História Lauren e Camila - Trilogy - ADAPTAÇÃO - Parte 1

Lauren

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Preciso confessar que não sou boa para explicar sobre mim mesma. Nunca fui muito fácil de se resumir e em verdade, gosto de pessoas que me descobrem, me desmontam e me desembaralham.

Gosto de quem buscam me conhecer a fundo sem sentir espanto com o meu turbilhão de defeitos. Não sou tão grossa quanto costumo parecer. Bom, eu sou. Mas não tanto, me entende?Também sou doce, e carinhosa.

Sei que sou chata, mas também sou legal. É só enxergar. Sou uma pessoa boa, porém mal. Entende?Minha grosseria, minha ignorância, minha chatice, é só uma forma de me proteger.

Desculpa, mas é que cansei de pessoas que marcam e depois vão embora. Por medo de partidas, tem gente que não deixa as pessoas se aproximarem, e eu sou assim. Mas no fundo, bem no fundo, eu imploro por pessoas novas. Você me entende?Isso são apenas verdades sobre mim!.

Sei que essas palavras estão confusas, mas é para combinar com meus sentimentos. Eu sou a consequência de decisões erradas, estradas contrárias, tentativas falhas.

Eu sou quem você esbarra na rua e vira a cara. Eu sou aquela que acena com as mãos trêmulas e ninguém sorri de volta.

Eu sou a menina estranha, a garota bizarra, a mulher complexa, a pessoa torta. Tédio, comodismo, vazio, solidão, carência.

Aquela que costumam não lembrar, também sou eu. Possuo várias formas em um só corpo. Às vezes, mais alma. Outras, mais carne.

Sou o verso rabiscado que ninguém lê, a página rasgada que ninguém vê, o livro manchado que ninguém quer. Muitas vezes menina, tantas outras vezes mulher. Sou a ferida que nunca cicatriza.

O guarda roupa lotado, os armários empoeirados, os porta-retratos sem retratos. A apatia.

Eu sou quem a vida escolheu para ser o maior exemplo de solidão, mas também sou quem ninguém nunca escolhe para ser uma gota de felicidade. Tentar, tentar e tentar é estar pedindo para quebrar a cara milhões de vezes. Se existe alguém que almeja tudo e não consegue nada, esse alguém sou eu. Sou eu.

Não sou o que ninguém espera de alguém. Não sei ser quem eu espero ser. Uma incógnita insignificante no meio da equação é descartada: Complica o cálculo, confunde a mente, se torna perda de tempo.

Uma incógnita no meio de uma redação é burrice: Sem sentido, sem nexo, inútil. Uma incógnita no meio da vida é insignificante: Sou eu.

Em todo meu curto percurso de vida de uma garota de 19 anos, poucas pessoas perderam tempo buscando me conhecer melhor ou aproximaram-se de mim, e eu entendo perfeitamente elas.

Eu não sou o tipo de garota que arranca suspiro e admiração por onde passa. Quem gostaria de mim quando nem eu sou capaz de gostar de mim mesma? Faz bastante tempo em minha vida que não converso ou conheço novas pessoas.

Desde que vim morar sozinha na Alemanha, perdi os poucos contatos que eu tinha no meu antigo país, resta-me agora apenas alguns amigos de trabalho. Mas não estou reclamando de nada, afinal apesar do pesar da minha vida particular, não posso reclamar da minha vida profissional.

Sou uma colunista de moda, recém formada em jornalismo... E o mérito dessa conquista é todo meu que sempre dei o melhor de mim para tornar esse sonho real. Acho que a determinação sempre foi meu combustível.