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História Learn - Medo são camadas


Escrita por: thereddiamond

Notas do Autor


Yo!! Perdão pela demora, guys! Estava com a semana atribuladíssima com nada e muito nada, duas festas seguidas num sábado e altas ressacas HUASHDUSAHDUSHDUSH Não sou festeira, mas quando quero festar, festo horrores XD. Enfim, se quiserem comentar um cala a boca sua fingida, por não aceitarem minhas desculpas, vou aceitar de todo o coração <3
D qualquer maneira, vou comentar um "wow", porque a mobilização que causei na semana passada foi algo de me deixar feliz!! XD. Sendo assim, muito obrigada a todo mundo e vamos lá!
Boa leitura! Bjus <33

Capítulo 13 - Medo são camadas


Tiffany tinha estado desatenciosa durante a manhã, esperando ansiosamente a chegada de Taeyeon. Sabia que precisavam conversar sobre o que havia feito durante aquela madrugada, coisa que, durante a velada, não conseguiu tirar de seus pensamentos mesmo que houvesse tentado. Tinha dormido quase nada e se sentia culpada por ter dado um passo tão enorme em relação à amiga. Compreendia seus medos, principalmente o de amar, o que a tornava absorta e insegura. Por isso que aprendeu a ser mais cautelosa, desde jovem, quando tomou noção do que verdadeiramente sentia por ela. Naquela época tudo era mais fácil, pois podia colocar a culpa nos hormônios e fingir que do que sentia era real. Porém as coisas foram tornando-se mais intensas com o passar dos anos, ficando até mesmo mais complicado de conviver com ela. Digamos que sempre se encontrava na tentação. Gostava de provoca-la ao sair com outros caras, acreditando que seu ciúme e preocupação era uma maneira de dizer que a amava, por mais que fosse da maneira amigável. Contudo tudo foi por água a baixo quando o caso Eunjung aconteceu... E nossa, finalmente tomava proporção de como as coisas estavam crescendo, inflando e expandindo em seu coração.

Nem mesmo o fato de sua secretária ter se suicidado parecia grande coisa, o que era no mínimo desumano. Deveria ao menos mandar flores à família como condolências, mas ainda permanecia irritada por algo que, tecnicamente, a tinha impulsionado para o que queria de verdade.

O telefone em sua mesa tocou chamando a dispersa atenção do computador e com um pouco de relutância ponderou se deveria ou não atendê-lo, pois queria se focar na ligação que viria da secretaria que Hyoyeon havia colocado atrás do balcão, alertando-a da chegada da loura. Mas, sabendo que não poderia renegar nenhum tipo de ligação ou informação, precisava trabalhar para todos os efeitos, atendeu a ligação. Primeiramente ficou surpresa quando Jessica se identificou pelo fone, depois confusa quando a perguntou se estava bem e se permanecia dentro do escritório, agindo com ponderação. Respondeu que sim, estava tudo bem e que permanecia dentro de sua sala para trabalhar. Então veio a conclusão, que a intrigou ainda mais, no qual a presidente pediu firmemente que continuasse onde estava, pois precisavam conversar.

Somente teve tempo de murmurar um “tá”, afirmando seu pedido, restando colocar o fone no gancho e esperar que a amiga descesse de sua sala. Aquilo certamente era um comportamento atípico, afinal não era todos os dias que estava disposta a conversar, sem mencionar que sua atitude havia sido meio suspeita por agir tão precavida, como se temendo um descontrole de sua parte.

Mas, de qualquer maneira, apenas balançou a cabeça retomando a concentração no trabalho, quando a Jung entrou na sua sala. A porta, como de praxe, estava aberta. Tiffany gostava de mantê-la assim, diferente de Taeyeon que preferia a calmaria e privacidade. A agente franziu a testa, completamente instigada ao vê-la fechar a porta e se aproximar lentamente da mesa.

- O que aconteceu, Jess? Você está pálida... – Comentou ao notar que sua pele naturalmente pálida como marfim, estava sem cor, incrivelmente branca como o papel. A expressão tensa e horrorizada tomou conta do rosto bonito, contorcendo-o levemente.

- Tiffany – medindo a voz, temendo alertar seus sentidos, sondando-a e aproximando-se da mesa, chamou-a de maneira cuidadosa. – preciso que você venha comigo até o hospital.

- Por quê? Está se sentindo mal? – Automaticamente Tiffany reagiu aquele pedido com preocupação, erguendo-se da cadeira e indo diretamente até ela, tomando suas mãos que estavam trêmulas e geladas. – Meu deus... Suas mãos estão frias!

Contudo, por mais que seu semblante preocupado fosse grave e atencioso, Jessica simplesmente renegou seu toque e puxou as mãos de volta, colocando-a em seus ombros. Imprimiu um severo aperto sobre eles, como se a impedindo de continuar. Isso significava que queria sua atenção e assim seus olhos firmaram aos dela. A dureza mesclada ao medo que encontrou em seus orbes castanhos, fez com que um tremor atravessasse a espinha de agente Hwang, gelando o estômago e acelerando o coração.

- Tiffany, eu recebi uma ligação de Yul... Ela está no hospital...

- O que aconteceu com ela? – Tiffany interrompeu-a chocada com seu relato, mas logo Jessica ergueu a mão, pedindo que se mantivesse em silencio para voltar a falar.

- Ela está no hospital, porque testemunhou um atropelamento. – A amiga abriu novamente a boca para interrompê-la, mas rapidamente tomou seu tempo de retrucar. – a vítima foi Taeyeon, Tiffany... Tentaram mata-la.

Tiffany demorou a compreender o que havia dito, porque achou estranho o que tinha saído de sua boca. Nada fazia sentido. Taeyeon estava em casa, quieta em seu quarto, segura, bem e saudável. Ela não podia ter sofrido um acidente... Certo? Aquele tom de incerteza simplesmente começou a abalar tudo dentro de si. Então a ficha lentamente foi caindo e o desespero domando aos poucos a razão, estilhaçando-a, chegando a falhar o ar e as pernas. A primeira coisa que fez foi se encostar a mesa, procurando o equilíbrio perdido. Acabou tendo que ser ajudada por Jessica, que permanecia com as mãos em seus ombros, descendo-a para as costas, tratando de acaricia-las.

Enquanto dentro da mente acontecia uma batalha de pensamentos, olhou firmemente os olhos da amiga, estando à procura de mentiras. Mesmo que isso se revelasse uma brincadeira, de muito mau gosto por sinal, preferia a mentira. Contudo confiava nela. A Jung raramente brincava com coisas sérias e principalmente com o perigo.

Portanto, chegando àquela conclusão, o choro veio fácil e sem controle, obrigando-a tapar sua boca para controlar o pranto do medo que abalou todas as estruturas. Não podia aceitar que sua amiga... Que sua Taeyeon estivesse machucada. Muito menos que tinham tentado mata-la.

- Eu sei que é difícil escutar uma notícia como essa Fany... Mas precisamos ir. – Jessica tentou desatordoa-la, acordando-a para a realidade. – Taeyeon precisa de você.

Tiffany concordou com a cabeça, obrigando-se a engolir o choro e respirando com força para manter-se estável. Rapidamente, após encontrar forças de um lugar que nem sabia sua existência, pegou sua bolsa, indo diretamente para fora. Foi seguida de perto pela a amiga, que controlava tudo atrás de si. A agente não ligou para o fato que precisava fechar as portas, estava pouco importando se haveria perigo em fazer aquilo. Apenas queria encontrar Taeyeon. Sendo assim, não encontrando outras opções possíveis, vendo que ela estava atordoada, Jessica tomou essa função para si e alertou a nova secretária que iriam sair. Não tinham hora para voltar, por isso deveria se manter no posto até o horário de saída. Se precisarem falar com alguém daquele setor, simplesmente deveria dizer que estavam em reunião, ocupadas demais resolvendo alguns problemas pela empresa. E, enfim dadas aquelas ordens, seguiram para fora.

Como a agente não teria condição para guiar um carro, coube a presidente Jung tomar aquele trabalho e com o dobro de tensão tentou relembrar como se conduzia um veículo automobilístico, já que quem fazia esse papel para ela, todos os dias, era seu fiel motorista que naquele momento deveria estar descansando em outro ponto da cidade, servindo de chofer para a irmã mais nova. Então pegou a dianteira, sentando-se no banco do motorista e levou o carro até a coordenada que Yuri tinha lhe mandado por mensagem, depois de ligar avisando o ocorrido. Foi até mesmo esquisito receber sua ligação. Chegou seriamente a duvidar, por alguns segundos, da sua procedência, mas quando escutou ao fundo o som da sirene e uma movimentação estranha, sussurros dos paramédicos, teve que engolir em seco seu ceticismo e ir contar a péssima notícia a Hwang. Durante uma rápida parada no sinal, encontrou o olhar perdido dela sobre os prédios da cidade, e sentiu um forte aperto no coração ao vê-la tão para baixo. Gostava do sorriso da amiga, mas compreendia que nesse momento não poderia alcança-lo, pois seus pensamentos estavam todos voltados à mulher que amava. Provavelmente estaria rezando pelo seu bem estar, então somente pode transmitir-lhe esperanças.

- Ela está bem, Fany... Taeyeon é forte. – Tomou sua mão fria e dura, pousada no colo, atraindo seu olhar avermelhado e choroso.

Tiffany apenas acenou com a cabeça, concordando com suas palavras, tomando-as como lei, e deslizou o olhar para frente, voltando a se manter em silencio. Jessica suspirou consternada e acelerou o carro quando o sinal ficou verde. Em poucos minutos estavam estacionando no hospital, parando bem próximo a entrada da emergência. As duas rapidamente correram para dentro, parando no balcão da entrada, tomando informações. Foram sendo guiadas para dentro de uma sala de espera na ala de traumas, por uma enfermeira. Dentro da sala de espera estava Yuri, que encostada a uma parede, de braços cruzados e postura tensa, esperava por notícias. Não encontrou motivos ou razões para se sentar.

A agente não demorou muito para correr até ela e abraça-la com força, voltando a chorar em silencio, sentindo o coração ser acalentado por ver um rosto conhecido tranquilo. Ela não estaria daquela maneira se algo terrível tivesse acontecido à loura. Era o que preferia pensar.

- Está tudo bem, Fany. – Yul tentou acalmá-la, tranquiliza-la com suas palavras. Seus braços estavam abertos, hesitando em circundá-las no seu corpo. De qualquer maneira, vendo que precisava decidir-se, preferiu retribuir o aperto. – Os médicos levaram a baixinha para alguns exames... Ela está um pouco machucada, mas vai ficar bem.

Deu as notícias das quais Tiffany mais queria ouvir. Isso acabou jogando-a mais sobre a morena, sabendo que poderia desabar em tanto alívio. Pelo menos sabia que teria a oportunidade de ver sua amiga novamente. Era mais que uma boa notícia. Apegou-se aquilo com todas as suas forças, pois ao menos suas preces tinham sido ouvidas.

Jessica, que observava tudo em silencio passos atrás, parada perto da porta, sentiu o celular vibrando dentro de sua bolsa e permitiu que as duas ficassem naquele canto, confortando a outra, enquanto ia atender a chamada. Era Choi Sooyoung quem lhe ligava. Estava a sua procura para solucionar um problema com burocracia, mas logo a interrompeu do assunto trabalho e deu as notícias. Imediatamente a prontificou de espalhar a notícia para as amigas, que certamente necessitavam saber daquilo. Após aquela ligação, voltou para a sala e encontrou as duas sentadas num dos bancos próximas às paredes, conversando baixo com a outra.

- As meninas chegarão em breve... Alguma notícia? – Questionou ao se aproximar lentamente, chamando a atenção das duas que estavam de mãos dadas.

Tiffany lhe respondeu com um balançar negativo de cabeça. Embora estivesse aliviada, a expressão pesada e preocupada permanecia no rosto.

A presidente respirou fundo com aquilo, sentindo-se aprofundar na preocupação com o estado da loura e amiga, mas logo teve sua atenção atraída pela mão fria da agente, que a puxou para se sentar ao seu lado. Também enroscou seus dedos com os dela, como se pedindo para que não saísse mais do seu lado, fechando os olhos para voltar a rezar. Jessica desviou o olhar de suas mãos juntas, para encontrar com os orbes negros de Yuri, que permanecia quieta. E neles encontrou um tipo de sentimento novo e inusitado dentro deles, o que a fez se questionar do que poderia ser, mas automaticamente. Uma parte dentro de si acreditava ter se deparado com a raiva. Aquela mulher estava controlando um sentimento de ódio tão intenso, que a fez temer pelo momento em que explodiria. Entretanto, logo como apareceu, esse sentimento sumiu, deixando rastros abrasantes.

Ainda assim, não soube dizer se isso era com plena certeza ser aquilo era verdade ou não, podendo não passar de um reflexo da situação no geral, que em si era revoltante. A mente da morena permanecia um branco, embora os olhos estivessem transparentes e cristalinos como vidro.

 

*

 

O médico ainda não havia aparecido quando as amigas de Taeyeon entraram na sala de espera, antes mesmo que o relógio marcasse meio-dia. Ali dentro daquele pequeno espaço, um cubículo, parecia reunir um pequeno mutirão de mulheres. Elas entraram apressadamente, indo diretamente falar com Tiffany.

Jessica e Yuri, que estavam sentadas ao seu lado, foram se afastando progressivamente, dando espaço para quem acabou de chegar.

A morena, sem se importar com a atenção que recebeu de Sooyoung, que parecia intrigada com sua presença, logo se enclausurou de volta a parede, observando tudo com interesse. Era engraçado perceber que existiam tantas pessoas preocupadas com Taeyeon. Todas que estavam ali pareciam trata-la como uma espécie de líder, alguém evidentemente querido. Estavam agindo de acordo como a loura as tratavam, preocupando-se e cuidando dela. Seohyun, a psicóloga da qual havia conversado quando estava fazendo os testes e preenchendo sua ficha, estava ao lado de Tiffany, tomando o lugar que antes sentava. Do outro lado se encontrava a mais alta de todas as amigas, a agente Choi que parecia mais uma modelo do que uma agente treinada. Ela incentivava a Hwang para que continuasse com suas orações, também rezando. Sentadas um pouco mais distante, mantendo o silencio entre elas, estava à loura que havia substituído o lugar de Eunjung por um único dia. Era Hyoyeon e uma baixinha de cabelos castanhos, que se apresentou como Sunny. Jessica, assim como a morena, se mantinha afastada, sentada numa poltrona com as pernas cruzadas, ficando atenta a cada mudança da atmosfera.

De alguma maneira, sendo exposta a toda aquela preocupação e tensão no ar, Yuri sentiu uma imensa e borbulhante raiva crescer em seu âmago. Era um fato, não estava nem um bocado confortável com o choro de Tiffany e aos poucos, trincando a mandíbula para não vacilar, percebeu que os olhos começaram a arder. Num ímpeto quase descontrolado, descruzou os braços e saiu tempestuosamente da sala, escapando daquelas sensações.

Sua atitude chamou a atenção de todas as mulheres, Tiffany se ergueu para ir atrás da morena, contudo Jessica tomou a frente e pediu para que continuasse sentada. Ela saiu da sala com bastante pressa ou acabaria perdendo-a de vista. Ao dobrar um corredor, encontrou os longos e escuros cabelos de Yuri, que marchava para saída com tanta certeza e firmeza, que de longe poderia transmitir sua raiva. Apressando os passos, praticamente tendo que atravessar o hall do hospital correndo, conseguiu alcançá-la antes que saísse pelas portas.

- Espera! – Pediu para que parasse, entretanto, como se não tivesse a escutado, ela continuou a andar, aumentando a distância entre elas. – Yul! Aonde você vai?

Questionou irritada com sua atitude e quando estava perto, conseguindo alcança-la, puxou-a pelo braço. Seu corpo alto foi virado com força e por rápidos segundos teve o vislumbre de seus olhos, que tinham tomado uma tonalidade bastante avermelhada. Mas assim que se encontraram, desviou para o lado para que não os visse.

- Para onde você pensa que vai? – Jessica insistiu na pergunta, saindo-se arrogante de maneira inconsciente, atraindo seus orbes negros que estavam mais duros que pérolas negras.  Seu corpo se agitou com aquela visão de alerta e perigo, estremecendo de uma ponta a outra.

Yuri não respondeu de imediato, pois sondava seus olhos castanhos com tamanha profundidade e consistência, que a fez perder a força do aperto que imprimia em seu braço. Notando que estava assustando-a ao agir daquela maneira absurdamente intensa, se obrigou há recuar um pouco e respirar fundo, lembrando-se que deveria manter a cabeça no lugar.

- Vou resolver esse problema... – Resmungou com os dentes trincados, olhando para a parede atrás de sua cabeça, voltando a trincar os dentes. – Alguém quis matar minha amiga e isso não vai ficar assim.

- Então o que vai fazer? Matar a pessoa que fez isso com ela? – Jessica retrucou com acidez e ironia, tentando pontoar a loucura que poderia acontecer.

- Não é uma má ideia. Mas prometi que iria me comportar, então não. – Ela suspirou insatisfeita, quase como se choramingando, e se liberou de vez da mão que lhe restringia. Voltou a olhá-la com mais confiança, porém de uma maneira suavizada e tranquila, evitando agitá-la. – Apenas me ligue caso algo de ruim aconteça...

- Você acha que algo ruim vai acontecer? – A presidente devolveu com relutância, impedindo-a de continuar o caminho até a saída.

Yul suspirou mais uma vez, sendo que de maneira diferente e estagnou no lugar, parando para pensar no que iria dizer. Sua cabeça fervilhava de várias coisas, mas, vendo que sua resposta poderia acalmar o âmago da Jung, reprimiu boa parte do pessimismo que a rondava.

- Não. Nada de ruim vai acontece. – Afirmou com certeza e, tendo feito sua boa ação do dia, saiu do hospital, indo pegar um taxi na entrada.

Jessica cruzou os braços quando sentiu novamente a vontade de segui-la, permanecendo parada no hall, tratando de pensar no que havia dito. Por fim, depois de tanta relutância, acabou chegando à conclusão de que confiava nela e em seu veredito. Se acredita que as coisas iriam melhorar, então deveria fazer o mesmo.

E, depois de melhorar seu rosto, voltou para a sala de espera.

 

*

 

Assim que Yuri tempestuosamente saiu da sala, sem ao menos dizer o que estava acontecendo e Jessica ir a sua procura, o que era mais esquisito ainda, o médico responsável pelo tratamento de Taeyeon, entrou no cubículo. Ele lançou um olhar confuso sobre as mulheres, se questionando onde teria ido à morena alta que veio na companhia de sua paciente. Em troca, acabou encontrando uma profusão de olhares desconhecidos e ansiosos, quando Tiffany rapidamente se ergueu, tomando o controle e foi em sua direção.

- Doutor! Como ela está? – Perguntou antes mesmo que pudesse se aproximar.

- Você é a responsável pela senhorita Kim? – Ela balançou a cabeça várias vezes, confirmando, estando nervosa demais até mesmo para falar. Ele olhou atrás dela e encontrou mais outros olhares agitados e atenciosos, somente a espera de sua resposta. Abrindo um sorriso calmo, logo deu as notícias. – A Srta. Kim está bem... Seu estado clínico é estável... Apenas precisamos fazer uma bateria intensa de exames, para garantir nenhum dano interno e nesse momento ela está descansando num quarto. – Suas palavras lançaram uma enorme onda de alívio sobre a sala, fazendo com que as outras mulheres se jogassem contra os assentos, sorrindo felizes.

- Posso ir vê-la? – Tiffany não se importou se estava eufórica, quase se avolumando sobre o homem, apenas queria encontrar Taeyeon. Esse era seu maior desejo.

- Hã, claro... Na verdade todas poderão desde que prometam fazer nenhum alvoroço...

- Fique tranquilo doutor, sabemos nos comportar. – Hyoyeon brincou com o médico, piscando um olho travessamente, fazendo com que ele sorrisse simpaticamente e meio envergonhado. – Fany, porque você não vai na frente?

- É, - Sooyoung reforçou ao acordar para a realidade. – vá com o doutor... Vamos esperar Jessica.

Tiffany não percebeu de imediato que a intensão das amigas era a de deixa-la sozinha com a Kim, estava tão feliz com o fato de poder vê-la, que simplesmente aceitou a proposta e imediatamente foi conduzida para dentro de um corredor. Em poucos minutos entrou na ala dos quartos do primeiro andar, escutando o silencio pétreo que tomava todo o ambiente. O doutor parou em frente à porta de um quarto e a abriu, incentivando-a para que entrasse.

Engolindo em seco, tentando controlar o tremor nas mãos, tomando coragem e sorrindo em agradecimento ao homem, ela entrou no quarto frio. Não conseguiu esconder a surpresa ao ofegar, obrigando-se a tapar a boca, ao ver a imagem da amiga sobre a cama metálica do hospital, com ataduras em certas partes do corpo, curativos na cabeça e a mão esquerda engessada.

- A Srta. Kim machucou mais o ombro, quadril e o rosto durante a colisão. Na queda deve ter torcido o pulso e batido a cabeça, mas no todo teve muita sorte em sair praticamente ilesa e nenhum tipo de sequela. – Ele comentou num suspiro cansado. Tiffany virou-se para o olhá-lo e encontrou um sorriso tranquilizador, um gesto que transmitia conforto e solidariedade. – Vou deixa-las sozinhas. – Disse compreensivo, imediatamente saindo e fechando a porta.

Tiffany, vendo-se sozinha no quarto, pode tomar aquilo como um momento para se acalentar e estabilizar as emoções dentro de si. Quietamente observou o semblante adormecido de Taeyeon, questionando se tinham a dopado para que não reclamasse de dor. Os pés lentamente encurtaram o caminho até a cama e quando ao menos percebeu estava perto da amiga, com a mão alcançando a sua deitada na cama. Sentir o toque quente e aveludado de seus dedos e palma, notando os pequenos cortes e machucados nela, comprimiu ainda mais o coração, carregando-se de alívio. A força que havia em suas pernas pareceram diminuir e sem pensar duas vezes sentou-se na cama, sem conseguir desviar o olhar do rosto pálido e machucado da loura.

Sentindo uma mudança na atmosfera serena do quarto, um leve peso afundando parte da cama, Taeyeon acabou findando por acordar da áurea enevoada que tomava sua mente, provocada pelos analgésicos que os enfermeiros deram, com a intensão de suportar a dor que sondava o corpo inteiro. Finalmente, recobrando a consciência pela primeira vez naquela tarde, sentiu cada osso dolorido e musculo tenso. Até respirar era complicado. Mas assim que seus olhos se abriram, encontrando-se com a figura ansiosa de Tiffany, um pequeno sorriso torto cresceu em seus lábios rachados e secos. Embora sorrir também provocasse leves pontadas de dor, não conseguiu esconder a felicidade que sentiu por encontra-la.

- Fany... – Tentou chamar pelo seu carinhoso apelido, mas a voz soou estranha, arrastada e seca. A garganta parecia seca como osso, fazendo-a tragar com força a saliva para umedecê-la.

Notando o breve desconforto que contorceu seu angelical rosto, Tiffany imediatamente alcançou uma jarra com água que haviam colocado sobre uma mesa, ao lado da cama, enchendo um copo. Prontamente foi ajuda-la a beber. Mesmo sentindo o rosto arder em vergonha por fazê-la dar-lhe água, pois não conseguia mexer os braços, não tinha força para tal, Taeyeon permitiu que a ajudasse a beber água.

A agente tomou muito cuidado para que ela não engasgasse e quando aparentou estar satisfeita, pode retornar a se sentar na cama. Seu olhar ainda caia totalmente intendo sobre sua figura pequena e frágil na cama. Com esse pensamento de vulnerabilidade, percebendo os leves grunhidos de dor que Taeyeon segurava dentro da garganta, agravou o cenário, fazendo-a se sentir profundamente culpada. Justo quando não estavam no seu melhor momento, quando haviam brigado daquela maneira, deixado de se falar... Repentinamente a beijado sem conceder-lhe um grama de respostas... Aquilo acontecia. Por sua teimosia e estupidez quase perdeu a mulher que amava, e exatamente por isso que não conteve as lágrimas, começando a chorar com mais dor que antes.

- Perdão, Tae... Eu sinto muito... – Tentou se desculpar de todas as formas, mas os soluços cortaram o ar e as palavras, dificultando sua tentativa em parecer sincera. Queria transmitir o imenso arrependimento que sentia. Seus olhos úmidos e embaçados escaparam do olhar espantado e agitado de Taeyeon, que a encarava sem dizer uma palavra, repentinamente consciente e acordada. – Foi minha culpa você estar aqui. Eu deveria ter pensado melhor, te contado tudo desde o início... Eu te amo tanto que isso me dói... Eu não consigo viver sem você. – Soluçou mais uma vez, parecendo uma criancinha perdida ao limpar as lágrimas que continuavam a descer, tentando se desculpar com os pais por ter sido travessa. Enxugou as lágrimas como pode e tomou uma golfada de ar entrecortada, tentando reter as sensações que explodiram junto com as confissões. Seus olhos novamente caíram sobre a loura e notaram um brilho diferente tomando-os, ficando praticamente impossível de escapar da prisão que formavam. – Desde jovens... Naquela época em que estávamos perdidas nas ruas, vivendo como podíamos, percebi que te tratava diferente das outras pessoas... Das minhas outras amigas... Quando finalmente crescemos e nos tornamos adultas, aceitei que havia me apaixonado por você.

Um sorriso melancólico cresceu em seus lábios, esticando-os de uma maneira esquisita e nervosa, se permitindo a desviar o olhar para o colchão, onde sua mão ainda tocava a da amada. Sentia tanta vergonha por admitir seus verdadeiros sentimentos e ter a incerteza sobre o que poderia acontecer a partir daquele momento. Poderia muito bem ter guardado aquilo para um momento mais propício, mas quando o desespero de perder a pessoa que ama lhe abate, se torna praticamente impossível controlar tudo que se sente.

- Me perdoe Taeyeon por ser uma péssima amiga. – Novamente se desculpou, lançando seus lamentos sobre a Kim, que permaneceu em silencio.

- Tiffany – chamou-a com a voz enrouquecida e arranhada, usando um tom mais suave para não irritar a garganta, parecendo não ter forças ao menos para falar. A Hwang ergueu seus olhos, franzindo as sobrancelhas quando a viu pedir que se aproximasse como se quisesse segredar-lhe algo. Por puro reflexo obedeceu ao seu pedido e como comandado, inclinou-se para perto dela. Então, surpreendendo-a, Taeyeon se aproveitou do pouco da coragem que tinha e tomou seu rosto com a mão que não estava engessada, esticando-se para beijá-la rapidamente. Essa movimentação brusca gerou uma onda excruciante de dor por todo o corpo, mas ignorou em favor da agente. Precisava fazer aquilo. – você não tem pelo que se desculpar. – Disse assim que afastou seus lábios, olhando-a diretamente nos olhos. – Apenas tenho que agradecer por ter se apaixonado por mim e me feito perceber o quanto amo você.

Suas palavras mais uma vez provocaram o choro de Tiffany. Porém foi um pranto de felicidade e alívio, como se tivesse tirado uma tonelada de pesos em seus ombros e peito, mostrando quanto o amor poderia ser libertador, capaz de curar qualquer das dores e dar soluções às incertezas. Com muito cuidado a envolveu em seus braços, sentindo o tamanho de sua fragilidade, embora soubesse o poder que seu coração possuía. Nunca encontrou uma pessoa tão forte como Taeyeon, por isso se sentia até mesmo honrada por poder ter sua afeição, que era similar a sua.

 

*

 

A madrugada entrava de uma maneira ventosa e barulhenta, trazendo pesadas coberturas de nuvens de chuva, indicando que em breve precipitaria. O guarda observava tudo dentro do aconchego e segurança de uma sala, vendo a mudança climática pelas câmeras, enquanto guardava o pequeno prédio da locadora de carros que ficava próximo a Incheon, um pouco afastado do centro urbano, localizada perto das docas.

Era um dia comum de trabalho para ele, que deveria ficar de olho naqueles monitores, vendo o vazio que dominava aquele trecho da cidade. Sua preocupação sempre rondava o fundo do prédio. Havia uma porta pela área e um vago espaço lateral, que servia de corredor, levando ao estacionamento dos carros de aluguel. Olhou aquela câmera, dando um gole no seu quente café, do qual tinha acabado de preparar na máquina perto de sua mesa e por muito pouco não queimou a língua. Viu que o vento estava se tornando cada vez mais forte ao ponto de carregar algumas coisas com elas, mas nada que indicasse uma tempestade e consequentemente um furação. O que não era algo incomum de se ver, principalmente quando se trabalhava tão perto da faixa litorânea. Seu cenho franziu ao ver que a câmera fora tapada por um jornal que havia sido carregado pelo vento e praguejou para o vazio, reclamando daquilo. Agora estava sendo forçado a sair de seu conforto e segurança, para tirar aquele papel inútil de frente da câmera.

Rapidamente saiu de sua sala e retirou do seu cinto a lanterna. Teve um pouco de dificuldade para empurrar a porta dos fundos, tanto pelo metal ser pesado como o vento que estava forte e seguiu para o lado de fora, protegendo os olhos com a mão da poeira que o vento levantava. Ergueu o olhar e encontrou o papel que atrapalhava sua visão, fazendo-o colocar a mão na cintura, inconformado por perceber que teria de entrar novamente para pegar a escada. O aparelho de vigilância ficava muito alto...

Uma sombra embelezada de negro repentinamente surge as suas costas, aproveitando-se de sua distração, agindo com passos furtivos ao sair do seu esconderijo. O guarda nem mesmo saberia como reagir ao seu ataque, pois não sentiu sua presença, pois seu bote foi habilidoso e calculado. Com um teaser elétrico o segurança foi incapacitado por ondas de choque, que o desacordaram assim que as pontas frias e metálicas tocaram a região desprotegida de seu pescoço. O corpo automaticamente se contorceu antes de cair mole, reagindo ao impulso elétrico, forçando a sombra ter que aparar sua queda. Usando de um esforço premeditado, o arrastou para dentro do prédio e colocou-o sentado na cadeira dentro da guarita. O invasor se virou para o console de vigilância, tomando o controle de tudo, cuidadosamente parando as gravações antes de poder agir. Tendo o caminho livre, contando os minutos que tinha para pegar o que precisava e ir embora, saiu da sala e pode retirar a máscara de esqui que usava, livrando os longos cabelos negros.

Yuri suspirou aliviada por tirar aquela touca quente e incômoda, ela dificultava a respiração. Seguiu corredor adentro da empresa, os passos pesados de suas botas sendo abafados pelo carpete, mantendo-se atenciosa e vigilante para o caso de encontrar imprevistos. Subiu até o andar que precisava e encontrou a sala da diretoria. Meteu a mão no bolso da calça e retirou a gazua, tratando de arrombar a porta sem precisar usar da força. A tranca não era muito complicada, tinha apenas duas travas e rapidamente conseguiu o acesso que queria. Com as mãos enluvadas, seguiu para a mesa do computador, sentando-se na cadeira de rodinhas, iniciando o sistema. Não se preocupou com a senha, pois já tinha hackeado tudo antes de atordoar o segurança. Somente se permitiu a guiar-se para dentro das pastas e arquivos. Poderia ter sido mais fácil somente entrar no sistema do lado de fora, usando o roteador de sinal, mas a máquina que precisava entrar não era integrada ao mesmo sistema que a senha, dificultando um pouco seu trabalho.

Havia conseguido rastrear a placa do carro que tinha atropelado Taeyeon durante aquela manhã, tendo que passar a tarde e metade da noite rondando o prédio a procura de pontos fracos. Utilizando do seu conhecimento de informática para roubar senhas e informações, notando que a qual desejava teria de tirar a moda antiga. O carro não havia sido devolvido, tinham pagado a locação em dinheiro vivo, praticamente impossível de ser rastreado. Certamente se fosse dona dessa empresa, teria imediatamente corrigido algumas falhas básicas que encontrou, pois eles poderiam ser mais criteriosos sobre a possibilidade de alugar carros. Se um adolescente quisesse enganá-los, portando de uma carteira falsa, certamente teria conseguido. Entretanto não era isso que importava e, depois de um bom tempo pesquisando, encontrou a pasta que queria. Clicou no botão de “imprimir”, acordando a impressora e assim que o papel saiu da máquina, foi até ela e sorriu animada com seu feito. Tinha o nome e endereço do bastardo que provocou aquele acidente.

Seguiu para o lado de fora, limpando rastros que deixou para trás e, ao fechar a porta dos fundos, seguiu para a moto estacionada do outro lado da rua, fora do alcance das câmeras.

Satisfeita, seguiu na direção que precisava, sentindo-se renovada com o resultado.

 

*

 

Foi difícil para que Tiffany deixasse Taeyeon no hospital. Contudo se contentou por ao menos colocar Sooyoung no seu lugar, substituindo-a com a mesma segurança que tinha em sua presença. Se tinham atentado contra a vida da loura, não seria tola em larga-la sozinha e desprotegida.

Precisava ir em casa e pegar roupas tanto para ela quanto para a Kim, sendo assim seguiu ao estacionamento, agradecendo mentalmente a Jessica por ter lhe entregue as chaves antes que fosse embora durante a noite. Em seu relógio não passava mais que duas da manhã, porém não se permitiria a pregar o olho e se combinado ao fato que não tinha dormido muito, sentia-se exausta. Não iria descansar, pelo menos enquanto não estivesse de volta ao hospital. O que mais importava nesse instante era resguardar o bem estar da colega de apartamento e evitar mais confusões e problemas.

Assim que destravou o carro, uma moto freia em frente a ele, acordando-a de seus pensamentos. O coração bateu alto por não reconhecer a figura negra em cima daquela máquina veloz, ficando tensa. Mas assim que Yuri ergueu o visor, identificando-se, logo o alívio dominou-a.

- Puta merda, Yul! Você quer me matar de susto? – Reclamou contra a morena, que apenas deu de ombros e desceu da moto, deixando-a ligada em seu lugar. – Onde você estava? Sabia que a Tae este melhor?

Não queria parecer desconfiada sobre a amiga, mas não se conteve ao franzir o cenho, observando-a com cautela. Gostava de sua pessoa e tamanha competência que tinha no trabalho, sendo a melhor profissional com que se relacionou até agora. Entretanto, com sua saída precipitada e a maneira estranha como agia, simplesmente atiçava seus instintos de proteção. Yuri, sem responder a nenhuma de suas desconfianças, retirou o capacete e suspirou fortemente, se aproximando dela. Tirou um pedaço de papel dentro de sua jaqueta de couro e lhe entregou.

- Está aqui o que você precisa... – Disse com a voz tranquila, mas incrivelmente cansada.

E, assim como chegou, logo retrocedeu seus passos, vendo que estava distraída demais com o papel para questioná-la, subiu na moto e colocou o capacete de volta. Sem dar chances para que ela acordasse de seu estupor, acelerou para fora do estacionamento, indo embora com o sentimento de dever cumprido. Que o resto ficasse ao cargo da agente Hwang. Daqui para frente, as decisões e consequências ficaram sobre seu domínio.

Tiffany prendeu a respiração ao perceber o que tinha em mão, após uma rápida olhada no conteúdo. Sentindo as mãos estremecendo de leve, movendo a folha da qual segurava com mais força que o necessário, seus olhos focaram a foto da pessoa responsável pelo problema que tinha em mãos. Yuri tinha feito aquele trabalho de rastreá-lo, sem qualquer tipo de permissão, agindo por conta própria. Contudo, isso não importou naquele momento. Não perante a chance que tinha em mãos.

Uma chance que não iria desperdiçar.


Notas Finais


Ih, prevejo muita treta XD
Comentários? Até a próxima! ^^


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