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História Learn - Viver intensamente nunca será o problema


Escrita por: thereddiamond

Notas do Autor


Whassup!
Aqui estamos com mais um capítulo, espero que gostem!! Perdoem qualquer erro e boa leitura!!
Bjus <3

Capítulo 10 - Viver intensamente nunca será o problema


Tiffany automaticamente se remexeu no sofá, estremecendo do frio que gelou o corpo, ao relembrar o dia em que foi forçada a se tornar mulher, muito antes do tempo, e de verdadeiramente amadurecer.

Seu padrasto não era a melhor pessoa do mundo, mas, em nenhuma hipótese acreditou que ele chegaria a ser tão cruel como foi. Não importava quanto o tempo passasse e as coisas melhorassem, nunca conseguiria esquecer a sensação de dor, sofrimento e violação que sentiu naquela noite. Ela foi tratada como mero objeto sexual, de um desejo profano e passageiro que dominou o corpo daquele homem.

Tudo ocorreu na própria cozinha, aquela que sua mãe tinha decorado e montado com suas próprias ideias e vontades. Nem mesmo para honrar a memória da falecida esposa ele se absteve daquilo. Simplesmente esqueceu quem tinha nas mãos e a jogou em cima da mesa, como se não passasse de uma boneca de pano, que poderia ser modelada a sua vontade. Claro que ela tentou espernear, escapar de suas mãos, mas ele era grande e pesado. Quando seu corpo foi coberto pelo dele, descobriu que era tarde demais para fugir. As lágrimas vieram inconscientemente e até mesmo palavras de misericórdia, pedidos humilhantes de que parasse, foram soltos, mas isso apenas fazia com que seu olhar inflamasse.

Ele brutalmente arrancou suas roupas de baixo e ao pestanejar mais uma vez, teve a boca coberta pela calcinha, do qual fez questão de rasgar. A garota nunca tinha se sentido tão vulnerável e humilhada. Mas isso não foi nada comparada a dor que sentiu quando a penetrou duramente, violento e grosseiro, rompendo-a como um verdadeiro animal. Tudo que Tiffany mais desejou foi que aquela dor acabasse. Não era prazenteiro e muito menos gostoso, como havia lido nas revistas. Era degradante, de provocar ânsias.

O forte cheiro do hálito de seu estuprador era mais nojento que o cheiro do sangue. Seu corpo corpulento e suado fedia a álcool e parecia fazer questão de que o sentisse ao beijar sua pele, deixando marcas. E então, quando satisfeito, largou-a por ali mesmo sobre a mesa, vestiu sua calça, afivelou o cinto, e saiu para seu quarto tomar banho e ir dormir.

Tiffany permaneceu daquela maneira, deitada sobre a mesa, sem saber o que fazer. Sentindo-se sufocada tirou a calcinha da boca e reagrupou o resto de dignidade que tinha para descer da mesa.

O corpo reclamou da ação, o ventre contorcendo-se de maneira horrenda e nada natural, espalhando pontadas de dor que subia por todos os cantos. Sua intimidade ardia de maneira excruciante. Mesmo assim seguiu para seu quarto e foi diretamente tomar banho. Precisava se lavar e sentir-se menos suja, principalmente para limpar as lágrimas e o suor frio, pegajoso, que grudava o tecido de sua camiseta nas costas. Olhou-se no espelho e a sua imagem refletida, aquela garota que tinha os lábios e olhos inchados, as bochechas manchadas pelas lágrimas, era algo que lhe serviria no futuro, como um alerta da brutalidade que consumia os homens. Eles eram capazes de fazer coisas terríveis e como prova disso, tinha o gozo daquele homem escorrendo entre suas pernas e não poderia se sentir mais imunda.

Mesmo que isso ardesse, limpou sua genitália com força, tentando apagar a sensação de ter o membro do padrasto a invadindo repetidamente. Com uma esponja quase esfolou sua pele, desejando poder apagar as impressões que ele deixou, abominando as marcas avermelhadas que desciam pelo busto e seguiam descendo até sua virilha. Tão asqueroso.

Terminado aquele longo banho, que embora não tenha mudado muita coisa, mas pelo menos a deixou limpa. Vestiu seu pijama mais longo e confortável, sentindo-se protegida. Queria que sua irmã mais velha, Michelle, estivesse com ela. Quem sabe assim poderia ter ficado em seu colo e aproveitado um verdadeiro aconchego fraterno, que tanto necessitava naquele momento. Sabia que tinha Leo, mas ele era homem e não saberia como contar o que havia acontecido.

Entrou novamente na cozinha, ignorando a mesa, como se não existisse e abriu um dos armários em cima da pia, encontrando analgésicos para dores no corpo. Apenas queria que a dor em seu ventre passasse, por isso tomou duas pílulas, engolindo-as com água e andou desengonçada, a leve ardência em sua intimidade dificultando seu andar, deitou-se na cama e adormeceu em seguida.

Faltou aula no dia seguinte e não se importou com isso, tendo o final de semana inteiro para si, passando trancada no quarto. Seu irmão não pareceu se importar com isso, ocupado demais com os trabalhos e estudos, o que a fez se sentir mais sozinha que antes, como se existisse somente ela nesse mundo. Os dias, semanas e meses foram passando, um novo ano chegou e o medo que Tiffany sentiu naquela época foi diminuindo, até chegar num ponto que parecia confortável e confiante para seguir em frente, esquecendo aquele problema em casa.

No entanto, quando achou que tudo tinha acabado e o pesadelo terminado, seu padrasto novamente voltou a ataca-la. Dessa vez foi mais brutal e tão intenso, que acabou desacordando depois de receber uma forte tapa no rosto. Quando recobrou a consciência, estava deitada no chão do seu quarto com as roupas rasgadas e hematomas para esconder. O que mais a assustou foi perceber que seu silencio servia de permissão para que seu padrasto continuar a abusá-la e trata-la como uma submissa, sua escrava sexual.

Todas às vezes, durante sua recuperação de um estupro ao outro, o comportamento da garota mudava, se tornando introvertida, chamando a atenção de seus professores. Questionamentos chegavam a ser feitos, mas voltava a atuar e sorrindo entregava mentiras, cessando as perguntas das quais tinha medo de responder. Em troca disso, ao retornar para casa, era violentada pelo ébrio ou sóbrio padrasto, que se sentia como se seu dono fosse.

A notícia de que suas notas e comportamento tinham mudado acabou alcançando a irmã, que mesmo estudando em Washingthon, decidiu largar um pouco a faculdade e ver o que se passava com a garota. Sua adorável e graciosa aparição não conseguiu elevar o ânimo de Tiffany, que simplesmente acabou descobrindo o quão complicado ser adulto era.

Adorava passar o tempo com Michelle, dividir espaço, sentindo-se feliz com sua presença, mas sabia que em um momento ela teria que ir embora e ficaria longe do circo de horrores que era viver dentro daquela casa. O violentador não se aproximava quando tinha seus irmãos ao redor, entretanto assim que davam as costas, ia até ela e a abusava da maneira que achava prazerosa, satisfazendo seus desejos. Sendo assim, notando o que verdadeiramente acontecia, a garota tomou uma decisão.

Aproveitando que a irmã dormia em seu quarto, foi até a bolsa dela e retirou seu cartão do banco da carteira. Olhou as informações que necessitava. Michelle guardava suas senhas anotadas num papel perdido dentro de uma agenda, por não ter boa memória, e decorou a senha que precisava.

Aproveitando no dia seguinte em que Leo fora acompanhar a irmã até a estação de ônibus, Tiffany trocou o pijama que usava e seguiu na direção do caixa eletrônico mais próximo de casa, perto dos correios e usou o cartão que roubara. O caixa somente liberava por dia o saque de mil dólares, valores maiores poderiam ser retirados na agência, sendo assim, por quatro dias seguiu naquela operação, guardando o dinheiro dentro de sua mochila escolar. No quinto dia tinha tudo resolvido, tirou o último saque e enviou o cartão de volta a irmã, com um pedido de desculpa dentro do envelope e seguiu para o ponto de ônibus. O transporte da sua escola passou direto por ela, pois tinha o ignorado e não deu sinal pedindo para que parasse. Não iria mais a escola...

...Fez sinal de mão quando viu seu ônibus vir diretamente da esquina e o subiu assim que parou. Pagou a tarifa e sentou-se na frente, colocando a mochila no colo. Sentiu um pouco de fome, então abriu um bolso1ateral, retirando uma barrinha de chocolate que trouxera como lanche. O caminho era bem longo, mas pacientemente esperou até que chegasse a seu destino final. Seus pés pularam para fora do transporte meio ansiosos. Começou a temer de que seu plano pudesse dar errado, mas então ignorou tal sentimento e seguiu em frente, entrando no fluxo descoordenado de pessoas e malas.

Uma voz macia e profissional fez os chamados, o que a sobressaltou. Tirou os papéis de dentro de sua mochila e encontrou as informações que precisava.

Seu voo para a Coréia estava um pouco atrasado, mas em breve estaria pousando na pista do aeroporto. Sendo assim deveria fazer seu check-in antes que perdesse a passagem.

Aquele era o momento de mudar sua vida, pois Los Angeles não era mais sua casa e o que necessitava, nesse momento, era o abraço de seu pai.

 

*

 

Taeyeon somente conseguiu recobrar a consciência quando o dia seguinte já amanhecia. Nunca tinha dormido tanto e por isso se sentia um pouco melhor, embora soubesse que não merecia. Assim que seus olhos abriram ficaram sensíveis a fraca claridade do amanhecer. A cabeça deu voltas incessantes, latejando como se pudesse estourar. O estômago parecia revirado do avesso e o gosto ruim em sua boca não ajudava a manter-se firme. De qualquer maneira, virou-se na cama, parando para observar o teto branco do seu quarto.

Quarto...? – o pensamento veio confuso.

Não lembrava como acabou chegando à sua casa, mas ao se esforçar um pouquinho mais conseguiu ter vislumbres da confusão que abarcou seu dia de trabalho. Era até ridículo pensar que fora carregada por vinte andares, nas costas de uma assassina profissional. Mais absurdo ainda era lembrar o que aconteceu em seu escritório. Somente de lembrar a expressão chocada e furiosa de Tiffany fazia seu coração agitar-se no peito, incomodado e culpado pelo que fez passar. Se a colega de apartamento não quisesse mais olhá-la diretamente no rosto depois disso, teria de aceitar tudo. Tinha quebrado a promessa que fez a ela. Havia voltado a beber, mesmo que de uma maneira forçada e estúpida como aquela.

Mal dizer Eunjung não satisfazia seu ego, portanto voltou a se agitar sobre a cama, sentindo o corpo pesado. Seus olhos caíram no criado mudo, surpreendendo-se ao encontrar duas pílulas – uma para o estômago e outro para a cabeça – e um copo com água, a esperando.

Definitivamente sua melhor amiga era um anjo em sua vida, não importando se está ou não ressentida, cuidava dela com esmero do qual não merecia. Sentiu-se mais miserável que antes, entretanto não recusou aquele cuidado e mimo, tomando tudo com cuidado para não engasgar. A ressaca lhe dava sede, então entornou o copo em poucos segundos, colocando-o vazio sobre o móvel. Tomou aquele como o fim do descanso e assim que sentiu o remédio lentamente fazer efeito, arrancou fora os lençóis de si e saiu da cama.

Ainda estava vestindo a roupa de ontem, sua calça estava extremamente apertada, então foi à primeira coisa que retirou, jogando-a num canto do quarto, pensando que a apanharia depois do banho. Tomou uma longa e demorada chuveirada para retirar o suor, sabendo que em breve o corpo expeliria o álcool até mesmo pelos poros.

Arrumou-se com um pijama qualquer, tomou a sábia decisão de não ir trabalhar hoje e tirar um merecido descanso, sendo assim, com o estômago reclamando de fome, seguiu para a cozinha.

Abriu a porta do quarto e foi diretamente para a sala, pensando em quanto a sua casa estava silenciosa. Provavelmente Tiffany havia ido trabalhar. Contudo não era verdade, deu de cara com ela sentado no sofá, lendo uma revista de moda. Seus pés automaticamente estagnaram na entrada. Ela parecia distraída o suficiente para não perceber que estava ali, por isso tomou a oportunidade para olhá-la com tranquilidade e avaliar em sua expressão se estaria muito brava. Surpreendentemente seu rosto mantinha-se tranquilo, mas não se deixou enganar com isso, a conhecia bem demais para se levar tão facilmente.

- Não foi trabalhar? – Perguntou ao dar um passo em sua direção, chamando o olhar da amiga.

- Vou daqui a pouco... – Ela respondeu prosaica, esticando-se para pegar uma a caneca de café que havia feito naquela manhã, pousada no centro de mesa. Entre o gole passou a observá-la com atenção.

- Okay. – Só soube dizer isso, tentando agir despreocupadamente, seguindo para seu objetivo principal.

Entrou timidamente na cozinha, sentindo-se tensa por sentir que os olhos de Tiffany não largavam de si, ficando aliviada quando estava fora de sua visão. Abriu a geladeira em busca de alguma coisa para comer, embora tivesse fome, o estômago permanecia revoltado pela bebida, mas se forçou a colocar algo para dentro. Preferiu uma fruta, um alimento bastante leve e fácil de digerir. Comeu uma maçã em poucos minutos e partiu para outra, tomando água durante um pequeno intervalo, voltando a hidratar o corpo. Felizmente não sentia uma ressaca muito forte e aos poucos estava ficando mais forte, tendo ânimo para continuar o dia.

Ergueu os olhos para a entrada da cozinha ao escutar os saltos caros e elegantes de Tiffany, que entrou no cômodo sem ao menos dirigir um olhar. Taeyeon permaneceu encostada no balcão da pia, observando-a sem se pronunciar, esperando pelo momento em que a raiva tirasse a inexpressividade de suas feições.

Ainda assim, a agente encheu sua caneca, terminando com o que sobrou do café, sabendo que a loura não iria bebê-lo e finalmente a olhou depois de tanto silencio.

- Vou para o trabalho – alertou friamente, agitando o cabelo para que os cachos caíssem comportadamente sobre os ombros e pegou a caneca. – se precisar de alguma coisa me ligue... – Dessa vez a frieza foi substituída pela preocupação, os olhos ficando mais adocicados e intensos. – Apenas tome cuidado, está bem?

Suspirou alto e abriu um fraco sorriso, como se estivesse exausta e foi nesse exato momento em que a loura tomou proporção do cansaço que a abatia. Mesmo que tivesse se maquiado, pode ver sombras escuras embaixo dos olhos bonitos, mostrando que não havia dormido bem.

- Tiffany... – Tentou se desculpar por preocupa-la daquela maneira, sentindo-se profundamente culpada.

- Nós conversamos quando eu voltar. – Ela encerrou seus lamentos antes que começassem e seguiu para fora da cozinha.

Taeyeon se deixou ficar parada no canto em que estava não tendo muita vontade de se mexer. Escutou Tiffany sair e assim que teve a certeza de que estava sozinha, soltou a respiração com força, começando a sentir a fadiga pós-álcool. Seguiu para a sala e se jogou no sofá, deitando-se, olhando para o nada.

Sempre soube que era uma pessoa fodida, mas nunca tinha acreditado que se amarguraria tanto por estar sozinha. Gostava do silencio que a ajudava a pensar e dos momentos em que podia relaxar, sendo ela mesma. Contudo, tinha se deixado acostumar com a presença animada de Tiffany e não ter sua companhia se entediava facilmente. Tudo era mais divertido, mesmo quando brigavam era divertido, porque a raiva a fazia se sentir mais próxima dela, ao mesmo tempo em que as afastava.

Arrastá-la consigo no inferno que dominava sua vida, era no mínimo desagradável. Queria tornar a vida dela mais fácil e continuar daquela maneira, perdendo o controle com essa facilidade, estressando-a, era algo abominável. Pensar daquela maneira sempre a fazia lembrar o passado e em como descobriu que sua vida poderia ser mais divertida, com tons mais coloridos.

Nunca foi uma pessoa egoísta, mas, quando conheceu Tiffany, descobriu esse lado que em nenhum momento cogitou existir.

 

*

 

Sair de Jeonju fora mais fácil do que acreditava ser, tanto que abandonar sua casa e fugir das agressões que presenciava, salvando-se do inferno em que nasceu, era agradável. Sempre que precisava escapar da realidade, escorava-se na música e em seus fones de ouvido. Mas hoje não precisou disso.

O trem seguia a toda velocidade e deslizava pelos trilhos com tranquilidade, os suaves balanços por muito pouco não a fez adormecer no banco, porém estava perfeitamente acordada, observando a paisagem na enorme janela. Daquela maneira sentia a cabeça voar cada vez mais e por fim largou o passado, as tristezas que faziam parte do cotidiano, acreditando que daqui em diante sua vida seria diferente. Taeyeon poderia estar largando seus outros dois irmãos com seus pais e aquela relação doentia, mas sabia que estava fazendo o certo. Uma hora ou outra eles também iriam crescer e deixar aquilo para trás, assim como fazia. Poderia ter apenas quinze anos, não tinha emprego, dinheiro e nenhuma moradia, mas sentia-se satisfeita. Nunca pensou que largar tudo fosse tão fácil. Talvez fosse mais desapegada do que verdadeiramente acreditava ser.

 A viagem acabou durando por quase três horas. Seoul era a promessa de uma vida melhor, ainda que nada fácil. Teria que construir tudo do zero, entretanto o faria. Era noite e o inverno estava nas portas das casas, em pouco tempo o chão congelaria. Isso a fez se abrigar dentro do próprio casaco, sentindo o vento gelado insistir atravessar suas roupas, porém estava bem agasalhada. Havia roubado o casaco do irmão mais velho, que era um pouco grande em seu corpo, tanto que suas mãos quase desapareciam dentro das mangas. Aquele calor era reconfortante e se apegou ao pequeno detalhe, pegando suas malas e indo se sentar num banco da estação.

O tempo pareceu parar enquanto observava os últimos trens desaparecendo nos trilhos, provavelmente sendo chamados de volta e a última ronda da segurança passar, desligando algumas luzes.

Agora era oficialmente uma sem teto. Não tinha parentes na cidade, sua família inteira se encontrava em Jeonju e isso era decepcionante. Queria poder ao menos ter uma cama e cobertor quente para descansar com conforto, mas suspirou consternada com o que tinha. Olhou ao redor e viu quem nem mesmo os seguranças pareciam se importar com o fato de uma garota, que tinha a aparência de uma menina de dez anos, sentada sozinha num banco de uma estação de trem. Se ninguém se importava e ela mesma passou a se importar menos. A ironia que consumiu sua risada foi pesada e obscura, deveria parar de reclamar quando na verdade aquela era sua intenção. No final das contas, por uma decisão previamente pensada, tomada por um impulso de necessidade, largou tudo para trás e seguiu em frente com essas ideias.

Estava faminta, caçou dentro dos bolsos do casaco por algum dinheiro perdido, mas somente encontrou algumas moedas. As contou e respirou frustrada por ver que nem mesmo tinha o suficiente para comprar uma garrafa de suco. Sentia sede e se repreendeu por ter sido idiota em não ter saído de casa com comida. Então, sabendo que quanto mais pensasse mais fome teria, guardou as moedas que tinha e escondeu as mãos dentro do casaco. Relaxou a cabeça na parede gelada atrás de si e fechou os olhos para dormir; Teria o dia seguinte para procurar comida e abrigo, nesse instante estava exausta demais para tentar fazer qualquer coisa.

Escutou os barulhos da noite, sons das buzinas mais acima, ecoando pelas escadarias e também os das lâmpadas florescentes sobre a cabeça, zunindo pela estática e eletricidade que o mantinha aceso. O sibilar do vento calmamente a mimava, arrastando-a para dentro da mente, onde acabou dormindo em pouco tempo...

Seu pequeno cochilo foi atrapalhado por breves sussurros. Acordou um pouco assustada, pois tinha certeza de que não havia ninguém por perto antes de adormecer. Zonza e grogue, com o coração saltando no peito devido ao susto, dirigiu o olhar para o lado e encontrou duas pessoas conversando. Ou melhor, uma monologava, enquanto a outra somente movia a cabeça em concordância.

Suas sobrancelhas franziram ao notar que se tratava de uma garota. Estranhamente, para um clima como aquele, ela usava shorts e tênis de pano. Havia colocado um fino casaco que estava fechado até o pescoço para se aquecer. Observou sua pele levemente bronzeada, achando estranha sua figura, pois naquela época do ano dificilmente alguém iria a praia e muito menos teria sol o suficiente para conseguir uma cor tão vivida e brilhante, como a sua. Entretanto não era isso que a espantava e sim o fato daquela garota desconhecida estar agachada em frente a um mendigo, ajudando-o a beber água. Ela gentilmente o questionava se estava se sentindo melhor e de vez em quando o alertava para tomar cuidado enquanto bebia, para não acabar engasgando com o desespero em se saciar. Vendo que ele estava mais alerta e melhor, ajudou-o a se sentar no chão e lhe passou um pacote com um pão recheado. Abriu o pacote e entregou-o para que comesse. O mendigo somente pode lhe agradecer e começou a comer, deixando-a satisfeita, chegando ao ponto de abrir um belo sorriso.

Seus olhos também sorriram junto com a boca, deslumbrando-a durantes alguns segundos, até que as informações foram processadas pelo cérebro corretamente, fazendo o estômago resmungar alto, rosnando feito uma fera, dando a entender que também queria um pouco daquela comida.

Aquele barulho brusco e inesperado acabou atraindo o olhar da garota, que virou o rosto em sua direção, obrigando-a a desviar o seu no mesmo instante, envergonhada demais para ao menos permanecer a admirar sua beleza. Começou a pedir mentalmente que seu estômago se calasse por um instante e baixou a cabeça, sentindo-a ferver em constrangimento. Entretanto, mesmo envergonhada não conseguiu evitar levantar o olhar e viu que a garota estava vindo em sua direção, sentando-se ao seu lado.

Nervosa, Taeyeon deitou as mãos em seu colo, não sabendo o que fazer e desviou o olhar até elas, brincando com os próprios dedos para se distrair e esquecer a estranha do seu lado.

- Toma... – Escutou sua voz enrouquecida, levemente arrastada e gentil. Ergueu os olhos e viu que ela estava lhe estendendo um pacote de biscoitos. Ele já estava aberto. – Foi o que sobrou... Dei o último pão para ele... – Explicou-se com sinceridade, abrindo um meio sorriso como se pedisse desculpas e pegou um biscoito para si. – Podemos dividir.

Voltou a incentivá-la tanto com seu olhar brilhante e o sorriso bonito, encabulando-a cada vez mais. Não era acostumada com gentilezas, mas sabia aceita-las. Sendo assim, agradecendo quase sem voz, constrangida demais, pegou um biscoito e começou a matar a fome. Enquanto dividiam a comida, aproveitando-se de que a estranha tinha deslizado o olhar para frente, passou a analisa-la com mais cuidado.

Perguntou-se como ela poderia estar aguentando o vento frio com roupas tão inadequadas. Mesmo estando um pouco distante, conseguiu ver a pele eriçando-se pelo vento, estremecendo. Suas maçãs do rosto estavam avermelhadas, assim como a ponta de seu nariz. Até parecia que ela chorava, mas isso era apenas o efeito do frio... Pelo menos pensava que era.

Sentindo-se indignada pelo fato de que ela começou a tentar se aquecer com a própria mochila, deitando-a no colo, retirou seu grosso casaco e o colocou sobre os ombros da estranha. Precisava retribuir a ajuda que estava recebendo, sendo assim não achou difícil passar-lhe aquele conforto. De qualquer maneira não estava com muito frio, pois usava um grosso casaco de lã por baixo e era o suficiente para aquela noite. A garota, ao ver seu gesto, tentou negá-lo, ficando repentinamente nervosa. Mas Taeyeon não aceitou de volta sua oferta e sorriu agradada ao vê-la corar, desviando o olhar para seus pares de sapatos.

- Gosta de música? – Questionou-a assim que terminaram de dividir os biscoitos.

A menina balançou alegremente a cabeça e voltou a encara-la com mais confiança, cruzando as pernas em cima do banco, virando-se para ter uma melhor visão. Sem perder o sorriso, sentindo-se repentinamente feliz por poder fazê-la ficar animada, pegou o velho e ultrapassado toca-fitas, pois hoje todos baixavam músicas e as transferiam para dispositivos mais modernos, porém não ligou para isso, gostava do estilo antigo, e lhe passou um de seus fones de ouvido.

Elas dividiram aquela melodia, sua canção predileta, e mesmo que não gostasse de compartilhar muitas coisas, não se sentia envergonhada por mostrar aquilo. Seus gostos eram algo que sempre manteve para si, mas por algum motivo quis mostrar um pouco de si para a estranha, que nem sabia o nome.

- Qual é o seu nome? – Perguntou num átimo de coragem, chamando se volta sua atenção.

- Stephanie... Mas prefiro que me chamem de Tiffany. – Ela respondeu simpaticamente, voltando a sorrir com os lábios e os olhos.

Mesmo que sua pronuncia fosse um pouco incerta e esquisita, as palavras saindo espaçadas demais, Taeyeon conseguiu compreender o que havia dito.

- Taeyeon. – Por fim acabou abrindo um leve sorriso, achando estranha a maneira como seus lábios se retorceram para fazer isso, pois raramente sorria, afinal não havia motivos para isso. Entretanto, mesmo acreditando que parecia esquisita sorrindo, a garota pareceu não se importar. – Por que está aqui, Tiffany?

- Acho que me perdi. – Abriu um meio sorriso, rindo em profunda ironia, apoiando a cabeça cansada e pesada nas costas do banco, sem deixa-la escapar de seu olhar. Taeyeon não compreendeu o motivo para ter sorrido daquela maneira, vendo que seus olhos castanho-escuros perderam o brilho, mas preferiu deixar quieto. – Por que você está aqui, Taeyeon?

A Kim acabou sorrindo também, mas não em ironia e sim por achar graça do que iria dizer.

- Também estou perdida. – Tinha sido verdadeira.

No final das contas as duas estavam perdidas naquela vida e só tinham a si mesmas para continuar em frente. Aquela foi uma noite insone para ambas, que imediatamente engataram numa conversa. Tinham muito em comum e foi fácil se apegar a história da outra, como se pudessem compreender os problemas de suas vidas. Tiffany tinha vindo a Seoul encontrar-se com o pai, mas ele não estava mais aqui e como não tinha parentes, havia se perdido na cidade, encontrando abrigo dentro da estação. Usava aquelas roupas de verão, pois em LA ainda não tinha esfriado quando saiu de lá e acabou esquecendo que aqui estaria totalmente diferente.

Embora seus objetivos principais fossem diferentes, naquele momento convergiam ao ponto de ser esquisito descobrir em como o destino trabalhava. Entretanto, por mais que a garota californiana não tivesse dito seus verdadeiros motivos para estar à procura do pai, Taeyeon conseguia ler em seus olhos a dor e o medo. Por mais que sorrisse com simpatia e agisse despreocupadamente, como uma verdadeira turista perdida, encontrava uma pontada de melancolia em suas ações.

Seus olhos atentos escorregaram para um machucado que tinha no rosto. Era um pequeno corte. Não parecia tão recente, pois o processo de cicatrização havia começado. Mas isso não a impediu de pegar em sua mala alguns curativos. Eles eram coloridos, então a deixou escolher a cor que queria colocar. Tiffany acabou escolhendo o rosa e Taeyeon, embora respeitasse sua escolha, não evitou em contorcer o rosto. Isso atraiu a curiosidade dela, que a questionou sobre sua cor predileta. Parou um instante para pensar e decidiu que gostava da cor azul, ao menos era atrativa. Então, sorrindo amigavelmente, ela decidiu trocar a cor do curativo, colocando o azul. Isso a surpreendeu e também a fez se sentir extremamente alegre por algum motivo até então desconhecido.

E foi dessa maneira boba e inocente que se conheceram.

Ali se iniciou uma amizade que dura por anos. Eram companheiras e mesmo que tivessem passado por muitos problemas, principalmente para comprar comida e encontrar um bom abrigo, as duas se auxiliavam da maneira que podiam. Tiffany insistia para que usassem o dinheiro que tinha disponível, escondido em sua mochila, mas Taeyeon negou acreditando que não precisariam usá-lo. Ela não queria abusar de sua gentileza e muito menos parecer uma aproveitadora.

Entretanto houve momentos conflituosos em que necessitaram desse dinheiro e acabaram por usá-lo, até quando puderam, pois uma hora ele acabaria. Porém, a sorte para as duas acabou durante um momento em que estavam quase passando fome e frio. Tiffany acabou adoecendo durante o final do inverno e isso forçou com que Taeyeon saísse em busca de ajuda no hospital. Por mais que não se passasse de uma simples gripe, enquanto a olhava ser medicada, tomando litros de soro, notou que a situação entre elas era sensível e instável. Não era nada do que havia programado... Mas ao menos se divertiram enquanto durou.

Consequentemente, com a internação da Hwang, logo de imediato os enfermeiros relataram a polícia sobre a aparição de duas adolescentes de rua, que não deram nome e muito menos vieram acompanhadas de adultos. O delegado chegou pouco tempo depois com um assistente social.

Tiffany ficou horrorizada e temerosa em enfrentar as perguntas do delegado, que tinha o olhar incisivo e amedrontador. Entretanto, para seu alívio, o assistente social era mais educado e divertido. Ele se chamava Hyeongdon. Seu humor era um pouco pesado e depreciativo, mas lhe arrancava boas risadas, tornando sua aproximação menos tempestuosa. Taeyeon ficou apreensiva com a aparição dos dois homens e desejava fortemente que ninguém fizesse mal à amiga, principalmente que não a levasse embora. Contudo seus temores foram desnecessários, embora tivesse sido obrigada a entregar seus nomes, depois que sua amiga teve alta do hospital, o assistente social as levou para sua casa.

Por mais que tivessem ficado receosas, sempre atentas ao homem, assim que chegaram a sua casa descobriram que era casado. Ele e a esposa as receberam de braços abertos, cuidando delas com muito carinho e atenção, como se fossem filhas. Portanto, com esse novo tipo de relação, foi difícil com que as meninas não se apegassem a eles.

Tempos depois foram matriculadas em uma escola e todos os dias tinham de acordar cedo, pegar o metrô e ir estudar. Hyeongdon queria que elas tivessem a melhor vida possível, por enquanto que não encontravam seus pais. Nesse meio tempo de tranquilidade, a polícia continuou com a procura aos pais das garotas, saindo-se vitoriosos ao conseguir contatar os pais de Taeyeon.

A garota, não querendo sair de Seoul e muito menos se separar da Hwang, então, usando-se de sua sagacidade, contou para o assistente social todos os problemas que ela e seus dois irmãos enfrentavam em casa. Compreendendo o grande fator da menina ter fugido de casa, principalmente com tão pouca idade, entrou em contato com um amigo de infância que tinha se tornado advogado e servia de Ad.hoc sobre assuntos relativos a direitos de família. Logo eles entraram na justiça com uma ação de emancipação. Taeyeon teria a própria guarda. A menina era inteligente e consciente o suficiente para isso. Meses depois, a causa foi ganha no juizado e coube a ela decidir se continuava ou não na situação em que se encontrava, ou se tomaria um rumo diferente.

Sua decisão não foi mais do que óbvia. Não abandonaria a amiga.

O ano passou e as coisas finalmente estavam sendo colocadas no lugar. Mas, justamente no momento em que Tiffany estava começando a se adaptar a nova vida, sem temer pelo que viria a seguir, compreendendo o sentido das coisas, e de que existiam pessoas boas, elas nem sempre tinham más intensões. A polícia voltou a bater em sua casa. Dessa vez vinham acompanhados de uma figura que por muito pouco não reconheceu.

Seu pai estava com a barba grande e tinha profundas olheiras de cansaço, além de estar um pouco pálido, também havia perdido peso. Parecia estressado e amuado com a situação que o circundava, acostumado a navegar em águas silenciosas e não no mar de carros e buzinas. Entretanto, quando viu sua princesa vestida naquela roupa rosa, os olhos puxados crescendo espontaneamente em susto, não conseguiu conter o sorriso. Imediatamente a abraçou forte e pediu imensas desculpas que foram acompanhadas pelas lágrimas. Tendo-a em seus braços depois de tanto tempo sem vê-la, finalmente tomou a proporção do seu tamanho. Que aquela menininha espirituosa e cheia de energia havia crescido e praticamente se tornado uma mulher.

Claro que por muito pouco a jovem Hwang quase não retribuiu o abraço do pai, aquele que tinha vindo em busca. Demorou um tempo para se situar no espaço, até que não conseguiu se controlar e chorou também de saudade.

Contudo, todo aquele doce momento foi interrompido quando o pai alertou de que iria leva-la para casa. Entretanto, para Tiffany, sua casa era aquela em que estava dividindo com Taeyeon, Hyeongdon e sua esposa. Não queria ir embora, mas nem sempre o querer é poder. Ele era seu pai no final das contas e deveria ir, querendo ou não.

Entristecida se viu obrigada a pegar suas coisas e coloca-las tudo no carro, sem saber direito o que pensar. Antes de ir ao menos tomou o cuidado de agradecer a hospitalidade aos donos da casa e se despedir da amiga, que observava tudo de longe, taciturna e imóvel num canto de parede.

Vê-la daquele jeito somente piorava tudo, gerando a imensa vontade de poder decidir o que queria fazer da vida. Não queria se despedir dela. Talvez nem precisasse. Taeyeon poderia vir morar com eles... Mas viu em seus olhos de que ela estava confortável naquela casa e finalmente havia encontrado um lar, depois de uma infância tão conturbada e dolorosa como a sua. Além de que seu pai estava impaciente do lado de fora, querendo mostra-la seu quarto e tirar o tempo perdido, se obrigou a tomar uma atitude. Suspirando triste não encontrou outra escolha a não ser abraça-la bem forte e sussurrar em seu ouvido que iria encontra-la na escola no dia seguinte.

Quando saiu pela porta a última coisa que viu foi, atrás dos acenos e sorrisos que Hyeongdon e sua esposa lhe lançavam, estava à figura da amiga que tinha a expressão mais triste que viu nesse mundo. Isso fez seu coração doer no peito, trincando-se, mas sem outra escolha seguiu para casa e pensou que ao menos deveria aproveitar a vida que teria com seu pai.

Infelizmente, embora as semanas seguintes tivessem sido as melhores, cheias de agrados e passeios, Tiffany percebeu que a presença constante do pai teria um limite. O trabalho voltara a recrutá-lo e lá estava ele se preparando para seguir em mais uma viagem. Por mais que tenha contratado uma pessoa para que ficasse de olho em si, não a deixando sozinha em casa, isso só fez com que tivesse noção de que estava solitária. Quando estava com Taeyeon não sentia isso, mas ao voltar para casa, o lugar onde fora criada durante boa parte da infância, não sentia mais a vontade, pois aquela não era o seu lar.

No dia seguinte, assim que chegara à sala de aula, foi diretamente até a amiga e lhe contou a situação em que estava passando e comentou que desejava ardentemente poder voltar ao que eram antes.

A Kim tentou confortá-la da maneira que pode, transmitindo-lhe calma e esperança de que isso tudo mudaria e de que não se sentiria mais solitária. Porém, dentro de si tudo tinha ficado um caos, entrado em histeria com aquele tipo de pedido. Por mais que inocente tivesse soado, não conseguiu esquecer-se dele e inquieta seguiu para casa após se despedir de Tiffany, que seguia na direção oposta. Desde que fora embora se sentia frustrada e o quarto que antes dividiam estava terrivelmente mais vazio, completamente sem graça, sem cor.

Durante o jantar mal tocou na comida, embora soubesse estar deliciosa, sentindo-se inquieta demais para comer. Sua atitude atípica, pois Taeyeon nunca recusava comida, atraiu a atenção de Hyeongdon que a questionou sobre o que poderia estar a afligindo. Se estava doente que dissesse, se quisesse e precisasse de alguma coisa que falasse, estaria disposto a ir em busca do que queria, ainda que difícil fosse.

Impulsionada por suas palavras, ela ergueu subitamente a cabeça, encarando-o diretamente nos olhos e fez seu pedido. Ela queria trazer Tiffany de volta para casa. Foi uma decisão egoísta, sabia disso, mas sentia que não apenas faria bem a ela. A Hwang precisava estar num lugar estável, que se sentisse em casa, bem-vinda. Tinha medo de deixa-la sozinha com os próprios demônios e acabar perdendo a amiga.

Embora não tenha concordado com isso, Hyeongdon, depois de muita insistência, acabou se convencendo de que pelo menos faria esse favor à garota, que jamais abusava de sua hospitalidade mesmo que pedisse para fazê-lo. Entrou novamente em contato com o amigo advogado e falou o problema que tinha em mãos. A única opção provável seria o pedido de guarda da menina. Mas isso seria uma vitória muito difícil, afinal estariam entrando com uma ação frente ao pai, que ainda era vivo e tinha condições financeiras mais favoráveis. Entretanto, parecendo irredutível, ele insistiu que seguissem em frente com aquilo.

Realmente o processo de guarda foi bastante difícil e exaustivo, mas tinham conseguido levar o pedido ao tribunal e em breve teriam uma audiência para comparecer.

Taeyeon fez questão de acompanhar tudo de perto e quando chegou o dia de ir ao júri, acompanhou Hyeongdon, querendo ver todo o processo final de perto. Se tivesse sorte, o juiz enceraria tudo naquela tarde e daria causa a eles.

Durante sua passagem para a entrada de uma das salas do tribunal, encontrou-se com Tiffany que estava acompanhada do pai e o advogado dele, entrando no mesmo corredor. Ela não precisou chama-la, pois, como se tivesse sentido seu olhar, seus olhos se ergueram naquele momento e chocaram-se. A menina sorriu amplamente ao vê-la ali e correu diretamente para abraça-la. Permaneceram agarradas por um bom tempo até que os adultos interviram e pediram para que entrassem. Embora não fosse necessária a presença da garota Hwang, ela quis vir e se sentou ao lado da amiga na plateia, agarrando-se em sua mão.

De vez em quando, Taeyeon encontrava o olhar do Sr. Hwang voltado sobre si, parecendo curioso com sua figura, antes de retornar a atenção para a audiência. Aquilo acabou intrigando a garota, mas que manteve isso nos pensamentos, pois não queria alertar desnecessariamente a amiga, que permanecia agarrada a ela.

Embora a situação versasse contra o pai, Tiffany desejava ficar com eles, contudo manteve seu desejo em segredo para não machuca-lo. E, surpreendendo a todos, depois de falar algo no ouvido do seu advogado, o pai de Tiffany tomou uma decisão. Seu advogado se ergueu meio resignado, mas apresentou a vontade do cliente, que alegando problemas com sua vida atribulada como um capitão de um navio, aceitou que o melhor para filha seria ficar com a família de Hyeongdon.

A causa tinha sido ganha e ninguém acreditou naquilo. Enquanto todos saiam chocados do tribunal, Tiffany e o pai tiveram uma longa conversa do lado de fora, que se encerrou com um apertado abraço. Logo depois a menina veio até a amiga e lhe contou o que seria dali para frente. Seu pai tinha as visto juntas e acreditava que sua ausência somente lhe fazia mal, pois não sorria tão fácil como fez ao encontra-la e isso o entristecia. Por isso, desde que fosse visita-lo e dormisse com ele nos finais de semana em que estivesse em casa, passar um tempo juntos, não se importaria em dividi-la com a amiga.

Por mais que estivesse surpresa, Taeyeon sorriu alegremente e fez a promessa de que jamais a soltaria tão facilmente. Promessa que Tiffany levou a sério, sendo capaz de cobrá-la caso não estivesse a cumprindo.


Notas Finais


Agora sim acabou com os flashbacks, kekekekekeke.
Comentários? Até a próxima!! ^^


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