História LeaDan: A Fuga dos Saturnianos - Bane e os Ossos

           Capitulo 1

        Bane e os Ossos

      Tudo em minha volta é vento,árvores,caminhos em espirais.Dan me disse para seguir a lua,mas ela não quer me guiar.Acho que me perdi nessa estrada.Escolhi um atalho,dobre à esquerda,suba a colina,passe pelo rio.Estou com a Caixa Venuziana nas mãos,ela é leve como uma pluma.Estou repleta de pó,brilho,carvão.Era para ser uma missão bem sucedida,pensei que ajudando Le ela me perdoaria.Nunca brigamos,mas somos rivais,inimigas de diferentes planetas.Tudo que vejo são estrelas piscando como sinalizadores,esse era o caminho.Acho que as estrelas estão me confundindo ainda mais.Esse vento congelante sopra meus cabelos negros,desfazendo meu coque.Sinto o frio vindo da direção oeste,preciso chegar ao Castelo Escarlete antes do amanhecer.Não tenho onde dormir,por isso vou parar abaixo de um tronco e adormecer no meio das folhas secas e da terra úmida.Foi uma péssima ideia resolver sair no auge do verão,tão frio e perigoso.Os macacos árticos despertam de seu sono nessa época,eles amam pizza,sorte a minha que não carrego comigo nenhuma pizza ou qualquer tipo de alimento,exceto as minhas barras de cereais de caramelo.7 semanas de viagem até meu destino.Digo a mim mesma que vou chegar a tempo,mas no fundo sei que vou me atrasar horas e isso pode fazer a morte de Le chegar mais depressa.Me deito em cima de meu casaco e faço minha mochila de travesseiro,durmo depois de alguns minutos olhando o caminho longo que vou ter que percorrer na noite seguinte.Pra mim é fácil dormir à tarde porque trabalhava onde tudo que fazia era dormir mais de 6 horas por tarde bem dormida.Ganhava bem fazendo isso,a melhor coisa que faço é dormir e contar estrelas.Nunca dormi tanto,já havia tomado alguns comprimidos engraçados que Lea me deu antes de eu viajar.Deixei Bane para trás,pobre Bane,é apenas um Gato Espacial.Não consegue ficar longe da dona por muito tempo,nem longe de ossos caninos.Preciso acordar agora,não estou acustumada com esse fuso horário daqui de Vênus,sou apenas mais uma saturniana atravessando o planeta totalmente desconhecido por mim e meus conterrâneos.Vários já atravessaram Vênus,nenhum chegou ao seu destino desejado,até porque estavam mortos.

           3 meses antes...

     ―  Lea,acorde.Acorde!

     ― Qual é o seu problema? Eu tava dormindo!

     ― Eu sei,por isso gritei "acorde"!

     ― O que foi dessa vez? O Bane fugiu de novo de você?

     ― O Bane não fugiu de mim aquela vez,ele só queria um pouco de espaço.

     ― Espaço? Quer dizer que o pobre gato simplesmente resolveu que precisa pensar na vida dele,não podia mais viver como um hóspede na casa da Lee,bebendo do leite dela,sem tomar banho por mais de meses,apenas lambidas seguintes em suas patas.Não tinha emprego,por isso lhe davam comida todo dia.Por caridade.Me poupe,Dan.Nós viajamos 7 semanas pra chegar aqui,me deixe dormi.

     ― Até hoje me impressiono com a sua capacidade de imaginação,você é uma garota bem esquisita,Lea Pierce.

     ― Se ter um pouco de imaginação e ser sarcástica o tempo todo faz de mim um ser esquisito,então sou a humana mais estranhamente estranha desse mundo.

    ― Para falar a verdade,existe vários com essas mesmas características,Pierce,em Júpiter tem classificações dos mais esquisitos do ano.Eles ganham prêmios anuais.

    ― Cada planeta com a sua mania,vá comprar ingredientes pro jantar.Quero que a mãe da tal Lee tenha uma boa impressão de mim.

    ― Da gente,você quer dizer.

    ― Não,de mim.Ela já acha você um completo retardado depois que você resolveu que a melhor maneira de secar roupas seria jogando-as no chão,para o Sol absorver a água e a roupa ficar suja e limpa ao mesmo...

    ― Era um experimento que eu tava trabalhando,um dia te explico Gênia da Televisão.

    ― Ei! Eu tava certa,as antenas eram desnecessárias.Um dia te explico Maluco do Varal.

    ― Brigando de novo,pessoal?

    ― Lee,certo? Prazer em te conhecer,sou Lea e esse é o meu amigo,Dan.

    ― Nunca entendi porque os humanos se apresentam tão formalmente.

    ― Talvez por educação?

    ― Pensei que todos vocês fossem sem educação,são tão complicados e complicam tanto as coisas.

    ― Você conhece muitos humanos,Sra Lee?

    ― Um pouco,sem o sra,menino Dan.

    ― Está bem.Lea,volto em 5 minutos com as compras.

    ― O tráfego foi bloqueado na Rua dos Perdidos.

    ― Bem,talvez em 10,então.

    ― O mercado fica a duas ruas daqui.

    ― Talvez 15.

    ― É melhor o Bane te levar,você pode se perder menino Dan.

    ― Me perder na Rua dos Perdidos? Claro que não,não seja boba.

    ― Dan,leve o gato.

    ― Tá bom.Volto em alguns minutos,senhoritas.

    ― Te vejo no jantar,menina Lea.

    ― Me chame de Lea,na Terra todos são chamados pelo primeiro nome ou apelido.Não tem toda essa esquisitisse de formalidade.

    ― Está bem.Te vejo no jantar,Lea.

    São tantos aliens,tantos carros flutuantes,tantas ruas,pensou Dan.Como todos viviam nesse pandemônio? Por onde devo caminhar? Parece que a qualquer momento vou ser atropelado por algo ou alguém,pensou outra vez. Ao avistar o supermercado deu um pulinho de alegria,estava ansioso para o jantar,nunca tinha provado comida alienigena caseira,só comidas congeladas que eram horríveis. Aliens não tinham bom gosto pra comida,pensou Dan. Ao entrar no supermercado entendeu o porque que Le havia lhe avisado sobre o tráfego,várias pessoas - não exatamente pessoas - estavam fazendo compras ali,todas com cestinhas nas mãos,braços se esticando para pegar algo nas prateleiras mais ao alto,caixas atendendo a todo o vapor. Por toda a sua experiência como Viajante,nunca tinha visto um mercado tão cheio,era como se estivesse acontecendo uma Black Friday lá dentro. Deu dois passos na entrada e bum! Uma menina de cabelos azuis e olhos amarelos trombou nele com tudo,Dan precisou se apoiar em uma pilha de papel higiênico para não cair no chão. ― Ei! Olha por onde anda! ― Você disse o quê?

― Disse para tomar cuidado,não se tromba nas pessoas e não se pede desculpas,mal educada. - Trombar? Apenas encostei em você,menino. ― Encostou? Ah tá,agora me jogar longe é...quer saber? Preciso comprar ingredientes para o jantar,com licença. Dan saiu de perto da Garota Trombona e foi tentar fazer suas compras.

    ― Dan! Demorou em!

    ― Eu sei,parecia que eu entrei em uma Comic Con onde tudo era de graça,sabe,por que elas não são e se fossem...esquece.

    ― Foi para Loucopólis também?

    ― Engraçadinha.

    ― Ei,pessoal. Vamos cozinhar um pouco?

    ― Lee,minha querida,eu vou cozinhar. Você e Lea podem descutir sobre quem é a melhor Barbie de todas.

    ― Babaca...

    ― O que é uma Barbie?

    ― É uma boneca muito famosa na Terra,Lee. Eu a odeio,muito rosa e brilho. Ela é a mulher perfeita para qualquer homem,boneco Ken.

    ― Homens namoram bonecas rosas na Terra?

    ― Não,me expressei mal. Esquece isso,é só um brinquedo.

    ― Hum,está bem.Vou deixar o menino Dan cozinhar,me acompanha menina Lea?

    ― Ahan,vê se não bota fogo na cozinha em!

    ― To começando a não gostar dessa coisa de " menino Dan ",pensou Dan.

    Lee puxou Lea até seu quarto. Era um quarto bem digamos assim,normal para uma saturniana. Havia uma cama bem arrumada,cômodas,espelho,uma mesinha com papéis em cima,livros pelo chão...tudo muito humano. ― Lee por que tem livros no chão? Não sabia que era fã de literatura terráquea. ― Bem,eu sou. Gosto de ler,mas como aqui não temos autores,poetas,peço para o Sr X me trazer alguns livros da Terra,ele é nosso vizinho,faz muitas viagens pra lá.Minha mãe acha que é perda de tempo,que não preciso ler para entrar na Biblioteca S. ―O que é uma Biblioteca S? ― É uma espécie de escola,eles nos ensinam tudo sobre os planetas,cósmos,estrelas,coisas do espaço- tempo,etc. ― Ah,como um astrônomo? É assim que se chama quem estuda o espaço em geral na Terra. ― É? Legal o nome,vocês dão  nomes legais as coisas,menina Lea. ― Sério,sem o menina. Pode ser? ―Está bem,sem então. Queria tanto sair de Saturno e ir para o seu planeta.Lá eu faria o que quero fazer,não quero ser esse tal de " astrônomo". ―Você quer ser o que,Lee? ―Quero cantar. ―Cantar? Ser uma cantora profissional? ― Sim. Mas mamãe nunca vai deixar,quer que eu seja uma...como se diz? ― Astrônomo .― Isso mesmo,você ama o que faz,Lea? ―Oh,se amo.É tudo que tenho,minha família seguiu essa caminho por gerações.Resolvi seguir o mesmo,minha mãe não queria,sabe por causa do perigo de ser um Viajante.Mas sempre sonhei em ser uma aventureira,pra falar a verdade gosto do perigo.Deveria estar estudando na Terra como todos os outros adolescentes de 17 anos,mas descobri esse novo mundo e me apaixonei.Não pretendo sair,quero ajudar todos vocês,isso você pode ter certeza,Lee.― É lindo,você fala como se tivesse perdido tudo.Você abandonou tudo,Lea? ―De certa forma,sim,abandonei.Lá tudo era muito mais complicado,mais difícil.Estava fazendo um curso de alemão,tinha amigos em todos os pontos da cidade,era uma das melhores alunas da minha antiga escola.Agora,sou essa aqui:mudei de nome,de gostos,optei por uma vida de perigos,sem saber se amanhã estarei bem e não presa na Prisão dos Esquecidos.Ser um/uma Viajante tem lá suas vantagens,mas o que mais me dá medo é pensar que todo Viajante é um invasor,todo Viajante é uma pessoa que desistiu de tudo e como guiar,ajudar seres de outros planetas não é difícil,qualquer um com cérebro e pensamento rápido poderia se tornar um. Esse poderia ser o melhor trabalho de todos e o mais cansativo de todos.

― Lea!

― Essa é a voz do Dan...

― Será que ele botou fogo na minha cozinha? Minha mãe vai matá-lo...

― Vamos lá ver, então.

― Dan! O que aconteceu? Queimou o assado?

― Não sei o que é pior,queimar o assado ou uma invasão.

Pessoas corriam pelas ruas,várias gritando.Lea pegou sua arma e correu para fora com Dan logo atrás.Lee ficou paralisada com a cena,parecia uma múmia.Ao voltar ao normal correu para a rua também. Suas mãos tremiam, nunca havia testemunhado uma invasão antes,mas sabia que estaria segura com Lea e Dan.Seus amigos Viajantes.