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História Laura e a última canção de amor - Capítulo 7


Escrita por: Cissabks

Capítulo 7 - Capítulo 7


Fanfic / Fanfiction Laura e a última canção de amor - Capítulo 7

- Isso! Assim vai ficar ótimo. - Ross está parado há um metro e meio de distância com a câmera na mão.

Estamos fazendo nossa primeira sessão para o ensaio de Linguagem Fotográfica e eu estou posando como Antonieta DeCorrevont, considerada a primeira mulher a trabalhar profissionalmente com a fotografia. Estou usando um vestido longo fechado até o pescoço e meu cabelo está preso num coque firme. Estou sentada numa banqueta com o queixo levemente para cima e nas minhas costas tem um pôster da Torre Eiffel, já que ela era francesa.

- Acho que terminamos. - Ross está parado vendo as fotos que tirou, e antes que ele tenha tempo de mudar ideia desabotoo o vestido e coloco sobre a banqueta em que antes estava sentada. Sinto-me bem mais leve com o shorts jeans e a camisa de linho que estou usando.

- Olha essa. - Ross estende a câmera e me mostra uma foto em que estou com as sobrancelhas arqueadas e a boca franzida numa tentativa frustrada de não dar risada. - Acho que você estragou essa foto, vamos tirar outra.

- O  QUÊ? - Exclamo. - “Vamos tirar outra” - Falo num tom grave imitando sua voz. - Claro porque não é você que estava com um vestido preto até o pescoço NUM SOL DE 37°C!

Ross está rindo muito.

- Eu estava brincando. - Diz entre risos.

    - Ah. - Falo. Eu estava com tanto medo que ele me fizesse colocar aquele vestido novamente que não percebi que ele estava falando apenas para me provocar.

    Ele pega a banqueta e eu retiro o pôster da parede. Tiro os tênis e piso descalça na grama.

- Eu espero realmente que minha voz não seja nada parecida com aquilo que você fez. - Diz.

Bato em seu ombro com a mão espalmada. Ele ri. Caminhamos de volta ao bloco.

- Precisamos editar essas fotos. - Ross diz. Estamos andando devagar e apesar do calor uma brisa agradável está balançando levemente meu cabelo.

- Sim, quando podemos fazer isso? - Pergunto. Ao invés de pisadas estou arrastando os pés pela grama fofa e fresca.  

- Você pode hoje?

- Não tenho certeza, mas acho que sim. Só preciso checar minha agenda.

- Ok.

Continuamos nossa caminhada de volta e até agora não tinha percebido o quanto nos afastamos do nosso prédio. Procuramos por um lugar vazio para que pudéssemos nos concentrar e eu não me sentisse tímida, mas na ida não percebi que fosse um caminho longo. Sinto-me um pouco mal por Ross estar carregando a banqueta e todos os equipamentos fotográficos enquanto eu estou apenas com o vestido e o pôster nas mãos.

- Deixa que eu carrego a mochila. - Digo. - Temos um bom pedaço ainda e parece estar pesado.

Ele ri.

- Laura, se eu quiser eu carrego o banco, a mochila e você junto.

Olho para ele com expressão de descrédito.

- Tá bom he-man. - Rio.

Ele coloca a banqueta no chão, passa a mochila para um dos ombros e de repente me vejo sendo levantada do chão. Ross colocou os braços por trás do meu joelho e me colocou sobre seu ombro direito. Grito de susto.

- Ross!! - Estou virada para as costas dele.

- Só não se mexa muito porque estou com a banqueta na outra mão. - Ele diz e começa a caminhar.

    - Me põe no chão! - Falo.

    - Por que? Não está aproveitando a vista? - Ele está rindo.

    - Eu não acredito que você está fazendo isso. Por orgulho!

    - Orgulho? Nãão. Eu vi que você estava cansada e estou dando uma ajudinha.

Eu quero descer. Estou me sentindo incomodada com a mão dele sobre a minha coxa e oh meu Deus minha bunda está quase na cara dele! Será que ele está olhando? AH POR QUE EU PENSEI NISSO? Agora minha bunda parece enorme. Talvez ele esteja olhando para minhas pernas, será que isso é melhor ou pior? Eu quero que ele olhe? Eu tenho certeza que ele olhou para a minha bunda. Ele tem que estar. É enorme, e está ali, e é enorme. Meu rosto está explodindo de vergonha e apenas por esse momento agradeço que estou virada para trás. E então… Penso em algo. A ideia é absurda e já sinto vergonha antes mesmo que eu a faça. Mas é isso ou continuar com essa tortura de “ele está ‘encarando-respirando’ minha bunda”. Situações drásticas requerem medidas drásticas. Respiro fundo e faço. Coloco a mão estendida na bunda dele e dou um leve aperto com a ponta dos dedos.

- Que merd… - Ele me solta repentinamente antes mesmo de terminar o que ia dizer.

EU QUERO MORRER. ZEUS MANDA UM RAIO NA MINHA CABEÇA.

- Obrigada. - Por algum milagre do cosmos consigo olhar para o rosto dele. Ele está chocado. - Pensei que nunca fosse me soltar. - Falo.

Não dou tempo que ele responda e começo a andar. Ele me alcança e seguimos em silêncio até o dormitório. Penso nas minhas opções: a) resolvo morrer de vergonha, não olhar para ele nunca mais e tirar um zero em linguagem fotográfica; b) dizer “foi legal apertar a sua bunda a gente se vê amanhã”; ou c) fingir que nada aconteceu, checar meu horário e editar as fotos do ensaio como uma profissional. É, seria com certeza a opção C.

Quando chegamos ao meu andar trato de esquecer o que aconteceu e seguir em frente. Ele me segue até a porta do meu dormitório, acho que mais por medo de perguntar e me dirigir a palavra do que realmente saber o que estou fazendo. Entro e ele espera na porta. Vou até a gaveta da escrivaninha e pego minha agenda. Como imaginei não tenho nada que entregar para amanhã.

- Ok, estou livre para editar as fotos.

    Ross não diz nada. Preciso controlar a situação para não ficar esquisita para sempre.

    - Vou tomar um banho antes e encontro você no refeitório, jantamos e depois editamos as fotos.

    Ele está em silêncio me encarando. Seus olhos estão levemente arregalados como quem acaba de descobrir algo inédito e não acredita no que vê.

- Então a gente se vê daqui 45 minutos. - Fecho a porta na cara dele.

Deito na cama e coloco a mão no rosto. And the oscar goes to Laura Marano pela CENA MAIS VERGONHOSA DA UNIVERSIDADE INTERNACIONAL DA FLÓRIDA! Solto um gemido alto de vergonha. Escuto um “Ai Deus” de trás da porta. Eu não acredito que ele ainda está ali!

- EU BATI O DEDINHO! - minto.

    Durante o banho reprimo a lembrança do ocorrido da tarde toda vez que ela tenta aparecer. Escolho uma calça jeans e uma camiseta mais comprida, de jeito nenhum quero expor minhas pernas e afins outra vez. Desço e vejo Ross já sentado junto com Rydel. Ele está usando um moletom e o cabelo está todo espalhado.

- E aí como foram as fotos? - Rydel pergunta. Ross se arruma na cadeira.

- Ah foi tudo bem. - Falo. Eu ia me esforçar ao máximo para mostrar a ele que aquilo não foi nada, aliás ele nem devia estar tão estranho assim, será que foi tão horrível ser apalpado por mim? - As fotos ficaram boas, mas o calor estava insuportável. O vestido começou a esquentar e grudar, por sorte já estava quase no fim.

- Tenho certeza que vai ficar bom. Vocês estão se esforçando bastante. - Ela diz. - Ross você já sabe qual programa vai usar?

- Que? - Ele está perdido, acho que nem estava prestando atenção no assunto.

- O programa para edição de fotos, qual você vai usar? - Ela repete.

- Não sei, acho que o retro 4.2 - Diz vagamente.

- Eu não sei vocês, mas eu estou com fome. - Digo.

Vou até o buffet, Rydel e Ross levantam logo depois. Ross passou a maior parte do jantar em silêncio, mas no final já estava se soltando. Rydel e eu entramos numa conversa animada sobre o final de semana, ela estaria sozinha porque o namorado ficaria na universidade e eu a convidei para se encontrar comigo quando quisesse. Quando decidimos subir, finalmente Ross voltou a ser o mesmo de sempre.

    - Você tem que subir comigo. - Ele diz. Eu estava tão distraída conversando com Rydel que acabei indo atrás dela.

    - Ah, tudo bem. Boa noite. - Digo.

    - Boa noite. E bom trabalho para vocês. - Ela sai e eu volto até às escadas com Ross.

O quarto dele fica no terceiro andar. Ele abre a porta e me deixa entrar primeiro. Os travesseiros dele são brancos e o edredom preto. A escrivaninha está cheia de cd’s.

- Nossa. Faz tempo que não via CD no quarto de alguém. - Falo examinando os álbuns, tem vários estilos, desde indie até punk rock

- Eu sou um colecionador.  Para ser sincero, quando você disse que veio pela música pensei que você também fosse, mas aí no seu quarto não tinha nenhum.

- Por cd’s não. - Digo. - Mas tenho vinis. - Sorrio. Eu realmente tinha. Passei boa parte dos meus 20 anos em sebos procurando relíquias.

Passo os olhos pela prateleira, está recheada de livros perfeitamente arrumados por tamanho. Olho os títulos e a maioria são biografias de músicos, mas tem também um de fotografia e um guia ilustrado edição colecionador do filme Psicose.

- Seu quarto é organizado. - Digo.

- Pensou que não fosse? - Ele senta na banqueta que usamos no ensaio em frente ao computador e deixa a cadeira para mim.

- Não. Só estou constatando. - Falo. E é verdade. Pelo que vi no caderno dele era difícil ele não ser organizado. São poucos os garotos que conseguem deixar um caderno organizado e visualmente agradável com apenas uma caneta azul.

Sento ao lado dele. Ele conecta o cabo na câmera na entrada do computador e liga o monitor. A tela de fundo dele é uma imagem de Audrey Hepburn e George Peppard numa cena do filme Bonequinha de Luxo. Holly está com um cigarro na boca de costas para Paul dizendo “Oh, I love New York”.

Ele copia as fotos para uma pasta e desconecta a câmera. Espalhamos as folhas com as nossas ideias para o trabalho e o que escrevemos no portfólio de organização.  Analisamos cada foto e ele edita minuciosamente todas elas. Altera saturação, contraste, corte e até foco. Coloca borda, tira borda, destaque e outras coisas. Escolhemos a que mais combina com nossa ideia para o trabalho todo e separamos em outra pasta, que vai ser a pasta final com as fotos que revelaremos.  Acabamos optando por deixá-la em preto e branco com as bordas desfalcadas para dar impressão de uma foto antiga, como um retrato pessoal da Antonieta.

- Acho que essa é ideal. Eu gostei bastante do resultado. - Ele diz.

- Eu também. - Falo. - Valeu a pena perder 3 litros de água debaixo desse vestido.

Ele ri.

- Valeu mesmo. Você reclamou tanto que estou com medo quando for minha vez de me vestir como o Joseph.

- Ah, mas eu faço questão que seja uma foto de inverno. Você pode vestir um suéter e um grande sobretudo de lã com uma cartola e um cachecol.

- Você teria coragem? - Ele coloca a mão sobre o peito como se estivesse ofendido.

- É para o seu bem. Você tem que estar preparado, vai que esfria enquanto eu demoro horas para acertar a abertura e o foco ideal da câmera. - Digo com falsa preocupação.

- Você é terrível. - Ele diz fingindo estar amedrontado.

Ele pega a câmera e olha as fotos outra vez.

- Acho que essa é minha preferida do dia. - Ross ri e me mostra uma foto que ele tirou numa hora em que eu estava brigando com ele. Estou com o vestido amarrotado até os joelhos e as pernas de fora com o tênis balançando sem tocar os pés no chão. Minha boca está totalmente aberta, meus olhos estão redondos e as sobrancelhas totalmente juntas numa carranca de extrema irritação.

- Nunca me deixe ir à praia, porque se essa é a cara que fico quando passo calor, tenho até dó dos turistas.

- Você acabaria com o turismo de Miami.

- Que delicado.

Ele dá um sorriso de canto.

Ross continuou olhando as fotos, ele estava concentrado olhando todos os detalhes do cenário, figurino e até das minhas expressões. Não resisti, peguei meu celular e tirei uma foto dele. E o engraçado é que ele nem percebeu. Depois que ele olhou todas as fotos de novo conversamos sobre nossas vidas. Ele me contou sobre os irmãos e seus pais, sua infância. Disse que o primeiro instrumento que aprendeu a tocar foi o violão e que apesar de gostar muito, quando pequeno tinha vergonha de cantar e se apresentar. Seus pais o colocaram num grupo de teatro musical, para ele aprender a se soltar e ter desenvoltura. Ele disse que graças a isso hoje se sente confiante em cima de palco. Contou sobre sua casa e sobre suas histórias de escola.  Conversamos por tanto tempo que quando volto ao meu dormitório já é tarde e tudo está silencioso. Agora já deitada em minha cama, olho a foto mais uma vez, e durmo com a lembrança de um dia estranho, muito vergonhoso, mas com um final feliz.



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