História Le Petit Secret - Regrets

LEIAM AS NOTAS DO AUTOR

Shinya escutou o sino, significando que um cliente havia chegado, olhou para o ser, e ficou surpreso.

- Novamente, Senhor Guren? – Seus lábios finos formavam um sorriso travesso.

O Agreste bufou, não sabia o porquê de aparecer naquela loja simples, mas apenas queria. Gostava das flores, suas cores exóticas, seus diferente aromas, de certa forma lhe atraiam.

- Então... fez o que eu lhe recomendei? – Lembrou-se do sorriso que Mikaela deu, após seu pai puxar um assunto, sentiu-se constrangido, pois sabia que teria que agradecer o albino de olhos azulados. Seu orgulho era enorme ao ponto de não conseguir engolir ele, sem ao menos engasgar e dizer algo rude, que magoaria Shinya.

- ... Fiz... – Respondeu, olhando as orquídeas. – Ele ficou muito feliz...

“Eu sei.” Era isso que o Hiiragi queria dizer, mas com certeza deixaria o maior furioso.

Esse era apenas o segundo encontro deles, mas Shinya conhecia parte de sua personalidade. Essa era sua habilidade. Poderia dizer qual era a personalidade da pessoa apenas conversando um pouco com ela.

E Guren Agreste tinha uma personalidade muito interessante.

Era um homem com um enorme ego, mas gentil, teimoso em alguns momentos, mas obediente.

Era praticamente igual um gato mimado.

E Shinya era o domador, que iria conseguir transformar esse gato mimado, num pequeno gato obediente.

- Que tal bebermos hoje?

...

Semanas depois, estava Shinya Hiiragi, tomando whisky com Guren Agreste.

Tentava embebedar o estilista, mas percebera que o mesmo era incrivelmente forte com bebidas alcoólicas, infelizmente.

Shinya sentia sua visão turva, suas bochechas queimarem. Estava bêbado.

- Devíamos parar... – Sugeriu o maior.

- Parar? Não! Baaaaka!  – Sua voz estava levemente afinada, seu corpo não estava mais sob seu controle.

Caminhou para pegar um copo de água, mas acabou tropeçando no tapete, caindo em cima do estilista de olhos roxos.

- W-Wuaa..! – O menor gritou, ao sentir as grandes mãos do outro segurarem sua cintura com força.

Estava de olhos fechados, não queria ver a tamanha vergonha que passara, e provavelmente se arrependeu.

Seus rostos estavam próximos, os lábios levemente vermelhos, depois de mordidas para manter o auto-controle, as bochechas rubras misturadas ao álcool e pela vergonha.

Guren tentou se manter controlado, mas com aquela visão certamente era difícil.

- P-Pode me soltar..? – Pediu baixinho, na mesma hora o Agreste tirou as mãos das coxas do florista.

Fartas.

Devido a cor pálida do albino, o maior tinha certeza que elas seriam branquinhas, e ele queria deixar elas marcadas. Mordidas, arranhões, chupões, e ouvir ele gemendo seu nome..

Controle-se Guren!

Shinya se levantou, completamente vermelho, encarando o maior com os olhos marejados.

- Sinto muito.. Guren... – A voz trêmula e afinada do outro soou nos ouvidos do homem de olhos roxos.

Foda-se o controle.

Guren Agreste era um homem.

- Me chame de Daddy.

...

“Te vejo errando e isso não é pecado
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar”

No outro dia, Shinya acordou mais cedo que o normal, sentindo sua cabeça doer.

Odiava ressacas.

“Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar
Ao menos mande notícia
Cê acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar”

Tentou se levantar, mas percebeu um par de braços fortes segurando sua cintura.

Imagens da cena da noite anterior apareceram em sua cabeça, fazendo-o se sentir arrependido.

Era para fazer dele um amigo, não amante! Bufou, tentando se soltar.

Mas acabou descobrindo outras coisas sobre Guren Agreste

O maior era extremamente possessivo.

Não iria soltar o albino tão cedo, sabia disso por conta da força que seus braços apertavam a cintura dele, e pelo hálito quente em sua nuca, que eriçava seus pêlos.

Teria que esperar o outro acordar.

“Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia”

...

- ... Então...

O clima desconfortável entre os dois era evidente, depois da noite juntos, qualquer um ficaria desconfortável.

Obviamente não seria igual as novelas, onde o casal acordariam juntos e se beijassem, e tomassem um maravilhoso café da manhã.

- Você cozinha bem... – O maior disse repentinamente, deixando o florista surpreso.

- Obrigado...

“E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu”

Guren já estava devidamente vestido, depois do café teria que voltar para casa e cuidar da papelada, e inventar desculpas pelo sumiço. – Eu gostei da noite. – Disse sério, encarando o dono de olhos azuis. – Mas... Sinto muito. Eu ainda amo minha esposa.

O albino arregalou os olhos, surpreso.

Sabia que tinha boatos que a morte de Krul Agreste era falsa, e que ela estava internada em um estado de coma, mas não pensou que fosse realmente verdade.

- O que aconteceu foi um erro, por favor, não confunda as coisas.

“Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido

Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante”

Shinya se sentia um monstro.

Havia dormido com um homem de uma mulher em coma.

- Eu não confundi. – Rebateu, tentando esconder a enorme tristeza que sentia.

E pela primeira vez, viu Guren Agreste sorrir verdadeiramente, depois de se virar e ir embora.

- Idiota...! – Sua voz estava carregada de vários sentimentos, tristeza, raiva, vergonha e muitos outros.

Desmoronou no choro, sentindo as lágrimas grossas descerem sem parar, com um enorme aperto no coração.

...

Quando saiu do apartamento que passou a noite, Guren Agreste sentia seus arrependimentos, e pecados rastejarem em suas costas.

Teria que voltar a ser um homem frio, que é apenas focado em seu trabalho.

Não queria se machucar novamente, e por passar um tempo sem sentir o peso dos arrependimentos em seus ombros, sentia em dobro.

"Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam
E essa abstinência uma hora vai passar"