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História Learn - Reviver é sentir e sentir é viver


Escrita por: thereddiamond

Notas do Autor


Aye!! Perdão pela demora, o sumiço e falta de compromisso com as postagens! Mas, aqui estou com mais um capítulo e espero que curtam XD.
Sendo assim, não tenho pelo que me arrasta muito, desejo uma boa leitura e peço desculpas caso aja erros de correção.
Bjus ;)

Capítulo 16 - Reviver é sentir e sentir é viver


Liberdade queria dizer independência, alguém que não se submete, que não se prende, encontra-se solto sem obstáculos.

Essa era uma palavra-chave da qual Yuri acreditava ser essencial em sua vida, aprendendo seu significado desde cedo, quando não passava de uma mera criança perdida. Ainda assim, mesmo pensando e agindo de maneira livre, como um ser selvagem e imprevisível, se torna no mínimo irônico pensar que, para todos os efeitos, se prendia. Aquele pensamento poderia lhe trazer certo tom de revolta e indignação por entregar-se, deixar que algo que a ancorasse, remetendo-a ao passado doloroso.

A mão quente de Yoona, qual segurava com certa força inconsciente, como se evitando a todo custo soltá-la quando na verdade deveria, se remexeu inquieta, parecendo reclamar em como a puxava para fora da empresa. Sabendo que estava longe dos olhos atentos da presidente Jung e de seu olhar indagador, a morena relaxou um pouco os ombros tensos, lentamente afrouxando os dedos ao redor de sua mão. De todo modo estava chegando perto de loja de conveniência, destino principal de sua saída apressada da empresa, que ficava escondida numa rua apertada entre dois gigantescos prédios. Acabou arrastando sua companhia para dentro dela, não tendo outra opção a não ser aquela, abrigando-se do calor no ar-condicionado. Não havia nenhuma sorveteria por perto e mesmo que o convite fosse mais um pretexto para leva-la para longe da Lucius, era uma pessoa que cumpria suas promessas, pelo menos acreditava ser.

Já dentro da loja, voltando a respirar com mais tranquilidade, virou-se para a advogada e encontrou seu sorriso gentil, certamente carismático. Reconhecia aquele sorriso com vasta propriedade. Não fazia muito tempo desde que o encontrou pela última vez. Na verdade, com exatidão há cinco anos, em seu cotidiano, era comum deparar-se com aquela espécie de sorriso agradável. Por muito tempo ele foi responsável em trazer felicidade, acalentar seus dias com conforto, afastando o estresse que o trabalho às vezes a submetia e a consumia. Outrora não teria problema em retornar tal gesto, sorrindo da mesma maneira se possível. Contudo, agora o que restava era uma sensação de desconforto onde, por motivos estranhos, acreditava piamente ter falhado com ela. Tanto agora como no passado.

- Você está pensando demais, unnie... – Yoona obviamente havia notado que esse pequeno estresse atravessou sua mente, lendo seus olhos profundamente. Suas palavras certeiras tornaram-na num tipo de estátua tensa, que ficou parada em frente ao freezer de sorvete. Preferindo mudar a atmosfera que pairava entre elas, tomou a atitude em virar-se para observar o vidro do freezer, procurando o sorvete que apetecia seu gosto. – Vai querer de chocolate ou o de leite? – Ofereceu quando abriu o freezer, tirando o pote de Baskins Robbins para si, aguardando com esperança uma resposta.

- Chocolate. – Yul respondeu ao suspirar fortemente, acordando para a realidade.

Yuri agradeceu quando a viu passar um pote de sorvete e foi diretamente para o caixa pagar pelos sorvetes que iriam consumir. Não houve chance para reclamação, havia feito o convite, então deveria ao menos pagar tudo. Sendo assim, entrando naquele acordo, decidiram se sentar numa mesa que havia no fundo da loja de conveniência. Assim que acomodadas começando a comer o sorvete. Nenhuma palavra foi dita por longos minutos, contudo seus olhos que se cruzavam por breves instantes, diziam muitas coisas. Ou melhor, perguntavam muitas coisas. Yoona estava curiosa.

- Nunca te vi tão elegante, unnie... Mas não acha que o corte desse blazer não está errado? – Comentou bem humorada ao abrir seu sorriso zombeteiro, mostrando que ainda gostava de brincar, apontando para os ombros da morena que estavam encurvados, provavelmente apertados pela costura. – Se quiser posso te passar o número de um bom alfaiate em Gangnam...

- O blazer não é meu... Peguei emprestado para essa reunião. – Yuri cortou sua tentativa de puxar conversa, esquivando-se com maestria ao sorrindo minimamente, tratando de esconder o fato de que havia agido com grosseria.

Demonstrou-se aparentemente indignada com o fato de usar uma roupa emprestada, o que fez a mais nova soltar uma risada silenciosa e contrita para não aborrecê-la, embora soubesse que dificilmente ela se aborrecia, pois tinha uma paciência extraordinária. Sem dúvidas, invejável.

Apesar disso, mais um momento de silencio pairou sobre suas cabeças. A morena não quis quebra-lo, mesmo que pudesse. Estava preferindo se evadir de entrar em pontos dos quais sabia não encontrar as respostas ou se permitir a entregar o que ela estava em busca. Contudo, por mais que quisesse evitar pensar ou até mesmo tomar partido sobre qualquer assunto, buscando a superficialidade do encontro, Yoona, por fim, achou melhor iniciar o debate de algo que era complicado para ambas, contrariando suas atitudes defensivas. Seu sorriso largo e bonito morreu lentamente, perdendo força e vigor, assim como a felicidade que antes sentiu dominá-la sobre o inesperado reencontro.

- Por que você voltou? – Questionou caindo na seriedade, os olhos firmando no pote de sorvete sobre a mesa, observando o movimento desconcentrado que sua mão fazia ao afundar a colher dentro da sobremesa. – Você tinha dito que não ria mais voltar.

- Eu não tive escolha. – Yuri falou na tentativa de se defender de sua acusação, tomando um pouco de coragem e vontade, o estomago revirando antecipadamente, procurando seus olhos para que pudesse enxergar a veracidade de suas palavras. Não existiam motivos para mentir, embora houvesse muitos para ser evasiva. Sua resposta atraiu a atenção da advogada, que pareceu profundamente decepcionada. – Minha agencia me colocou nessa missão e não pude recusar... Não quis recusar.

Explicou-se ao dar de ombros, esquecendo de que deveria continuar tomar o sorvete antes que derretesse, sentindo um bolo indigesto se formar na garganta, dificultando até mesmo de tragar saliva.

- É estranho vê-la depois de tanto tempo... – Ela pontoou a principal fonte de desconforto e tensão anterior, rindo meio que sem graça para continuar a falar. – Você mudou.

Afirmou com confiança no que podia encontrar em seus orbes escuros, vasculhando-os intensamente sem temer perder a nada. De qualquer forma havia mudado de assunto. Sua cabeça estava repleta de dúvidas que pareciam se duplicar. Sabia da dificuldade que tinha de arrancar respostas da morena que sempre lhe foi um mistério, mas, mesmo com esse nível de dificuldade e compreensão, não se deixaria abalar. Precisava saber se estava bem ou se as coisas simplesmente pioraram desde que se separaram.

Os lábios avermelhados de Yuri se ergueram contra sua vontade, estava sorrindo, porém a amargura os havia dominando.

- Não mudei em nada, Yoong... – Negou com a boca e a cabeça, rebatendo sua certeza com a teimosia, agindo friamente, erguendo uma parede invisível entre elas, provavelmente barrando suas tentativas de se aproximar. Era o certo a fazer. Afastá-la sempre pareceu ser a opção certa a se tomar, mesmo que fosse doloroso. – Sou a mesma que te abandonou há cinco anos.

- Ainda com aquela ideia de vingança? – A Im não conseguiu evitar em bufar ao supor tal coisa, revirando os olhos como consequência, voltou a escavar o sorvete. – Isso é meio que decepcionante.

Suspirou ao mostrar-se verdadeiramente decepcionada com o fato de não ter mudado. Não sabia de quem a morena tentava se vingar e como pretendia fazê-lo, mas sabia dos problemas que isso a causava.

- Eu sei. – Yul admitiu sem autocomiseração na voz que saiu baixa, atraindo de volta seu olhar perdido no sorvete. Ela pareceu entristecida, como se sentindo pena de sua situação. Seu suspiro foi audível, complicando a situação para ambas, pois na atmosfera ao redor ficava cada vez mais claro o fato de que havia erguido um problema sem solução. Não tendo outra saída, a morena teve que sair em busca de uma maneira de escapar daquilo. Não queria que seu reencontro com Yoona terminasse daquela maneira fria. Portanto, abriu um meio sorriso e mudou de assunto com sabedoria. – Diferente de mim, você mudou muito nesses cinco anos... – Disse ao ajeitar-se no assento, se aventurando a tomar um pouco da sobremesa. – Então quer dizer que finalmente você conseguiu fazer seu nome?

- Sabe como é... – Resmungou humoradamente, parecendo aceitar a mudança de atmosfera, compreendendo que era o máximo que poderia fazer para se aproximar dela, tomando aquilo como sua chance de, quem sabe, conquistar sua amizade de volta. Afinal ela estava de volta a Seoul. Poderiam retomar contato, continuar a amizade... Não como antes, é claro. Sabia das limitações por trás das escolhas tomadas no passado. Mas isso não queria dizer que precisavam se afastar. Ou será que precisava? Ignorando sua dúvida, voltou à brincadeira, erguendo os finos lábios. – Consegui entrar em contato com uma boa e consistente firma de advogados, passando a trabalhar num escritório. Alcancei um estágio durante meu quarto ano de graduação. Ganhei experiência e quando me formei já estava contratada, bastando passar no exame da Ordem. – Deu de ombros e tomou um pouco do sorvete, antes de voltar a falar. – As coisas deram uma guinada desde sua partida.

- Está vendo? – Questionou com um verdadeiro sorriso de felicidade brotando em seu rosto, iluminando-o aos poucos. – Eu tinha razão quando disse que te trazia azar na vida! – Brincou debochadamente de si, arrancando-lhe uma risada. Contudo, assim que a risada morreu o humor também perdeu a força. – Fico feliz que as coisas tenham dado certo para você, Yoona. Você merece tudo de melhor.

Yuri sabia que essa frase acabaria por irritá-la, o que verdadeiramente aconteceu, pois viu em seu olhar o quanto isso a machucou. Não teve outra escolha a não ser virar o rosto, suspirando para esconder a tristeza que cobriu sua expressão.

- Me apaixonei por alguém, unnie. – Yoona repentinamente falou com tranquilidade, contando um fato que relutou em dizer. A morena trouxe de volta sua atenção, vendo que para ela não estava sendo fácil admitir aquele fato. – Ele é um bom homem e cuida bem de mim... Tem um trabalho digno. Ele é um analista de mercado. – Repentinamente a timidez pareceu dominá-la, dando-lhe um ar profundamente apaixonado, do qual deixou a morena desconfortável. Ainda assim, preferiu manter-se em silencio e permitir que continuasse a dizer o que acontecia de novo em sua vida. – Nosso relacionamento aconteceu de uma maneira muito inesperada... Não esperava me apaixonar de novo, não depois do que aconteceu entre nós.

- Ah... – Yul não conseguiu se expressar de outra maneira a não ser aquela, ofegando desconfortável.

Seus orbes escuros caíram sobre a mesa, agindo como se fosse mais interessante observar os padrões das manchas de copo que havia nela, do que encarar o que tinha a sua frente. Por muitos anos, não conseguiu imaginar a época em que a conheceu como as piores de sua vida. Muito pelo contrário, acreditava que certamente foram os melhores. Contudo, atualmente, pensar daquela maneira lhe era custoso e doloroso, principalmente ao ver o quanto as coisas tinham mudado para ela desde então.

Yoona era uma simples estudante de direito, que tinha alguns problemas financeiros para se manter com conforto na cidade grande, sendo obrigada a dividir apartamento com mais duas amigas para economizar, sempre a procura da oportunidade em que poderia virar o jogo e o rumo de sua vida. Quando a encontrou, logo de primeira, soube que eram diferentes. Enquanto que ela se tratava de uma pessoa valorosa e cheia de princípios, condutas éticas e morais, a morena não passava de uma perfeita mentirosa, suja e oportunista. A maneira como se conheceram dentro do campus da universidade, foi no mínimo inusitada. Yuri precisava de alguém para guia-la até a sala da reitoria, obviamente um pretexto para sua missão, e ela havia sido sua porta de entrada. No caminho conversaram um pouco, acabaram se conhecendo superficialmente e quando seu destino havia sido alcançado, se despediram em frente ao departamento onde ficava a diretoria, com o pequeno sentimento de insuficiência, de que aquele momento não havia sido o suficiente. Pode encontrar nos seus olhos o mesmo sentimento de que queria conversar mais um pouco e por isso não foi difícil desviar brevemente sua atenção do seu verdadeiro objetivo, para convidá-la para ir tomar um café. Na verdade a garota apenas precisava espera-la do lado de fora do departamento, enquanto que ela rapidamente iria resolver o problema que tinha nas mãos e em pouco tempo, juntas, estariam indo continuar a conversa. Não foi nenhuma surpresa quando a viu concordar com seus termos, dizendo que ficaria a esperando do lado de fora. Ainda assim foi inesperado. Pois esperava que ela fosse mais desconfiada, questionadora, já que foram poucos minutos de conversa para poder conseguir sua confiança. Isso apenas reforçou a impressão que teve de acha-la inocente, principalmente ao ponto de cair em sua lábia e nas suas palavras mentirosas.

Sorrindo em agradecimento, seguiu em frente e fez o que havia ido fazer. Aquela não era uma simples visita que fazia a universidade, como havia dito a Yoona, tinha se infiltrado entre o corpo estudantil para poder observar os pontos fracos da instalação, pois em breve teria de invadi-la. Tinham a contratado para um serviço fácil – como de praxe – para roubar algumas informações do reitor e se apoderar de arquivos que poderiam acabar sua carreira acadêmica. Por mais que missões daquele tipo fossem entediantes, não podia se renegar a fazer nada, pois precisava construir seu nome na agência. Naquela época não fazia pouco mais que dois anos que havia sido contatada para o serviço, sendo recrutada para a agência. Sua carreira estava apenas no começo e sendo testada daquela maneira ridiculamente fácil. Talvez a culpa fosse sua por ter experiência naquele ramo. Mas, para todos os efeitos, estava ganhando uma boa quantia de dinheiro para fazer algo que considerava “moleza”.

Quando terminou sua inspeção, após realmente entrar na sala do reitor para conversar com ele, fingindo ser uma possível candidata a uma vaga nos laboratórios, interessada no programa do departamento de ciências e tecnologia. Seguiu para fora e não conseguiu conter o sorriso ao ver que Yoona tinha cumprido com suas palavras, esperando-a quietamente embaixo de uma cerejeira, que lentamente perdia suas folhas, pois o outono estava próximo de seu término. O frio servia de bônus para conquistar a morena, que a achou adorável por fazer aquele tipo de coisa, mesmo que não precisasse. Seria definitivamente melhor abandoná-la e voltar ao seu cotidiano de estudos, contudo ela estava ali a sua frente, retornando seu sorriso, como se estivesse verdadeiramente feliz por vê-la.

Então, daquela maneira amistosa, as duas foram tomar algo quente na cafeteria do campus, onde puderam estender a conversa por mais umas horas, até que o horário começasse a ficar tarde demais para permanecer naquele momento agradável. Yoona precisava voltar ao dormitório antes do anoitecer, sendo assim, tiveram que se despedir em frente à cafeteria, pois a morena precisava pegar o transporte de volta ao centro, onde dizia morar, tendo que fazer o caminho completamente oposto ao seu. Por mais que seus caminhos, naquele instante tenham se separado, Yuri sabia que teriam outra oportunidade de se encontrar.

O que aconteceu semanas depois.

Novamente foi inesperado, um encontro que pareceu mais um esbarrão. A morena tinha visto a estudante sair de uma livraria em Itaewon. Sendo assim, agindo como se tudo não passasse de uma brincadeira do destino, certo modo tratando isso como uma visão romântica, foi encontra-la na livraria. Claro que Yoona não desconfiou de suas palavras, recebendo-a com o mesmo sorriso alegre e suave de sempre, fazendo-a pensar o tamanho de sua beleza. Ela era muito linda e tinha uma personalidade agradável, difícil não se apegar, pensou.

Com o passar do tempo e da convivência, por mais que não houvesse motivos ou desculpas para que Yuri fosse à universidade da estudante, ela acabou por envolver-se em seu caminho, passando a fazer parte de seu cotidiano. Tinha conseguido sua primeira amizade em Seoul. Nunca havia se sentido bem naquela cidade, preferia lugares dos quais poderia visitar, passar o dia entrando em aventuras, mas com Yoona lhe guiando em suas saídas de uma estudante que dependia do auxílio do governo e dos pais, tendo que ministrar com maestria suas economia, começou a desenvolver certo gosto pelas coisas mais simples como passar horas sentada na biblioteca pública, lendo alguns romances policiais picantes. Entrando em cafés para navegar na internet ou se aventurar em jogos online, enquanto sua companhia se perdia nos estudos, tratando de ajuda-la quando lhe apetecia pedir auxílio. Nos finais de semana eram os momentos dos quais a morena arrastava-a fora da rotina, puxando-a para fora do sobrado que dividia com as amigas, passando a leva-la em passeios na cidade durante a noite, guiando-a em clubes e boates, fazendo com que perdesse um pouco a dureza que a vida estressante de um estudante trazia.

Era até mesmo engraçado ver como a convivência com Yoona, a levava para os extremos opostos. Por mais que ela já a considerasse como uma amiga íntima, dividindo seus temores, angústias e felicidades em forma de segredos, Yuri não entregava nada de si. No entanto poderia agir como ela mesma, mostrando seus gostos e desgostos, não sendo precipitada ao até mesmo afirmar que a Im a conhecia melhor, do que qualquer pessoa nesse mundo. Mas, como tudo bom demais tinha seus defeitos, a fonte por trás de suas motivações... Seu verdadeiro motivo em continuar ali... Sobre o que era, permaneciam guardados a sete chaves. De qualquer maneira, usava uma mentira, um tipo de máscara para esconder o fato de que era uma espiã e que seu trabalho, ás vezes, cobrava ações das quais seriam fonte de sua reprovação.

A garota estudava as leis e em maneiras de como exercer a legalidade sem ultrapassar limites, e por isso, automaticamente reprovava condutas criminosas, ilegais e antijurídicas. E, cá estava ela confrontando as normas e a moralidade do dever público, mentindo pelas suas costas, agindo nas escuras, continuando seu trabalho, fazendo a única coisa da qual havia sido ensinada a fazer. Matar e roubar.

Portanto, pensando daquela forma, Yuri conseguia notar que se tratava do elo negro em sua vida. Contudo, era tarde demais para tentar se afastar. Se tivesse tentado antes de envolver-se, certamente poderia ter virado as costas e continuado com seus objetivos. Com um beijo roubado dentro da biblioteca, enquanto a ajudava a carregar livros de filosofia, acabou por assinar para ambas uma espécie de sentença. Não havia mais volta.

Mesmo que Yoona aparentasse não se importar com o que fazia, somente feliz por ter sua companhia, aos poucos, nos difíceis meses de início do relacionamento, conseguiu enxergar sua outra a face. De alguma maneira soube que ela não poderia se entregar mais que aquilo, parecendo temer se jogar naqueles sentimentos bons e agradáveis construídos entre elas, embora a abraçasse com certa paixão. Poderia ser que isso acontecia por não saber o que poderia espera-la do outro lado.

Estavam num impasse. Enquanto uma desejava poder se entregar por completo a outra evitava por medo. Quando trataram de mudar isso, querendo firmemente transformar as coisas, o receio falou mais forte, a incerteza tomando partido gerando o sentimento da insegurança. O que tornou tudo ainda mais complicado. Isso acabava por estragar aqueles momentos bons e agradáveis com mentiras.

Yoona sentia-se cada vez mais duvidosa quando a via dar as costas, dizendo que iria trabalhar, desaparecendo dias, apenas se empertigado a ligar para dizer se estava bem ou não, que sentia sua falta e que em breve estaria de volta. Tinha muitos problemas a resolver... Mas do que se tratavam eles?

E embora aquele relacionamento estivesse pautado na paixão, naquele sentimento que extinguia as dúvidas quando estava perto da outra, a partir do momento que se separava, a incerteza e dúvida trazia o gosto ruim sobre o que aquele envolvimento parecia trazer.

Claro que a então estudante Im não sabia o que deveria fazer. Suas amigas diziam que estava se envolvendo num sério problema, que não teria outro resultado a não ser acabar se machucando mais e mais. Mesmo que tivesse esses pensamentos em mente, tudo desaparecia quando se encontrava com Yuri. Seus beijos e carícias eram o suficiente para fazer com que esquecesse todos os problemas, mas quando se via privado deles, tudo voltava à tona e acabava perdendo a noção do que verdadeiramente fazia. Talvez tivesse criado certa dependência das sensações boas e gostosas que a morena trazia consigo e seu sorriso, mas não poderia permanecer daquela maneira. E, no fim de tudo, acabou tomando a decisão de envolver-se em sua vida.

Toda vez que estavam juntas, a cada toque que seu celular era uma fonte de tensão e inquietação seu corpo. Foi complicado se restringir e não querer bisbilhotar, mas nos momentos em que a morena estava dormindo ou indo ao banheiro, quando estava vulneravel, encontrava o gancho para bisbilhotar sua vida privada, ler suas mensagens e ligações, e-mails, qualquer coisa que pudesse dizer quem se tratava a mulher a quem beijava, dividia a cama, que dizia amar. E quanto mais profundamente adentrava em seus segredos, com mais medo ficava. Seus segredos eram ainda mais misteriosos que suas mentiras e palavras mascaradas.

Numa dessas suas inspeções, Yuri acabou flagrando-a. Lembrava que aquela foi a primeira e única vez que a viu ficar irada, perder a calma que sempre dominava suas feições. A raiva que a consumiu naquele momento se mesclou a decepção, fazendo-a se afastar e procurar espaço por repentinamente, dizendo que se sentia desconfortável e sufocada. O que em partes não era mentira. Ela tinha se amedrontado, decidindo que o melhor seria fugir, escapar daquela situação da qual a própria criou.

Foram semanas angustiantes de silencio que Yoona recebeu em troca por sua curiosidade. Mas que ao final dela, acabou recebendo uma recompensa um tanto ruim e libertadora. A morena tinha a convidado para conversar num parque longe da cidade, um lugar aberto, amplo e tranquilo, do qual frequentemente se refugiava quando precisava pensar. Sentadas em um banco, tentaram manter a calma, mas o nervosismo falava mais alto para ambas. E, por mais que a estudante quisesse continuar junto a ela, Yuri tinha se deixado entregar demais aquele relacionamento, quando na verdade nem ao menos deveria tê-lo iniciado.

Concluindo a conversa, explicando a motivação de toda sua ira, o fato de ter fugido dela sem dar explicações e o porquê de que não podia deixar que se envolvesse nos problemas que abarcavam sua vida. Conseguiu mostrar que não era uma boa pessoa. Não era uma pessoa comum, tivera uma infância difícil e tomou escolhas, decisões, das quais sabia que reprovaria se soubesse delas. Não importando o quanto pudesse chegar a amá-la, uma hora seu verdadeiro objetivo, o motivo primordial que a tornou daquela maneira, um dia a consumiria e não queria puxá-la para dentro disso. Da loucura que a consumia. Sabendo, previamente, que isso a machucaria. Era perigoso para ambas. De qualquer maneira, não poderia continuar a amar. Não quando dentro de si existia ódio.

Aquele certamente foi um dia que ficou gravado em suas memórias, uma despedida que mais teve um tom de promessa. Sabiam que se encontrariam novamente, seus caminhos estavam entrelaçados de alguma maneira. Yoona sabia que poderia mudar tudo com um simples abraço, soltando as palavras que estavam entaladas na garganta, mas não adiantava enganar a si. Entre elas tudo tinha acabado.

Naquele mesmo dia Yuri embarcou num avião, tinha sido encaminhada para cumprir um trabalho no continente americano, não havia previsão para volta e dessa maneira findaram por se separar.

Era até decepcionante ver o rastro de assuntos mal resolvidos que a morena tinha deixado para trás, mas compreendia que isso somente acontecia porque seu objetivo de vida não tinha sido concluído. Portanto esse era se tratava o motivo que se embasava para evitar qualquer laço ou traço de relacionamento, mesmo que mais difícil fosse evita-los.

- Você sabe que sempre acreditei em nós e que poderia ter dado certo. – Yoona tentou não parecer magoada com as lembranças do passado, mas ficava complicado conseguir conter as emoções.

- Se tudo fosse diferente poderia ter dado certo... – Yuri concordou em parte com sua afirmação, abrindo mão da dureza e rigidez que tomou seu coração. Desistiu de tomar seu sorvete, que por mais doce estivesse, o amargo tinha tomado conta da boca. – Sinto muito.

Desculpou-se por simplesmente entender que precisava, mesmo não sabendo do que se tratava exatamente, do que queria dizer e para onde direcionava seu arrependimento. Ele poderia servir para muitas coisas, pois sua vida era cheia de assuntos que mereciam explicação ou uma desculpa.

A Im suspirou fortemente, desistindo também do sorvete.

- Yuri – chamou-a pelo nome. Ela era a única pessoa que não estava envolvida no caos que era o seu trabalho, que conhecia seu nome e o motivo do qual precisava escondê-lo. – você mudou.

Dessa vez a morena se obrigou a olhá-la, pois ela estava insistindo naquelas mesmas palavras, das quais tinham discutido anteriormente. Pode ver que estava sendo séria sobre o que disse. Queria contradizê-la, na verdade poderia fazê-lo, e dizer que estava sendo precipitada em suas acusações, mas conhecia seu gênio teimoso. Quando acreditava em algo, dificilmente tinha o pé atrás e se deixava convencer por outros argumentos. Além de que, para todos os efeitos, ela tinha propriedade suficiente para dizer isso.

- Precisamos voltar ou vou tomar uma bela advertência da Jessica. – Yuri deu outro rumo a conversa, encerrando-a o mais rápido que pode.

Se ergueu da cadeira, querendo a todo custo fugir daquele momento, se arrependendo por usar a presidente como uma espécie de desculpa, mas não pode evitar por saber que era a única que serviria naquele instante.

Mesmo querendo continuar sentada e arrasta-la de volta para a cadeira, arrancar todas as dúvidas que ficaram pairadas no ar, Yoona compreendeu que não poderiam mais mudar aquela situação. Haviam provocado aquele tipo de final antecipado, restando o incomodo para ambas.

Sem trocas de palavras, nem mesmo olhares, as duas prosseguiram para Lucius perdidas em pensamentos. Yoona observava Yuri, que evitava olhá-la por saber que estava sendo observada.

- O que você está planejando, unnie? – Por fim a advogada encerrou a caminhada parando em frente à empresa. A morena se virou para encará-la, esperando não mostrar o que verdadeiramente tinha em mente. As palavras queriam sair como uma torrente ensandecida, numa enxurrada de respostas, mas as prendeu por segurança. Entendendo sua falta de resposta, Yoona se remexeu incomodada no lugar. – Tome cuidado com o que vai fazer daqui para frente... Eles estão te observando e isso é perigoso.

Ela estava se referindo aos militares que, durante aquele encontro na sala de reuniões, tinham se mostrado hesitantes e erguido desconfianças sobre a assassina. Temia que algo pudesse acontecer. Principalmente que isso tomasse consequências que certamente seriam desagradáveis à morena.

- Sei o que estou fazendo, Yoong. – Colocou as mãos no bolso, mantendo-se firme e séria. – Você deveria se preocupar mais consigo... Agora todo mundo sabe que você me conhece. Seus contratantes vão cair em cima de você.

- Irei convencê-los de que você é a escolha certa. – Disse.

- Não se envolva. – Negou em troca de sua ajuda e apoio.

Yoona suspirou mais uma vez e escutou a buzina de um carro, estacionado do outro lado da rua, chamar sua atenção. Ao virar-se encontrou seu motorista a aguardando com paciência. Vendo que seu tempo tinha acabado, voltou-se na direção da morena e lhe deu um rápido abraço, sentindo que de tão inesperado e desconfortável foi, que ela não correspondeu corretamente ao seu avanço.

Entristecida, pela falta de resposta de sua parte, se separou de Yuri e sorriu sem graça, indo diretamente para o carro que lhe aguardava.

Assim que viu o carro desaparecendo na esquina, a morena pode soltar a respiração, exalando com força como se tivesse segurado a respiração durante todo esse tempo. Definitivamente encontrar alguém do passado nunca seria uma boa ideia, pois simplesmente perdia o foco e se deixava guiar pelos sentimentos de antes. Tentou não ligar para o fato que tinha a machucado, mas ficava difícil quando lembrava seu olhar machucado e sorriso forçado.

Entrou na empresa com a cabeça pesada de pensamentos, perdida, indo parar dentro do elevador de maneira robótica. Seu olhar caiu sobre o painel e acabou lembrando um detalhe que ignorou até esse instante. Impediu-se de seguir diretamente ao posto de trabalho e apertou o ultimo botão do console, indo diretamente parar no andar da presidência. Parou em Boram com a intenção de deixar o blazer com ela e voltar para sua cadeira, sentindo que precisava raciocinar tudo que havia acontecido, quando a escutou dizer que Jessica não se encontrava na sala, pois estava no terraço desde que voltou da reunião.

Aquilo a confundiu por um longo instante. Afinal, ela foi para lá com que propósito em mente? Teria Taeyeon combinado algum encontro sobre as investigações sem que soubesse, sem contatá-la antes?

Ignorando o olhar confuso que a secretária lançou sobre si e seguiu diretamente para as escadas, preocupada com o fato de ter sido excluída das investigações, pensando em possibilidades, motivações das quais nem ao menos sabia ser verdadeiras, para terem-na excluído.

Para seu momentâneo alívio, encontrou a presidente sozinha. Ela tinha o olhar perdido no horizonte, mas no momento em que a porta de emergência se abriu repentinamente, virou-se em sua direção para evidentemente confrontar a pessoa que estava perturbando sua calmaria. Seus olhares se encontraram, confrontando-se, até que ela os revirou e desviou a atenção de volta para a cidade, inclinando-se na mureta de proteção, evitando olhar para baixo por temer a altura.

A morena, imediatamente, notou a rigidez em sua postura e na maneira endurecida em como os braços estavam cruzados. Suas sobrancelhas franzidas e o olhar inflamado dizia o que se passava.  Aparentemente estava enfurecida, brava por algo que não tinha a menor ideia do que poderia se tratar. Sendo assim, chegou à conclusão que deveria respeitá-la. Pois, se estava ali sozinha, era porque queria espaço. Todavia havia protelado demais o fato de estar com sua roupa. Suspirando fortemente, encarou que deveria apenas entregar o blazer e sair, sem provocar-lhe. Não estava com humor para isso de qualquer jeito. Repentinamente se viu buscando coragem para se aproximar, retirou o blazer e lhe passou, estendendo da maneira que pode.

- Obrigado pelo empréstimo. – Sorriu minimamente, sentindo-se desconfortável ao ter a atenção de seus olhos amendoados.

Jessica agiu de maneira taciturna, como se tivesse analisando cada movimento seu e, permanecendo calada, pegou de volta seu blazer, quebrando a postura endurecida, deixando os braços caírem ao seu lado. Virou-se para a novata e novamente sentiu as questões de antes, as dúvidas que aquele inesperado encontro com a advogada, subirem a cabeça. Tinha ido naquele lugar para se refugiar dessas perguntas e até mesmo da sensação ruim que a cobriu por estar perto da assassina. Mas toda essa precaução foi por água abaixo quando a viu entrar no terraço, com aquela expressão abatida. Parecia que tinha perdido as forças e se obrigava a sorrir, evitando chamar atenção.

- Quer conversar? – De repente aquele tipo de pergunta inesperada partiu da morena, que se sentiu receosa e inquieta por fazê-la. Contudo agiu incontrolavelmente, não conseguindo segurar-se por muito tempo, notando que parecia trancafiar muitas coisas dentro de si.

Jessica soltou uma risada que beirava a ironia, deixando-a confusa com sua atitude brusca. Abriu a boca para questioná-la o motivo de agir daquela maneira, afinal procurara agir com mais simpatia, porém ela não lhe deu chance para perguntas.

- Não seria eu quem deveria estar perguntando isso a você? – Interrogou com um sorriso ácido crescendo no rosto, parando próxima a ela, olhando-a diretamente nos olhos. Estava tão intensa que Yul encontrou-se sem reações, petrificada em seu lugar, retrucando seus orbes castanhos que estavam duros e carregados pela ironia. – Aliás, que merda foi aquela na sala de reuniões? De onde você conhece Yoona?

- Com todo o respeito, Srta. Jessica... – Yuri perdeu a compostura por segundos, provocada por sua atitude agressiva, agindo de maneira defensiva. – Isso não é da sua conta.

Seu olhar confrontou-a diretamente, assim como o tom seco e debochado em sua voz, que fez o sangue da Jung borbulhar. Tinha perdido a paciência de uma vez por todas, afrontada, avançou sobre ela, dando confiantes passos em frente, aproximando seus rostos. Os narizes ficaram a centímetros de distancia, sua respiração quente, irritada e dura bateu contra a face da morena, que se sentiu ameaçada com a aproximação, tencionando o corpo por inteiro. Em seus gestos ficou esclarecido que havia ficado desgostosa e do quanto estava insatisfeita com a falta de respostas.

- O que é ou não da minha conta cabe a mim decidir, e enquanto você estiver trabalhando na minha empresa, embaixo do meu teto, na porra do meu território... – Rangeu os dentes de maneira audível, vasculhando profundamente seus orbes negros a procura de algo que acreditava ser temor. – Você me deve respostas, principalmente se isso puder afetar meu objetivo. Entendeu?

Jessica notou os lábios grossos de Yuri crispando, preparando-se para respondê-la a altura, porém o som do seu celular tocando acabou por interrompê-las. Não dando chance, tirou-o do bolso da calça e viu que se tratava de uma ligação de sua secretária. Indignada por ter de adiar aquela discussão, atendeu a ligação de maneira seca e repentina. Buscando privacidade, passou pela morena agindo como se a ignorasse por completo, findando por esbarrar em seu ombro para afastá-la do caminho até saída de emergência. Havia perdido muito tempo no terraço pensando em besteiras e assuntos inapropriados, que no final das contas versavam sobre aquele encontro entre a assassina e a advogada, e no significado por trás daquilo tudo.  Da troca de seus olhares e a motivação por trás de seu sorriso caloroso. Sentia uma espécie de ódio fervilhando no peito, chegando a custar aceitar que era a fonte de seu rebuliço e motivo de tanta desatenção. Como sempre acabava culpando Yul por todas as coisas que a fazia sentir a contragosto, como se não tivesse controle sobre si, findou suspirando e tomando a decisão certa de sair de perto dela. Ela lhe fazia mal e por muito pouco não perdeu a compostura. Poderia tê-la agredido ai ou até mesmo a jogado de cima do prédio. Era uma completa idiota por atuar assim, como se não passasse de uma mera criança irritada, mas era a única que sabia para se proteger.

Contrariada e ainda ardendo por dentro, sendo consumida pelas perguntas sem respostas, seguiu para seu escritório com a intensão de se entregar ao trabalho e procurar esquecer que, por breves minutos, sentiu-se decepcionada com a falta de resposta da morena.

Enquanto isso, ainda parada no terraço, Yuri chegou à conclusão que definitivamente as coisas estavam tomando um rumo complicado, do qual ao menos tinha previsto. Yoona tinha a completa razão quando disse que estava sendo observada. Precisava ser cautelosa e tomar cuidado com as coisas que aconteciam ao seu redor, principalmente com a Jung.

 De qualquer maneira, tinha um objetivo para alcançar e estava se aproximando dele cada vez mais, por isso, deveria evitar deslizes.


Notas Finais


Ai, esse Yulsic tsc tsc
Comentários?? Até a próxima!! ^^


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