¤ Hinata ¤
Naquele momento, sem nem pensar duas vezes, fechei os olhos e me joguei de costas no chão.
Estava treinando cortes com Kageyama desde que o treino tinha terminado, por volta de duas horas atrás. Fazíamos pausas rápidas de dois minutos somente para beber água e dar uma relaxada, e depois lá estávamos nós dois, pulando e fazendo cortadas de novo. Considerando que o treino do time havia se intensificado muito nos últimos dias e não havia dado tempo para o organismo de ninguém se acostumar totalmente com aquele ritmo, a exaustão extrema do meu corpo até que poderia ser classificada como um "quase-óbito", por assim dizer.
Eu estava completamente cansado.
Alguns segundos depois, senti um baque no chão ao lado de onde estava deitado. Quando abri apenas o olho direito - só para matar a curiosidade -, fitei um Kageyama tão esgotado quanto eu. Seus olhos cerrados criavam uma ruguinha entre as sobrancelhas, e sua boca entreaberta reproduzia ofegos devido à respiração pesada pelo desgaste físico. Sua testa e provavelmente todo o corpo estavam cobertos de suor assim como o meu estava, encharcando nossas camisetas e fazendo com que a pele exposta grudasse no piso da quadra.
Tentei me levantar e resmunguei ao fazê-lo. Meus músculos todos doíam.
- Eu não vou aguentar limpar a quadra, Kageyamaaa... - reclamei, tornando a fechar os olhos. Parecia que um trator havia passado em cima de mim, e estava com medo de acabar tendo câimbra na panturrilha por tanto esforço realizado.
- Me dá... cinco minutos... - ele respondeu, a voz falhada entre as respirações.
Na mesma hora, me perguntei quando foi a vez que vi Kageyama tão exausto por causa do treino. Provavelmente foi na época em que estávamos treinando para o campeonato, onde estávamos lutando para vencer Aoba Johsai e enfrentar a Shiratorizawa na final, para sermos classificados às nacionais. Mas, por termos brigado naquela época, não estávamos treinando juntos e nem estávamos tão próximos como agora.
Esperei um tempinho até que sua respiração deixasse de parecer a de um cachorro velho com calor e voltei a tagarelar como de costume.
- Ainda terei que ir de bicicleta para casa sendo que nem sinto minhas pernas, acredita?!! - Exclamei enquanto virava de bruços, o rosto virado para Kageyama. Colei minha bochecha no chão frio. - Depois ainda vou ter que chegar em casa, comer, tomar um banho, estudar, e aí sim que vou poder ir dormir... Ah, eu só queria apagar de uma vez!
Kageyama resmungou ao meu lado, ainda de olhos fechados. Antes de falar, respirou bem fundo, tomando fôlego. E então, sua voz voltou a soar firme, como sempre.
- Hinata, isso foi culpa sua, então pare de reclamar.
Arregalei os olhos imediatamente após sua fala. Suas palavras me pegaram de cheio. Mas o que aquele babaca estava falando?!
- O quê?! - Gritei, não sabendo de onde tinha tirado tanta energia para isso. Agora encarava Kageyama fixamente, e seu rosto calmo fez meu sangue ferver. - O que você tá falando, idiota?!! Você estava treinando também, como que a culpa pode ser só minha?
Ele revirou os olhos.
- É, mas quem foi que chamou quem para treinar aqui, idiota?
Fechei a cara assim que ele acabou de falar. Ele estava certo; eu havia passado a aula e o treino todo o cutucando e pedindo ficar até tarde comigo, só para treinar nossos cortes.
- Fui eu... - sussurrei, fazendo bico.
Ele se virou pra mim novamente, sua boca se contorcendo em um riso medonho que só aparecia em seu rosto em casos raros de quando estava com raiva ou muito excitado com alguma coisa no vôlei. E naquele instante, com certeza era o primeiro caso.
- E quem que ainda por cima gritava "Mais uma vez!" A CADA LEVANTAMENTO que eu fazia, hein?
Suspirei fundo. Tinha perdido a discussão: sua aura já estava me dando arrepios.
- Fui eu, Kageyama!... - Repeti, mordendo o lábio. Odiava estar errado em alguma coisa, principalmente com Kageyama, porque isso significava que estava perdendo pra ele... mais uma vez.
- Então não reclame, Hinata! - ele murmurou, dando um impulso com o corpo com ajuda das mãos apoiadas no piso, se sentando. Seu peito ainda subia e descia mais rápido que o normal, o que mostrava que ainda não tinha se recuperado completamente. - E já que tocou no assunto, você que vai passar o pano no chão enquanto eu cato as bolas, e daí desmontamos a rede juntos.
- M-Mas Kageyama-kun! - chiei, sabendo que não adiantaria muita coisa no fim das contas. - Passar pano... essa é a pior parte!
- Então da próxima vez pense muito bem antes de gritar por mais um levantamento meu quando suas pernas não aguentam nem o peso do próprio corpo, idiota.
Virei o corpo de barriga pra cima de novo, e ainda deitado resolvi cruzar os braços, só para expressar minha indignação pelo seu tiranismo.
- As suas também não aguentam seu peso, pelo visto! Então por que não nega meu pedido ao invés de continuar levantando pra mim?
Kageyama levantou as sobrancelhas, fitando-me com um olhar confuso. Logo em seguida, virou a cara. Quando começou a falar, notei que seu tom de voz abaixou, o timbre mais grosso do que antes.
- ...Porque sim. Agora levanta e vai passar a droga do pano, Hinata.
Fiquei encarando suas costas antes de levantar de verdade e começar a limpar, e assim que meus olhos passaram por sua nuca, observei uma gota de suor escorrendo por ali e se desmanchando no tecido da gola de sua blusa. Enquanto o encarava, na verdade estava pensando sobre o que ele havia dito sobre "próxima vez". Então um segundo treino extra dele comigo estava inconscientemente em seus planos sem eu ter que praticamente implorar por sua ajuda?!
Aquilo era ótimo! Estávamos avançando como dupla.
E se tivesse próxima vez mesmo, dessa vez iria pedir para me ajudar na recepção de saques. Até porque no jogo eu era meio imprestável nesse aspecto, e aposto que no meu lugar, Kageyama daria o seu jeito e acabaria conseguindo fazer tudo perfeitamente, como sempre.
E não aceitava continuar tão atrás dele assim pra sempre.
¤♡¤♡¤♡¤
- Ei.
Virei para trás quando Kageyama me chamou. Havíamos passado o caminho todo calados, enquanto eu tinha que ir empurrando minha bicicleta.
- O que foi? - Perguntei, distraído enquanto olhava as estrelas no céu.
- Sua casa é longe...
- Eu sei. - Bufei. É claro que de bicicleta seria muito mais rápido, mas não seria muito legal da minha parte quase matá-lo em um treino e depois deixá-lo para morrer na rua enquanto eu ia embora sozinho na bike.
- Imbecil, me deixa terminar de falar! - Kageyama resmungou, ajeitando a alça da mochila nos ombros. Ele suspirou, e depois da pausa retornou a falar. - Estou dizendo que não precisa ir pra casa hoje se estiver cansado demais. A minha é na próxima quadra, e pode dormir lá se quiser... E se sua mãe deixar, claro.
Levei a mão até o queixo, pensando no assunto. Tinha que admitir que era uma proposta bem tentadora. Já tinha falado tanto do Kageyama em casa que acho que minha mãe não se importaria se fosse dormir fora na casa dele... Mas o dia seguinte era sábado e Natsu tinha natação pela manhã, onde havia me comprometido de levá-la à aula naquele dia por nossos pais estarem ambos trabalhando.
- Hm... Eu queria muito mesmo, mas não vai dar. Tenho que levar a Natsu pra natação amanhã. - Disse, aproveitando para chutar um cascalho da calçada.
Ia ser ótimo poder dormir fora um dia, ainda mais cansado do jeito que estava... E então subitamente lembrei que a proposta veio de Kageyama Tobio, e isso me assustou um pouco. Lembrei-me mentalmente de agradecê-lo.
- M-Mas obrigado pelo convite... Kageyama.
Kageyama olhava para mim, e quando retribuí o olhar, ele confirmou com a cabeça. Pareceu compreender silenciosamente o que eu havia dito, e voltou a encarar os próprios pés enquanto caminhava. Tornei a olhar para o alto, mirando as estrelas, e continuamos assim até chegarmos à rua de sua casa.
Ele quebrou o silêncio assim que achei a constelação de Órion no céu.
- Minha casa é por ali, virando à esquerda.
Parei de andar, olhando para a rua repleta de casinhas com a arquitetura típica japonesa para onde ele apontava com o indicador. Era fácil de imaginar Kageyama vivendo em tal ambiente com estilo oriental.
- Ah, a minha é seguindo reto por essa estrada - comentei, gesticulando com as mãos o trajeto em minha mente. - Tenho que passar pelo rio e dobrar à direita, mas só lá do outro lado...
- Melhor ir indo, então - ele olhou para a bicicleta, me interrompendo. - Já está mais tarde do que parece.
- É verdade! - Respondi, um pouco mais incentivado enquanto subia na magrela.
Finalmente chegaria em casa logo! Acenei para ele, começando a dar impulso.
- Até segunda, Kageyama-kun!
- Até, Hinata.
E assim, comecei a pedalar. Contudo, antes de perdê-lo de vista, dei uma olhada para trás. Ele estava no mesmo lugar que o deixei, os olhos azuis escuros fixos em mim.
Mesmo de longe, percebi que ele havia ficado envergonhado por eu tê-lo flagrado me observando. Tanto que deu as costas e começou a andar tão rápido em direção à sua casa que parecia estar correndo. E, por mais que estivesse a metros de distância, era como se pudesse escutar seu xingamento ao pé do meu ouvido:
"Hinata idiota!"
Até chegar em casa, não consegui tirar um sorriso bobo do rosto, sem saber muito o porquê de estar sorrindo por uma coisa tão simples como aquela.
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¤ Kageyama ¤
Estava encucado com uma coisa que Noya-san me perguntou há umas boas semanas atrás, e não conseguia tirar essa questão da cabeça até hoje.
Na verdade, eu não tirava era Hinata da cabeça por causa disso. Já estava enlouquecendo.
Estávamos todos sentados na área perto da quadra onde tinham umas árvores, e Nishinoya me viu ter uma mini-discussão com Hinata por alguma implicância que havíamos criado - a esse ponto, nem me lembro sobre o que se tratava -, e então, minutos depois quando estávamos sozinhos, ele simplesmente jogou a bomba pra cima de mim.
"Dizem que onde há muito ódio há também muito amor, viu?", ele disse, dando uma risadinha no final.
Acho que minha expressão foi bem estranha, tanto que no final ele tentou explicar o que queria dizer.
"Escuta, não precisa ficar assim Kageyama! É só que..."
"Eu não o odeio", retruquei, pensando seriamente no assunto. "Ele só... me irrita, eu acho."
Por incrível que pareça, Noya pareceu entender o que eu quis dizer. Ele deu a última mordida no sanduíche de salada e frango que havia trazido para o almoço, e falava comigo ao mesmo tempo que limpava a boca com um guardanapo.
"Mas enquanto joga, com quem você entra em mais sintonia?"
Essa acabei respondendo rápido, porque não tinha muito sobre o que pensar.
"Com Hinata."
Ele sorriu, arremessou o guardanapo no cesto de lixo ao nosso lado e continuou a perguntar.
"E entre todos do time, quem você acha que confia mais em você e conhece melhor o seu potencial?", perguntou, e minha resposta...
Simplesmente não veio.
Ele tossiu, tentando se explicar novamente.
"N-Não é que não confiamos em você, muito pelo contrário Kageyama-kun, mas..."
"...Hinata.", respondi, e desta vez minha voz saiu em um sussurro. Não é que tivesse que pensar muito mais na resposta do que antes, mas ficava mais difícil admitir que tínhamos tantos pontos significanticamente fortes em comum daquela forma tão direta.
"Então por que os dois brigam tanto na maioria do tempo do dia a dia, mas nas situações sérias e mais importantes pros dois, como no vôlei, vocês se encaixam tão bem?"
E esta era a questão que ficou girando na minha cabeça, sem nenhuma resposta.
É claro que nos últimos dias por mais que eu tentasse ser observador, a única coisa que percebi foi que que as coisas com Hinata simplesmente... fluíam. Quando parava para analisar, toda a situação já tinha acontecido - as brigas, os passes, as conversas corriqueiras -, e não sabia dizer o que me levou a agir de tal maneira com ele.
E isso tudo me levava ao seguinte impasse: com toda essa história, o que passei a observar ao invés da relação de "pseudo-amizade" que tínhamos, foi o Hinata em si. O Hinata, por inteiro.
Notava o tom de voz mais fino quando ele ficava impressionado com algo no jogo. A pele pálida das coxas, mais branquinha do que a do resto do corpo. Seus lábios, que ele cismava de umedecer com a língua a cada instante quando ficava ansioso ou nervoso. Os músculos da barriga, de quando ele pulava e a blusa subia um pouco além do que deveria. As mãos, tão delicadas quanto a de uma garota - de uma forma que se eu não conhecesse não acreditaria que ele era capaz de dar cortadas tão rápidas com aqueles dedinhos tão finos -, e... todo o resto.
Puta merda, eu não sabia o que estava acontecendo comigo.
No dia em que ele me chamou para treinarmos cortes até mais tarde, foi o ápice da questão.
Quando Hinata Shouyou se jogou no chão, suado, ofegante e com as bochechas vermelhas de cansaço, por um momento eu havia esquecido que ele estava assim por causa do treino, e não exatamente por causa de mim. No instante em que comecei a imaginar como seria se tivesse sido por mim, me joguei no chão assim como ele, e fiquei ainda mais alterado do que já estava.
Já no momento em que Hinata perguntou o porquê de continuar levantando para ele mesmo quando eu sabia que nós dois já tínhamos alcançado nossos limites, soube que era porque eu também queria mais. Não mais dos cortes, mas mais de Shouyou. Queria que ele desse o seu máximo, e queria ser capaz de dar 100% dos passes que ele queria, assim como Oikawa me disse para fazer uma vez.
E eu o fiz sem reclamar e sem medir as consequências.
Estávamos voltando para casa e eu o chamei para dormir na minha casa, o que também foi uma surpresa. Não soube dizer se era porque estava imaginando coisas... "avançadas" - acho que não era para tanto -, se era porque eu me importava com ele, ou se era porque realmente o garoto estava destruído. Na verdade, sentia que era uma mistura dos três; só não sabia a proporção certa de cada coisa. Por isso, quando ele negou, não chegou a me abalar tanto. Nem eu sabia o que teria acontecido caso ele realmente tivesse ido, então preferia não arriscar.
Bem, pelo menos por enquanto.
Eu precisava saber primeiro o quê exatamente eu sentia pelo moleque. E aí sim tomaria alguma decisão, e provavelmente o chamaria para dormir na minha casa de novo.
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¤ Hinata ¤
O fim de semana passou em um piscar de olhos. Assisti a natação de Natsu pela manhã, e logo depois levei-a para almoçar fora com o dinheiro que nossos pais haviam deixado para nós dois. Ela tinha adorado; era a oportunidade perfeita para se entupir de batata fria sem a mamãe por perto.
Depois, à tarde, fiquei brincando de recorde com ela no quintal com uma bola leve para a sua idade, e era engraçado o quanto aquela menininha parecia comigo quando jogava. Seus olhinhos brilhavam quando eu levantava a bola perfeita, e quando ela deixava a bola cair sem querer, um bico se formava em seus lábios.
- Mais uma vez! - Ela gritava para mim, assim como eu fazia com Kageyama quando jogávamos juntos.
E por falar em Kageyama...
Me distraí por um mísero segundo, e foi tempo suficiente para Natsu acertar a bola no ossinho do meu nariz.
- Onii-chan, desculpa! - Ela exclamou, e veio correndo abraçar minha perna (que era o que ela alcançava com aquela altura).
- Está tudo bem, a culpa foi minha! - Disse, afagando-lhe os cabelos ruivos. - Sorte sua que a bola é levinha... sua mira foi perfeita, Naa-chan! Parabéns!
Ela levantou a cabeça e olhou pra mim. Depois, abriu o sorriso mais brilhante do dia, daqueles que até os olhinhos se fecham.
Continuamos jogando até entardecer, e depois do banho, a energia de minha irmãzinha já tinha ido embora. Ela pegou uma pelúcia e se embolou no cantinho do sofá para ver seu programa de TV favorito, e servi nossa janta que já estava preparada por mamãe desde o dia anterior.
Aproveitei para usar a internet no pouco tempo que me restava praticamente sozinho em casa, e olhei as redes sociais até que meus pais chegassem em casa, sem achar nada de muito interessante.
O dia de domingo não foi muito diferente em questão de rapidez. Tirei a manhã inteira para dormir e fiquei a tarde inteira estudando. As provas seriam dali a duas semanas, e eu tinha que me recuperar das notas baixas que havia tirado nos testes anteriores, senão isto acabaria me comprometendo no vôlei.
Mordi a ponta no lápis no meio dos milhões de exercícios de álgebra quando meus pensamentos subitamente voaram para longe dali e daquela matéria, aterrissando em um um solo repleto de cabelos pretos e olhos azulados por todo o lado. Me peguei pensando em Kageyama de novo, e mais especificamente no seu convite para dormir em sua casa.
Caso ele me convidasse de novo, desta vez eu aceitaria. Mas em que outra condição isso aconteceria de novo?! Era muito improvável que ele me chamasse de novo, do jeito que Kageyama era.
No instante seguinte em que pensei isso, meu celular vibrou indicando nova mensagem. Achei que fosse de Sugawara-kun falando alguma coisa sobre o time, mas quando li de quem era, meu coração parou por um momento para depois voltar a bater freneticamente, soando como as batidas de um tambor.
Kageyama Tobio
Quer treinar de novo sexta que vem?
às 17:56h
Meus dedos deslizavam sobre o teclado tão rápido que nem li o que estava escrevendo direito.
Hinata Shouyou
É a lriwmira mensagem em meses que Bic me.mansa!!!!!!!!!!!!!
às 17:56h
Kageyama Tobio
???
às 17:57h
Hinata Shouyou
primeira*
você me manda**
Desculpa, o corretor não colaborou muito com a minha pessoa, hehe :3
às 17:58h
Kageyama Tobio
...
Vamos treinar ou não?
às 17:58h
Hinata Shouyou
Kageyama-kun, para de ser chato!! ><
Na verdade acabei de lembrar que segunda que vem começam as aulas... Então temos que estudar!
ás 18h
Kageyama Tobio
Você dorme aqui sexta e sábado e estudamos juntos durante o fim de semana, ué.
A matéria é a mesma, esqueceu?
às 18:02h
Larguei o celular assim que li a mensagem e fui correndo falar com minha mãe antes que ela marcasse algum compromisso pra mim. Do contrário, ela sorriu e concordou; disse que não trabalharia e poderia ficar cuidando de Natsu o fim de semana inteiro.
Hinata Shouyou
Ok *///*
Sua mãe deixou? Eu já falei com a minha!
às 18:10h
Kageyama Tobio
Falei, e ela deixou
Mas meus pais vão viajar na segunda e só voltam daqui a duas semanas
Não tem problema de ficar sozinho comigo, não é, Hinata?
às 18:11h
Engoli em seco, encarando a tela do celular completamente boquiaberto. Sua última mensagem havia me pegado de surpresa, e era como se estivesse escutando sua voz dizendo aquelas palavas enquanto as lia. Eu e Kageyama já tínhamos ficado sozinhos juntos diversas vezes, mas ultimamente as coisas estavam meio tensas entre nós dois e eu não sabia dizer muito bem o motivo. Embora brigássemos a cada instante, ficávamos cada vez mais próximos um do outro com o passar dos dias. Hoje em dia eu sabia dizer se Kageyama estava bem ou não só pelo seu olhar, mas por mensagens já era difícil dizer, porque nunca tínhamos conversado pela internet antes.
Digitei uma resposta rápida antes que ele me batesse pela demora.
Hinata Shouyou
Não tem problema
Vou levar roupa, toalha e kit de higiene. Acho que é só isso, né?
às 18:18h
Kageyama Tobio
A não ser que você durma com um bichinho inseparável ou coisa assim.
às 18:18h
Hinata Shouyou
KAGEYAMA!!!!
_,,, ^._.^,,,_
às 18:18h
Kageyama Tobio
O que foi?
E o que é isso que me mandou por último?
às 18:19h
Hinata Shouyou
Um gatinho em cima do muro olhando essa sua zoeira comigo aí
às 18:19h
Kageyama Tobio
Eu falei sério, Hinata Idiota!!
Sabia que é assim que seu número está salvo no meu celular? >:)
BOKE
às 18:20h
Kageyama Tobio está off-line
Respirei fundo, ainda besta dele ter usado alguma rede social (ainda mais o Messenger) só pra falar comigo. Será que aquilo estava o perturbando tanto que ele não aguentou esperar para me perguntar amanhã na escola?
Não. Claro que não, eu estava ficando louco.
Mas será por que então essa ideia me agradava tanto?
Eu não sabia dizer. Kageyama estava criando tantos pontos de interrogação em mim ultimamente...
Ao invés de voltar a estudar, me inclinei sobre a escrivaninha e acabei pegando no sono com a cabeça entre os livros e minhas anotações da aula de inglês.
¤♡¤♡¤♡¤
¤ Kageyama ¤
Até chegar sexta-feira, o decorrer da semana teve seus prós e seus contras.
A parte posivita era que todos do time já havíamos nos acostumado com o ritmo do treino mais pesado, e além disso, eu já conhecia cada jogador o suficiente para dar o levantamento perfeito para cada um, independentemente de quem fosse. Já com Hinata, suas cortadas tinham cada vez mais controle, mas ele continuava cometendo os mesmos erros estúpidos de sempre, como errar no saque ou a recepção.
- Vamos treinar isso na sexta, então não se preocupe por ter errado agora - eu disse, quando ele sacou uma bola pra fora da quadra na terça-feira, me esforçando muito para reprimir um revirar de olhos e o meu tão usual "Hinata idiota!".
Naquele momento, notei que todo mundo tinha parado de jogar por um instante. Olhei para Hinata e ele ficou me encarando com aqueles olhinhos castanhos tão brilhantes, com uma expressão de surpresa e felicidade no rosto.
Eu reagi como se tivesse comido algo azedo.
- Ei, Kageyama, não faz essa cara! - Sugawara-san gritou do outro lado da rede. - Isso foi muito legal da sua parte!
Eu franzi as sobrancelhas.
- Mas o que eu fiz...?
- Vindo do "Rei", isso foi quase um elogio... - Tsukishima murmurou ao meu lado, me provocando com aquele sorriso irônico no rosto.
Rosnei para ele por ter me chamado de "Rei" e voltei a fitar Hinata. Ele parecia tão fascinado quanto estava há segundos atrás, confirmando o que o sabichão quatro-olhos tinha falado.
- Ele continua fazendo merda nos saques e eu só disse que vamos treinar até ele deixar de fazer merda. O que tem de mais nisso? - Gritei, irritado pela forma que Tsukishima me tirava do sério com tanta facilidade. De contrapartida ele só riu, ainda mais sarcástico depois das minhas palavras.
Hinata notou que meu tom de voz tinha se alterado e fez bico. Começou a mexer na barra da blusa, nervoso.
- É que você sempre me chama de idiota ou imbecil quando eu erro algo ridículo assim...
No ímpeto do momento, me deu uma vontade enorme de abraçá-lo, porque ele realmente parecia sentido com a forma que eu o tratava. E com razão. Nunca soube lidar com elogios (nem dar e nem recebê-los), mas sempre soube reclamar e cobrar dos meus parceiros de time o que eles faziam de errado. Por mais que eu tivesse mudado muito a forma de pensar e agir nos últimos meses, vi que o modo que agia com Hinata especificamente não evoluíra muito.
Olhei para Noya-san, que estava atrás de Hinata em sua posição de líbero, e ele ergueu uma sobrancelha para mim como se soubesse exatamente o que eu estava pensando.
A questão é que eu não era assim com ninguém de Karasuno além de Hinata. Nenhum erro de alguém me tirava ao sério ao ponto de xingar, e nenhum acerto me deixava com uma sensação tão... orgulhosa dentro do estômago.
Hinata era a minha exceção.
- Me desculpa - balbuciei assim que cheguei à conclusão nos meus pensamentos. - Você tem melhorado muito, Hinata. Sou eu que cobro demais de você.
A expressão de todos na quadra foi de puro choque, inclusive a de Hinata. Seu rosto começou a ficar vermelho, e no segundo seguinte, seus olhos explodiram em lágrimas.
- EI, HINATA! - Gritei, sem saber o que fazer. Corri até ele, extendi as mãos e segurei seus ombros, que se encolheram ainda mais ao meu toque.
Eu estava ficando nervoso. Será que ele estava chorando por tanta pressão que eu tinha feito desde que nos conhecemos? Será que eu tinha falado algo de errado? Será que...
Enquanto um milhão de coisas se passavam em minha mente, sem paciência, segurei seu rosto com as duas mãos e o ergui até que pudesse olhar em seus olhos.
E Hinata, na verdade, estava chorando de felicidade.
- K-Kage...yama!... - ele sibilava, entre o choro.
Era uma reação exagerada ao meu ver, e a minha falta de habilidade em consolar alguém era uma nota abaixo de zero, sem dúvidas.
Mesmo assim, permiti que Hinata me abracasse.
Aquele abraço foi o máximo de contato que tivemos em meses, e eu não sabia muito o que fazer. Era como se Hinata estivesse abraçando um poste de tão imóvel e sem reação que eu estava, mas dentro de mim, eu estava em transe com aquilo tudo.
Ficamos assim por um tempo até que lembrei que não estávamos sozinhos. A quadra estava toda em silêncio - se não fosse pelos soluços de Hinata em meu ombro -, e quando olhei em volta e vi que todo mundo olhava fixamente para nós, me desvincilhei de seus braços o mais rápido possível, como se tivesse levado um choque de realidade. Voltei correndo para o meu lugar sem falar um "ai" sequer, agindo como se nada tivesse acontecido.
Mas ninguém se movia além de mim.
Minhas bochechas arderam em brasa.
- Mas... que... porra foi essa...? - O técnico Ukai-kun perguntou, tão assustado com o que aconteceu como todo mundo.
E então foi uma chuva de vozes para todos os lados.
- O Kageyama...
- Ele abraçou o Hinata assim?...
- O que foi isso?...
Quando reconheci a voz se Nishinoya dizendo "é o amor", saí do meu estado de choque em um instante.
Me virei para encarar Noya-san atrás de mim. Todos voltaram a atenção para mim novamente - eu estava ardendo de raiva -, e eu juntei todas as minhas forças para gritar:
- VAMOS JOGAR OU NÃO?
E então, finalizei sorrindo.
Voltamos a jogar no milésimo de segundo seguinte.
O decorrer do treino foi tenso para todos, mas eu procurava continuar agindo como se nada tivesse acontecendo. Já Hinata parecia brilhar, e não errou mais nada até que Daichi-kun anunciasse o fim do treino. Evitei olhar para Noya-san, porque se o fizesse, ia ter que encarar a verdade esfregada na minha cara.
E a verdade era que eu gostava de Hinata.
Gostava como alguém além de um jogador de vôlei, além de um colega de classe, além de amigo. Eu o desejava como um cara deseja uma namorada.
E essa foi a parte ruim do decorrer da semana. Ter que lidar com esse fato na minha mente toda hora que eu olhava Hinata, sabendo que estaríamos sozinhos no treino na sexta, e que ele dormiria na minha casa durante dois dias seguidos. Mas incrivelmente, não tocamos mais no assunto do abraço do treino de terça, e nem do final de semana.
Era inquietante não poder falar com alguém sobre isso - a única pessoa que eu confiaria o suficiente para contar que eu estava apaixonado pelo Hinata era o próprio Hinata -, como também era inquietante não poder tomar nenhuma atitude. Afinal, ele era um homem. A ideia parou de me assustar no instante que assumi gostar do garoto, mas o que me impedia era não saber se era recíproco de sua parte. Hinata já cansou de dizer o quanto tal menina era bonita (embora gaguejasse horrores quando dizia isso), e em contrapartida, nunca achei interesse em ninguém em especial.
É claro que em questão de hormônios sentir desejo era inevitável, mas o normal até para mim era pensar em um corpo feminino quando me tocava, devo admitir. Era o suficiente para me satisfazer naquele momento, mas para mim, corpos eram só corpos. Era tudo igual. O que mudava era a pessoa dentro dele, e realmente, ninguém tinha me chamado a atenção desta forma.
Só Hinata.
Tentei descobrir se eu tinha desejo por corpos masculinos em geral, mas a ideia me fez estremecer tanto quanto quando pensava em corpos femininos. Corpos eram apenas corpos - só o que carregavam entre as pernas que era diferente - e continuava sendo tudo irrelevante para mim.
Assim, vi que Hinata não era minha exceção apenas no vôlei. Saber disso na teoria era simples, mas lidar com o fato na prática...
Era complicado, se tudo que Hinata fazia era como um convite para que eu o beijasse.
¤♡¤♡¤♡¤
¤ Hinata ¤
Acordei na sexta-feira pela manhã com olheiras tão profundas sob os olhos que Natsu chegou a perguntar se eram hematomas de alguma briga que havia me metido. Não tinha conseguido dormir a noite inteira pensando no treino com Kageyama e no "depois", onde dormiria na sua casa.
Mesmo cansado pelas poucas horas dormidas, eu estava em estado de frenesi.
O que aconteceu na terça só fez com que reafirmasse ainda mais o que eu sentia por Kageyama, e me dava um friozinho na barriga toda vez que pensava no assunto.
"Gostar de alguém". Só de falar, dava vontade de enterrar a cabeça num travesseiro e gritar um "AAAHH" bem alto.
Foi Nishinoya-senpai que viera conversar comigo sobre isso pela primeira vez, na quarta, depois do almoço. Eu ainda estava tão mexido sobre o abraço e as palavras de Kageyama que nem tinha conseguido prestar atenção na aula direito, e Noya-san, vendo meu estado de distração, foi direto ao ponto.
- Você está assim por causa de Kageyama-kun, não é, Hinata?
Ao contrário do que eu pensei que faria enquanto dizia isso, Noya falava sorrindo de orelha a orelha. Sua reação me fez corar instantaneamente.
- N-Não é nada disso do que está pensando! Q-Quer dizer, eu... - comecei a falar, sem achar as palavras certas. - Eu...
- Você está gostando dele, está sim! - Noya me interrompeu, rindo como se tivesse ganhado na loteria. - Olha esse sorriso bobo aí no seu rosto! Há, eu sabia!
- O quê?!! - Exclamei, levando as mãos à boca. - Nem eu sabia que estou gostando dele, como você pôde saber antes de mim?!
- Você esqueceu, Hinata? - Ele perguntou, logo em seguida ficando de pé e apontando para si mesmo. - EU sou o seu senpai! Eu sei de tudo!
- Oh, é mesmo!! - Sorri, olhando para ele com admiração.
Ele continuou sorrindo, até que se aquietou um pouco.
- Ei, Hinata - Ele disse, voltando a se sentar no banco onde eu estava. - O que você vai fazer agora?
A pergunta me pegou de surpresa. O que eu faria, agora que descobri que gostava de Kageyama...?
- Hm... Não faço a mínima ideia, Noya-senpai. - Fui sincero.
- Mas pelo o que eu ouvi ontem, vocês não vão treinar juntos na sexta? - Ele perguntou, parecendo realmente ter prestado atenção no que aconteceu na quadra.
- Vamos, mas não é nada demais - afirmei. - Depois vou passar o final de semana na casa dele, e...
- O quê? Sério que você vai dormir na casa dele?!!
- Sim! Mas os pais deles não vão estar em casa, então...
- Ele te convidou sabendo que estariam sozinhos por tanto tempo?
- Sim...
Desisti. Ele me interrompia a cada frase que tentava dizer.
- Hinata, é a oportunidade perfeita para você falar o que sente! - Noya levantou de novo, exalando animação.
Mordi a boca e olhei para os lados com medo de alguém ter nos escutado, e agradeci aos céus por não ter ninguém por perto o suficiente para escutar nossa conversa.
- C-Claro que não! Ele nem gosta de... garotos - eu disse, num tom de sussurro. - Ainda mais gostar de mim! Eu não sei o que houve ontem, mas você sabe da implicância que ele tem comigo!
Noya fez um "tsc", estalando a língua para o que eu tinha dito.
- Você sabia que dizem que onde há muito ódio há também muito amor?
Eu corei de vergonha mais uma vez com suas palavras, escondendo o rosto com as mãos.
- N-Nishinoya-senpai!!...
- Mas é verdade! Olha, você conhece o Kageyama melhor que qualquer um, mas o "Kageyama que gosta de alguém" é um ministério até mesmo pra você. Se é assim, por que você não tenta descobrir mais sobre esse lado dele?
Eu refleti um pouco sobre o assunto. Era verdade.
- E como eu vou fazer isso?
- Ué, pergunte a ele - Noya-san deu de ombros, como se fosse simples demais. - Aproveita o tempo que vocês tem sozinhos e pergunta se ele já saiu com alguma menina, se ele gosta de alguém... Você pode até pedir conselhos pra ele, embora eu ache que no quesito amoroso ele não saiba muita coisa, mas pelo menos você descobre mais sobre ele. E se achar que é a hora certa, conta pra ele que você gosta dele!
- AAAAHHH! - Exclamei. Ainda não estava acostumado com o termo "gostar de Kageyama". Eu não o suportava até começarmos a jogar juntos, minha nossa! - Ok, Noya-kun... Eu vou tentar. Mas não garanto nada. Kageyama-kun parece ser do tipo que gosta de um rabo de saia, isso sim.
- Sério? Pra mim ele não parece ser muito do tipo que se importa com essas coisas.
E então o sinal tocou, e tanto eu quanto Nishinoya-senpai tivemos que sair correndo para nossas salas.
Depois disso, no dia seguinte, depois do treino do time, Sugawara-kun veio falar comigo sobre Kageyama. Ficamos conversando por um tempo e eu acabei lhe contando que gostava dele, embora às vezes a implicância que tínhamos um com o outro passasse por cima de qualquer coisa.
Da mesma forma que aconteceu com Noya, ao contrário do que imaginei - desta vez estava esperando uma bronca por estar pensando em um parceiro de time daquele jeito -, Suga-kun afagou o topo da minha cabeça. Disse que não havia nada de errado comigo por gostar de alguém, mesmo que fosse de outro garoto. Ele me confessou que diferente de mim, desde sempre nunca teve interesse em garotas, mas que nunca viu isso como um problema. A primeira pessoa em que contou isso foi para Daichi, e ele o aceitou da forma que era.
- Sabe... Pra falar a verdade, eu gosto do Daichi assim como você gosta do Kageyama - Ele sussurrou, e eu fiquei boquiaberto. Ele riu e levou a mão até a meu queixo, fechando minha boca. - Fecha a boca senão entra mosca!
- É que... Eu nunca notei nada entre vocês dois! - Eu disse, tentando me lembrar de algum sinal em alguma lembrança da minha mente, mas não encontrei nada. - M-Mas vocês... namoram?
Ele ficou constrangido, e se encolheu um pouco.
- S-Sim... Mas começamos há pouco tempo, porque não tive coragem de contar o que sentia por ele antes, e ele pensava que eu o via só como amigo - falou enquanto ajeitava no chão, chegando mais perto de mim. - Por isso que estou conversando com você, Hinata. Para você não cometer o mesmo erro que eu cometi em esconder isso por tanto tempo, achando que tinha algum problema comigo mesmo. Entende?
Fiz que sim com a cabeça, e depois Sugawara-kun me deu um abraço. Fui para casa mais relaxado naquele dia; mas em compensação, a conversa me prendeu tanto que me fez ficar matutando isso a noite inteira.
O que me fez acordar cansado demais na sexta. Logo no dia "D"!
Tomei cuidado para não esquecer de colocar nada dentro da mochila, e saí de casa de bicicleta. Esperava que Kageyama não tivesse esquecido do convite que me fez de ir à sua casa, porque não era possível estar carregando aquele peso extra todo à toa.
¤♡¤♡¤♡¤
¤ Kageyama ¤
Na sexta-feira, Hinata estava simplesmente inquieto. Conseguia ver isso na forma em que andava pelos corredores, e, no treino, pelo jeito em que agia dentro de quadra. Também, não era sua culpa. A última vez que havia comentado sobre o nosso treino foi na terça-feira quando aconteceu aquilo tudo, e sobre dormir na minha casa foi só no dia em que o chamei - pelo Messenger, ainda por cima. Esperei o alongamento final acabar e me aproximei dele.
- Ei, Hinata.
Ele estava sentado, com as pernas esticadas na frente do corpo e tentando encostar a cabeça nos joelhos. Quando o chamei, praticamente pulou de susto.
- Ah, oi, Kageyama-kun!
Estávamos sozinhos; todos já tinham ido se trocar no vestiário.
- Então... - Comecei a falar, desviando o olhar de seu rosto vermelho e suado. - Você trouxe tudo, não trouxe?
- Para dormir na sua casa? Sim... Cheguei a checar duas vezes para ver se não tinha esquecido nada!
- Oh, tudo ok então. Daiichi me deu a chave da quadra, então vamos poder treinar aqui. Nem precisava se alongar se vamos continuar jogando.
- Ahn... - Ele olhou para as próprias pernas. - É que de ficar pulando e correndo tanto para compensar minha altura, minhas pernas cansam demais. E não dormi muito bem essa noite...
Lembrei-me de que tinha perguntado onde Hinata estava na hora do almoço, e Tanaka-san havia me respondido que ele tinha ido tirar um cochilo na biblioteca. Achei que Hinata estivesse de brincadeira, mas agora conseguia notar suas olheiras sob seu olhar cansado, então sabia que era verdade.
- Mas você está bem pra continuar treinando? - Perguntei, preocupado.
Ele olhou pra mim confuso.
- Mas é claro! Eu... Eu quero treinar com você, Tobio.
Arregalei os olhos, e quando Hinata notou que havia me chamado pelo primeiro nome, suas bochechas ficaram da cor de um tomate. As minhas também não deveriam estar muito diferentes, porque senti meu rosto arder.
Estávamos ambos constrangidos, olhando tudo ao redor menos o rosto um do outro.
- Anh, er... Então, Tob-, quero dizer, Kageyama-kun...
- Tá, tá, tá - eu disse, virando-me de costas e indo até o meu lado da quadra que usaria para sacar. - Levanta daí e vai pegar as bolas logo, anda.
- O-Ok!
Hinata pareceu ainda mais envergonhado que eu enquanto corria em busca das bolas, e meus lábios de curvaram em um sorriso discreto rapidamente. Ele me chamando de Tobio de forma repentina foi o melhor presente surpresa que poderia ter ganhado naquele dia. Mesmo assim, fiz questão de voltar ao normal antes que ele me visse sorrindo por uma coisa tão simples como aquela.
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