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História Laura e a última canção de amor - Capítulo 3


Escrita por: Cissabks

Notas do Autor


*EC - Engineering Center
Os nomes dos prédios estão em inglês, pois decidi manter o nome deles como realmente são.

Capítulo 3 - Capítulo 3


Fanfic / Fanfiction Laura e a última canção de amor - Capítulo 3

Caminho em direção ao refeitório e penso se não me arrumei demais para o primeiro dia. Não quero parecer a caloura animada, mas eu sou a personificação do que é uma caloura animada. Quando acordei o sol fazia uma réstia linda sobre a minha cama e me senti feliz pelo primeiro dia numa universidade. Então escolhi um vestido florido e prendi a franja na lateral do rosto com um prendedor amarelo que combinava com as flores do vestido. Quando passo pelo prédio EC vejo algumas pessoas olhando para mim e percebo que eu estava sorrindo, sorrindo! Dá pra acreditar? Sinto minhas bochechas corarem e acelero o passo.

Entro no refeitório e já tem uma quantidade grande de pessoas, dou uma olhada geral e fico nervosa pela primeira vez no dia, não tenho certeza do que fazer, se sento sozinha ou se sento com outra pessoa para tentar fazer amizade. Decido me servir primeiro e sentar depois. Escolho o que quero comer e olho novamente para as mesas na minha frente, vários alunos estão rindo e conversando, outros sozinhos, alguns estão juntos, mas em silêncio. Vejo Rydel à minha direita numa mesa ao lado da janela com uma garota estranha. Fico indecisa se vou até ela ou mudo de direção. Ela me vê e acena para eu ir até lá.

 

- Eu devo estar com a maior expressão de surpresa e alegria que uma pessoa pode ter às sete da manhã. - sento em frente às duas. - Olha minha bandeja! Tem um croissant, um bagel, um potinho de cream cheese e outro com manteiga, duas fatias de peito de peru e queijo suíço, um waffle com calda de amora e uma caneca jumbo de café.

- Tem mais alguém escondido aí ou você vai mesmo comer tudo sozinha? - Rydel diz rindo.

- Quando recebi meu cartão alimentício da FIU não pensei que ele fosse me trazer tantas alegrias. - digo e beijo o cartão.

-Essa é a Georgia.  - Rydel aponta a garota sentada ao lado dela. A menina usa um óculos de armação retangular vermelho, tem cabelo preto e ele está preso em duas tranças uma em cada lado do rosto.

   Sorrio para ela.

   - Eu sou Laura. - dou uma mordida no meu bagel com cream cheese e ele está delicioso.

    - Ainda não entendi muito bem como funciona esse cartão. - falo.

   -  Funciona assim -  Georgia responde e muda sua posição para ficar totalmente de frente para mim. - O cartão possui um valor simbólico que pode ser utilizado apenas no refeitório, você passa na máquina ali na mesa ao lado da porta e ela vai registrar seu número universitário.

    Levanto as sobrancelhas em admiração.

    - Ela sempre dá as respostas assim tão completas? - pergunto a Rydel.

    Rydel faz uma expressão pensativa.

    - Na verdade as respostas dela geralmente são bem vagas, deve estar querendo te impressionar.

         Georgia revirou os olhos.

         -Ano passado fui monitora e sempre tinha esse tipo de questão para responder aos calouros.

         A caminhada de volta até meu quarto foi um pouco mais difícil que a primeira, minha barriga estava pesada e isso deixou meus passos mais lentos. Pego a folha com meus horários e vejo qual será minha primeira aula. Introdução às artes plásticas: sala 12A. Coloco um caderno e canetas de diversas cores na bolsa e vejo no mapa como chegar. O prédio é dividido em zonas A,B e C. A são as salas teóricas, B laboratórios e C os auditórios e estúdios.

         A sala onde terei a aula é espaçosa com uma mesa oval grande, como as mesas de reuniões, e com muitos lugares. Fica em frente a um grande quadro negro, em cada lado do quadro tem um telão para reprodução. Já tem algumas pessoas na sala, sento ao lado de uma garota ruiva de cabelo cacheado. Arrumo as canetas em cima do caderno e espero pelo professor. Vejo o irmão da Rydel entrar. Ele está na mesma turma que eu? Tenho algum tempo para reparar em como ele é, o cabelo é um loiro claro e comprido, mas não verdadeiramente comprido, termina na orelha e faz uma pequena curva para cima. É todo bagunçado, não um bagunçado desleixado, mas aquele tipo de bagunça proposital para parecer que não arrumou quando na verdade arrumou. O rosto é comprido e o maxilar bem desenhado. Seus olhos correm pela sala e param no meu rosto, ele está vindo na minha direção. Ele puxa a cadeira ao lado da minha, senta e tira um caderno de capa dura preto e uma caneta azul.

         - Oi Laura. - ele diz. A voz dele está natural e animada.

          Ele lembrou meu nome.

          - Oi. - respondo.

         Felizmente, o professor chega em  seguida e eu não preciso me preocupar em puxar algum assunto. Os 40 minutos passaram rápido e gostei de como organizei meu caderno. O título do assunto, subtítulo e os itens seguintes em roxo, o texto em azul e respostas em preto.

        Ross derruba sua caneta e eu aproveito o momento para ver seu caderno, está tudo escrito em azul claro numa caligrafia clássica em caixa alta e bem espaçada. O sinal bate, guardo minhas coisas e vejo meu horário, eu tenho quase meia hora livre até a próxima aula. Olho no mapa como faço para chegar até à zona C, é onde ficam as salas de música.

          Eu não toco desde que saí de São Francisco e meus dedos estão coçando para sentir as teclas do piano. A sala em que entro tem apenas um piano e um violoncelo. Levanto a tampa e sinto as teclas, toco notas aleatórias antes de tocar um acorde. Quando soube que me mudaria escrevi uma música e estou sentindo que devo tocá-la agora. Toco e canto com todo meu coração, para aliviar a dor que ainda está aqui. Por mais que eu esteja animada com as aulas e ter conhecido a Rydel, com quem acho que vou criar uma bela amizade, se eu pudesse escolher ainda seria São Francisco.

         Saio da sala outra pessoa, cantar me tranquiliza. Enquanto caminho pelo corredor penso que eu não devo ficar tão magoada com a minha mãe e pela situação em que eu estou. Não preciso me sentir culpada por querer voltar para casa, mas também não preciso odiar Miami e tentar boicotar minha própria felicidade aqui apenas porque mudei minha realidade. As pessoas mudam e isso não é mal algum. Incrível o que a música faz comigo, é como se meu cérebro realmente parasse e colocasse tudo em foco. E eu consigo pensar com clareza.

          A aula de química fundamental I acontece em um dos laboratórios, as mesas estão dispostas em três fileiras, são retangulares e cabem duas pessoas. O quadro é branco e os marcadores ficam em uma lata na mesa do professor. Do lado esquerdo da sala tem um armário de vidro com várias quantidades de béqueres, funis, pipetas, erlenmeyer, provetas e vários outros instrumentos que eu ainda não conheço. Do lado direito um armário com soluções químicas fechadas em frascos. Eu não quero ser uma phd como a Claire, mas me sinto confortável aqui.

 

         Sento na terceira carteira ao lado da janela, vejo alguns estudantes sentados na grama lendo e conversando. Espero que um dia eu esteja tão feliz quanto eles. Tenha um grupo de amigos com quem eu possa conversar sobre as provas e a minha vida. Ter alguém para visitar quando voltar. Depois dos dois anos que tenho que passar aqui, pretendo transferir meu curso para a Universidade da Califórnia e terminar lá, em casa. Quem sabe se eu tiver sorte o Peter ainda esteja solteiro.

          - Posso sentar aqui? - levanto os olhos e um garoto de camiseta vermelha está parado ao meu lado.

         O cabelo dele é castanho e bem cortado, ele está com a barba por fazer e tem uma pintinha em cima da sobrancelha direita. Ok Miami, se acha que me convencer a ficar é só colocar garotos bonitos na minha frente todos os dias você está muito enganada.

         - Claro, pode sim. - inacreditavelmente minha voz sai firme e segura.

         - Obrigado. Que curso você faz? - ele vira completamente o rosto para me encarar.

         - Artes e Ciências. E você?

         - Ciências Biológicas. Desculpe, não me apresentei. Sou Romeu.

         Não consigo segurar a risada. Não poderia ser mais clichê.

          - Sério? Romeu? Como Romeu Montecchio de Shakespeare? - falo entre risos.

          - Por acaso você é Julieta? - Romeu sorri e percebo uma covinha no canto direito perto da boca.

         Ele está flertando comigo?

          -  Não. Sou Laura mesmo.

       O professor entra na sala, ele é baixo e está um pouco acima do peso. Ele dá instruções a quem está sozinho para sentar-se com alguém, pois para esta aula vai ser necessário assistência. Ele se apresenta como Profº. Kurten e inicia a aula com o básico da química, dizendo as diferenças entre ácidos e bases, após a explicação distribui uma tabela com o ph de 50 soluções e indicadores ácido-base, e pede que cada dupla pegue uma bandeja com béqueres que estão sobre o balcão no fundo da sala. Romeu está sentado na ponta então ele mesmo levanta e traz. Na bandeja contém oito frascos de 25ml com soluções que ainda não sabemos quais são. O objetivo da aula é molhar os indicadores no líquido e através da cor que apresentarem descobrir o ph e a substância. O Professor Kurten passou entregando uma folha para escrevermos os nomes das soluções que acreditamos estar nos béqueres. O Romeu me passa os vidrinhos, eu molho os indicadores, olhamos na tabela e ele escreve na folha as respostas que decidimos.

    Entregamos a folha pronta e esperamos até os alunos que ainda estavam terminando entregarem suas respostas. Romeu me acompanha até a zona A onde eu terei as próximas duas aulas de linguagem fotográfica.

       -   Laura, vai ter uma festa no dormitório de um amigo meu na próxima semana - Romeu encosta o corpo no batente da porta. Ele puxa a mochila para frente do corpo e retira um papel do bolso lateral - Se quiser passar por lá… - diz me entregando o panfleto.

       É improvável que eu vá a uma festa em que não conheço o anfitrião e conhecendo apenas uma pessoa que vai estar lá. Todavia, seria indelicado dizer isso ao Romeu, que parece me convidar com tanta sinceridade.

        - Ok, talvez eu apareça. - respondo.

        - O número do quarto e o prédio está aí. - ele aponta para um endereço no fim do papel. Concordo e me despeço dele.

        A sala está praticamente cheia, vejo Ross sentado quase no fim da mesa. Ele está batucando a caneta na madeira e parece estar com o pensamento longe. Ele está usando uma jaqueta preta de couro e o capuz cinza está todo empapuçado na nuca. Ele me vê e acena para eu me sentar ao seu lado. Penduro a bolsa nos braços da cadeira e jogo o corpo sobre o assento.

- Não vai pegar o caderno e as… - Ross coloca a mão no queixo e faz uma expressão de quem está resolvendo alguma conta matemática absurda - 270 canetas que você trouxe? - e ri debochadamente.

    Rio também.

- É a mim que você vai recorrer quando a tinta dessa aí - empurro o queixo com ar superior para a única caneta na frente dele. - acabar.

- Ouch! - ele coloca a mão sobre o peito.

    Fecho as mãos em punho e abro num gesto de explosão.

- Boom! - falo assim que meus dedos se abrem.

- Essa conversa vai ficar restrita à onomatopeias? Por que eu posso pensar em várias… e sinceramente? - ele aproxima o rosto do meu. Meu estômago revira de três formas diferentes. - eu sou muito bom nisso.

“Você provavelmente é bom em tudo.”

Agradeço silenciosamente ao meu cérebro por ter interceptado esse pensamento antes que tivesse chegado à minha boca. Eu devo estar com cara de boba porque o Ross convencidamente volta a sua posição inicial e eu continuo encarando o nada.

- Ok, se não conhece apresente-se à pessoa à sua direita porque ela vai ser a sua companheira na tarefa de hoje. - uma mulher alta com o cabelo preso em coque e saia lápis encara a turma. Deve ser a Professora Mills, no folheto que peguei na recepção, com as aulas que eu teria e os professores, a apresentação dela era uma grande lista de prêmios e a frase “uma das mais renomadas fotógrafas de Miami”.  Ela continua:

- Na atividade de hoje vocês farão um portfólio com o planejamento de um ensaio fotográfico sobre o tema “A fotografia: do início à era contemporânea”. Esse planejamento será de suma importância para vocês, porque mais tarde vocês terão que realizar esse ensaio, e ele deverá estar condizente com o portfólio que entregarão. Caso, mais tarde, vocês adicionarem informações extras, antes da apresentação vocês poderão pegar o portfólio e colocar os novos itens. Portanto, espero que tenham sorte… A pessoa à sua direita será sua companheira nessa tarefa.

O olhar de Ross cai sobre mim. Eu sou a companheira dele. Numa tarefa. Para uma das maiores profissionais do ramo fotográfico da cidade. Sinto um frio na barriga de nervosismo e excitação. Só não tenho certeza se é pela grande fotógrafa à minha frente ou pelo  gracioso aprendiz à minha esquerda. Prefiro pensar que é a fotógrafa.

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado e comentem aqui o que quiserem, se tiverem alguma dúvida é só perguntar (não spoilers claro) mas alguma coisa sobre os personagens ou a história caso não entenderam e eu esclareço. Críticas e sugestões são bem vindas =)
Beijos!


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