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História Le Noir - C02: Couleurs Chaudes


Escrita por: SraBangster

Notas do Autor


couleurs chaudes = cores quentes

Hey! Primeiramente, peço desculpas pela demora. Tenho a mania de me empolgar com as coisas de início e depois acabar deixando de mão. Porém, me comprometi em terminar essa fic, e eu a terminarei exatamente como a outra de BTS ainda em andamento no Social Spirit. Amém.

Muito obrigada pelos comentários do capítulo passado, e saibam que queria muito dar um beijinho na testa de cada ser humaninho que comentou! ♡

Enfim, boa leitura à todos!

Capítulo 2 - C02: Couleurs Chaudes


¤Hinata¤

Ao contrário do que imaginei, Kageyama não agiu diferente comigo durante o treino: continuou sendo o mesmo capricorniano coração de gelo de sempre.

Estávamos em lados contrários da quadra, onde ele começou sacando. Eu deveria receber o saque do outro lado e em seguida levantar para mim mesmo de forma que a bola ficasse perto da rede, para assim, poder saltar e cortar. Kageyama fazia a mesma coisa: receptava, levantava, cortava. Quem deixasse a bola cair perdia, e quem ganhava deveria sacar novamente.

À essa altura do treino, eu tinha sacado apenas seis vezes (onde uma vez a bola foi curta demais, a outra foi pra fora, e a última foi de encontro com a rede), enquanto Kageyama sacou todas as outras dezenove de nosso set imaginário. Como não tinha nenhum bloqueio pelo o objetivo do treino ser exatamente a recepção da bola, quase sempre era pego de surpresa por suas fintas. Já quando conseguia receptar seus cortes, ele sempre fazia questão de revidar os meus e acertar a bola com força no chão no ataque seguinte. Era de dar raiva tamanha habilidade que Kageyama Tobio tinha para o vôlei.

Um dos pontos que perdi para ele foi quando fiz um levantamento e fechei os olhos na hora de cortar, mas calculei mal o posicionamento ao levantar a bola e acabei cortando o ar. Caí com os dois pés no chão me desequilibrando um pouco no final, e olhei a bola quicar no meu lado da quadra.

- Argh! - Exclamei, visivelmente chateado. Sempre era tão fácil fechar os olhos e cortar quando o levantamento era de Kageyama pra mim que nem tinha pensado na possibilidade de errar. - Outra vez! Vou acertar na próxima.

- Por que está fechando os olhos para um levantamento desses? - Perguntou, logo em seguida.

Fitei Kageyama e ele estava com a mesma aura assustadora de quando faço algo tremendamente errado durante jogo. Comecei a suar frio na hora.

- Eh? Eu não sei, ué.

- Você se acha tão bom ao ponto de fechar os olhos e acreditar no próprio levantamento? - Seu tom de voz não era nada amigável.

- Não, claro que não!

Ele franziu as sobrancelhas, mais irritado ainda com minha resposta.

- Então é assim com todo mundo, idiota?

Engoli em seco, sem saber o que responder de primeira. Kageyama estava realmente com raiva, mas não parecia ser pelo fato de ter errado por simplesmente não ter conseguido acertar a bola. Ele parecia magoado por ter fechado os olhos, assim como faço toda vez que recebo seus levantamentos. Ficou da mesma forma quando disse que para evoluir no vôlei, eu deveria conseguir abrir os olhos quando tivesse no ponto mais alto, para que assim pudesse ter mais chances na luta no ar. Eu não estava errado - tanto que ter melhorado nesse aspecto foi essencial para nossas vitórias seguintes -, mas mesmo assim, ele pareceu um tanto magoado.

Era quase como se ele sentisse que não fosse suficiente para mim...

E de repente, me veio à mente a ideia de Kageyama estar com ciúmes. Mas depois, a ideia me pareceu um pouco estúpida. Afinal, Kageyama sentia ciúmes de levantamentos?

Ele ainda olhava para mim enquanto me perdia em meus pensamentos, e senti minhas bochechas corando de vergonha. Comecei a desviar o olhar de seu rosto, encarando meus próprios pés e gaguejando ao mesmo tempo.

- É que... Ahn... N-Não é isso, é só que...

- Ok - ele disse, ríspido. Se agachou para pegar a bola e continuou. - Não precisa falar nada. Eu saco agora.

Mordi os lábios. Estava entendendo tudo errado!

- Kageyama, não é isso! - Comecei, procurando não medir muito as palavras. Soltei-as como um foguete. - É que... Já estou tão acostumado com seus levantamentos sempre tão certeiros para mim, que pulei sem nem pensar se alcançaria a bola ou não.

Ele analisou cada palavra que havia dito, quicando a bola com calma. Seu rosto havia amenizado um pouco, embora seus olhos ainda fossem assustadores. Parecia estar acreditando em mim. Sendo assim, continuei a falar.

- Eu nunca tenho saída para ganhar além de acreditar nos seus levantamentos. Sem eles, eu não tenho chance nenhuma de vencer - disse, constrangido.

A verdade era que odiava ter que admitir aquilo em voz alta, mas não tinha como negar: Kageyama era o melhor jogador de todos ao meu ver, e ele conseguia despertar o melhor em mim de uma forma que ninguém conseguia fazer. Fingi uma tosse para ver se parava de ficar tão envergonhado, mas tinha que terminar o que queria dizer. Respirei fundo e terminei de falar.

- Eu preciso de você, Kageyama.

Ele parou imediatamente de quicar a bola. Ficamos nos encarando enquanto o silêncio se alastrava ao nosso redor, e assim pude perceber o quanto Kageyama parecia lutar contra tudo naquele instante: contra as próprias expressões, as palavras, os pensamentos. Ele foi pego desprevenido por mim, e tinha simplesmente paralisado.

Continuei o observando, incapaz de desviar o olhar. Seu olhar parecia tão confuso, mas ao mesmo tempo tão misterioso. Eu pagaria um picolé só para saber o que ele tanto pensava naquele momento.

- Só confie em mim. E só aí, pule. - Ele quebrou o silêncio. Sua voz parecia calma, mais controlada do que antes. Notei o tom de ênfase quando disse " confie em mim", e em compensação, eu sorri.

- Vou confiar em você!

Notei seus lábios se contorcendo em algo que me lembrou um sorriso, e aquele gesto simples aqueceu meu coração pelo resto das horas que tivemos juntos. E assim, ele virou de costas e foi sacar, sem falar mais nada.

Nosso treino continuou sem interrupções, mas vez ou outra parava para observar a postura sempre tão perfeita de Kageyama, ou me distraía olhando os músculos de sua coxa quando ele pulava e o short levantava um pouco mais do que deveria. De vez em quando era flagrado e tentava disfarçar da melhor forma que podia, visto às circunstâncias. Bom, pelo menos Kageyama não falava nada e não me deixava ainda mais envergonhado do que já ficava quando era pego.

Os minutos foram passando mais rápido do que imaginei, e antes que tivéssemos nos dado conta, o celular de Kageyama começou a tocar devido ao alarme que ele programou para indicar o fim do treino. Começamos a guardar as bolas e a limpar a quadra, passando pano com um desinfetante que achamos na sala de materiais. Eu fazia tudo com o máximo de calma possível, tentando arrastar o tempo que tinha ali. O quanto mais perto ficava da hora de ir à casa de Kageyama, mais nervoso eu ficava.

Assim que terminamos, soube que não tinha mais escapatória: tinha chegado a hora de ir.

Kageyama se aproximou de mim segurando sua mochila em apenas um ombro, enquanto eu guardava minha garrafa d'água e outros pertences dentro da minha.

- Ei - chamou, a franja escura caindo sobre os olhos. - Prefere tomar banho aqui ou lá em casa?

- Ah, sei lá - dei de ombros. - O que você preferir, eu acho.

- Já estamos aqui, acho que não tem problema em tomar no vestiário.

Pensei sobre a proposta e acabei aceitando ao perceber que era uma boa ideia.

- É bom que quando chegarmos na sua casa só vamos comer e dormir - comentei.

Kageyama olhou para mim com a expressão surpresa e soltou uma risada grossa que estava mais para um grunhido. Me arrepiou por inteiro. Ele não era de rir assim, à toa.

- Aham, claro. Comer e dormir.

Não entendi a ironia em suas palavras, mas deixei pra lá. Resolvi dar uma brecha para as implicações, já que o nervosismo tinha tomado conta de mim por inteiro e não valia à pena uma discussão pra colocar tudo por água abaixo.

Sendo assim, fomos até o vestiário da quadra que era bem simples como qualquer outro. Depois de abrir a porta de entrada, à direita tinham três pias (onde, amém, sempre tinha sabonete disponível), com um espelho grande em cima. Logo à frente das pias se localizavam três mictórios, e nas extremidades das paredes, duas cabines com vasos sanitários individuais.

Seguir a porta da entrada se tornava um caminho para um pequeno corredor que terminava na parte mais interna do vestiário (e de maior área), que era destinada para banhos e possíveis trocas de roupa. Em uma das laterais existiam seis chuveiros, divididos por placas de mármore que possuíam portas que cobriam garotos de estatura mediana até o começo do peitoral - o que era ótimo, já que em muitos dos vestiários de outras escolas da província não possuíam porta alguma -. Logo à frente dos chuveiros tinham três bancos compridos com ganchos na parede acima, para pendurar mochilas, roupas, etc. A parede em frente à porta de entrada era um grande espelho, que refletia desde os bancos até as cabines dos chuveiros.

Apoiamos as nossas mochilas sobre os bancos ao fundo, e fui o primeiro a começar a me despir. Tirei os tênis, a blusa e os shorts, arrancando junto as meias. Estava com calor, e meu corpo ainda estava quente devido ao treino. Me virei para olhar o espelho que estava ao meu lado e notei meu rosto e certas partes do meu corpo vermelhas, principalmente os braços e as costas. Enrolei minha toalha ao redor do pescoço pronto para ir para o chuveiro e vestindo apenas a boxer, até que o comentário que Kageyama fez em seguida me fez parar por um instante.

- Você está roxo em alguns lugares.

Olhei para Kageyama sentado no banco, encarando diretamente as minhas costas e todo o resto do meu corpo. Seus olhos passeavam pela minhas costas, e pareciam sérios. Embora visivelmente ele estivesse prestando atenção apenas nos machucados, me senti totalmente exposto e constrangido. Quando todos nós do time tomávamos banho juntos não tinha muito essa história de vergonha; afinal, éramos um bando só, e ninguém ligava muito em ficar analisando o corpo do outro (tirando a exceção chamada Tanaka, que teimava em exibir o abdômen tão marcado e definido ao chamar a atenção de todos para si próprio). Mas agora era diferente. Eu e Kageyama estávamos sozinhos pela primeira vez em uma situação tão... íntima quanto um banho individual normal pode ser, por assim dizer.

- Ah, não se preocupe, eu fico marcado com facilidade - afirmei, olhando para a parte de trás das minhas pernas para ver se estavam roxas assim como as costas. - São todas marcas por causa dos jogos.

- Hm - ele murmurou, tirando os olhos dos meus hematomas.

Kageyama se levantou virou de costas para o espelho, arrancando a blusa. Enquanto isso, fingi estar procurando por mais machucados em minha pele e observei seu corpo através do reflexo no espelho.

Embora fosse magro e alto, Kageyama era muito mais definido que eu. Seus ombros eram largos comparado à cintura estreita, e os músculos das costas lhe davam uma silhueta masculina perfeita. Quando teve que se virar um pouco para guardar a blusa, observei os ossinhos de sua pelve protuberantes na barriga magra, delineando uma "entradinha" para suas partes baixas que me deixou completamente sem fôlego. Respirei fundo e resolvi me apressar para ir logo para o banho e não ter que presenciá-lo abaixando as calças, onde eu provavelmente perderia o controle.

- Kageyama - balbuciei, feliz por não ter gaguejado e dado ainda mais bandeira do que já estava dando. - Esqueci o shampoo, o condicionador e o sabonete em casa. Não sabia que iríamos tomar banho aqui, então nem me preocupei com isso. Me empresta os seus?

- Empresto. Segura aí - ele disse, se virando em minha direção e arremessando o shampoo no ar. Por mais que tivesse me distraído um pouco com a visão frontal de seu tronco desnudo, consegui segurá-lo. - Eu já tô indo, então me espera no chuveiro que daqui a pouco eu vou lá e te entrego o resto.

- Ok! - Sorri, virando de costas. Escolhi o quarto chuveiro e entrei sem fazer cerimônia.

Assim que fechei a porta da minha cabine, abri o registro e senti a água gelada respingar nos pés. Coloquei a cabeça debaixo d'água de uma vez só, sentindo o frio cobrir toda minha pele. Era refrescante, e ajudava a relaxar os músculos tensionados do treino.

"Ok", disse para mim mesmo, mentalmente. "Você conseguiu passar pelo treino sem falar nenhum 'eu acho que estou gostando de você'. Parabéns, Hinata, continue assim. Nada de dar brecha!"

Fiquei uns minutos ali, parado, só sentindo o jato de água forte bater contra meus ombros e tentando evitar pensamentos relacionados ao moreno ao máximo até que escutei passos na minha direção. Abri os olhos e vi Kageyama vindo até a cabine ao lado da minha.

O problema era que ele estava sem roupa alguma lhe cobrindo o corpo.

 

¤Kageyama¤

Hinata estava me desestabilizando durante todo o treino, e aquilo pouco a pouco estava me deixando louco. Minhas mãos suavam frio toda vez que tinha que segurar a bola e me preparar para o saque, mas não era nervoso pelo treino em si: a cada segundo ficava mais perto da hora de levar Hinata até a minha casa, e a ansiedade me consumia de dentro para fora.

Falaria para Hinata que estava - a palavra ainda me deixava com o pé atrás - apaixonado por ele? O pressionaria até que ele admitisse sentir a mesma coisa por mim? Não falaria nada e tentaria ao máximo reagir normalmente quando ele deitasse de bruços na cama e eu tivesse que ver aquela bunda tão redondinha a centímetros de mim sem que pudesse de fato apertá-la? Muitas questões além do vôlei se passavam em minha mente enquanto jogávamos.

Hinata ia melhorando aos poucos, mas somente um treino não faria milagre algum. Conforme ele se acostumava com o ritmo do jogo o seu controle de bola ficava cada vez melhor, mas seus saques continuavam péssimos. Decidimos marcar outro treino somente para saques, onde ele pudesse dificultar a recepção do adversário e etc. Fazer um ponto de saque ainda era uma etapa bem distante daquele ponto de onde estávamos começando.

Foi depois que meu despertador tocou que tive a ideia de tomar banho ali no vestiário. Poderia ter uma ideia da reação de Hinata caso tentasse algo de leve, e querendo ou não, ainda dava tempo dele desistir. Caso tentasse algo na minha casa e ele não gostasse, imagino a tortura que seria para ele esperar pela manhã para ir embora. E não era isso que eu queria que acontecesse, de jeito nenhum.

Se bem que vez em quando durante o treino havia reparado em um olhar ou outro dele para mim, mas não sabia identificar se era de admiração por alguma jogada ou se tinha algum outro significado. Me limitava a olhar Hinata quando tinha certeza de que ele estava distraído, e cada mordida nos lábios para melhorar sua concentração, cada jogada de cabelo para o lado para não desviar sua atenção do jogo, cada sorriso de quando se orgulhava de algo que fazia... Enfim, cada detalhe me fazia sair do meu estado normal.

Tinha pedido para Hinata ir tomando banho na minha frente porque precisei me recuperar do baque que foi assistí-lo se despindo, peça por peça. Assim que virou de costas para mim estando somente de cueca, foi que pude perceber os hematomas coloridos na tez pálida de tanta bolada que recebia e inevitáveis choques com outros jogadores durante os treinos. Mordi o canto interno da bochecha para voltar ao foco, mas a verdade é que ver a pele de Hinata daquele jeito me deu vontade de marcá-lo ainda mais, só que dessa vez com beijos, arranhões, chupões e mordidas.

Também tive que me preparar psicologicamente para o que estava prestes a fazer: 1) ficar completamente pelado na sua frente, e 2) de alguma forma, conseguir que tomássemos banho juntos, no mesmo chuveiro.

Tirei a cueca junto com o short sentindo as mãos tremerem de nervoso, porém me mantive firme. Olhei para Hinata, que ainda estava molhando o cabelo de costas para mim, e peguei o condicionador e o sabonete. Quando me escutou chegando perto, o ruivo abriu os olhos. Sua visão desceu um pouco mais além do meu umbigo, ele os arregalou assim que constatou que eu, o levantador de Karasuno, estava completamente sem roupas e sozinho à sua frente.

Falando nisso, eu dificilmente ficava com uma ereção sem ter sido estimulado antes, e de certa forma, agradecia pelo meu corpo não ser tão sensível quanto o normal. Obviamente meu auto-controle estava sendo muito mais do que testado naquele momento - porque simplesmente Hinata inteiro exalava um teor sexual inexplicável se banhando daquela forma -, mas estava me controlando o máximo possível. Bom, pelo menos me controlaria até ter certeza de que Hinata aceitaria algo também... Mesmo assim, não deixei de pensar em um "Obrigado!" ao meu próprio pau por ele ainda estar no primeiro estágio, me deixando menos envergonhado.

- Você nem passou o shampoo ainda, Hinata. - Comentei, puxando assunto e desviando sua atenção do meu membro.

Ele olhou para mim por cima da porta de sua cabine, fazendo bico. Seus cabelos quando encharcados perdiam as ondas, e agora parecia ser um manto laranja sobre o rosto delicado. Molhado, era possível ter uma noção do tamanho dos fios.

- Você precisa urgentemente de um corte - impliquei, segurando uma mecha com os dedos. Hinata levantou as sobrancelhas com meu gesto, criando uma ruguinha adorável em sua testa. - O que foi?

- Vai pra sua cabine, Kageyama - respondeu, na lata. O que era ótimo, porque sua impulsividade era um sinal de seu nervosismo.

Continuei sendo o mais cínico possível, empurrando a porta com as mãos e fazendo barulho.

- Por que? Anda, Hinata, abre essa porta.

- Não.

Ergui uma das sobrancelhas, desafiando-o.

- Você nem liga de fechá-la quando o time todo tá aqui, mas que merda isso. Abre aí!

- Não dá! - Ele levantou a voz, ficando nervoso.

- E por que não?

- Você está sem roupa.

- E você não?

Hinata olhou para baixo, como se quisesse realmente checar se vestia algo ou não. Ele soltou um suspiro antes de responder.

- ...Eu ainda estou de cueca, Kageyama.

Sorri internamente. Estava ficando divertido.

- Então tira, Shouyou. - Mandei, e minha voz saiu mais rouca do que imaginei.

Tá, tudo bem. Sabia que era golpe baixo chamá-lo pelo nome, mas o que mais eu poderia fazer? Precisava mesmo que ele abrisse a maldita porta.

- K-Kageyama... - Ele murmurou, quase como se fosse um gemido. Seus bochechas voltaram a ficar vermelhas. - Eu realmente, realmente, realmente não posso abrir. Não... dá.

E de repente entendi que talvez ele não estivesse olhando para baixo anteriormente para checar se estava ou não com alguma roupa; mas talvez fosse para se estava começando a ter ou não uma ereção. E supor esse fato só me empolgou ainda mais.

Fiz uma pausa para que Hinata compreendesse que eu havia entendido seu motivo subentendido. Ele conseguiu demonstrar uma expressão ainda mais tímida que a anterior, se isso era possível.

- Eu não ligo pra isso - insisti. - Abre, vai.

- Óbvio que liga! - Hinata exclamou, confirmando o que eu estava imaginando sobre estar ficando "desperto" demais.

- Já disse que não ligo se estiver um pouco animadinho aí. - Fui claro, e o vi mordero canto interno das bochechas, sem negar ou confirmar minha teoria. - Só quero dividir a cabine. Se quiser posso lavar seu cabelo.

Era engraçado pressionar Hinata porque ele ficava cada vez mais acuado, mas ao mesmo tempo parecia com mais vontade de ceder ao meu pedido. Ele começou a resmungar dizendo várias coisas aleatórias, dando uma afastada da porta e girando em círculos sem saber se me deixava entrar ou não. Dei uma espiada na ponta dos pés e notei que ele realmente estava de cueca, embora a peça estivesse encharcada. Como estava de costas quando olhei, não consegui notar se estva excitado ou não. Ele voltou a ficar de frente para mim, e a essa altura (estando colado na porta), conseguia me enxergar somente acima do meu peitoral, enquanto só seus ombros, pescoço e cabeça ficavam à vista pra mim devido à diferença de altura. Acho que em uma situação normal Hinata não ligaria de tomar banho com quem quer que fosse, mas no fundo eu sabia que o que o estava deixando inquieto era saber que me veria por inteiro assim que me deixasse entrar.

- Eu vou me arrepender disso... - o ouvi falando no meio de um milhão de reclamações que fazia, com sua vozinha estridente.

- Não vai, não. - Respondi, batendo na porta mais uma vez. - Por favor.

Ele me encarou com o semblante sério, como se estivesse cansado da minha insistência. Deu um passo para perto da fechadura e levantou a cabeça; os olhinhos castanhos brilhando de intensidade.

- Você que pediu, então...

E assim, ele destrancou.

A porta se abriu e ele se virou quase que instantaneamente de costas, só para não me exergar nu. Aproveitei que ele não olhava e sorri, alargando o sorriso ainda mais quando Hinata ergueu o shampoo e disse:

- É bom começar a esfregar logo, idiota!

 

¤Hinata¤

Eu estava nervoso, e minhas pernas estavam tremendo como se estivessem bambas. Aquela proximidade com Kageyama estava me matando, e se não fosse o barulho da água caindo no piso, seria um silêncio constrangedor entre nós dois.

Os dedos de Kageyama massageavam meu couro cabeludo e formavam uma espuminha gostosa na raiz dos fios por conta do shampoo. Sempre gostei que mexessem no meu cabelo, mas geralmente eram carinhos que minha mãe fazia antes de dormir, ou quando tinha que ir ao barbeiro cortar o cabelo e ele acabava o lavando antes. Desse jeito, nunca havia recebido de ninguém. Eram sensações novas para mim, e não sabia como reagir à elas.

Suspirei, e senti a respiração de Kageyama perto do meu pescoço. Um arrepio passou pela minha espinha.

- Você já pode enxaguar se quiser - ele disse, mas não parou de mexer no meu cabelo. - No que está pensando?

- Em você - fui direto.

Sua massagem relaxou, e aproveitei para caminhar até a água, tirando toda a espuma do shampoo. Ainda sentia sua presença atrás de mim, e aquela quietude não amenizava a tensão do momento.

- Também estou pensando em você. - Ele respondeu, quebrando o silêncio.

A frase de Kageyama ficou rondando no ar por um tempo, e nunca saberia qual era seu significado se não perguntasse. Decidi abrir meus olhos por mais que soubesse que ele estava sem roupas, e virei de costas para conseguir olhá-lo nos olhos.

Kageyama não tinha entrado debaixo do chuveiro ainda, então seu corpo estava úmido somente por causa do suor, tirando o cabelo e o rosto respingados de água. Suas bochechas estavam coradas, e seus olhos - sempre tão abertos - estavam estreitos, embora seuas íris possuíam um tom de azul tão fervoroso de uma forma que nunca tinha presenciado antes.

Seu rosto estava tão próximo do meu que era possível sentir seu hálito em minha boca.

Eu não sabia o que aquela proximidade toda de Kageyama significava, mas meu coração batia frenético dentro do peito. Será que Noya-san estava certo, e o moreno era recíproco com relação aos meus sentimentos? Tentava pensar em outras alternativas, mas não achava. A única coisa que me vinha à cabeça era o quanto tudo parecia se encaixar de forma que nós dois ficássemos juntos.

- Você não quer só lavar meu cabelo, quer? - Questionei, segurando uma inquietude que começava a surgir dentro de mim, ansioso pela resposta. Se não fosse verdade, que pelo menos a ansiedade parasse e eu não criasse mais expectativas.

Mas assim que Kageyama abriu a boca, só consegui pensar no quanto eu o queria.

- Na verdade, não - ele respondeu, dando um passo para mais perto de mim. Suspirei de alívio. - Isso é só uma das coisas que quero fazer com você hoje.

Meus pêlos se arrepiaram. Minha cabeça rodava, e conseguia pensar em várias coisas ao mesmo tempo, coisas que queria que ele fizesse comigo. Não sabia qual era o seu objetivo final com aquilo, mas tinha que saber antes que acabasse falando algo que não ele gostasse, ou talvez fizesse coisa ainda pior do que só falar.

- Estou com medo, Kageyama...

- Medo do quê? - Perguntou, virando o rosto levemente para o lado com uma expressão confusa no rosto.

Respirei fundo, tentando achar as palavras certas. Tinha medo de tentar algo e me arrepender depois, mas o que mais me atormentava era se Kageyama não me quisesse da mesma forma que eu o queria.

Observei melhor seu rosto de perto, prestando atenção na curva marcada do maxilar, nos ossos da bochecha, no nariz fino e nos olhos puxados. Naquele momento, tive certeza que, se pudesse, não pararia de admirá-lo nunca.

- Tenho medo de você não estar pensando em mim da forma que penso em você.

Assim que terminei de falar, senti suas mãos me segurando pelos braços em um aperto firme. Minhas pernas vacilaram novamente.

- Depois disso tudo, ainda duvida do que sinto por você?

Me questionei mentalmente se ele me imaginava assim desde que a ideia do segundo treino surgiu, e fiquei ainda mais ansioso por perceber que ele estava planejando na oportunidade perfeita há um bom tempo: um treino onde estaríamos sozinhos, o convite para passar o fim de semana na sua casa quando seus pais estivessem viajando... Passei a língua pelos lábios, tentando me concentrar novamente; contudo, o aperto em meu braço se intensificou.

- Não faz isso de novo.

Pisquei os olhos, aproximando mais nossos rostos. Notei que ele se referia sobre ter tentado umedecer os lábios.

- E por que não? - Provoquei.

Ele também se aproximou ainda mais, nossas testas e narizes se escostando.

- Porque me deixa louco. - Ele repetiu o gesto, e então entendi o que quis dizer. Seus lábios rosados sendo lentamente umedecidos pela língua era uma visão enlouquecedora. - E me faz querer te beijar.

Resolvi atentar ainda mais, sabendo que depois dessa, seria cheque-mate para nosso joguinho. Passei meus lábios levemente sobre os seus, soltando a respiração na curva de seu queixo.

- Então beija.

Fechei os olhos. Segundos depois o aperto de seus bracos ao meu redor se intensificou ainda mais, e ele me beijou.

 

¤Kageyama¤

O beijo de Hinata foi muito mais do que eu esperava.

Quando finalmente juntei nossas bocas pra valer, me perguntei o porquê de não ter feito tal coisa antes, embora todo o processo tenha sido bastante interessante. No instante seguinte o senti frágil em minha pele, como se seu corpo se derretesse ao meu toque junto com a água que nos molhava. Era um toque sutil, e seus lábios molhados e gelados devido ao banho pareciam também congelados, pois não se moviam nenhum centímetro sobre os meus. Foi um selinho tímido, mas sabia que para arrancar mais de Hinata, precisava avançar primeiro do que ele. E foi o que fiz.

Continuei movendo os lábios, dando-lhe vários selinhos, e assim que chupei o seu inferior Hinata deu uma estremecida e abriu a boca para mim, dando entrada para minha língua. Assim que minha língua se encostou com a dele, aproveitei para descer uma das mãos à sua cintura e a outra subi para a sua nuca, sem encostar de fato os corpos - tanto pelo o fato de eu estar nu quanto por não querer avançar rápido demais.

Nossas línguas se massageavam em um ritmo calmo, e Hinata pouco a pouco perdia a vergonha e se entregava a mim cada vez mais. Suas mãos começaram a dar sinal de vida e me seguraram pela cintura, me fazendo suspirar no meio do beijo. Ele notou o meu sinal, e me apertou ainda mais. Agindo por instinto, puxei com mais força o seu cabelo para trás, e esqueci completamente da água caindo em suas costas. Shouyou estava de olhos fechados e boca entreaberta quando engoliu água do chuveiro, e acabamos sendo impedidos de continuar nos beijando porque o ruivo acabou se engasgando.

- Aaargh! - Ele virou o rosto para cuspir a água no ralo, rindo logo depois.

Embora o beijo tivesse sido interrompido, minha mãos continuaram em sua cintura e em sua nuca. O observava rir, achando graça de seus dentinhos tão pequenininhos e branquinhos, e dentro de mim uma alegria que não conhecia antes começou a surgir. Seus olhos voltaram a me encarar, e não consegui desviar o olhar. Havia algo em seu rosto que me prendia e não me deixava mudar o foco de suas feições, sua boca, seus olhos tão brilhantes. Era algo que me chamava a atenção e me fazia me perder em meus próprios sentimentos toda vez que o olhava. Talvez fosse aquele moleque por inteiro.

Quando percebi, Hinata olhava para mim da mesma forma.

- Você deveria sorrir mais vezes assim - ele disse, subindo uma das mãos e passando o indicador nos meus lábios. Não havia percebido que estava sorrindo se ele não tivesse me falado. - Fica realmente bonito quando tira a carranca da cara.

Estreitei as sobrancelhas para o que ele disse no final, e Hinata sorriu.

- Você é bonito até com a carranca, Kageyama-kun.

- Merda, Shouyou - mirei o teto, tentando não enrubescer com suas palavras. - Para de falar assim.

- Por quê?

- Você nem sequer se olhou molhado e semi-nu desse jeito, então nem ouse dizer que qualquer outra pessoa é bonita com você estando assim.

Ele arrelagou os olhos, surpreso com o que disse.

- Uau - exclamou, dando uma gargalhada. - Vou levar isso como um elogio... Mas você além de sorrindo está sem roupa, molhado e com a boca vermelhinha depois de ter me beijado. Você está muito além de bonito, Kageyama.

Fiquei encarando Hinata, sem encontrar o que dizer. Havia me esquecido por um momento que estava sem roupas, e todo o teor sexual da situação que estávamos começou a surgir, e não pude deixar de dar uma fraquejada lá embaixo.

- Acho que tá na hora de passar o condicionador - eu disse na tentativa de mudar de assunto, pegando o frasco que tinha deixado sobre a divisória da cabine.

Ele pareceu notar que estava desviando de assunto, mas não insistiu: simplesmente pegou o frasco, colocou um pouco do conteúdo em sua mão e passou a massagear o cabelo com os dedos, desfazendo os nós com calma. Parece que ele imaginava o que poderia acontecer caso persistisse no assunto, e embora fosse tentadora demais a ideia de foder Shouyou naquele vestiário, não era assim que eu imaginava a nossa primeira vez...

Foi quando a ficha caiu.

Tentei não parecer rude demais quando perguntei, mas ir direto ao ponto não deixou as coisas mais suaves.

- Hinata, você é virgem?

 

¤Hinata¤

A pergunta de Kageyama me pegou surpresa. Ele ainda tinha alguma dúvida sobre minha clara virgindade estampada na minha testa?

- EH?! Kageyama, esse foi meu primeiro beijo! - Falei alto. - Quiçá ter algo a mais com outra pessoa...

Ele ficou me encarando, como se não acreditasse no que tinha ouvido.

- Isso é sério...?

Revirei os olhos na hora, bufando.

- É claro que é! - Disse, batendo o pé no chão. - Argh, você é tão idiota...

- É só que não me pareceu que você nunca tinha beijado antes - ele comentou, em tom baixo. Talvez tivesse sido um elogio me dizendo que meu beijo foi aparentemente bom pra quem era BV, mas estava tão alterado que nem dei atenção para isso. - Achei que a sua timidez fosse porque sou um garoto, e não por isso.

- Mas o quê? Não, claro que não! Aish, Kageyama... Vai tomar teu banho, anda, você nem se molhou ainda...

Ele assentiu com a cabeça e silencionamente pegou o shampoo e começou a lavar o próprio cabelo, enquanto eu enxaguava o meu. O clima parecer mais pesado do que antes, então procurava não olhar seu corpo de frente, mas sempre que ele se virava de costas eu aproveitava para dar uma olhada em seu bumbum. Uns pensamentos um tanto impuros começaram a se passar na minha cabeça, mas me privei de todos.

Será que alguma coisa mudara para Kageyama depois que ela soube que aquele era meu primeiro beijo? Fiquei emburrado logo de cara. Em um minuto era o melhor primeiro beijo do mundo, e no instante seguinte a frieza de Kageyama fez questão de estragar tudo.

Assim que ele trocou de lugar comigo debaixo do chuveiro, fez a exata pergunta que estava se passando na minha cabeça naquele instante.

- Você sabe que não foi o meu primeiro beijo, não sabe?

Eu gaguejei, evitando olhar diretamente em sua direção enquanto ele se enxaguava de uma maneira tão... tão waaaaaah.

- E-Eu já imaginava que não...

Vi em minha visão periférica que ele assentiu novamente com a cabeça. Jogou o cabelo pra trás, a espuma escorrendo pelo seu corpo, e voltou com outra pergunta.

- E sabe que já fui um pouco além disso, não é?

Tentei disfarçar a surpresa, mas engoli em seco. Dessa eu não sabia, e me pegou em cheio.

- Um pouco quanto? - Ousei saber.

Prendi o ar até que ele respondesse.

- Eu já comecei a fazer umas coisas com uma garota um dia. Mas não quis ir até o final.

Notei o desgosto em seu tom de voz, mas não pude deixar de sentir uma pontada de ciúmes da tal menina sortuda.

- E por que não? - Mordi a boca, olhando dentro de seus olhos.

- Porque não tive vontade - ele respondeu, dando de ombros. - Não tanto quanto tenho só de te ver mordendo a boca assim... - deu uma pausa, respirando fundo como se tentasse se concentrar. - Mas não vou fazer nada com você, não se preocupe.

Minhas mãos se fecharam em punho, e senti meu corpo esquentar. Depois dele me deixar com vontade de ir até o fim com aquele beijo ele me vem com esse de que não vai fazer nada comigo?!

- Mas eu quero, Tobio.

Kageyama olhou para mim, e vi que ele tentava achar em minha expressão algum sinal de que eu estava brincando. Entretanto, realmente estava falando sério quando disse que o queria. Seu olhar começou a percorrer meu corpo inteiro, e ele pôde finalmente notar um certo volume em minha cueca. Nada muito grande, porém foi o suficiente para fazê-lo compreender que o que tinha dito era verdade. Meus olhos também foram até seu membro - coisa que estava evitando ao máximo de fazer -, que assim como o meu, também estava despertando. Ficamos encarando os corpos um do outro como uma forma de descoberta, e de repente perdi minha vergonha. Queria poder abraçar Kageyama e tocá-lo com minhas próprias mãos, e já não havia nada que me fizesse mudar de ideia com relação ao meu desejo.

- Está vendo? - eu disse, chegando mais perto de seu corpo. Segurei meu próprio pênis por cima da boxer, e fechei os olhos com a sensação. - Eu quero você.

- Puta merda, Hinata... - Ele foi caminhando para trás, encostando suas costas em uma das laterais da cabine, onde não caía água. Passou a encarar a própria ereção, que crescia e enrijecia cada vez mais. - E-Eu quero... Mas não aqui... Não por enquanto, pelo menos. Eu quero que seja importante pra nós dois.

- K-Kageyama... - sussurrei, admirado por ele pensar nisso de primeira vez especial e tudo o mais. Ele não parecia ser muito do tipo que se importava, então fiquei grato por tal gesto.

Ele estava certo, embora minhas vontades não quisessem admitir. Mal havíamos nos beijado, e já estávamos nesse estado... Não que fosse algo ruim, mas estava sendo rápido demais. Ainda mais para mim, que nunca tinha feito nada assim com alguém antes. Além disso estávamos em um lugar totalmente errado para isso, e nem tínhamos em mãos o que precisávamos para fazer algo seguro, e principalmente algo que não machucasse. Ele gostaria que tivesse tempo de absorver toda a experiência, e eu também queria.

- Você ainda quer ir pra minha casa? -Kageyama perguntou, quando nossos ânimos de acalmaram um pouco depois de um tempo em silêncio.

- É claro que sim!

- Então vamos só terminar o banho, ok?

Eu sorri, e segurei na sua mão.

- Tudo bem. Tá na sua hora de passar o condicionador agora.

E assim, terminamos o banho sem segundas intenções.

 

¤Kageyama¤

Depois que voltamos à tomar banho, tudo pareceu estar se ajeitando mais rápido do que imaginei, e da forma que deveria ser. Meu coração disparava toda vez que Hinata me ficava para passar condicionador no meu cabelo ou ensaboava minhas costas, e com isso era impossível dizer o contrário: eu realmente estava apaixonado por aquele idiota.

Saímos do chuveiro e começamos a nos vestir com mudas de roupas limpas. Estava perdido em pensamentos, e assim que terminei de calçar meu tênis, Hinata correu de onde estava perto das pias até mim, abraçando todo meu corpo como fez na quadra durante a semana. Mas dessa vez foi diferente, porque consegui retribuir o abraço.

Nossos corpos estavam totalmente colados, e minhas mãos enlaçavam os dois lados de sua cintura enquanto seus braços envolviam meu pescoço. Enfiei o rosto em seu ombro e inalei o cheiro do meu sabonete em sua pele, e senti como se encontrasse lar no perfume de sua nuca e em suas curvas. Hinata Shouyou se encaixava em mim de uma forma indescritível, e não me dava vontade de sair do calor de sua pele nunca.

"Eu acho que tô gostando de você de verdade, pequeno.", lembro de ter dito, e o senti afastar o rosto só para conseguir colar os lábios sobre os meus mais uma vez, rapidamente.

"Eu também acho que gosto de você." Ele disse, com um sorriso de orelha a orelha. "Era essa a frase que tava me travando toda hora pra não falar no meio do nada na hora do treino, mas agora é tão bom poder dizer que gosto de você sem ter medo."

Segurei-o pelo queixo e aproveitei para beijá-lo de novo, mas ao invés de ser um simples selinho, Hinata me deu espaço para usar minha língua novamente. Nós descobríamos o gosto um do outro conforme nos beijávamos com mais demora, e percebi que ele gostou quando chupei seu lábio inferior e dei uma pequena mordidinha no final. Seus dedos finos envolveram o cabelo da minha nuca e me puxaram para mais perto de si, onde resolvi inovar e chupar sua língua também. Ele a ondulava ao passo que eu a sugava, e o ouvi dar uma gemidinha baixa ao voltar a explorar sua boca, massageando sua língua com calma. Notei que aquele era o ponto máximo que podíamos avançar naquele momento, e separei nossas bocas para distribuir beijos por toda a extensão do seu maxilar, indo até o lóbulo da orelha direita e dando uma lambidinha ali. Senti um arranhão em meus ombros que me serviram como confirmação de que ele estava gostando dos meus estímulos, e comecei a sussurrar ao pé de seu ouvido.

"Você ainda acha que gosta de mim?"

Ele soltou uma risadinha nervosa, jogando a cabeça um pouco para trás e me dando mais acesso à sua orelha, onde usei a oportunidade para mordê-la de leve no mesmo ponto onde havia lambido anteriormente.

"E-Eu tenho certeza agora."

"Acho bom", disse, orgulhoso da reação que consegui causar nele. Afastei nossos rostos um pouco para beijá-lo na testa, e subi uma das mãos para afagar seu cabelo úmido. "Porque agora também não me resta dúvida nenhuma do que sinto por você, Hinata."

E então, senti a famosa sensação das bochechas ficando vermelhas aos poucos, mas decidi não me esquivar como sempre fiz antes. Não havia porquê de me sentir constrangido com Hinata, agora que estávamos praticamente nam...

"Eu acho que, se gostamos um do outro e sabemos disso", ele começou a falar, interrompendo meus pensamentos e voltando minha atenção para sua boca. "É quase como se estivéssemos em um namoro. Só sem o pedido oficial."

Eu sorri. Era impressionante como estávamos conectados mentalmente, e me perguntei se em todas as vezes que o olhava e pensava em como seria beijá-lo, ele estava pensando em algo parecido.

"Hm... Eu estava pensando exatamente nisso." Admiti.

"Sério?" Ele perguntou, os olhinhos curiosos.

"Aham."

"E o que você vai fazer agora?"

Mordi a boca, pensando no assunto por uns instantes.

"Acho que vou... me perguntar se não tá cedo demais pra te pedir em namoro."

"Que tal ao invés de tentar você só me pedir e pronto?"

"Você pode dizer não e eu não me preparei psicologicamente pra isso."

"Você pensa demais, sabia? Deveria só fazer o que dá na telha e pronto."

"Você que é impulsivo demais, Hinata."

"E isso é ruim?"

"Ah, depende."

"Pede logo."

"Quer namorar comigo?"

"Quero."

E foi assim que começamos a namorar. E eu o beijei pela terceira vez no dia depois que ele aceitou.

Era estranho a forma com que tudo aconteceu, mas como se tratava de Hinata e de mim, concluí que as coisas acabariam saindo um pouco de sua normalidade. Em um minuto estávamos treinando, e no outro, tomando banho juntos e se beijando. Nada comparado às semanas e semanas que se passaram para que enfim percebessemos que gostávamos um do outro.

Fomos para casa juntos, e decidi subir na garupa de sua bicicleta para chegarmos em casa mais rápido. Resolvi ficar de pé atrás, o segurando pelos ombros e apoiando os pés em alguma parte perto das rodas, me sentindo completo como nunca senti antes.

O passeio até em casa foi tranquilo, e eu e Hinata dividimos meu fone de ouvido, onde coloquei no aleatório na playlist que mais tinha escutado nos últimos dias. "Shelter" do The XX começou a tocar, e fiquei ligeiramente constrangido pela tradução que fui procurar um dia à noite.

I find shelter in this way

Eu encontro abrigo dessa maneira

 

Undercovered, hide away

Debaixo das cobertas, me escondendo 

"O que diz essa música?" Hinata perguntou enquanto pedalava, e eu me lembrei que ele não era muito bom em inglês. Não que eu fosse um dia melhores, já que fui pesquisar a tradução em coreano para não me dar o trabalho de traduzir por mim mesmo, mas respondi sua pergunta pelo o que me lembrava da letra conforme a música tocava.

Can you hear when I say

Você pode escutar quando eu digo

 

"I have never felt this way"?

"Eu nunca me senti assim antes"?

"Você pode colocar essa numa playlist nossa, se quiser.", ele disse, quando começou o refrão.

"Ok, vou colocar."

E ele continuou pedalando enquanto eu tentava me lembrar do resto da tradução.

 

¤Hinata¤

Por mais que tentássemos algo durante o fim de semana inteiro, nunca parecia ser a hora certa para avançarmos o namoro.

Na sexta, chegamos em sua casa e fomos jantar juntos um peixe assado que Kageyama havia preparado anteriormente, e logo depois estávamos tão cansados que só conseguimos deitar um por cima do outro em sua cama e dormir. Acordamos tarde na manhã seguinte, e até preparar almoço, estudar e fazer a janta, já estávamos esgotados de novo. Ligamos sua TV no Netflix e ficamos assistindo série a noite toda, até que peguei no sono em seu peito.

No domingo acordamos cedo e preparamos café juntos (o que renderam beijos maravilhosos na cozinha, mas nada muito além disso), mas não pudemos ficar tão juntos porque realmente precisávamos estudar para as provas. Então, ficamos em seu quarto fazendo exercícios e assistindo à vídeo-aulas praticamente a tarde inteira. O sol começou à se pôr e eu sabia que iríamos acordar cedo no dia seguinte para ir à escola, e talvez não fosse a melhor ideia do mundo aparecer no dia seguinte todo marcado e dolorido no treino - nós dois sabíamos que a primeira vez exigia muito mais cuidado nessas questões - ainda mais quando todos pareciam saber que tínhanos passado o fim de semana juntos. Decidimos não arriscar. Dormimos os dois só de cueca, e nos limitamos à carinhos singelos debaixo do cobertor.

O dia seguinte na escola foi menos constrangedor do que imaginei que fosse, e penso que talvez seja pelo fato de Kageyama e eu continuarmos implicando um com o outro a agindo competivamente como sempre na frente dos outros. De fora parecia que nada tinha mudado, mas era nos detalhes que daria para perceber algo, se fosse possível. Como por exemplo quando um de nós se perdia em pensamentos e depois olhava nos olhos dos outros, dando um sorrisinho discreto, ou na forma em que nos tratávamos quando estávamos distraídos, realmente um cuidando do outro.

O primeiro que pareceu notar algo de verdade foi Sugawara, enquanto Nishinoya simplesmente ficou perplexo quando eu disse que não tínhamos transado e nem nada do tipo. Fiquei super envergonhado de ter que contar os detalhes do que acontecera no vestiário para ele, mas Noya-san parecia tão experiente que nem me dei ao trabalho de ter vergonha de alguma coisa.

Diferentemente com Suga-san, seus olhares de "mãezona" me fizeram tremer na base. Sentamos para conversar em um dos intervalos quando eu estava sozinho - Kageyama tinha ido buscar sua caixinha de leite na máquina de bebidas -, e acabei contando tudo o que tinha acontecido entre nós nos últimos três dias.

"Olha, então quer dizer que estão namorando?" Sugawara riu, afagando o topo da minha cabeça. "Quem diria que aquela briga ia dar em namoro, hein!"

"Eu sempre disse que um arrancaria o melhor do outro, só não imaginei que seria em qualquer situação.", disse uma terceira voz, e quando olhei para trás vi que era Daichi.

"C-Capitão...!" Exclamei, completamente envergonhado da minha situação.

"Não se preocupe com isso" ele me tranquilizou, sentando ao lado de Sugawara e segurando sua mão discretamente. Vi os dois sorrirem ao mesmo tempo. "Sei que sabe sobre mim também, então relaxa."

"Ah, tudo bem então..."

"Mas e aí? Você e Kageyama...?" Suga levantou as sobrancelhas, dando a entender que não ia terminar a frase.

"Nós, eh, nós nos beijamos."

"E...?"

"E só."

"Só?!" Eles perguntaram ao mesmo tempo.

Estava começando a ficar nervoso, e comecei a sentir meu estômago se embrulhar.

"Nós não conseguimos fazer nada além disso..."

"Você teve dor de barriga porque ficou ansioso, foi isso?" Suga questionou, preocupado.

"Não! É só que talvez não tenha sido na hora certa, eu acho."

"Bom, eles estão melhores que a gente" Daichi comentou, olhando para Sugawara, que fez uma expressão confusa. "Pelo menos vão ter a primeira vez quando já estiverem namorando..."

E então vi as bochechas de Suga se transformando em dois tomates de tão sem graça que ficou.

"D-Daichi!"

"Então vocês ainda eram só amigos quando aconteceu?", aproveitei para perguntar, visivelmente curioso sobre o assunto.

"Digamos que mais ou menos. Foi quando Suga admitiu que gostava de mim, e me seduziu no mesmo dia. Eu não tive como negar, se é que me entende."

"Você ainda me mata de vergonha um dia..."

"Enfim, a questão é que você não deve se preocupar" Daichi disse, me acalmando. "Vai rolar quando tiver que rolar."

Fiquei pensando nessas palavras durante o resto da semana inteira, e na sexta-feira quando todas as nossas provas tinhas acabado, estava pensando sobre nosso terceiro treino juntos que aconteceria naquele dia mais  tarde quando meu celular  vibra no meio da aula de biologia. Desbloqueei o celular, e vi que era uma mensagem de Kageyama novamente.

Kageyama Tobio

Depois do treino você quer ir lá em casa de novo?

Você esqueceu umas roupas suas lá...

às 11:07h

Ansioso, pedi licenca ao professor para sair de sala. Ele fez cara feia mas acabou deixando. Lá fora, liguei para minha mãe para pedir permissão, e ela acabou deixando de novo. 

Sendo assim, depois do treino fomos para sua casa pedalando e escutando música, assim como na semana anterior. A diferença é que agora eu estava preparado para o que poderia acontecer, e também tínhamos tempo para fazermos o que quisermos.

E eu queria.


Notas Finais


Nunca havia lido nada de "kagehina at bath", então meio que saiu do nada. O plano original era fazer aquela coisa bem clichê mesmo, mas acabou dando nisso aí, que deu uma inovada na estória. Eu gostei, até.

E vocês? Me contem o que estão achando! çwç

E me desculpem se eu estou meio que "enrolando", mas é que me preocupo muito com os detalhes, e por incrível que pareça, o Kageyama é um dos personagens MAIS DIFÍCEIS de se desenvolver que já encontrei. Não acredito que seja um pá-pum rápido, sabe? De um oi muda pra beijoca e vai pra sexo assim do nada. Acho que não rola quando o assunto é esse levantador. q

Nos vemos no último capítulo! E me achem no Twitter, @masoqbbang


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