado do Romeu. Aquilo já estava passando dos limites, ele foi quase grosseiro até com a própria irmã. Eu esperei por uma resposta ácida de Rydel, mas ela apenas deu de ombros. - Vou deixar vocês se divertirem, tenho coisas para fazer. Só passei para deixar isso. - ele entrega a Rydel um cartão de crédito e sai rapidamente.

- Ele não parece ser muito amigável. - Amaya diz. Ela tem essa mania de dizer tudo o que pensa.

- Ele está passando por alguns momentos difíceis. - Como assim momentos difíceis? O que aconteceu? Antes que eu possa perguntar, Geórgia fala.

- Eu até nem sei como durou. - Resmunga.

Provavelmente eu, Amaya e Romeu estamos mostrando nossa confusão, porque Rydel toma a dianteira e começa a falar.

- Ele é a Courtney estão brigando muito. Não sei o que está acontecendo com eles. - ELES ESTÃO BRIGANDO?

- Eu sei. Ela provavelmente já se cansou dele também e está ignorando-o como ela fez com os outros. Nós que não somos bons o bastante para ela. - Geórgia diz.

- Geórgia e Courtney eram melhores amigas, mas quando Courtney recebeu propostas para modelar em Milão ela simplesmente foi sem dizer nada. Depois que voltou entrou para Universidade Particular da Flórida ela nunca mais entrou em contato com a Gigi.

Então ela é mesmo modelo.

- Isso é terrível. - Digo. Eu estava confusa se sentia pena pelo Ross ou se ficava feliz em saber que talvez ele não namorasse mais. Eu não podia negar o pequeno sentimento de satisfação que cutucava em meu peito, mas muito mais que isso não desejava o sofrimento dele. E por isso me senti mal por ele.

Seguimos para as aulas e o dia passou sem eu ver Ross outra vez. Já passa das dez horas, estou desenhando a reprodução das flores e meu material está todo espalhado pela mesa. Alguém bate na porta.

Abro e encontro Rydel segurando um garoto. Ele está com o braço em volta do pescoço dela, reconheço ele, é o Matthew, o rosto dele está pálido e ele parece péssimo. Ao lado deles vejo um cabelo loiro mais bagunçado do que nunca. Ross está apoiado no batente da porta com o corpo dobrado para baixo.

- Preciso da sua ajuda para cuidar eles. - Rydel diz. - Eles estão horríveis.

- Claro. - Passo o braço de Ross pela minha nuca e o trago para dentro do meu quarto. Rydel sai com Matthew para o quarto dela.

Coloco Ross sentado na cama ao meu lado, mas ele escorrega para o chão. Ele vomita no espaço ao lado dele.

- Desc-culpa, Laura. Eu sinto muito. - Murmura. Ele cambaleia até o banheiro e enxágua a boca. Ele derrama água por toda a roupa e cabelo. Ele tenta tirar a camiseta, mas não consegue. Ajudo-o a puxar a peça. Quem diria, Ross está no meu quarto e sem camisa.

Pego uma garrafinha de água em cima da mesa. Ele senta no chão e eu na cama. Seguro seu rosto entre minhas pernas.

- Eu não quero. - Ele diz empurrando a garrafa para longe.

- Não é álcool, é água. Vai te fazer bem. - Eu inclino a garrafa em sua boca. Ele reluta, mas acaba tomando. Água escorre pelo seu queixo.

- Desculpa Lau, desculpa. - Ele repete.

- Você não tem que se desculpar.

- Eu vomitei no seu-blurp-piso. - Ele atropela as palavras no meio de um arroto.

- É… acho que um pedido de desculpas não é tão ruim. - Ele geme. - Ross não tem problema.

Levanto para pegar um chocolate, mas ele segura meus joelhos

- Não vai embora, não quero que você fique longe de mim. - Ele choraminga.

- Eu só vou até aquela gaveta, olha. - Aponto para minha mesa, ele solta as mãos e eu pego um tablete de chocolate ao leite. - Coma. - Entrego o doce a ele.

Ele coloca a cabeça em meu colo e eu passo as mãos por seu cabelo enquanto ele come e bebe a água. Por que ele está assim? Como se lesse meu pensamento ele diz:

- A mãe do Matthew está doente. Ela tem câncer. - Ele resmunga. - Eu saí para dar apoio moral a ele e bebemos demais.

- Isso é péssimo. - Passo a mão em sua testa, tirando os fios de cabelo molhado. Peço a ele que se levante, seguro sua mão e estendo minha palma em suas costas para dar apoio. Levo Ross até a minha cama e arrumo os travesseiros para que ele deite. Sento ao seu lado. Ficamos em silêncio por alguns instantes.

- Laura?

- Que?

Ele faz uma pausa.

- Nada.

Mas seu tom definitivamente não é nada. Olho para ele. Seus olhos estão fechados, ele está pálido e sua aparência cansada.

- O que? - Repito.

- Eu gosto de você. - Diz ele.

Meu corpo está rígido.

- E eu não quero dizer como um amigo.

Parece que eu engoli minha língua.

- Hm.. uh.. o que? - Seu nome fica preso em minha garganta, é pesado demais para eu dizer.

- Não está bem, nada está bem desde o dia que eu te conheci. - Fala.

Ele está bêbado. Ele está bêbado.

Laura, ele bebeu demais e está passando por uma crise no relacionamento. Não tem como saber o que está falando. Talvez nem lembre disso amanhã.

- Você gosta de mim? - Pergunta. Ele abre os olhos. Olho para seus olhos verdes, eles estão lacrimejantes e vermelhos por conta da bebida.

Suspiro.

É o Ross, lindo, especial e apaixonante. Sim, eu gosto. Eu gosto de você Ross.  Mas antes que eu possa realmente responder ele já está dormindo. Passo a noite na cadeira da escrivaninha, tento dormir, mas não consigo. A preocupação faz com que eu acorde de tempos em tempos. Ele não levantou, sequer se mexeu. Finalmente amanhece, olho meu relógio e já é mais de sete horas.

Busco uma xícara grande de café puro e pão torrado com manteiga. Levo até meu quarto e Ross ainda está dormindo profundamente. Ele está enrolado no lençol. Coloco a caneca sobre a mesa. Depois que ele dormiu eu limpei o chão, sua camiseta e tirei os seus sapatos para que ele ficasse mais confortável. Ele nem se mexeu. Me pergunto se ele vai lembrar o que disse.

Rydel atravessa o corredor e olha para mim.

- Ele está bem? - Sussurra.

- Sim. E Matthew? - Pergunto.

- Um amigo dele o levou de volta, perto das cinco horas. Ele estava muito mal. - Ela coloca a bolsa sobre os ombros. - Eu tenho uma aula agora. - Rydel diz.

- Eu também tenho, mas vou deixar algumas coisas para ele aqui. - Digo.

- Muito obrigada Laura, eu nem sei como te agradecer. - Ela dá um sorriso fraco.

- Não precisa agradecer.

Rydel sai. Pego uma aspirina no banheiro e escrevo um bilhete: “Isso é para você, coma para se sentir melhor. Sua chave está em cima do livro de anatomia à esquerda.” Deixo do lado do café da manhã e vou para aula.







 



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