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História Learn - Fúria é uma das camadas do medo


Escrita por: thereddiamond

Notas do Autor


Olá!
Não a muito que dizer hoje, não estou me sentindo muito bem, talvez esteja ficando doente. Mas isso se chama terminando as férias :'( HEUHEUEHUEHEUEHUEHEUH.
De qualquer maneira, espero que gostem do capítulo e perdão se houver erros não corrigidos >.<.
Boa leitura!

Capítulo 14 - Fúria é uma das camadas do medo


Tiffany tinha pressa, tanta que por muito pouco não se esqueceu de fechar a porta de sua casa. Mas, parando um pouco para respirar e no que iria fazer em seguida, foi direto para o quarto, tomou um banho, comeu alguma coisa e vestiu uma roupa confortável para voltar ao hospital. Pegou um pijama confortável para Taeyeon, que ficaria somente mais uma noite no hospital, podendo leva-la de volta para casa, sendo assim também pegou uma roupa para sua saída e seus itens de higiene. Colocou tudo dentro de uma mochila, socando com certa pressa, e seguiu para fora, trancando tudo que precisava.

Estava tão aérea e pensativa que a movimentos automáticos e robóticos chegou ao hospital. Entrou no quarto e encontrou Taeyeon conversando com Sooyoung, deparando-se com um sorriso seu. Por mais tarde que estivesse a loura estava elétrica durante aquela madrugada, assim como ela estava.

- Soo, posso conversar com você lá fora um minutinho? – Pediu para a mulher alta enquanto jogava a mochila num canto do quarto. Sooyoung sorriu para a amiga e concordou sem pestanejar. A Kim lançou um olhar intrigado sobre elas, possivelmente se questionando onde aquilo levaria, mas logo tratou de tranquiliza-la. – Voltamos já, Tae.

Mandou-lhe um beijo no ar e seguiu para o lado de fora, sendo acompanhada pela Agente Choi. Assim que a porta estava fechada, enclausurando-as, imediatamente a Hwang se voltou para a amiga e logo deu uma rápida explicação do que queria dela.

- Preciso que você fique de guarda por enquanto vou resolver uns negócios. – Pediu.

- Tiffany, você acabou de voltar, para onde está indo?

- Por favor, Soo... Eu ainda não posso te contar, – implorou com um pouco de receio, pois o que iria fazer não tinha nenhum aval ou permissão da justiça para ir atrás do motorista. Aquela perseguição tinha se tornado algo pessoal e isso era proibido em sua profissão. Vinganças eram inadmissíveis, porém estava preparada para ignorar essa parte certa e justa de suas condutas profissionais. – apenas cuide da Taeyeon por mim. – Insistiu mais uma vez e olhou em seu relógio, vendo que o dia estava próximo de amanhecer e ainda nem tinha botado o pé na rua.

- Está bem, Fany... Vou fazer isso por você. – Sooyoung suspirou em desistência, mas seu olhar repreensivo e alerta estava sobre ela, como se prevendo que poderia fazer algum tipo de estupidez, por mais que não fosse seu estilo. – Mas me prometa que você não vai fazer nenhuma besteira e principalmente algo estúpido!

- Prometo. – Respondeu num sopro de fôlego, abrindo um leve sorriso tenso e agradecido.

Depois de abraça-la rapidamente, retornou para o quarto e encontrou o olhar ansioso da Kim, que aguardava sua volta com bastante expectativa. Foi diretamente conversar com ela e se desculpou por não poder ficar. Acabou inventando uma desculpa de que Jessica havia lhe dado um problema para resolver com urgência e não poderia mais se ausentar do trabalho. Franzindo o rosto em decepção com aquilo, a loura aceitou a contragosto sua saída, mas teve como recompensa um de seus adoráveis sorrisos, acompanhados de um casto beijo em sua bochecha, fazendo-a corar em vergonha pelo fato da amiga estar presenciando aquilo tudo.

Se despedindo pela ultima vez, sentindo uma rápida sensação de insegurança dominá-la por ter de deixa-la sozinha, mesmo com Sooyoung, Tiffany quase correu para fora do hospital. Não conseguia segurar a ansiedade que a tomou naquele instante, tornando-a mais apressada que o normal. Entrou no carro e imediatamente se pôs no transito do começo da manhã, observando as cores do céu mudando para o tom lavanda do amanhecer.

O endereço do suspeito pelo acidente ficava num bairro pobre da cidade, uma área bastante conhecida pela polícia, por se tratar de um local que servia como ponto obscuro para a venda de drogas e consequentemente a prostituição. Em contrapartida aquele era um lugar bastante popular entre os jovens arruaceiros e quase foi complicado ter de desviar dos bêbados que atravessavam seu caminho. Havia muitos bares nos arredores e agradecia ao fato de ao menos ter trocado de roupa, ter colocado uma camisa mais casual, jeans surrados, botas e um casaco para o leve frio da madrugada. Antes que ao menos pudesse chegar à rua que tinha escrito na ficha, finalmente encontrando o endereço, estacionou seu chamativo carro perto numa rua antes e a partir dali seguiu a pé. Pelo caminho foi confundida com uma garota de programa por um homem bêbado, mas simplesmente lhe lançou um olhar gélido e seguiu em frente, sabendo que não haveria mais desvios em seu caminho.

Parou em frente a um pequeno prédio velho, que aparentemente necessitava de manutenção. A porta de entrada estava aberta e era bem óbvio que aquele lugar servia como um motel, além de estabelecimento de trabalho para as prostitutas. Respirou fundo antes de entrar, sentindo o forte cheiro de álcool, droga e sujeira dominando tudo. Com certa tensão se guiou dentro de um corredor cheio de quartos, alguns deles vazios, enquanto que em outros nem tanto. Subiu as escadas até o segundo andar e então entrou no corredor que queria. As pessoas com quem encontrava no caminho a encaravam de maneira torta e curiosa, estranhando sua presença tão limpa e refinada. Obviamente uma figura deslocada.

Ignorando-os com muita delicadeza, parou em frente ao número vinte e cinco, batendo na porta várias vezes, para que finalmente alguém a atendesse. A porta não se abriu totalmente, pois uma corrente impediu isso.

- Jay Park? – Interrogou o rapaz que havia aberto a porta, notando que provavelmente o tinha tirado da cama, pois seu cabelo desgranado e olhos inchados pareciam extremamente furiosos.

- O que você quer? – Devolveu grosseiramente, sem dar nenhum tipo de espaço.

- Eu tenho algumas perguntas para fazer... Pode abrir a porta? – Insistiu com um misto de educação e paciência, a frieza profissional surgindo. O rapaz imediatamente aparentou se sentir desconfiado com seu pedido, chegando ao ponto de franzir as sobrancelhas.

- Olha aqui senhorita policial gostosa – ele grunhiu sarcasticamente. – eu prometi ao meu agente de condicional que não iria me envolver em encrencas... Então...

Ele até que tentou fechar a porta na sua cara, mas Tiffany o impediu com certa força, parando sua ação na metade com o braço, encarando-o fixamente.

- Não me faça insistir, Sr. Park. Eu não quero causar problemas.

Sua insistência paciente pareceu convencê-lo ao ponto de arrancar-lhe um suspiro. Dessa vez ele fechou a porta, mas imediatamente tirou a corrente que antes restringia sua entrada e abriu espaço, com um floreio de mão pedindo para que entrasse.

Mantendo o rosto sério e passivo de emoções, a agente agradeceu sua permissão e seguiu para dentro do pequeno apartamento analisando todos os pontos, evitando cair num truque. Claramente aquele homem não se preocupava com limpeza, pois havia muitas garrafas de bebidas no chão e uma camada de poeira sobre os móveis, papeis espalhados na casa, assim como roupas. Atrás de si escutou os passos de Jay que fechou a porta, para então se virar para a visitante, recebendo-a com certo tom de mal humor.

- O que queria me perguntar? – Ele iniciou a conversa, indo diretamente a cozinha que ficava em seu campo de visão, abrindo a geladeira, tirando uma cerveja para si. – Aceita?

Ofereceu uma para Tiffany, que educadamente recusou a oferta, desviando a atenção para o resto do apartamento que não tinha paredes separando quase nenhum dos cômodos. Apenas o quarto e banheiro possuíam paredes e portas. Teve um breve vislumbre de uma cama velha e gasta, o colchão todo revirado e desarrumado, chegando a se acalmar por ver que não seria atacada por ninguém saindo lá de dentro. Levou seu olhar de volta para Jay, acreditando que poderia continuar com suas intensões, e notou que somente usava uma calça. Seu torso nu e definido revelava a enorme tatuagem que tinha no peito, seguindo pelo braço. Ela achava tatuagens bonitas e não tinha preconceito com quem as usasse, mas tudo naquele homem exalava um tipo de perigo eminente. Sendo assim decidiu se manter vigilante. Precaução nunca era demais.

- O senhor alugou recentemente algum carro? – Começou seus questionamentos sobre o rapaz, assumindo o manto de investigadora. Jay ergueu uma sobrancelha em desafio, enquanto vinha na direção do sofá.

- Não, senhorita. – Negou com um leve sorriso crescendo no rosto, dando um gole direto do gargalo. – Mal tenho dinheiro para me manter nessa espelunca, então como iria alugar um carro?

Apontou para a situação em que vivia bem evidente ao seu redor, fazendo com que a agente retorcesse minimamente sua boca em desagrado com a resposta. De qualquer maneira, Tiffany continuou firme em sua atitude brusca e séria. Tirou o papel que Yul tinha lhe entregue naquela madrugada e o repassou para que o rapaz visse, virando-o para que olhasse as informações contidas nela.

- Então me explique como suas digitais e identidade estão cadastradas no sistema dessa locadora em Incheon?

- Não faço a menor ideia, senhorita. – Voltou a negar depois de tomar um gole da bebida, sem desviar o olhar. Isso começava a atiçar os nervos da agente, que se sentia afrontada.

- Posso olhar sua casa? – Ela se afastou cautelosamente, mantendo a calma para não transmitir a repentina onda de nervosismo que a dominou. As palmas da mão estavam suando.

- Vá em frente... – A incentivou sem nenhum receio.

Tomando a sua permissão, Tiffany começou a inspecionar todos os cantos da casa, revirando a pocilga da qual ele chamava de lar. Seguiu primeiramente para um móvel que havia na sala, abrindo gavetas, olhando alguns papeis soltos em cima dele. Não eram muita informação primordial. Eram somente anotações e lembretes, recibos de bancos de saques e depósitos. Parecia que seu trabalho como gigolô trazia um bom rendimento. O que aumentou sua curiosidade. Se ganhava uma boa quantia de dinheiro, por que morava naquele lugar?

Para qualquer efeito, embora quisesse ter as respostas, ela havia feito um movimento errado. Deveria ter sido mais cuidadosa, desconfiada e atenciosa. Aquele poderia ser considerado um erro primordial... Dar as costas para o inimigo. Apenas irresponsáveis e novatos cometiam esse tipo estúpido de erro. Mas isso não importou. De qualquer maneira tinha experiência para reverter à situação em que provocou. Quando sentiu os fortes braços do Park circundando seu pescoço, tratando de enforca-la com um “mata leão”, um ataque tão típico e básico de se esquivar, a agente simplesmente não se deixou levar pelo desespero de ter suas vias respiratórias obstruídas, usando de seus conhecimentos em autodefesa, conseguiu reverter à situação com três passos básicos.

 Assim que ele a puxou para perto de seu corpo, circundando seu pescoço com os braços, imediatamente segurou-o e utilizou de seu próprio peso para derrubá-lo. Sua ação foi tão rápida e precisa que durou somente segundos. A experiência falou mais alto que a força masculina. Livrou-se dele, que imediatamente se pôs de pé para confrontá-la. Atentamente evitou alguns golpes, mas conseguiu encontrar uma abertura para soca-lo no rosto, atingindo o nariz. Atordoado com aquele golpe, mesclado à dor, ele deu alguns passos para trás com as mãos no rosto. Porém ela estava avançando agressivamente, usando de toda a fúria e adrenalina que a consumiu naquele instante – o sangue ardendo –, encaixando outro murro, dessa vez em seu estômago, cortando o ar de seus pulmões e desequilibrando-o. Foi absurdamente fácil imprensa-lo na parede e como se tivesse esquecido que batia num ser humano, ignorando os gemidos de dor, Tiffany fez de seu corpo uma espécie dura e mais duradoura de saco de pancadas. Por muito pouco não perdeu o controle, jogando sobre ele sua raiva e frustração, vingando-se por Taeyeon. Faltando-lhe fôlego e estamina, parou de soca-lo, notando o suor escorrendo, o corpo esquentando e ficando agitado, enquanto que a respiração estava entrecortada e dura.

Observou com certo nojo e ódio à figura levemente ensanguentada do Park. Ele tinha caído sentado no chão. Havia cortes em seu rosto e corpo, justamente nas partes onde tinha recebido golpes e pensou amargamente que nunca mais duvidaria da força que uma mulher poderia ter. Ela havia o subjugado, tirado suas chances de revidar, de uma maneira tão odiosa e carregada de fúria, que seu corpo estremecia toda vez que se encontrava com seu olhar duro e escurecido, inflamado pela luta. Sem reação, acabou tossindo um pouco de sangue, voltando a respirar. A agente tinha lhe dado à permissão para fazê-lo.

- Você atropelou Taeyeon... Por quê? Quem te mandou fazer isso? – Interrogou com a voz dura, sentia os punhos endurecidos e doloridos, mas ignorou a breve dor que sentia, mantendo-se ameaçadora.

- Eu não sei... – Jay resmungou.

Sentia o gosto ferroso e forte de sangue em sua boca, acreditando que ela tinha lhe arrancado um dente. Em retaliação a sua falta de resposta, insatisfeita demais para se manter calma, Tiffany o socou mais uma vez diretamente no nariz. Pode sentir que o osso iria se fragmentar se continuasse. Então se conteve naquilo, escutando seus choramingo, acreditando que havia sido o bastante.

- No rosto não... Ele é meu sustento. – Ele pediu enquanto erguia as mãos, tentando se proteger.

- Estou pouco me fodendo se você usa seu rosto para se prostituir. Eu quero minha resposta! – Exclamou impiedosamente, agarrando seu rosto pela mandíbula, encarando-o firmemente nos olhos. – Quem foi pagou para você matar a Kim Taeyeon? Responde porra! – Brutamente insistiu, cravando as longas unhas em sua pele.

- Eu já disse que não sei! – Ele rebateu da maneira que pode, em seus olhos injetados de vermelho pode-se compreender a extensão da verdade. – Ele somente ligava para mim... Era dinheiro fácil e eu precisava pagar uma dívida com meu traficante! – Se encolheu novamente quando viu os olhos da agente ficarem mais inflamados, o punho se fechando com mais força em torno de sua mandíbula, que àquela hora estava dolorida. – Por favor... Não me bata mais... Isso é tudo que sei... – Ele tentou se esquivar de sua fúria, baixando o rosto e o protegendo da maneira como podia.

Indignada com o resultado obtido, Tiffany soltou a respiração com força e se afastou, livrando-o de seu ataque. Afastou-se e parou um instante para pensar no que iria fazer. Ele tinha dito alguma coisa sobre ligações, evidentemente existia uma mão por trás. Era claro que isso só poderia significar que o espião ainda estava à solta. Eunjung e sua morte haviam sido somente uma maneira de desviar sua atenção, e a tentativa de assassinato de Taeyeon uma oportunidade, de quem sabe, afastá-la das investigações. O que estava acontecendo com aquela empresa? Nunca haviam enfrentado uma coisa como aquela e tudo por causa de informações... Seria isso um esquema muito maior?

...E ela poderia ter chegado a uma conclusão mais plausível, se não tivesse atenta aos movimentos que Jay fazia, escutando-o se mover a suas costas. Por muito pouco não foi atingida pelo taco de basebol que havia pegado ao lado do móvel. Ele tentou bate-la diretamente na cabeça. Frações de segundos definiram tudo, principalmente o fato de escutar seus passos pesados e tortuosos, conseguindo ter tempo de virar e ver o que fazia. Agachou-se num reflexo imediato, sentindo o taco sibilar poucos centímetros acima da cabeça. Como resultado disso, findou por jogar-se contra o corpo do rapaz. Usando do ombro conseguiu arrastá-lo até a parede, onde bateu suas costas com força, fazendo-o se machucar mais e perder o domínio da arma.

A agente pegou o taco no chão quando teve a chance. Jay Park tentou pedir que não o usasse, mas ela somente o ignorou e mirou em sua cabeça. O impacto o fez cuspir sangue na parede, caindo novamente no chão, completamente inconsciente.

Tiffany segurou com força a base do taco, respirando com força, evitando que a vontade de acertá-lo mais uma vez a dominasse e finalizasse tudo imediatamente. Porém teve uma ideia melhor, lembrando que não poderia exagerar ou findaria tendo que enfrentar problemas com a empresa, consequentemente perdendo sua posição e o emprego, então com muita resignação largou o taco. Aquela seria sua mensagem para o espião, um tipo de alerta para que fugisse ou alcançaria um resultado pior que aquele. O taco caiu como um barulho seco ecoando por toda a casa silenciosa. O rapaz ainda respirava, mas estava completamente nocauteado, sendo assim pode caçar em seus bolsos da calça a procura de seu celular, saindo-se vitoriosa. O aparelho era ultrapassado e descartável, contudo serviria a seu propósito de rastrear as ligações que provavelmente ele recebeu do espião. Tratando de respirar fundo, seguiu para fora daquele lugar inóspito e sujo, guiando-se até seu carro.

Pingos da chuva que se anunciava desde o início da madrugada, começaram a cair do céu, fazendo-a se abrigar no casaco, cobrindo a cabeça com o capuz. Entrou no carro e só então permitiu que a adrenalina baixasse, notando que as mãos tremiam, agarrando-se ao volante. Havia sangue fresco nas costas da mão e notava alguns hematomas, além de cortes. Mas já estava acostumada com aquela imagem. Na verdade, há muito tempo não se encontrava daquela maneira. Sua vida como agente especial não era tão tranquila e por certo tinha chegado a acreditar que esqueceu completamente de como poderia ser violenta, quando puxada pela situação.

Balançando a cabeça, procurando afastar aqueles pensamentos de violência e lembranças de ódio, ligou o carro e tratou de conduzi-lo a empresa. No meio tempo em que ficou presa no transito do início da manhã, o sol nasceu, mas foi coberto pela chuva torrencial. O céu cinzento simplesmente pintou seu interior e a chuva lavou certos sentimentos de imponência. Havia feito algo por Taeyeon, embora de uma maneira errada. Para todos os efeitos, gostou de perder um pouco de seu jeito delicado e comportado. Nunca tinha tido aquela espécie de gatilho e começava a compreender o motivo de muitas pessoas se entregar a ela. Sabia quão violenta e intensa poderia ser, mas nesse momento teve a certeza. Não era a toa que comandava todos os agentes da Lucius. A cena de antes era apenas uma pequena parte do estrago que poderia causar, ainda assim ficava feliz por ter sido discreta e não ter exagerado.

Estava tão distraída que por muito pouco não percebeu que chegou a empresa. Olhou para fora da janela e notou que já tinha um fluxo bastante agitado na entrada do prédio. Parou o carro em frente a ela, estacionando rapidamente e saiu para dentro, escondendo as mãos dentro do casaco, correndo da chuva. Sorriu da maneira que pode para os funcionários que a cumprimentavam durante o caminho, indo diretamente para o terceiro andar. Encontrou Yul entre várias cabeças encurvadas, pois era a única que estava erguida, praticamente brincando com um origami que havia feito.

- Bom dia... – Tiffany a cumprimentou assim que estava perto, encolhendo os ombros aos ter a atenção de seus olhos escuros, que pareceram curiosos com sua presença. Tirou uma mão do bolso e estendeu o celular que havia retirado de Jay. – Tirei isso do suspeito. Ele recebia ligações de alguém por aqui... – Suspirou ao finalmente ser abatida pelo cansaço, vendo-a pegar o aparelho, guardando-o no bolso da calça, continuando a observá-la. – Precisamos voltar com as investigações. Eunjung não era a espiã.

- Isso não me é uma surpresa. – Yuri falou calmamente e se levantou, pegando em sua mão. – Vamos à enfermaria. Suas mãos precisam de cuidado...

Disse antes de leva-la para o lugar que ficava naquele mesmo andar, entrando numa sala asséptica e branca, livre de pessoas e barulhos. Ali dentro só se encontrava uns armários na parede, balcão, poltrona e um banquinho. Nada mais que isso, tornando o cômodo mais amplo do que verdadeiramente era.

A morena sentou a agente na poltrona, deixando-a naquele canto, indo atrás de antissépticos, pegando bandagens e algodões. Voltou até ela após sair-se sucedida, sentando-se no banquinho a sua frente. Educadamente estendeu a mão, pedindo com um sorriso pequeno e contido, por sua mão. Lentamente e com cuidado para não irritar sua pele, começou o tratamento, limpando os pequenos cortes. Tiffany observou-a calada, até que repentinamente começou a chorar.

O peito pareceu livre com tudo o que havia feito, não havia dor e muito menos raiva. Sentia-se liberta e de alguma maneira agradecia Yuri por ter lhe dado àquela oportunidade de ouro. Agora só restava encontrar a pessoa por trás daquilo tudo e dar um fim aos problemas.

A morena não se importou com seu choro, dando-lhe privacidade, tratando de terminar o que estava fazendo, concedendo a oportunidade de expurgar todos os sentimentos que deveriam estar acumulados dentro de si. Desde que as investigações haviam começado, pode notar que a Hwang carregava muitas coisas em suas costas. A garganta estava entalada por elas, por isso que não encontrou outra opção. Precisou entregar o responsável pelo acidente a ela e dar a chance para que resolvesse o incomodo. Ficava aliviada por ver que ao menos tinha proporcionado um momento de libertação.

Assim que terminado, liberou suas mãos e se ergueu do banquinho, indo jogar o que havia usado fora. Ao se virar a encontrou com um olhar vulnerável, estressado e cansado. Suspirava alto e os ombros sempre altivos estavam encurvados. Suas forças pareciam ter sido drenadas por inteiro.

- Quer que eu te leve para o hospital? – Questionou com a voz suave, sentando-se nos tornozelos para ficar da altura de seu rosto.

Ela ergueu os olhos e parou um instante analisando sua oferta. Embora não quisesse preocupar Taeyeon com seu semblante abatido, acreditando ser melhor ir para casa e dormir, afinal não tinha descansado mais que três horas. Estava praticamente vivendo a base do café, não tinha se alimentado direito e tudo que precisava era de um bom banho quente. Contudo, não tinha disposição para ficar mais longe que isso da Kim.

Sendo assim, concordando com seu pedido, se deixou levar pela morena, que a guiou para dentro do carro. Ela permitiu que conduzisse o carro para si, pois estava muito exausta e sentia que poderia cair adormecida a qualquer instante. Por isso sentou-se no banco do passageiro e deixou tudo a disposição dela.

- Yul – chamou-a quando estava dando ignição ao veículo, atraindo seus orbes negros. – você sabe que te considero minha amiga, certo?

A pergunta pareceu divertir a morena, pois logo soltou uma risada fraca, que moveu seu peito. Porém, um breve cintilar em seus olhos mostrou que na verdade tentava esconder a timidez, a felicidade, que sua admissão causou dentro de seu coração.

- Acho que você deveria parar de falar besteira e ir dormir, Fany. – Brincou enquanto guiava o carro para longe da entrada da Lucius, levando-o na direção do hospital. Desviou o olhar da rua por um rápido instante e encontrou as sobrancelhas escuras da agente franzidas, mostrando-se resignada com seu comentário. Contornou isso com um sorriso mais amplo, ainda que contido. – Eu sei que você me considera uma amiga... – Suspirou em derrota e voltou a atenção para a direção, o olhar se perdendo no transito. Pouco depois, quando parou num pequeno engarrafamento, voltou a olhá-la e a encontrou adormecida no banco. – E esse é seu maior erro Tiffany.

Continuou num sopro de fôlego, o coração antes feliz tornando-se repentinamente pesado, enchendo-se de arrependimentos. Não poderia criar raízes e muito menos se apegar a alguém. Seu foco nunca foi esse... Contudo, desde que aceitou a porcaria daquele trabalho, se encontrava daquela maneira. Era um erro. Não apenas de Tiffany.

Suspirou pela ultima vez naquele dia, inconformada com suas fraquezas e continuou a dirigir.

 

*

 

Yuri ajudava a agente Hwang a melhorar seu visual, limpando os rastros que as lágrimas tinham deixado e consertando o cabelo que tinha se desgrenhado dentro daquele capuz, principalmente com o vento. Deveria aparecer diante a loura com uma aparência menos demente, que denunciasse seu cansaço. Embora tenha dormido, ainda precisava descansar.

- Agora sim você está pronta para ir ver a baixinha... – A morena disse humoradamente, recebendo em troca o primeiro sorriso da Tiffany, que alcançou seus olhos. Passou-lhe a chave do carro e inspirou profundamente, colocando a mão no bolso da calça.

- Você pode ficar com meu carro... Vai voltar ao trabalho na chuva? – Tentou empurrar-lhe as chaves de volta, porém a morena negou.

- Pedi um taxi para mim – virou a tela de seu celular, mostrando que realmente tinha pedido o serviço e sorriu em troca. – vá se encontrar com a Taeyeon, antes que se preocupe mais com seu sumiço.

Aceitando que a morena tinha razão, agradeceu-a uma ultima vez, abraçando-a com força e seguiu para dentro do hospital, saindo da cobertura da entrada, afugentando-se do vento frio e da chuva. Quanto mais perto ficava de chegar ao quarto da Kim, seu coração voltou a acelerar em antecipação. Temia que alguma coisa tenha acontecido enquanto esteve fora, mas ao pegar seu celular dentro da bolsa, viu que não havia nenhuma ligação de Sooyoung, apenas uma mensagem mal humorada. Ela estava se atrasando para o trabalho por sua causa, mas isso somente a deixava agradecida por ter uma amiga tão fiel e preocupada. Entrou no quarto sorrindo a toa, deparando-se com o olhar carrancudo da mais alta e a expressão ansiosa de Taeyeon.

- Desculpa a demora, Soo... Precisei passar na empresa e isso tomou do meu tempo. – Deu uma explicação genérica e embora visse nos olhos da agente Choi que queria questioná-la, seguiu diretamente a Taeyeon, não dando abertura para perguntas. – Sente-se melhor?

Questionou-a com um pequeno sorriso crescendo no rosto por vê-la bem, com as bochechas coradas, tendo que ignorar os curativos e arranhões que havia no rosto, para encontrar as coisas boas. A loura deu um leve aceno de cabeça, sem conseguir desviar o olhar. Escutou os passos indignados de Sooyoung vindo até elas, olhou-a rapidamente, apenas para ver sua expressão desconsolada por ter sido inicialmente ignorada, mas não conseguia esconder o sorriso animado por vê-las próximas. De qualquer maneira apressadamente, pois estava atrasada, se despediu delas e foi embora. Vendo que estavam sozinhas, Tiffany suspirou discretamente e se voltou para a colega de apartamento, que ainda a encarava.

- O que foi? – Perguntou com dúvida.

- Por que suas mãos estão envoltas em bandagens? – Questionou ao franzir com mais profundidade o cenho, mantendo-se firme em sua postura, altamente ansiosa para ter uma resposta. – Onde você esteve à madrugada inteira?

Aqueles questionamentos poderiam ser considerados uma maneira de controle, mas a agente sabia que ela apenas estava preocupada com seu semblante estressado e cansado, incomodada com as olheiras e possíveis machucados. Sendo assim, unicamente se sentou na cama, pegando tranquilamente em suas mãos, vendo que isso apenas aprofundava sua expressão curiosa e intranquila.

- Está tudo bem, Tae... – Foi à única coisa que conseguiu pensar, tomando as mãos pequenas e quentes nas suas, mantendo o olhar sobre elas.

Taeyeon não compreendeu o significado por trás daquilo. Ela queria confirmar algo ou acalmar a si?

Simplesmente manteve o olhar inquieto e agitado sobre sua figura, tentando capitar o que poderia ter acontecido enquanto estava fora. Porém, decidiu colocar isso em segundo plano, pois percebeu que Tiffany lutava contra o sono. As pálpebras deveriam estar pesando, tanto que ao menos conseguiu conter a tempo o bocejo. Obviamente ela não tinha parado em casa para descansar, mesmo que quisesse. Então, como sua última escolha, afastou-se na cama, abrindo um espaço entre elas e ergueu parte da coberta sobre seu corpo. Ela a encarou de maneira estranha, contudo deu de ombros.

- Anda logo... A enfermeira não passa aqui antes das onze. – Falou ao incentivá-la a entrar na coberta. Mesmo que o pedido tivesse a surpreendido, não conseguindo conter a risada (muito menos o sono), a Hwang se deitou ao seu lado. Por breves instantes as duas ficaram meio desconfortáveis e tensas, buscando uma posição que não incomodassem a outra. Porém, a melhor maneira de compartilhar aquela estreita cama, foi a de se apoiar na outra. – Apenas durma, ok?

A loura pediu quando viu em seus olhos que queria falar alguma coisa, obrigando-se a impedi-la de fazer tal coisa. Então, cumprindo seu pedido, a agente fechou os olhos e encostou a cabeça no travesseiro macio. Como estavam muito próximas, conseguia sentir a fragrância do perfume da Kim, inebriando-a, entorpecendo seus sentidos, levando-a cada vez mais longe nos sonhos. Quase que imediatamente, assim que pôs a cabeça para descansar, caiu no sono.

Portanto, restou para que Taeyeon a velasse durante seu sono, ficando minimamente satisfeita por protegê-la daquela maneira.


Notas Finais


E esse Taeny que tá mais rápido que o Yulsic?? HSAUSHUASHUAHSUASH
Comentários? Até a próxima! ^^


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