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História Learn - Escapar do passado é possível?


Escrita por: thereddiamond

Notas do Autor


Olá! Perdão pela demora!! Sinto muito mesmo, principalmente porque eu já tinha esse capítulo pronto e era pra ter corrigido e postado semana passada, mas me ocorreram certos problemas e minhas aulas começaram segunda, então meio que fui deixando acumular coisas. Mas cá estou, com capítulo novinho e fresquinho, embora não saído do forno HEUHEUUHEUEHEUHEUEHUE.
Ah!! Não posso deixar de comemorar o fato de que nossa fic chegou a marca de cem favoritos!! Yay!! É pra se glorificar de pé! Digam amém HASDSHADASHDSAHDASHDHASDH. Portanto, muito obrigada a todo o apoio, principalmente com seus comentários e tenho que incentivá-los a comentar mais, pois isso somente ajuda na divulgação XD. Ainda assim, obrigada a todos!
Portanto só me resta desejar uma ótima semana e boa leitura!
Bjus ;)))

Capítulo 15 - Escapar do passado é possível?


Duas semanas passaram rápido, Taeyeon tinha a consciência disso e não poderia estar mais decepcionada. Tudo bem que adorava seu trabalho e em como conduzia tudo da maneira correta, distraindo-se dos problemas que rondavam sua vida naquele momento. Contudo, esse término poderia ter sido mais tranquilo, se não tivesse criado uma espécie de paraíso particular em sua casa. Durante todos esses dias de repouso, em que fora obrigada a se recuperar do acidente em casa, tinha tido a completa atenção de Tiffany. E esse era o crucial motivo de estar praticamente sendo forçada a entrar na Lucius, pois preferia voltar para seu lar, tendo a companhia da pessoa responsável por abrilhantar o dia.

Ao chegar em seu andar, logo de primeira, para começar o dia, deparou-se com um rosto até então desconhecido. Encontrou-se com uma garota de cabelos dourados cumprimentando-a nervosamente, curvando-se várias vezes, mostrando que não passava de uma novata. Vagamente, num lugar perdido em seu cérebro, lembrou que sua colega de apartamento havia dito sobre a nova secretária. Sendo assim, recuperando-se da surpresa inicial, devolveu seu gesto agitado e ansioso com um sorriso lateral, pedindo que a seguisse até sua sala. Deu rápidas instruções sobre o que queria, de como trabalhava e o tipo de exigência fazia, o que não eram muitas, tranquilizando-a com seu tom profissional e calmo. A liberou quando a viu anotar tudo que precisava e parou um instante para admirar a sala... Admirar não. Estava mais para pensar no que deveria fazer. Obviamente alguém havia limpado a bagunça que tinha deixado há várias semanas. Sentia até mesmo um temor pegajoso atravessar a coluna, com a ideia em se sentar na cadeira, como se pudesse estar sendo espreitada pelo espião.

Livrando-se dessas memórias e imaginação incômodas, simplesmente foi se sentou à mesa e começou a organizar o trabalho. Tinha muita coisa acumulada, tanta que precisou da ajuda da nova secretária, pedindo que trouxesse as papeladas e se sentasse a sua frente, separando o que era mais urgente. Era praticamente uma pilha infinita de papeis, mas com um mínimo de esforço, as duas conseguiram separar tudo e assim pode liberá-la. Ao ligar o computador, imediatamente seguindo para seu e-mail, encontrou sua caixa de entrada lotada, havia milhares de demandas e pedido, deixando-a cada vez mais perdida. Portanto, para não acabar gastando muito tempo desnecessariamente, decidiu que cuidaria do mais básico para só então seguir aos complicados. Demorou uma hora e meia para realmente organizar tudo, mas ficou satisfeita quando percebeu que tinha posto as coisas na devida ordem.

Pouco a pouco foi voltando ao ritmo de trabalho, sem deixar de perder o sorriso do rosto. Afinal, por mais que houvesse muitos problemas, não conseguia esquecer que estava de bom humor. Tinha se acertado com Tiffany e ainda por cima descobriu seu amor por ela.

Ainda assim, estava um pouco confusa sobre o que seria delas a partir daquele momento. Parecia até uma adolescente por fazer um questionamento tão simples como esse, mas a culpa era sua por ter se fechado tanto tempo para a paixão. A amava. Sabia que isso implicava em contato. Quando eram apenas amigas eram permitidos os abraços, às vezes um carinho... Mas beijar já era outro nível... Então o que viria a seguir? Não fazia a menor ideia. Definitivamente estava navegando por águas muito desconhecidas. Tinha uma vaga noção, tirada de filmes e de romances, que deveria, ao menos, ser romântica. Bajulá-la, agradecer sua ajuda por cuidar dela com tanta preocupação e zelo, durante essas duas semanas. Deve ter sido um sacrilégio ter de ajuda-la a trocar as bandagens e curativos. Porque para ela foi até mesmo vergonhoso ter que expor o ombro e as costelas para que pudesse limpar as feridas com antisséptico, nos lugares onde suas mãos não alcançavam.

Um longo suspiro escorregou entre seus lábios, inconscientemente, mostrando que estava perdendo espaço para as divagações, pensando em algo que a fazia perder a atenção. Concentrou-se de volta no trabalho, mas logo foi interrompida por batidas a porta e pela entrada de Sunny, que lhe sorriu abertamente.

- É tão bom te ter de volta! – Exclamou docemente e enérgica, indo diretamente abraça-la. Taeyeon a recebeu de maneira desengonçada e sorriu em troca. – Seu corpo ainda dói?

- Hã, não muito... Apenas o pulso me incomoda um pouco. – Ergueu o braço que antes tinha o gesso, que agora não havia nada mais que uma tala para manter o osso estável e no lugar, sem que atrapalhasse sua mobilidade.

- Então isso quer dizer que está bem para ir almoçar com a gente. – Disse animada.

- A gente quem? – A loura questionou em voz alta e curiosa, tendo sua mão tomada pela mais baixa, que se virou para olhá-la, tratando de arrastá-la para fora da cadeira.

- Comigo e as meninas! Todas nós sentimos sua falta... – Explicou-se ao abrir uma expressão fofa e contrariada.

Taeyeon balançou a cabeça negativamente, mas não a rechaçou, sabendo que não poderia escapar daquilo se nem ao menos queria fazê-lo. Iria ter um agradável dia na companhia de suas amigas, podendo assim agradecer por sua ajuda e visitas. A única coisa da qual lhe incomodou foi não ter tempo de ligar para a Hwang e alertá-la que iria sair, chamando-a para irem juntas. De qualquer maneira, assim que teve sua mão liberada, já dentro do elevador, mandou uma mensagem para a colega de quarto. Em troca, poucos segundos depois, recebeu a resposta e sorriu agradecida, podendo assim seguir para o almoço, sentindo-se mais tranquila.

 

“Aquela anã te carregou para longe de mim? Aigoo, tudo bem... Bom almoço! Acho que vou almoçar com a Yul de qualquer jeito! Kekekeke”

Taeyeon poderia querer sua companhia, mas se Yul estava com ela, tratava de se tranquilizar. Pois confiava na morena, que agora era sua amiga.

 

  *

 

Quando Tiffany lhe enviou a mensagem, nem ao menos tinha ido perguntar à morena se estaria livre naquela tarde, pedindo por sua companhia. Ao menos o fez, mentindo tão descaradamente, porque realmente queria sair com a amiga. Sendo assim, seguiu para o terceiro andar quando decidiu ter seu horário de descanso, torcendo muito para que ela ainda se encontrasse por lá e não tenha feito planos. Aparentemente a dama da sorte estava ao seu favor, pois a encontrou sentada na sua cadeira do escritório, trabalhando concentrada no que fazia ao computador, usando fones de ouvido.

Sem denunciar sua presença, a Hwang sentiu uma forte vontade de brincar, chegando por suas costas tentando assustá-la. Mas Yuri tinha os sentidos aguçados e treinados para evitar surpresas, acabando com sua festa ao virar-se, encarando-a com uma cara neutra.

- Está fazendo o que? – Tiffany questionou embirrada por ter sua chance frustrada, sentando-se sobre sua mesa.

- Não senta aí, Fany! – A morena reclamou controladora, tirando-a de cima da mesa, encarando-a firmemente. Aparentemente estava estressada com o trabalho, contudo, sabendo que não era culpa dela, decidiu que deveria respirar fundo, jogando as costas contra a cadeira. – Estou trabalhando... Faz dias que estou buscando a localização daquele desgraçado. – Respondeu a sua pergunta, suspirando fortemente, enquanto jogava a cabeça para trás. – A ligação foi feita em um telefone público, o que é já muito complicado de rastrear... Não sei se por ironia, mas esse é o único telefone que não é vigiado na cidade.

Resmungou desesperançada com suas buscas infrutíferas, sentindo os olhos arder por ter ficado horas seguidas debruçada sobre a mesa, encarando o monitor, procurando em câmeras de vigilância a sombra do que poderia ser o espião. Isso estava lhe parecendo uma espécie de jogo entre gato e rato, do qual ele conseguia bloqueá-la de conseguir a sua identidade. Certamente era no mínimo bizarra a maneira em como conseguia escapar dela. Estaria perdendo o tato como espiã?

- Então não adiantou nada ter ido à casa do Park? – Ela devolveu com dúvida, compreendendo sua frustração. Em resposta, Yul abriu um sorriso levemente maldoso.

- Muito pelo contrário! Certamente valeu muito a pena. – Falou com mais animação, tentando buscar um ponto positivo na situação por inteiro. – Agora aquele filho da mãe sabe que está sendo observado. – Bufou sorridente com a ideia, fazendo-a revirar os olhos em contraposição a sua animação.

- Você é louca. – Comentou com um meio sorriso carregado de ironia, do qual devolveu a altura. Entretanto, logo seu rosto voltou a ficar levemente ansioso, traindo o humor. – Quero que venha almoçar comigo hoje...

- Não estou com fome. – Retrucou sem muita vontade, torcendo a boca.

- Eu também não... – Suspirou inabalável, prontificando-se para tentar convencê-la do contrário. Notando isso, a morena buscou um pouco mais de animação, sabendo que seria importunada e acabaria cedendo ao seu capricho.

- Então por que não vamos tomar um café? – Sugeriu ao erguer os cantos da boca, evitando conflitos.

- Aquele da esquina? – Perguntou com mais confiança para abrir um sorriso, satisfeita com o fato de não ter recusado ou oferecido resistência. Em resposta, ela balançou a cabeça positivamente, afirmando sua suposição. – Ok! Vamos!

Tiffany logo se propôs a puxá-la para fora, vendo que seu corpo ainda oferecia resistência em sair do escritório. Yuri, em prol da amizade, se levantou da cadeira. Desligou o computador e guardou consigo tudo que precisava, para que assim nenhum curioso viesse fuçar suas coisas. Com um gesto de mão pediu para que ditasse o caminho em frente.

Minutos após a sua saída, encontraram a cafeteria que não era muito longe, ficando num prédio descendo a rua, numa esquina. O dia não estava tão insuportável, contudo a umidade parecia ter se elevado, tornando a temperatura um pouco mais quente do que verdadeiramente era. Dentro do prometido café, que estava cheia de engravatados, funcionários das empresas ao redor, fizeram seus pedidos. Com eles em mãos, as duas puderam sentar a mesa, pegando um lugar onde sabiam que não seriam importunadas. Por mais quente que lá fora estivesse o ambiente bem acondicionado dentro do estabelecimento, às incentivou a tomar um café quentinho. Entre esse tempo que tiveram para se acomodar, a morena notou que a agente andava um pouco incomodada. Talvez mais agitada que o normal, vendo-a abrir várias vezes a boca para falar algo, para em seguida fechá-la sem ao menos externar o que estava preso. Incentivada por suas atitudes incomuns, tratou de questioná-la.

- O que tem em mente, Fany? – Perguntou ao acomodar os braços sobre a mesa.

- Queria te fazer uma pergunta... – Tiffany se explicou com hesitação. Estranhamente tinha o olhar fugaz e as maçãs do rosto coradas. Poderia até se tratar de uma tentativa de parecer adorável, mas a morena sabia que não se tratava disso. Não havia necessidade de agir assim. Então, calmamente bebericou do seu café, cruzando as pernas embaixo da mesa, observando-a enquanto esperava que continuasse. Depois de ver que puxou o ar com força entre os lábios, soube que estaria pronta para falar. – Como você sabe que está na hora?

- Hora do que? – Incentivou-a quando não compreendeu de imediato o que havia questionado, avaliando-a com atenção, notando que ficava cada vez mais vermelha.

Estaria envergonhada? – indagou mentalmente.

- Você sabe Yul... – Seu olhar caiu para o copo de café que tinha em mãos, girando-o sobre a mesa.

- Poderia ser mais específica? – Franziu as sobrancelhas completamente intrigada.

Sua atitude repentinamente ingênua atraiu seu olhar que aparentou irritado, por ver que estava repentinamente parecer fora de sintonia com seus pensamentos, obrigando-a a ser mais direta.

- Estou falando de sexo. – Conseguiu cuspir para fora com muita dificuldade. Sentia seu coração ficar agitado e a língua embolando as palavras, que por muito pouco não engasgaram na garganta. O constrangimento crescendo dentro de si, fazendo com que o rosto ardesse.

Yuri não conseguiu ajudar muita coisa para diminuir seu constrangimento, a não ser rir da situação, gargalhando alto, atraindo o olhar das pessoas que passavam ao redor, que lhe lançavam olhares reprovadores ou importunados. A Hwang não sabia onde poderia enfiar a cabeça. De qualquer maneira, sua risada pareceu inflamar o orgulho, fazendo as bochechas estufarem em desgosto. Parecia uma garotinha que havia descoberto um assunto que era proibido de se falar, contando para a melhor amiga, agindo de maneira estupefata.

- Me desculpa Fany... – A morena, ao perceber a irritação que a cobria, tentou parar de rir, enxugando os cantos dos olhos, onde lágrimas escorreram. – Mas ouvir você falando desse jeito, como uma menininha inocente, foi impossível segurar a risada!

- E como você queria que eu reagisse? – Contrapôs duramente.

- Com mais normalidade... É sobre sexo! Isso é algo normal!

- Só se for para você Yul! – Resmungou indignadamente, mas se forçou a respirar fundo, notando que estava reagindo de maneira boba a um assunto que não lhe deveria ser tabu. – De qualquer maneira... Quero que me dê dicas.

- Dicas de como levar a baixinha para cama? – Yuri perguntou retoricamente, previamente sabendo a resposta, tendo que segurar o riso ao receber seu olhar mortal. Porém, mesmo resignada com suas brincadeiras, Tiffany concordou com um aceno de cabeça, envergonhada demais para admitir em voz alta. – Não é algo difícil, Fany... É só criar uma atmosfera, deixar no ar o que você quer e ver como ela reage a isso.

Deu de ombros, findando por ajuda-la da maneira que pode, relaxando a boca num sorriso cheio de arrogância. Em resposta a sua confiança, ela revirou os olhos e exalou exasperadamente pela boca.

- Você fala como se fosse à coisa mais fácil do mundo! – Exclamou, tendo que se policiar e conter a voz, para não chamar mais atenção.

- Mas é fácil! Você é que está fazendo disso um bicho de sete cabeças. – Afirmou humoradamente, voltando a bebericar do café. A morena até esperou que a agente fosse retrucar algo a altura de sua resposta, porém não tinha imaginado aquele desfeche.

- Seria fácil se ela... Não fosse virgem. – Tiffany disse com o rosto em brasas, bebendo do seu café para ter um motivo para desviar os olhos.

Yuri por muito pouco não cuspiu o café que tinha na boca. Agora sim compreendia o motivo de estar tão insegura e agitada. De certo não era uma situação comum e nada fácil de encontrar, pois não existiam saídas razoavelmente fáceis.

- Você achou um unicórnio. – Comentou ficando sem graça, soltando uma risada nervosa, sendo acompanhada pela Hwang que não pode fazer muita coisa, não ser em concordar. A morena suspirou e tomou uma pose mais relaxada, decidindo por de lado as brincadeiras para definitivamente ajuda-la. – Minhas dicas continuam as mesmas... O ambiente diz tudo. Se a baixinha estiver preparada e sentir o mesmo que você, vai ser fácil leva-la ao ponto certo. Apenas não seja afobada.

- Mas você não acha que está muito cedo? – Suspirou com insegurança, parecendo mais a vontade para conversar sobre o assunto que tanto relutou. – Faz poucas semanas que estamos oficialmente juntas... Sinto como se fosse um lobo atacando um cordeiro.

- Essa imagem faz o completo sentido nesse contexto... – Yuri murmurou para si em voz baixa, cobrindo a boca com o copo, aproveitando que o olhar da agente estava sobre a janela. Se encontrar naquele tipo de situação abriu um tipo de interrogação em sua cabeça. Sua imagem transmitia tanta confiança sobre o assunto para que ela quisesse suas dicas? Não que seja mentira ou esteja reclamando disso. Realmente tinha mais experiência com os relacionamentos, principalmente com as mulheres. Somente estava curiosa. – Olha... Eu não sei se você está sendo apressada ou não... No meu caso, simplesmente não penso no tempo. – Deu de ombros ao ver que isso a tinha deixado mais duvidosa, sem saber em como poderia ser mais clara. – O que me importa é sobre a pessoa. Se ela está confortável, se realmente quer fazer isso comigo, mostro minha vontade com um sussurro ou um beijo. Com o resto permito que se resolva sozinho.

- Resumindo, - Tiffany falou ao sentir um reboliço atravessar o peito. – você está me dizendo que é para desencanar e ir para onde os meus instintos me guiem?

- Exatamente. – Concluiu com um pequeno sorriso debochado, voltando a cruzar as pernas, encostando-se as costas da cadeira.

- Como pode ser tão fácil assim?

- Você fala como se nunca tivesse dormido com alguém na vida, Tiffany. – Revirou os olhos.

- Está certa... Talvez eu esteja exagerando com tudo isso. – Choramingou em derrota, cruzando os braços, desviando o olhar para a janela. – É só que essas semanas foram muito difíceis para mim. – Suspirou ao fechar os olhos e retorná-los sobre Yuri, que a observava em silencio. – Ter Taeyeon por perto, cuidar de seus ferimentos... Me fez querer tê-la daquela maneira. Se ela não estivesse tão machucada, tenho certeza que teria perdido a cabeça.

- Normal. – A morena procurou confortá-la, sorrindo minimamente, apoiando os cotovelos na mesa. – Esses desejos são difíceis de controlar, principalmente quando se está perto da pessoa que ama.

- Pelo visto você já passou pelo mesmo que eu...

- De certo modo sim. – Aumentou o sorriso, transformando-o num tipo de zombaria, desviando o olhar sobre o relógio. – Terminou seu café? Vamos nos atrasar...

E ali estava mais uma esquiva de assunto, do qual a morena era mestre. Tiffany notou isso desde a primeira conversa mais “profunda” que tiveram naquele dia, depois do sucesso da missão no consulado. Poderia ter insistido, gostaria de saber quem se tratava a pessoa que a deixava daquela maneira, séria e evasiva, mas se contentou com o que tinha em mãos. Olhou seu relógio e por muito pouco não pulou fora da cadeira, pois não havia percebido que o tempo para almoço tinha terminado, voado de uma maneira completamente absurda. Nem ao menos tinha notado que ele estava acabando.

Portanto, agradecendo ao fato de Yul ser atenciosa nesses momentos, sorriu e se ergueu da mesa. As duas refizeram o caminho para a empresa conversando banalidades, ás vezes comentando algo sobre a investigação e em como estava prosseguindo, notando que existiam pontos e lacunas, das quais precisariam tomar um tempo para se sentar e discutir sobre. Porém, assim que as duas pisaram no saguão de entrada, a agente de imediato percebeu que havia uma movimentação diferente. Isso a agitou, chegando a temer que alguma coisa tinha voltado a acontecer com Taeyeon, entretanto, num timing perfeito, seu celular vibra. Era uma mensagem de Jessica, vinda diretamente da presidência, que exigia sua presença no escritório junto de Yuri. Suas sobrancelhas franziram para o estranho pedido, mas não teve muito tempo para pensar ao passo que a morena chamava sua atenção.

- Eu nunca vi esse lugar cheio de militares, Fany... O que está acontecendo? – Perguntou meio ansiosa com a presença de tantos homens fardados entrando no saguão, sendo recepcionados de maneira apressada e tensa pelos funcionários.

- Não faço a menor ideia, mas Jess pode nos explicar. – Virou o celular na sua direção para que olhasse a mensagem. – Ela quer nossa presença no escritório dela... Vamos!

Puxou-a para dentro do elevador, antes que o visse se fechar. Em poucos minutos estavam sendo despachadas dentro do vigésimo primeiro andar, encontrando Boram, secretária da presidente, atolada de trabalho, parecendo gravitar ao redor de sua mesa. Assim que ela as viu ali, logo as empurrou para dentro da sala, assim como seu chefe havia pedido.

- Finalmente! – Jessica suspirou demonstrando alívio, fazendo um gesto de mão para que Boram as deixassem às sós na sala. Rapidamente se levantou da cadeira, contorcendo o rosto para a morena, indo diretamente a ela. – Você ao menos poderia ter vestido algo mais decente que isso hoje...

Reclamou ao analisar seu visual, da cabeça aos pés, que era composto por uma camisa social, jeans e sapatos comuns. Sua roupa bastante comum para o dia a dia no escritório, que acreditou estar acostumada com isso. Contudo, Jessica parou um instante para pensar no que poderia fazer para melhorar aquilo. Para todos os efeitos, acabou tomando sua decisão final, retirando seu blazer feito sob medida para seu corpo, passando-o para Yuri, que encarou seu gesto com muita desconfiança.

- O que você está esperando? – Empurrou a roupa em suas mãos, que incertas pegaram a peça. – Veste logo isso, antes que eles cheguem...

Rosnou ameaçadoramente, exigindo que fizesse o que havia pedido. Ainda resignada com sua atitude agitada, confusa por seu pedido, Yuri pegou o blazer e o vestiu, sentindo o cetim do forro deslizar pelos braços, acomodando-se de maneira esquisita em seus ombros, que eram mais largos que o da presidente. Percebendo que a medida não lhe apetecia, incapacitada de ter outra possibilidade em mãos, Jessica tratou de melhorar a situação em seus ombros, vendo se seria melhor tê-lo aberto ou se fechava um botão.

 Em contrapartida, sentindo-se cada vez mais perdida com sua reação a chegada das duas no escritório, surpreendida pelo fato da presidente não se demonstrar relutante em se aproximar da morena, Tiffany tratou de indaga-la em busca de resposta e atenção.

- Quem está vindo Jessica? Será que você...

- Os militares, Fany. Eles estão aqui. – A Jung cortou-a impiedosa, apressadamente voltando à atenção para as mãos, que consertavam a peça sobre o corpo da morena. Não havia muito a se fazer para que a peça se moldasse em seu corpo. Estava justo, porém deveria servir ao propósito de torna-la mais elegante.

- Mas já? – Tiffany resmungou distraidamente, parecendo se deixar afetar pelo nervosismo que cobria a presidente. – Achei que eles não tinham conseguido nenhuma informação interna...

- Vocês duas poderiam me dizer o porquê desse alvoroço e o motivo de você estar querendo arrancar meus ombros? – Yuri finalmente reclamou, parecendo ter perdido a paciência, tomando à dianteira. Findou por segurar os pulsos de Jessica, tirando-os do blazer, evitando que voltasse a puxá-lo.

A presidente simplesmente a olhou diretamente nos olhos, repreendendo-a e alertando-a para que a soltasse de imediato. Contudo, sem se importar com a troca de faíscas entre as duas, ficando agitada, Tiffany imediatamente começou a se aproximar, aparentemente importunada com a situação.

- Droga, Yul... Aqueles caras vão te crucificar ao ver você vestida assim. – Reclamou ao passar a mãos sobre a testa, andando de um lado para o outro, tentando buscar uma solução em pouco tempo.

- Não vão! – Jessica rosnou em resposta, liberando seu braço de suas mãos firmes e quentes de Yuri. Seu olhar caiu sobre ela com muito desgosto. – Consegui melhorar sua roupa... Mas o resto é com ela.

- Vocês estão me tirando do sério! – A morena findou por suspirando fortemente, resmungando pelo fato das duas lhe negarem respostas, afastando-se enquanto organizava melhor a roupa em seu corpo, sentindo-se presa naquele elegante blazer cor de chumbo. – Por que os militares estão aqui e o que querem comigo?

Indagou desconfiada com o ritmo da conversa, vendo que as duas se viraram para encará-la com severo temor, provavelmente apavoradas com o que estava acontecendo. Estavam agitadas por um motivo ainda desconhecido e isso testava sua paciência, principalmente quando se deparava com o silencio. Rangeu os dentes para se controlar, respirando fundo e aguardou uma resposta convincente.

- Os militares estão aqui, porque eles são os responsáveis de arrecadar informações sobre a guerrilha. – Tiffany explicou rapidamente, tratando de situa-la da situação e em como as coisas estavam se tornando complicadas.

- Ainda há pouco recebi uma ligação de que viriam apresentar as propostas de ação e também para te conhecer. – Jessica comunicou impacientemente, mostrando-se agitada, remexendo-se sobre os tornozelos. – Nossa agitação não é a atoa... Aqueles homens são terríveis e exigentes. Qualquer coisa que lhe desagrade pode significar um rompimento com nosso contrato. Não posso permitir que isso aconteça.

- E isso não vai acontecer... Nossa, relaxem. – Yuri olhou-as de cima a baixo, reclamando bem humorada, erguendo as mangas de sua camisa social, para se adaptar ao blazer. Estava sorrindo confortavelmente, como se tudo não se passasse de rotina.

- Então podemos seguir a sala de reunião... Eles estão por lá, certo? – Tiffany perguntou ao vê-la confiante, sentindo-se mais positiva sobre o encontro.

- Sim, estão. – Jessica respondeu por sua vez, suspirando fortemente ao seguir até a porta, sabendo que não poderia ser relutante.

Tinha que abraçar a causa que comprou, afinal, a ideia de seguir com aquele projeto, com a caçada as bruxas, fora sua. Sendo assim, agir como uma criança de três anos que não quer largar a saia da mãe, porque tinha medo de entrar na sala de aula, no mínimo era irracional e desnecessário.

Yuri lançou um olhar desconfiado e preocupado para Tiffany, questionando-a mentalmente do que poderia estar acontecendo com a presidente, tendo sua resposta com um suspiro conformado, exigindo que a deixasse sozinha para pensar e acalmar os nervos. Sabia que isso não passava de estresse, pois o assunto sempre lhe foi espinhoso e complicado. Era o trabalho que consumia sua vida, sem mencionar que eles, os militares, haviam aparecido muito repentinamente sem dar chances de se preparar. Então, tendo que seguir em frente, deu suaves tapinhas nos ombros da morena e pediu que fossem para a reunião.

Durante o caminho até a sala de reuniões no segundo andar, Jessica parecia se corroer por dentro em ansiedade, tanto que começou a deixar Yuri inquieta, passando a temer o encontro. Não que tivesse medo em cometer um erro, mas sim que isso findasse por adoecer a presidente. Seu olhar preocupado caiu diretamente sobre ela, sem liberá-la em nenhum momento. Pararam em frente à porta oeste se preparando para entrar na reunião, vendo que realmente já tinham outras pessoas lá dentro. Ninguém deu um passo adiante. Tiffany puxou os ombros de Jessica, exigindo que respirasse fundo e se acalmasse, pois tudo daria certo desde que não se alterasse. Os olhos amendoados da presidente estavam focados nos seus, mas num momento de incerteza, acabaram escapando para a figura alta da morena atrás delas, que ao ter sua atenção, sorriu minimamente como uma espécie de incentivo. Vendo que precisava erguer a confiança e frieza de praxe, a postura de uma verdadeira CEO, agradeceu a ajuda da amiga, decidindo esquecer qualquer ponto de estresse e liderou-as para dentro da sala de reuniões.

Dentro do cômodo viu que os visitantes estavam em pé, parados próximos a outra porta, conversando entre si. Encontrou alguns rostos conhecidos e um deles se tratava do General Ko, que era um amigo próximo de seu pai. Ele havia ficado encarregado daquela missão, tomando-a como a última de sua vida, prosseguindo com o trabalho deixado pelo Sr. Jung. Ela também o conhecia desde pequena, mas por algum motivo nunca conseguiu gostar dele, nem mesmo após conhecer suas netas, que findaram por tornar suas amigas de intercambio na Europa. O olhar profundo e firme do velho general caiu sobre as mulheres que entraram na sala, encarando a figura alta e esguia de Yuri com certa desconfiança, fazendo com que suas sobrancelhas grossas e grisalhas franzissem. Acompanhado dele havia mais três pessoas. Um sargento condecorado por lutar na Guerra do Vietnã e um especialista em operações e combate terrestre – simplificando, o homem responsável por dar as cartas, o estrategista do grupo – completavam o time militar. E entre cabeças tão fechadas e conservadoras, encontrava-se o único rosto agradável e jovem do grupo. A advogada, a responsável por ditar os termos jurídicos e conectar a empresa com o governo, sorriu simpaticamente para a presidente, aparentemente feliz por encontra-las mais uma vez.

Contudo, assim que o olhar dócil e gentil da advogada deslizou para Yuri, a presença até então estranha, sentiu o coração errar uma batida, afundando no peito. Seus olhos se arregalaram minimamente assim que teve a atenção dos orbes negros da assassina. Definitivamente, aquele lhe era um rosto inesperado, porém nada desagradável de se encontrar.

A morena que havia perdido alguns segundos para devolver o olhar impenetrável que os militares lhe lançavam, ao sentir uma leve diferença na atmosfera que cobria a sala, derrubou os olhos sobre a advogada e pode compreender o motivo de ter se sentido agitada por breves momentos. Seus pés automaticamente pararam no lugar, impossibilitada de seguir em frente, sentindo o estômago ser perfurado por uma estaca de gelo e o coração cessar suas vitais batidas. Não era preciso lembrar que a respiração também findou por travar na garganta.

- Ah, finalmente estão aqui... – O velho general grunhiu grosseiramente, puxando uma cadeira para se sentar, sem perceber a troca de olhares entre as duas mulheres. – Espero que estejam preparadas, porque não quero perder meu tempo como da última vez.

Jessica se obrigou a engolir um bolo indigesto com aquela frase, se controlando para não perder a cabeça e mostrar quem comandava aquela empresa. O general poderia ser uma pessoa mais velha, possuir uma influencia muito grande dentro do governo, mas isso não queria dizer que permitiria aquele tipo de desrespeito. Afinal, não fora ela que exigiu a contratação de um terceiro, de alguém com um nome sujo para guiar aquela missão. Então, jogar na sua cara o fato de que não teve a capacidade de apresentar um agente freelancer, no dia da negociação, era algo a ser discutido.

- Não se preocupe general. Estamos mais que preparadas... – Abriu um sorriso irônico e olhou para a morena, apontando em sua direção. – Nossa mais nova agente está mais que preparada...

Embora quisesse ter mantido a pose dona de si, sorridente, findando por quebrar adura couraça que era o orgulho do militar, acabou deixando a frase morrer no final, ao ver que Yuri não tinha a atenção voltada a conversa. Na verdade, pela primeira vez, via que demonstrava medo... Não, provavelmente estivesse mais abismada, se encaixaria melhor naquele contexto. Mas isso não queria dizer que ficou feliz com aquilo. Rapidamente a preocupação dominou sua cabeça, acompanhando automaticamente a direção em que seu olhar estava, encontrando a advogada, que tinha uma expressão muito parecida com a sua. Entretanto, o tom pálido que dominava seus lábios finos e rosados, dizia o completo oposto. Ali sim existia certo toque de terror. Sem saber o que pensar e muito menos o que fazer, voltou o olhar para a assassina, que nesse instante, notando que todos os olhares estavam sobre si, ergueu os ombros e engoliu em seco, abrindo um sorriso desconfortável.

- Então ela é quem irá se infiltrar entre aqueles lunáticos? – O general, aparte do que acontecia naquele instante, resmungou incredulamente ao notar que se tratava de uma mulher magra e aparentemente incapaz.

Por mais que tenha ficado ofendida com suas palavras, Yuri acordou de seu torpor e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, devolvendo com firmeza o olhar daquele homem. Aos poucos retornava a reunião e o motivo de estar nela. Estava um pouco atordoada.

- Certamente não irei decepcioná-lo, general. – Abriu um meio sorriso cortante, que dessa vez feriu brevemente o orgulho do velho. Ser confrontado pela mimada da Jung era uma coisa, pois conhecia seu gênio e artimanhas, acostumando-se a eles. Contudo, ser afrontado por uma desconhecida, era algo que não poderia engolir.

- Veremos... – O sargento grunhiu em resposta, falando pela primeira vez, lançando um rápido olhar na direção do general.

- Sentem-se. – Tiffany convidou a todos ao ver que sua amiga não o faria, pois estava focada demais na figura repentinamente tensa da morena, que seguiu sua instrução, sentando-se ao seu lado. – Jessica.

Jessica escutou a amiga chamar sua atenção dispersa, obrigando-a a piscar várias vezes para retornar a realidade, sentindo sua mão puxar seu pulso com certo desespero. Não deveria perder a concentração naquele momento precioso, sendo assim, sentou-se na cadeira ao lado a sua, deixando a agente entre ela e Yuri. Um gosto amargo dominou sua língua, fazendo-a se servir da água que provavelmente o responsável por aquele andar mandou deixar.

- O que temos para hoje? – Indagou depois de beber água, forçadamente, parecendo retornar ao papel de empresária bem sucedida.

- Estamos aqui para discutir certos detalhes, Srta. Jung. – O estrategista se ajeitou confortavelmente na cadeira, usando da voz polida e macia, olhando para todos na sala, sem temer a ninguém. – Acredito que nosso ultimo encontro deixou algumas lacunas a serem preenchidas... Entretanto vocês preencheram uma delas. – Apontou na direção da morena, que tinha deixado o olhar escapar para a advogada, mas assim que novamente sentiu olhares sobre si, retornou a conversa. – Pode se apresentar.

Pediu num tom de exigência, fazendo-a estreitar minimamente seus olhos e alargar o sorriso com extremo desgosto. Poderia ter sido debochada, se não tivesse escutado o grunhido que Jessica liberou na outra ponta da mesa. Seu olhar caiu rapidamente sobre ela, notando sua inquietação e irritação.

- Yul... Me chamo Yul. – Se apresentou rapidamente, retornando a atenção para os militares. – Fui contratada há um mês e meio. Durante esse tempo fui testada e posso dizer que sou capaz de fazer o que me pedir. – Sua voz era tranquila e plácida, como se nada pudesse desviar a calmaria. Contudo isso se tratava de uma perfeita maquiagem, pois dentro de si tudo estava em repleta confusão. Sabia que a advogada estava a observando, tinha vacilado naquele instante em que a notou, mas não deixaria se abalar agora. Tinha conseguido chegar até ali sem nenhum “problema grande”, não seria nesse momento em que perderia as rédeas. – Se não acreditam em mim, tenho certeza que Tiffany pode mostrar-lhes meu desempenho.

Sabia que estaria abusando da sorte ao provoca-los, mas estava ficando complicado pensar numa maneira mais plácida de encerrar com aquela desconfiança, quando sentia o olhar intenso que Jessica lançava sobre sua cabeça, como se pudesse perfura-la. Poderia estar desconfortável com a presença da advogada, mas saber que a Jung estava atenta a suas reações, aliado ao perfume que desprendia do blazer, sentia-se cada vez mais encurralada por ela, como se estivesse exigindo respostas.

- Você não parece ser uma pessoa muito obediente. – O sargento falou.

- Posso atestar que Yul é obediente. – Tiffany contrapôs com certo tom de desafio e indignação, pronta para defender a amiga, que somente se obrigou a revirar os olhos.

Entretanto, do outro lado da mesa se escutou uma risada escapar dos lábios da, até então quieta advogada, atraindo os olhares de todos em sua direção. Embora tenha ficado levemente envergonhada de sua reação, não conseguiu evitar em sorrir para a morena, que retornou o sorriso ao compreender a motivação de sua risada. Por mais que atmosfera não fosse favorável, não conseguiu controlar-se.

- Desculpem, mas não consigo acreditar nisso... Yul obediente? – Bufou humoradamente, cobrindo a boca para esconder suas risadinhas provocantes.

- Não culpo você, Srta. Im. – Yuri deu de ombros sem verdadeiramente se importar coma a acusação.

O clima da sala mudou drasticamente com aquela troca de palavras entre as mulheres. Se a tensão dominava tudo, agora a confusão pareceu pairar sobre a cabeça de todos. Certamente aquele sentimento de dúvida poderia ser palpável.

- Vocês se conhecem? – Tiffany questionou incontrolavelmente, dominada pela curiosidade, trocando o olhar entre elas que ainda se entreolhavam e sorriam zombeteiras para a outra.

- Somos velhas conhecidas... – A advogada Im respondeu com um breve sorriso crescendo no rosto, tornando-o mais jovem e brilhante, mas logo se calou ao ver que sua reação tinha desagradado aos contratantes, que lhe lançaram olhares gélidos e repreensivos. Portanto, imediatamente teve que se retratar de seu descuido. – Perdão pela intromissão... Podem continuar.

Se desculpou pela interrupção anterior, desviando o olhar para uns papeis que havia colocado sobre a mesa, mordendo os lábios para esconder o sorriso. O sargento, parecendo ter perdido a compostura por um breve momento, reafirmou para si mesmo com um aceno de cabeça, para que continuasse a reunião, esperando que não houvesse mais momentos como aquele.

- Enfim, não vamos perder tempo com detalhes. – Pontoou a mudança de assunto, recebendo de volta a atenção. – Viemos apresentar uma proposta... Conseguimos entrar em contato com nosso contato infiltrado da organização e ele nos disse algo que empolgou um pouco. – Comentou com uma sombra de sorriso surgindo em seu rosto inflexível, dando uma rápida olhada no general ao seu lado, vendo se poderia prosseguir. Tendo sua permissão, tratou de falar. – Aparentemente a guerrilha sofreu muitas baixas e estão recrutando com certo desespero pessoas experientes... Desertores militares para ser mais exato. – Fez um gesto de mão, aparentando estar entediado. – Por isso que propomos o seguinte... Mandem dois de seus agentes. – Disse. – Vocês já possuem um experiente, – apontou para Yul e voltou a olhar Jessica, que o encarava com o cenho franzido. – então não precisam passar muito tempo procurando alguém a altura.

- Vocês... – A presidente tentou reclamar, mas o general foi mais rápido.

- Nós temos um nome que se encaixa perfeitamente para o trabalho. – Puxou de dentro de seu uniforme um papel perfeitamente dobrado, estendendo-o na direção de Tiffany, que se esticou para pegá-lo. – Agente Marshall tem capacidade para assumir o lugar. Tenho certeza que mandar dois dos nossos seria o melhor e mais seguro.

- Está me dizendo que quer mandar seu neto para a toca dos lobos, general? – Jessica questionou acidamente, sorrindo de uma maneira desagradável, deixando-o desconfortável. – Isso não é um jogo por fama e condecorações. Vidas estão em risco!

- Meu neto está ciente disso, Srta. Jung. Tenho certeza que ele não recusaria se lhe perguntar se aceita a missão.

Cruzou os braços fortemente, mostrando que não estaria disposto a perder aquela discussão. Um furor cresceu dentro do peito de Jessica, exigente e impiedoso, fazendo com que quase perdesse o controle da língua. Estava insatisfeita com aquela ultima proposta. Sabia que estavam fazendo aquilo para ganhar nome e fama. Não duvidava em nenhum momento que o agente Marshall vá recusar a oferta, não por vaidade e sim para evitar irritar o avô, que era conhecido por ser rígido em seu modo de educar os filhos. Aparentemente seu pai tinha aprendido muito com ele...

- Podemos ter um tempo para pensar na sua proposta? – Tiffany tentou negociar com tranquilidade, mesmo não gostando do que o general havia feito.

- Sinto muito, Tiffany, mas nós demos muito tempo para que pensassem e encontrassem maneiras de solucionar os problemas chave. – A advogada Im falou, dando sua sentença final, agindo com mais neutralidade. – Meus clientes estão impacientes e não podemos perder a oportunidade que se abriu. Por isso, vocês devem dizer sim ou não.

Direta e pontual – Yuri lembrou aquele lado da advogada, segurando com muita força o sorriso.

Sabendo que isso provavelmente perturbou Jessica, ao ponto de fazê-la querer retrucar, se virou para as duas. Precisava conversar para debater o assunto e tomar aquela decisão o mais rápido possível.

- Podem aceitar. Conheço Marshall e sei que podemos fazer algo que trará benefício a todos. – Disse confiante como sempre, fazendo as duas revirar os olhos.

As amigas se entreolharam, conversando com os olhos, discutindo se deveria ou não continuar com aquilo, apegando-se a confiança da morena. De qualquer maneira, não tinham muitas opções, sendo assim suspiraram em conjunto, voltando para o general.

- Iremos aceitar a proposta. – Tiffany por fim falou, cruzando as pernas sob a mesa.

- Quando vocês irão lançar os dois nessa missão? – Jessica quis adicionar o “suicida” à missão, mas preferiu engolir a palavra, mantendo a integridade séria da reunião.

- Ainda essa semana... Precisamos entrar em contato com nossa fonte, mas acredito que tudo estará pronto na quarta. – O estrategista disse e terminou olhando para seus dois superiores, como se lançando sinais. – Creio que terminamos por hoje.

O sargento e o general concordaram em uníssono, erguendo-se com sincronia, não dando mais chances para que retrucassem quaisquer de suas escolhas. Vendo que deveriam fazer o mesmo, todas as mulheres se levantaram, tratando de se cumprimentar mutuamente. Ao menos encerrariam aquele encontro de uma maneira pacífica, sem muita trocas de farpas.

- Unnie. – A advogada Im cumprimentou a morena, quando se aproximou para se despedir de Jessica e Tiffany, parando no caminho para olhá-la. As três estavam juntas, por isso foi meio que inevitável o momento em que teriam de se cumprimentar. – Nunca imaginei que nos encontraríamos novamente, ainda mais aqui. – Abriu um meio sorriso surpreso. – Achei que odiasse trabalhar para o governo.

Você está falando demais, Yoong... – Yuri resmungou mentalmente, se vendo a rir e sorrir forçadamente sobre o assunto.

- Você não mudou nada Yoona! Espero que ainda goste de sorvete de baunilha... – Falou ao pegar em sua mão, agindo com demasiada simpatia, deixando-a surpresa e duvidosa com a atenção redobrada que repentinamente recebeu dela.

- Sim, baunilha continua sendo o meu preferido. – Respondeu com incerteza sobre o que tomar com sua atitude, os olhos caindo para a mão que tomava a sua, franzindo as sobrancelhas. Definitivamente aquela não era uma reação muito comum da morena, que aparentemente parecia conhecer. Será que havia mudado?

- Então você vai comigo até a sorveteria. – Começou a puxá-la para fora da sala, afastando-a dos militares e das outras duas, ignorando o rebuliço que isso havia causado.

Sua reação findou por não dar chance para que Yoona pudesse se despedir das outras mulheres, ao menos se obrigando a dar um adeus sobre o ombro, sorrindo de maneira encabulada.

Jessica olhou aquela saída com bastante desconfiança, sentindo uma sensação desagradável dominá-la. Sem compreender metade das coisas que havia visto, tentou não se deixar irritar por aquilo e esperou que o general e seus companheiros saíssem da sala. Por fim, assim que estavam a sós, a risada de Tiffany chamou sua atenção.

- Do que está rindo? – Perguntou amargamente.

- Da Yul! – Soltou mais uma risada e lhe lançou um olhar zombeteiro, como se soubesse de alguma coisa ou pelo menos tivesse uma noção do que se tratava, mas que de qualquer maneira não iria contar. – Parece que ela e a Yoona tem uma história, no final das contas. – Piscou maliciosa, dirigindo-se a saída, porém ao ver que não a acompanhava se virou para olhá-la. – Não vem?

Questionou ao vê-la imóvel, com o olhar sobre a porta leste. De fato não compreendia o que poderia estar se passando em sua cabeça naquele momento, mas sabia que estava incomodada. Não queria ser precipitada, mas poderia apostar que se tratava da morena.

- Aquela desgraçada roubou meu blazer... – Jessica resmungou entredentes, cruzando os braços. – Ele me custou milhares de dólares... É uma peça de grife!

Soprou exasperada ao apontar na direção da porta, mostrando-se incrédula com o fato de Yuri ter saído com sua roupa. Tiffany novamente gargalhou com aquilo, mas puxou a amiga consigo para fora da sala, murmurando o quanto ela era imprevisível e divertida quando queria. Entretanto, o que não sabia era que a presidente, por dentro, estava se corroendo de curiosidade e raiva.

Não pelo suposto furto do blazer, mas sim pelo fato da advogada ter lhe arrancado um sorriso doce e olhar carinhoso, do qual nunca tinha se deparado.


Notas Finais


Ui XD
Comentários? Até a próxima!! ^^


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