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História Leap Of Faith - Synacky - Protect me from what I want


Escrita por: laflamme

Capítulo 23 - Protect me from what I want


McKenna se ajustou no seu assento, fitando Alexis e Jennifer sentadas do outro lado do cômodo em um dos pequenos sofás do fundo da loja enquanto recortava alguns modelos de Zack para que fossem impressos até o fim do dia.

Alexis parecia compenetrada em uma série que assistia no celular enquanto Jennifer lia um enorme livro sobre arte renascentista e afagava as madeixas negras de sua namorada gentilmente.

Assim que notou Zack deixando o banheiro ao lado de Marc - ambos com os cabelos desnivelados e os botões da camisa frouxos - soltou um pequeno riso, chamando a atenção de ambas as meninas.

- McKenna! – Zack disse surpreso. – Você chegou cedo hoje! – Tentou ajustar sua camiseta até que estivesse alinhada, passando a mão pelas mechas dos seus cabelos, as bochechas vermelhas tanto de vergonha quanto do resultado de suas atividades anteriores ao encontro.

Marc em compensação passou por Zack com um sorriso travesso, audaciosamente lhe estapeando a parte traseira em seu caminho até a frente da loja.

-Marc! – Zack retrucou envergonhado, ganhando ainda mais risadas.

-Relaxa, Zack. A McKenna já é bem evoluída para a idade dela. – Alexis disse desligando seu celular enquanto se levantava do sofá. -Bom, eu tenho que ir. Acho melhor eu esperar no aeroporto.

-Onde você vai? – Zack perguntou enquanto retribuía o beijo que a morena lhe plantou na bochecha.

-Quebec. Preciso fazer uns serviços por lá que o Marc me pediu e visitar seu sogro e sua sogra, que aliás estão ansiosos para te conhecer.

Zack a olhou curioso.

-Coisas da loja em Quebec? Que esquisito. Ele não comentou nada comigo.

Alexis o observou rapidamente, logo após vertendo seu olhar para o celular, hesitando antes de respondê-lo.

-Hm, não. Quer dizer, não é da loja. Assunto pessoal. – Ela respondeu olhando para sua namorada.

Jennifer a fitou longamente, o silêncio na sala deixando Zack apreensivo.

Seu olhar foi em direção a porta que dava para a loja, que se encontrava fechada.

-O que vocês estão me escondendo? – Zack perguntou observando as namoradas se ajeitarem desconfortavelmente, McKenna fingindo não prestar atenção na conversação enquanto continuava seu dever de casa.

Alexis se apressou em direção a saída.

-Nada, Z. Relaxa. – Ela disse, deixando-o ainda mais desconfiado. – A gente se vê semana que vem, ok? Amo vocês, não se divirtam muito sem mim. – Abrindo a porta e deixando os três sozinhos, o som da conversação de Marc com os skatistas na recepção ecoando pela sala até que a porta se fechasse novamente.

-Jen. – Zack disse observando-a atentamente. – O que está acontecendo?

Jennifer deu de ombros.

-Não sei, Zack. De verdade. – Ela respondeu enquanto se levantava, alcançando sua bolsa de cima da mesa. – Eu sei que os pais deles ligaram semana passada dizendo que tinham boas notícias para ele, mas não fiquei sabendo do que se tratava.

Zack parecia cada vez mais apreensivo.

-Não acredito nisso. – Disse sentando-se no sofá ao lado de McKenna. – Tudo que eu não preciso agora é de surpresas. Se for algo ruim eu juro que eu desisto de levar alguém a sério.

Jennifer riu.

-Eu conheço o Marc desde que somos crianças, Zack. Duvido que ela esteja te escondendo algo.

-Ele visivelmente está, né, Jen. – Zack agora parecia mais agressivo. – Só falta ele ser outro Brian.

Com isso McKenna levantou seu olhar de seu caderno para olhar Zack rapidamente antes de retornar a sua lição, fazendo com que Zack se arrependesse imediatamente de utilizar o nome de seu irmão, esquecendo da presença da menor.

- Zack, o Marc não é o Brian. – Jennifer disse observando McKenna rapidamente. -Aposto que o que quer que seja que eles estão escondendo tem um bom motivo. Você dorme e acorda com ele todos os dias. Aposto que o quer que seja, você vai ser a prioridade. Dê um voto de confiança, ok?

Com isso Jennifer se despediu de McKenna lhe dando um longo beijo na testa.

-Nos vemos mais tarde, Zee. – Ela disse abraçando seu melhor amigo. – Te amo.

Zack se despediu antes de sentar no sofá ao lado de McKenna descansando o rosto nas palmas da mão enquanto se perdia em seus pensamentos.

-Zacky... – A menor disse enquanto apoiava uma das mãos no ombro do maior. – Você está bem?

Zack sorriu para a menina, descansando uma de suas mãos na de McKenna.

- Sim... – Respondeu suavemente. – Sinto muito por citar o Brian.

McKenna deu de ombros.

- Eu fiquei em dúvida se vocês estavam falando dele mesmo ou não, mas depois ficou meio óbvio.

Zack permaneceu em silêncio observando a adolescente, não sabendo nem por onde começar as explicações.

-Eu sempre soube.  Ele me contou de você. Não se preocupe. Pode desabafar.

Zacky agora se endireitou, surpreso.

-O que exatamente você sabia? – Ele perguntou apreensivo.

-Que vocês ficavam...

Zack engoliu em seco, jamais imaginando a extensão do conhecimento de McKenna sobre sexualidade em si, quem dirá seu envolvimento com Brian.

- Ele te contou isso?

McKenna assentiu.

-Sim. Eu escuto sobre você desde o começo das aulas. -Zack corou, observando-a atentamente. – Desde o primeiro dia inclusive.

-O primeiro dia de aula?

-Sim.

Zack permaneceu em silêncio, ainda surpreso.

-Depois que eu descobri sobre a orientação dele eu sempre perguntava se ele havia conhecido alguém interessante. No dia que estávamos falando sobre os primeiros dias de aula ele comentou sobre um menino da sala dele que chamou a atenção dele. Alguns dias depois ele apareceu com o olho cortado. Eu fiquei super triste quando vi, porque ele estava há algum tempo sem se meter em brigas, mas quando vi ele sorrindo fiquei confusa. Ele geralmente vem transtornado para casa quando briga com alguém. Dessa vez ele parecia feliz, até eufórico. Ele chegou a cozinhar aquele dia.

McKenna riu com a memória.

-No fim da noite eu entendi que foi porque de alguma forma ele achava que tinha chamado sua atenção.

Zack parecia ainda mais chocado, seus enormes olhos verdes concentrados na boca de McKenna, as palavras que saiam o deixavam cada vez mais curioso.

-O Brian tem um jeito esquisito de mostrar quando ele gosta de alguém. Mas tenho certeza que esse era o caso. O dia que ele entrou com você pela porta no colo dele, absolutamente encharcado, o rosto dele estava branco. Ele estava realmente preocupado. Checava se você tinha febre de dois em dois minutos.

-Ele parou de falar de mim quando brigamos? -Zack perguntou, aproveitando a brecha de McKenna.

-Sim. Por isso imaginei que tivessem brigado. Ele parecia desolado. Sentia que ele queria conversar, mas ao mesmo tempo não. Eu ouvia ele andando pela casa a madrugada inteira sem conseguir dormir. Teve um dia específico que ele voltou só na manhã seguinte, o que me deixou bem preocupada, porque ele nunca faz isso. Ele me disse que tinha definitivamente estragado tudo. Que foi atrás de você, em algum lugar, acho que Los Angeles, mas te viu indo embora com alguém. Desde esse dia ele nunca mais falou sobre isso e entrou num modo de serviço parece. Até hoje. Ele trabalha, vai para a aula mas sempre que está em casa ele está ocupado com alguma coisa. Pesquisando coisas no computador, anotando um milhão de coisas. Nos últimos tempos ele torrou todo o dinheiro dele com uns livros gigantescos e fica lendo eles a noite inteira.

Zack a observava curiosamente, todas essas revelações lhe trazendo uma sensação esquisita.

Enquanto ouvia os relatos de McKenna seus dedos dançavam sobre o anel que Marc havia lhe dado uma semana atrás. Uma aliança de tungstênio preto, tão incrível que Zack quase debulhou em lágrimas quando a encontrou dentro de uma pequena caixa azul colocada embaixo de seu travesseiro.

- Eu jamais pensei que ele se importasse. – Zacky disse agora fitando o chão abaixo de si, recordando todos os momentos que se decepcionou com Brian. - Você acha que mudou a forma como ele se sente?

McKenna estava prestes a responder quando o toque de seu celular ecoou pela sala, assustando ela e Zack levemente.

-Falando no diabo. – Ela disse antes de atender o telefone.

Zack a observou longamente, surpreso com a coincidência e de certa forma apreensivo com onde McKenna diria que estava. Por mais que tivessem combinado em não contar nada para o Brian ele sempre se encontrava temendo que a menor falasse sem querer.

Assim que a menor atendeu a ligação finalizou.

-Caiu! O sinal do setor de empacotamentos é terrível. Vou ter que ir lá encontrar com ele.

Zack assentiu, se levantando junto com a adolescente.

-Ok. Eu tenho que ir embora daqui a pouco também.Temos ensaio.

Com isso McKenna se levantou, abraçando o maior.

-Independente de eu obviamente te querer o mais perto possível, e isso seria se você e Brian estivessem juntos, eu gosto muito de ver você feliz e principalmente com alguém como o seu chefe. Ele é uma das pessoas mais legais que já conheci. Espero que a notícia que ele tem não seja algo que vai te decepcionar como o Brian te decepcionou.

Zack sorriu com tristeza, caminhando com a menor até a porta com esta debaixo de seu braço.

Assim que alcançaram o balcão Zack ouviu uma outra voz conhecida que não a de Marc.

-Brian? – McKenna perguntou, parando abruptamente com a visão de seu irmão logo em frente de Marc, que parecia ainda mais surpreso que eles.

-McKenna? – Brian perguntou, deixando a camiseta que estava em suas mãos no balcão, logo após fitando a proximidade da menina com Zack. – O que você está fazendo aqui? E você, Zack?

Zack engoliu em seco, sem saber o que dizer.

Marc observou os três em confusão.

-Eu... Eu trabalho aqui. – Zack respondeu hesitante.

-E eu vim aqui dar oi enquanto te esperava. Encontrei com o Zack outro dia na rua. – A menor disse, se afastando lentamente de Zack.

-Isso explica a camiseta com seu desenho. – Brian disse voltando seu olhar para o balcão, ajeitando alguns livros que estavam em suas mãos, mais precisamente três enormes livros que Zack se distraiu lendo seus títulos. – E desde quando você vem aqui dar oi?

Marc arqueou a sobrancelha, surpreso com o desconhecimento de Brian de que McKenna vinha na loja todas as tardes por várias semanas. Zack agradeceu mentalmente por seu namorado permanecer calado, somente observando os irmãos.

-Poucos dias. O Zack disse que queria me desenhar, e por isso eu vim.

Brian permaneceu imóvel, seu olhar vertendo entre a menor e o outro guitarrista.

-Ok...- Ele finalmente disse. Zack continuou observando os livros que este carregava, os músculos de seu braço saltados pela força que fazia para segurá-los. – Vamos. Meu turno acabou mais cedo. – Zack finalmente havia conseguido decifrar o que os livros diziam.

-Ok. – McKenna respondeu ajustando sua mochila em seu ombro antes de se despedir do casal.

- Bom, eu vejo você daqui a pouco, Zacky. Marc.- E com isso o guitarrista se virou para o mais velho, um sorriso quase que caricato em seu rosto. – Sempre um prazer.

Marc apenas assentiu educadamente, se quer sorrindo.

Assim que Brian atingiu a porta virou-se novamente na direção do balcão, pegando Zack e Marc trocando olhares.

-Ah, e Z. – Chamando a atenção do menor rapidamente. – Obrigada pelo desenho dela. – virando novamente para sair da loja ao lado de sua irmã.

Zack continuou observando a porta, agora fechada, pensando longamente sobre como iria explicar a situação.

-Bom... – Zack começou, parando quando notou a feição do mais velho enquanto Marc simplesmente ignorou o que ele dizia e se encaminhou até o fundo da loja. -Marc?

Zack o seguiu até os fundos.

-Você está bravo?

Marc deu de ombros, ainda ignorando o menor.

-Marc?- Zack o puxou pelo cotovelo. – O que foi?

-O que você está querendo esconder, Zack?

Zack parecia confuso.

-O que você quer dizer?

- Eu até entenderia você mentir para ele sobre ela vir aqui. Mas mentir para mim que ele sabia? Qual o objetivo?

Zack permaneceu em silêncio.

-Eu sabia que uma hora ou outra você iria querer desenterrar sua história com ele. – Marc disse, pegando as chaves de cima da mesa. – Mas não imaginava que seria tão cedo.

Zack agora sentiu-se ofendido.

-Desenterrar que história? – perguntou puxando as chaves da mão do maior. – Nós não temos uma história. Eu só te falei que ele sabia para evitar mais dilemas.

Marc riu ironicamente.

- Porque isso funcionou muito bem né.

Zack bufou, desvencilhando suas mãos do mais velho quando este tentou recuperar suas chaves.

-Eu não quero brigar com você, Zachary. É melhor eu ir. Só me dê as chaves.

Zack negou, escondendo-as atrás de si.

- Você tem que me ouvir antes. Não pode só pular para conclusões assim. Não é justo.

Marc o observou longamente.

-Ok. Explique.

Zack agora o observava com hesitação, procurando alguma forma de explicar a situação.

Após uma longa pausa em silêncio, Marc riu novamente.

-Viu? Nem você consegue explicar. Porque só tem uma explicação. Você quer eles por perto. Quer saber da vida dele. E nada melhor do que ter a irmã dele com você todos os dias.

Zack agora sentia raiva.

-O que? Eu realmente gosto dela. Gosto da companhia dela. Isso não tem nada a ver com o irmão dela.

-Então por que eu já te vi perguntando mil coisas sobre o passado dele para ela? Semana passada mesmo vocês estavam falando sobre o que ele estava fazendo antes de vir para huntigton high. Qual o seu objetivo, Zack? Você não consegue se desvincular dele. Você precisa saber da vida dele.

Zacky encontrou-se sem respostas, tudo o que o mais velho dizia se tratava da mais pura verdade, porém essa confissão era algo que Zack não havia nem feito a si mesmo.

-Mas tem uma razão. Eu sinto que tem algo errado. Que ele esconde algo.

Marc agora parecia tão nervoso quanto o menor.

-Sério, Z? Você pode mentir o quanto quiser para si mesmo, mas não venha tentar me esconder a verdade.

-Que ironia! Você pode falar muito mesmo. – Zack disse, puxando a mão do mais velho para si e depositando as chaves raivosamente. – Vai embora. Melhor que vá mesmo. Assim você pode ir lidar com as coisas que você tem escondido de mim também.

Marc agora o observava surpreso.

- Fácil julgar os outros quando você também está traindo a confiança deles, né?

-Eu não tenho certeza que estamos falando da mesma coisa. – Marc disse, agora sua voz mais pacífica, a feição serena. – Mas independente do que esteja querendo dizer, eu não te escondo nada.

-Nada, é? Você é igualzinho a ele. A diferença é que pelo menos ele deixa bem transparente a falta de caráter. – Zack terminou sua sentença pegando as mochila sobre o sofá.

-Não. Agora você vai ficar aqui para conversarmos. – Marc disse, caminhando atrás do adolescente que já alcançava a porta. – Eu acho que você não tem nenhuma noção do que realmente está acontecendo.

Zacky abriu a porta sem olhar para trás, seus passos rápidos até a saída, batendo a porta da loja agressivamente.

~~''~~

O trajeto até o ensaio foi o pior das últimas semanas. Zack se sentia desolado, a sensação de que Marc estava traindo sua confiança sendo a última coisa que esperaria no momento.

Assim que atingiu a casa dos Sanders entrou direto pela garagem, cumprimentando todos os membros até chegar em Brian, que parecia ocupado em afinar sua guitarra.

-Hey, Vengeance. – Matt disse, o hábito de utilizar os apelidos dados a cada um pegando dia após dia.

Zack sorriu levemente, pegando sua própria guitarra.

-Tudo bem? – Brian perguntou, observando o guitarrista com atenção. – Você não está bravo comigo, está?

-Não. – Zack respondeu rapidamente, encontrando o olhar do maior. – Claro que não. Achei que você estivesse comigo.

Brian deu de ombros.

-Não gostei de saber que estava completamente alheio ao paradeiro da minha própria irmã. Mas jamais iria ficar bravo com você por chama-la na loja para desenha-la.

Zack forçou um sorriso, a culpa tomando conta de si quando pensou sobre a somatória de razões pelas quais McKenna estava na loja todos os dias além de servir de modelo para uma das estampas de Zack.

-Obrigada de verdade. Ela ficou muito contente com isso. Primeiro eu fiquei confuso, mas quando ela passou o caminho todo falando sobre os inúmeros desenhos que você fez dela, eu não poderia ter ficado mais grato.

- Foi um prazer. Sua irmã... – e com isso Zack pausou, olhando atentamente para o maior – diferentemente de você é um anjo. – e terminou com um pequeno soco em seu ombro, voltando a sua posição original em frente ao microfone.

O treino estava quase alcançando seu fim quando Zack passou a se sentir quase que aéreo. A briga com Marc pouco mais de uma hora antes havia trazido um nervosismo esquisito, quase que violento. Agora, após praticarem todas as músicas que iriam tocar no concurso Zack sentia seu corpo anestesiado, uma mistura de tranquilidade com uma certa adrenalina, quase como se tivesse usado alguma droga antes de tocar.

A agitação o fez com que sentisse vontade de andar mais, ainda seguindo os conselhos de Matt sobre se aproximar de Brian para que parecessem em “sintonia”, ou o quer que seja que Matt quis dizer.

Assim que alcançou o outro guitarrista na espaçosa garagem, Zack passou a tocar a base enquanto Brian estava próximo de seus solos, distraído com suas cordas para notar a presença do outro guitarrista ao seu lado.

Zack o observou tocar por alguns segundos, até que seu corpo inconscientemente alcançou o corpo do outro guitarrista, seu ombro se encostando levemente no de Brian, até que o olhou surpreso, suas costas tensas com o encontro súbito.

Brian demorou alguns segundos para entender que Zack havia se apoiado de próposito, e não meramente tropeçado, finalmente relaxando sobre o contato e retribuindo o gesto, encostando-se no outro guitarrista para tocarem juntos até que chegasse o refrão.

Zack fechou os olhos e deixou que seus dedos fizessem seu trabalho, afastando-se tão somente quando era finalmente o momento de solo de Brian.

Assim que o treino chegou a seu fim Matt bateu palmas acompanhado de Valary que estava sentada no sofá.

-Que treino, pessoal. Que treino! – Ele disse, cumprimentando seus companheiros. – Zack e Brian, genial. Adorei a pose.

Zack e Brian sorriram, se cumprimentando, satisfeitos consigo mesmos. O maior em um ato que quase subconsciente abraçou o outro guitarrista.

Enquanto os outros membros se serviam de refrigerante e comidas que Valary havia trazido, Zack deixou-se ser abraço pelo maior, seu nervosismo e agitação de antes se acalmando rapidamente, o contato com o Brian endo algo que ele almejava desde que havia chegado na garagem até o fim do ensaio.

Brian o soltou aos poucos, ao fim postando uma mão sobre seu ombro.

-Gostei do que você fez. Faça mais vezes.

Zack sorriu enquanto observava o maior caminhar em direção aos outros, enquanto ele  foi até o sofá sentando-se ao lado de Valary, a loira afagando suas madeixas quase que em um instinto maternal.

-Não ache que esse seu ato de fraternidade me engana. Foi lindo, mas sei que tem algo de errado. O que o Brian fez dessa vez?

Zack riu, deitando sua cabeça sobre o colo da menina.

- Olha, Val. Pela primeira vez na vida o meu problema não é o Brian. Pelo contrário. Até eu chegar aqui eu estava aflito. O ensaio me fez muito bem.

-Só o ensaio? – Val perguntou, um sorriso malicioso em seu rosto.

-Qual é. A Michelle é sua irmã. Você deveria me condenar por chegar meio metro perto do namorado dela, quem dirá ficar encostando nele durante os treinos.

Val riu longamente.

-Zack. Tem muita coisa que você perde agora que não está com a gente o tempo todo. O Brian e a Michelle provavelmente estão com os dias contados.

Os olhos de Zack se estalaram rapidamente.

-Como assim?

Valary continuava a acariciar seu cabelo, observando se nenhum dos membros estava perto para ouvir.

- Você tem que me prometer que vai manter isso em segredo.

Zack assentiu.

-Bom. Faz muito tempo que a Michelle reclama que o Brian está com ela mas não se envolve. Ele nunca dorme aqui, ela nunca foi na casa dele. Nem uma vez se quer. Ele não a convida pra conhecer a família dele, nem para passarem tempo juntos que não seja lá em casa. Ele se recusa a ir no cinema, jantar. Eles ficam sempre lá em casa dentro do quarto.

Zack ouvia com extrema atenção, olhando vez ou outra para se certificar de que o outro guitarrista não estava ouvindo a conversa.

-E não acaba aí. Semana passada eu peguei o Quinn e ela conversando sozinhos no quarto dela. Pela forma como eles reagiram eu imagino que, ou eles estavam prestes a fazer algo, ou já haviam feito, porque desde então ela evita se quer falar no nome dele e vive escondendo o celular de mim.

Zack estava chocado.

-Você acha que ela está traindo ele?

Valary deu de ombros.

-Não sei. Só sei que as coisas andam esquisitas. Achei que era por isso que você estava desse jeito. Achei que ele tinha ido atrás de você de novo. Aliás grande maioria das discussões deles é o que ela alega. Que ela achava que nada acontecia entre vocês, mas que era a única explicação para tudo.

Zack negou, escondendo seu rosto em suas mãos.

-Que confusão. Achei que ficaria feliz quando ficasse sabendo de coisas assim, porque nós dois sabíamos que eles não iriam ficar juntos por tanto tempo assim. Mas não me sinto nem um pouco aliviado.

-Por que não?

Zack retirou suas mãos de seu rosto, olhando a loira por alguns segundos antes de buscar o pequeno item que escondia no fundo do bolso de sua calça.

Assim que sua mão submergiu Valary notou o pequeno anel preto postado sobre a palma da mão de Zack.

- Isso é o que eu estou pensando que é? – ela perguntou em surpresa, suas mãos cobrindo sua boca. -Não acredito! Que lindo.

Zack deixou que a loira pegasse o anel em suas mãos, analisando a pequena joia com admiração.

-Nem eu ganhei um anel ainda e você já tem uma aliança? Que injusto. Que lindo, mas que injusto.

Zack riu.

-Tenho certeza que o dia que o Matthew colocar um anel em seu dedo vai ser pra sempre, Valary. E aposto que vai ser o anel mais lindo com o pedido mais romântico do mundo.

Valary corou.

- Você acha mesmo? Quer dizer... Que vamos nos casar?

Zack assentiu sem qualquer vestígio de dúvida.

-É a única certeza que eu tenho na vida. Vocês vão casar e ter dois lindos filhos. Um casal que todos nós vamos aterrorizar e levar para o mau caminho.

Ambos riram, Zack prestes a devolver o anel ao seu bolso quando Matt se aproximou dos dois.

-Do que vocês estão falando?

-Nada! – Valary disse rapidamente, despistando seu namorado. – ótimo treino hoje.

Matt agradeceu, plantando um beijo nos lábios de sua namorada.

-Obrigada! – Agora voltando a atenção para o seu guitarrista. – O que é isso? – e puxou o anel da mão do menor, fazendo com que Zack se levantasse abruptamente, roubando novamente o anel da mão do vocalista.

- Que anel é esse? Foi pedido em namorinho? – Matt brincou, seu tom indicando que ele realmente estava brincando.

Zack e Valary permaneceram sérios.

-Não. Sério? – Ele perguntou boquiaberto. – Tá zoando! Você foi pedido em namoro? – Disse alto, chamando a atenção dos outros membros até que Zack lhe deu um soco no estômago.

-O que? Pra quê isso? Todo mundo vai achar tão brega e piegas quanto eu, mas aposto que vão ficar todos felizes por você.

Zack revirou os olhos, voltando seu olhar para Valary quando essa respondeu por ele.

-Quer dizer então que você acha brega e piegas? Por isso você nunca me deu um, né? Que bom saber. – ela disse se levantando. – Quem sabe eu vá procurar alguém que não ache isso. Zack, passe lá em casa, preciso conversar com você. Tchau, Sanders.

Matt abriu e fechou a boca inúmeras vezes, as palavras lhe escapando.

Zack observou a loira sair da garagem como um furacão, batendo a porta fortemente para a surpresa de todos ali.

Matthew agora olhava Zack com indignação.

-Muito obrigado, Zachary. Agora vou ficar uma semana em celibato por causa do seu anel estúpido.

Zack levantou bruscamente, fitando o mais velho com raiva.

- Eu sou pedido em namoro e a culpa de você ser cego é minha? Faça-me um favor.

Zack se encaminhou até a saída da garagem, dando tchau para os outros membros com um aceno até sair em direção a rua.

-Espera, Zack. – Matt correu atrás do moreno. – Você acha que ela quer um anel?

Zack riu ironicamente.

-Meu deus, você é mais burro que uma parede.

Matt parecia ainda mais nervoso.

-Como eu iria saber?

-Ah, não sei, Matt. Talvez porque toda vez que passamos em frente a uma loja de joias ela fala dos que gosta. Ou quando estamos vendo filmes e ela fica falando sobre as alianças das noivas. Você não precisa pedir ela em noivado, mas não custa nada um anelzinho. Você sempre me disse que ela é a mulher da sua vida. Quantas coisas você já deu para ela? Quantos presentes ainda esse ano?

Matt permaneceu em silêncio.

-Exato. Se você está tendo que pensar quando foi a última vez é porque já é tempo suficiente.

Zack começou a separar as moedas para o ônibus quando Matt  puxou sua mão.

-Eu te levo. Precisamos passar no shopping antes de você ir para as DiBendettos.

Zack o observou longamente antes de sorrir.

-Eu sou o melhor conselheiro da história.

Matt revirou os olhos, empurrando o guitarrista até a caminhonete com mais força do que deveria.

-Me desculpa por xingar seu anel. Estou feliz por você. – o maior disse antes de fechar a porta do passageiro, deixando Zack sentado ali com um enorme sorriso em seu rosto enquanto observava seu melhor amigo dar a volta até seu assento, um sorriso idêntico ao seu postado em seu lábio perfurado.

 

~~’’~~

-‘chelle, se você queimar minha testa eu juro que eu corto seu cabelo enquanto você dorme.

Michelle riu, observando os enormes olhos verdes de Zack pelo reflexo no espelho.

-Zack, deixa a profissional trabalhar, por favor.

Valary observou os dois com adoração.

- Quero só ver o Zack emo. – ela disse, aproximando-se de sua irmã. – Você vai alisar toda a franja?

Michelle assentiu, puxando mecha por mecha com a chapinha.

- Estou tentando convencer ele a me deixar maquiar ele.

Zack revirou os olhos.

- Você sabia que ser gay e transexual são coisas distintas, né? – ele perguntou, estapeando a mão de Valary quando essa tentou passar um pincel de pó em seu rosto.

-É só uma sombra, que nem a Jenny passa em você de vez em quando. Não vou te deixar parecendo uma boneca.

Zack respirou fundo, observando o olhar de curiosidade das duas gêmeas.

-Ok.Ok. Mas se eu ficar zoado eu vou limpar minha cara na blusa mais cara que você tiver no seu armário.

Michelle o observou com horror.

-Ok. Combinado. – ela disse após se conformar com a ideia. – Confio no nosso taco.

Zack foi virado contra o espelho em direção ao resto do quarto.

-Como assim? Nem pensar, eu quero ver.

-Não! – Michelle respondeu. – Você vai ficar caladinho aí até a gente terminar. Aproveite esse tempo para me contar tudo sobre esse anel e porque você está triste após receber algo do seu namorado quando a gente não recebe nem uma balinha dos nossos.

Zack observou o volume em sua calça onde o anel estava guardado.

-Comece pelo motivo pelo qual ele está escondido em seu bolso. – Valary disse, auxiliando sua irmã com as mechas de Zack.

-Você não gostou? – Michelle complementou.

Zack respirou fundo.

-Lógico que gostei. Amei. O Marc é uma pessoa incrível. E não poderia ter sido melhor escolhido. Preto, brilhante, discreto. Ele me conhece melhor que eu mesmo.

-Mas?

-Mas eu não sabia como contar para vocês. – Zack disse, parcialmente dizendo a verdade. De fato sua maior preocupação era contar. Mas mais especificamente preocupado com a reação do outro guitarrista. Brian e Zack finalmente estavam se dando bem, e a última coisa que Zack precisava era que algo atrapalhasse isso.

-E é por isso que você está triste? – Michelle perguntou novamente.

-Meu deus, eu sou tão transparente assim?

As duas se olharam, rapidamente confirmando e rindo em seguida.

-Que terrível. Bom, não. Essa é a segunda parte da história. Hoje pela tarde a irmã dele confessou que estava indo até o Canadá resolver alguns assuntos pessoais dele. Quando eu perguntei do que se tratava ela não quis responder, agiu esquisito. Tenho medo do que ele possa estar escondendo de mim.

-Mas você acha que é algo ruim? Que ele está te escondendo algo? – Valary perguntou preocupada. – Não é o jeito dele né.

Zack assentiu.

-Não. Nem um pouco. Ele é totalmente aberto comigo. Aí eu me pergunto, se ele realmente está escondendo algo errado, como ele teve coragem de me pedir em namoro? Seria muita cara de pau.

Michelle concordou.

-Por isso mesmo que talvez não é algo ruim. Ou se for, talvez não é culpa dele.

Zack ponderou o conselho a gêmea.

-Pode ser, mas então por que ele não me conta? Ele desconversou quando eu perguntei.

-Talvez ele esteja esperando o melhor momento para contar. – Val disse, depositando sua mão na de Zack. – Nem todo mundo é podre, Zack. Alguns ainda prestam.

Michelle olhou rapidamente para sua irmã, talvez considerando o comentário muito familiar.

-Espere mais uns dias. Se ele não te contar, confronte. – Michelle continuou, pausando quando seu celular começou a tocar freneticamente sobre a cabeceira da cama.

Após alguns segundos ela desligou, voltando para sua irmã.

-Confirmado! Tudo certo no hotel.

Zack agora parecia surpreso.

-Hotel? Aquele hotel? É lá que vai acontecer essa festa?

As duas concordaram.

-Surpresa! – Val disse. – Eu sei que você não tem boas memórias do local, mas fomos lá diversas vezes depois daquele dia e foram festas incríveis, acredite. Nos divertimos um bocado.

-Sem problemas. Não tenho mais qualquer tipo de preconceito com nosso passado. – Zack disse observando Michelle longamente. A loira sorriu, apertando seu ombro gentilmente.

 

 

 

~~’’~~

Já passavam das duas da manhã quando Zack se perdeu de Valary e Michelle.

As gêmeas, após finalizarem seus serviços no guitarrista, se prontificaram de servi-lo uma sequência de shots das bebidas mais fortes que poderiam encontrar no armário de bebidas de seus pais.

Não demorou para que Zack se sentisse bêbado e com vontade de rir de absolutamente tudo, principalmente a guerra das irmãs sobre qual delas usaria os louboutins novos que sua mãe havia trazido de nova York.

Durante as quatro primeiras horas de festa, Zack, Brian, Matt e Jimmy tornando seu maior entretenimento o de aborrecer Johnny e sua nova namorada.

Há semanas o baixista se programava para ficar sozinho com a menina, e toda vez que os dois estavam sozinhos em algum cômodo o grupo se ocupava de atormentá-los de alguma forma.

Zack, após uma longa caminhada até o sanitário e a constatação de que seu senso de orientação era quase próximo do nulo, voltou ao salão para descobrir que nenhum de seus amigos estava por perto.

Embriagado ele sentou-se em um canto da festa onde tinha quase certeza que ninguém havia vomitado sobre ainda. Retirou seu celular de seu bolso para encontrar nada mais nada menos do que seis ligações perdidas. Todas de Marc. Ouviu um recado que estava pendente em sua caixa postal.

“Zack. Você estava certo. Precisamos conversar. Venha para casa independente da hora que for”.

Zack sentiu uma pontada em seu coração ao ouvir a palavra “casa”. Era a primeira vez que Marc se referia a sua casa como se fosse de Zack também. Após inúmeras semanas dormindo e acordando juntos, Zack estava plenamente ciente da situação de quase casamento em que se encontravam, sentindo vontade de simplesmente correr para a casa do maior e deitar ao seu lado, sem se quer fazer nenhum questionamento.

Mas, a teimosia de Zack com toda certeza era seu atributo mais intenso, descartando essa ideia para voltar a busca de seus amigos.

Após trinta minutos de uma procura idiota em que ele questionava para pessoas ainda mais embriagadas que ele onde estaria o grupo, Zack observou seu celular pelo menos umas dez vezes, frustrado com a ausência de novas ligações de Marc.

Em seu estado alterado passou a se questionar se poderia estar sem sinal, procurando uma saída para o quarto onde o todos estavam.

Assim que atingiu o corredor onde Jimmy havia lhe deixado para ir ao banheiro da última vez, Zack ouviu vozes familiares ecoando ao redor de todo o prédio, desde o pátio até onde estava.

Debruçando-se sobre o parapeito observou o pátio para ver se lá estavam eles, porém este estava vazio.

Após alguns segundos Zack percebeu que em realidade as vozes vinham de cima e ecoavam até o chão em função do formato do prédio e por esse ser aberto no seu âmago.

Com muito esforço o moreno subiu todos os andares até chegar ao terraço, as vozes ficando cada vez mais próximas até que atingiu o último andar.

-Zachary! – Matt disse se levantando de seu local no chão para puxar o guitarrista até o topo do terraço, suor escorrendo de sua testa e molhando seu cabelo. – As gêmeas foram te procurar. Por que diabos você não veio de elevador?

Zack o fitou silencioso, tentando recuperar seu fôlego.

-Sério que tem um elevador para cá e eu subi vinte andares de escada?

-Sério.- Matt respondeu rindo alto, voltando para o lugar onde estava deitado.

O terraço era imenso, e tão alto que Zack podia jurar que quase tocava as nuvens. Ou poderia ser o md que ele havia tomado há pouco. Difícil distinguir.

Matt e Brian estavam deitados sobre o chão observando o céu estrelado, enquanto Johnny e Jimmy estavam apagados em um canto abraçados, aparentemente em sono profundo.

-O que aconteceu com aqueles dois? – Zack perguntou, as sobrancelhas altas em sua testa.

- Eu acho que o Jimmy acha que tá abraçando a namorada dele e vice-versa. Elas cansaram das nossas sabotagens e foram embora há tipo umas três horas atrás. Vez ou outra eles cochicham algo no ouvido do outro. É absolutamente hilário. – Brian disse, olhando para os dois amigos aconchegados um no outro.

Zack riu longamente enquanto se deitada ao lado dos dois, Matthew a sua esquerda e Brian a sua direita.

-Hey, Zack. Eu amei os piercings. Não sei se já te disse isso – Matt disse, observando as duas pequenas argolas perfuradas em seu lábio.

-Só umas quatro vezes. – Zack respondeu, retribuindo o sorriso do vocalista.- E a Val gostou do anel?

-Ainda não entreguei. Estou pensando em entregar no dia do concurso de bandas.

-Que anel? – Brian perguntou curioso, virando o rosto na direção dos dois.

-Eu segui o conselho do Zack aqui e comprei um anel para a Val. Não de noivado. Mas para agradar ela mesmo. Parece uma aliança de casamento.

Brian sorriu.

- Quem diria que debaixo desse monstro existe um coração tão gay. – comentou enquanto Matt se levantava, seus dois braços no ar em redenção.

-Viu. Até que eu consigo ser romântico quando quero. – Matt continuou, caminhando em direção às pequenas escadas que davam até o elevador. – Mas tenho que agradecer ao Marc por nos influenciar com a ideia, se não fosse o anel do Zack eu nunca me tocaria que a Val queria um.

Zack engoliu em seco quando Matt terminou sua sentença, observando o moreno entrar no elevador cambaleando.

-Vou buscar as gêmeas, não saiam daí.

Brian se levantou lentamente, apoiando o peso do seu corpo nos cotovelos, observando a porta de elevador se fechar.

Zack permaneceu imóvel, receoso até em piscar, sua respiração parecendo extremamente alta comparada com o silêncio mortal em que Brian se manteve.

- Isso quer dizer que você oficialmente está namorando então... – Brian disse, ainda evitando o olhar do menor. – Faz quanto tempo isso?

Zack respirou fundo, tirando o anel de dentro de seu bolso.

-Um tempo considerável. – Zack respondeu, colocando o anel em seu dedo. -Estava procurando uma forma de contar para vocês.

Brian também respirou fundo, se levantando até que Zack puxou seu braço antes que ele estivesse de pé.

-Não vai. Não quero estragar nossa relação. Finalmente estamos nos dando bem.

Brian agora descansou o peso de seu corpo sobre seus joelhos, virando na direção de Zack, que agora estava sentado, sua mão ainda envolta no pulso do outro guitarrista.

-Eu achei que você só estava se divertindo com diversas pessoas por aí, e não se envolvendo de fato com algum deles.

Zack largou o pulso de Brian, descansando ambas as mãos no chão em troca.

- Eu também. Até que um dia aconteceu. – Zack disse. – Não é como se eu tivesse fazendo algo errado. Acho que mais errado era quando eu estava transando com mais de um cara por noite, não?

Brian pareceu ferido com o comentário do guitarrista, seu olhar de indignação tão evidente que Zack se sentiu sujo por alguns instantes.

-Isso também não me deixava feliz. Definitivamente. Mas com certeza era menos preocupante do que sentimentos. De verdade. Por outra pessoa.

Zack foi pego de surpresa pelo comentário, sentindo uma agitação esquisita.

-E por que isso importa para você? Você também tem sentimentos por outra pessoa.

Brian riu com uma pontada de tristeza.

- Se você ao menos soubesse metade do que eu gostaria de te dizer, nós não estaríamos nessa situação agora. Nem tudo é o que parece, Z.

Zacky olhava Brian diretamente em seus olhos, a intensidade de seu olhar fazendo com que o menor se sentisse quase despido.

- Você não sabe o quão difícil foi ficar longe de você hoje. Toda vez que você passava por mim a única coisa que eu queria era te levar para algum canto e percorrer minha mão pelo seu corpo inteiro. Esses piercings, o cabelo. Parece que você tinha que fazer tudo hoje. Só para me deixar mais louco ainda.

Zack corou fortemente, desviando o olhar.

-Brian, para. – Ele disse, enterrando seu rosto em suas mãos. -Não é justo você me falar essas coisas.

Brian levantou novamente, mas dessa vez se encaminhou até o parapeito do terraço, observando o centro da cidade quase vazio, todos os moradores já dentro de suas casas ou em clubes.

Zack continuou sentado até que o guitarrista voltou a falar.

- Mas eu fico feliz por você. De verdade. Por mais que eu deteste confessar isso, seu namorado não poderia ter sido escolhido melhor. Ele realmente gosta de você e aparentemente faz de tudo para te ver bem.

Zack se levantou e caminhou lentamente até o maior, encostando-se sobre o parapeito junto dele.

-Eu não mereço alguém como ele. – Zack confessou, olhando para Brian.

O guitarrista simplesmente negou, puxando um dos baseados de sua carteira e plantando sobre seus lábios.

-Você não sabe realmente quem você é , não é? – Brian perguntou, acendendo o pequeno cigarro perfeitamente enrolado.

Zack o observou longamente, surpreso com o quanto estava familiar com essa versão do guitarrista. Não lhe soando estranho a quantidade de elogios que proferiu nos últimos minutos.

-Eu não acho que não mereço ele porque não sou  bom o suficiente... – Zack disse, estendendo a mão para que o maior lhe passasse o cigarro. – Eu acho que não mereço ele porque enquanto ele provavelmente sonha comigo, eu sonho com outra pessoa. Esse é o ruim dos sonhos, sabe. A gente não consegue escolher a forma como nosso cérebro vai processar a nossa vontade.

Brian, que até então estava estendendo o baseado na direção do menor, voltou novamente até sua própria boca lentamente, só que dessa vez a parte acesa para dentro de sua boca, e o filtro para o lado de fora, meramente fechando seus lábios ao redor para segurar o embrulho entre eles.

Zack notou a fumaça saindo em um rastro linear enquanto o guitarrista soprava, instintivamente alcançando a outra ponta com sua própria boca e recebendo o shotgun até que seu pulmão estivesse cheio de fumaça.

Brian retirou o cigarro de sua boca, observando Zack soltar a fumaça lentamente e logo após tossir.

-vish. Sinal que vou ficar bem. – Zack comentou rindo, a irritação em sua garganta passando rapidamente com o olhar do moreno sobre si.

Zack alcançou a bochecha do maior, puxando seu rosto até que estive poucos centímetros do seu.

- Essas coisas que você diz que eu não sei... – Zack disse, o ar que saia de sua boca batendo diretamente nos lábios de Brian. – São o motivo pelo qual você tenta se afastar de mim mas não consegue?

Brian fitava seus olhos verdes quase sem piscar, a profundidade do olhar de Zack fazendo com que seu sangue pulsasse cada vez mais rápido.

-Vou considerar o seu silêncio uma confirmação.  

Brian permaneceu sério, mas de alguma forma seu olhar confirmava o que Zack estava dizendo.

-E quando é que eu vou passar a saber dessas coisas?

Brian hesitou alguns segundos, logo em seguida repousando suas mãos na cintura do menor, puxando seu corpo mais próximo do seu. – Espero que nunca. – Respondeu, deixando com que Zack matasse a distância de seus lábios, o gelado dos piercings arrepiando até o ultimo pelo de seu braço.

Zack o beijou com um misto de delicadeza e luxúria, sua língua encontrando com a de Brian como se estivesse sedento pelo contato mas ao mesmo tempo se contendo, como se soubesse que uma intensidade maior resultaria em algo que seria impossível de frear.

Mesmo após se afastarem ambos permaneceram com os olhos fechados, a sensação da droga quase tão anestesiante quanto o beijo que trocaram.

Zack se afastou lentamente, plantando um último beijo na bochecha do maior antes de se virar e caminhar em direção ao elevador.

-Espero que não seja tarde demais quando você resolver se abrir.

~~’’~~

Zack retirou os tênis com certa dificuldade antes de retirar suas calças, a camiseta sendo o próximo item que ele descartou sobre o cesto de roupas antes de se aproximar da cama.

Marc estava deitado em sono profundo, um de seus braços enterrados debaixo da cabeça sobre o travesseiro e o outro sobre o abdômen, absolutamente descoberto, sua intimidade sendo coberta tão somente por um fino lençol na altura das covas de sua cintura.

Zack admirou a beleza de seu namorado, a pressão em seu peito fazendo com que ele só quisesse se jogar sobre o mais velho e abraça-lo até que dormisse novamente.

Após alguns segundos somente o observando, Zack percebeu o quanto seu sentimentos por Marc eram intensos, independente de seus sentimentos pelo outro guitarrista.

A personalidade absolutamente encantadora do canadense o fazia suspirar toda vez que lembrava do seu rosto, ou da sua voz rouca no pé de seu ouvido após acordar.

Marc abriu seus olhos lentamente, encontrando o olhar do menor.

-Zack. – Ele disse, se levantando parcialmente enquanto coçava um de seus olhos. – Tudo bem?

Zack assentiu, a luz que emanava da janela iluminando parcialmente seu rosto.

- Você não vai deitar? – Marc perguntou, puxando a coberta para que o menor entrasse.

-O que você está me escondendo, Marc?  – Zack questionou, sentando na ponta do colchão de costas para o mais velho. – Porque sinceramente eu sei se aguentaria mais uma decepção amorosa em um prazo tão curto de tempo.

Marc fitou as costas de Zack por um longo tempo, até que levantou da cama ajeitando seu shorts enquanto caminhava até uma pequena mesa ao lado de uma espreguiçadeira.

-Eu estava esperando algo definitivo para te contar isso...porque não é como se eu estivesse te avisando que vamos chegar atrasados na sessão do cinema ou que precisamos mudar o pacote de filmes da tv a cabo. – Marc disse enquanto alcançava um envelope no bolso de sua calça, voltando lentamente na direção da cama. – mas eu entendo seu receio quanto a índole das pessoas. Não é para menos considerando o que você passou nos últimos meses. Mas eu achava que você me conhecia melhor que isso. – continuou, depositando o envelope na mão de Zack. – Eu jamais trairia você ou sua confiança. O dia que você descobrir isso talvez podemos dar certo. Até lá, vou precisar que você tome uma decisão que pode alterar todo o curso da sua vida. Por isso até então eu não havia lhe contado. Queria que tivesse outra forma. Mas não encontrei.

Zacky esperou que o maior terminasse sua sentença e sentasse na ponta oposta a sua na cama para que finalmente abrisse o envelope, alcançando primeiro um papel branco de sulfite endereçado com o nome completo de seu namorado e seu endereço. Zack leu lentamente o conteúdo da carta, demorando longos segundos para entender do que se tratava.

-Eu fiz uma audição há menos de um ano atrás aqui mesmo em Los Angeles. A resposta veio agora, mas a série vai ser toda produzida no Canadá. Eles me ofereceram o papel principal, Zack.

Zack releu o papel diversas vezes, a mistura de emoções que sentia deixando-o tão confuso que não sabia como se expressar. Se deveria parabenizar o outro ou começar a chorar ali mesmo.

-De certa forma... – Ele começou – A história está se repetindo, não? Dessa vez eu não vou ser trocado por uma mulher, mas sim por uma carreira. – Marc o interrompeu, fazendo com que Zack levantasse um braço, impedindo-o de continuar. – Mas isso é muito mais justo, só fiz a comparação porque me parece uma ironia do destino muito grande eu finalmente estar com alguém que eu gosto e esse alguém ter que ir embora.

Marc o observou longamente. – Posso falar agora?

-Não. Ainda não terminei. – Zack disse levantando do seu local na cama e caminhando em direção a varanda, a lua tão cheia que parecia que tocava no oceano. – Eu gosto tanto, mas tanto de você, que a única coisa que te desejo é felicidade. Mesmo que isso signifique te ter longe de mim.

Marc levantou também, caminhando em direção ao menor.

-Zack.

-Não. Não diga nada. Tá tudo bem. Eu entendo.

-Zachary, veja o outro papel que está dentro do envelope, pelo amor de Deus.

Zack se surpreendeu com a repentina mudança de tom do mais velho, processando a informação antes de abrir o envelope novamente para achar outro papel dentro, dessa vez menor.

Assim que o papel encontrou a faixa de luz, Zack entendeu do que se tratava:

Duas passagens áreas com o nome de cada um respectivamente.

 


Notas Finais


OLÁ. Capítulo gigante. Espero que gostem. COMENTEM, OBG <3 muak


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