1. Spirit Fanfics >
  2. Learn >
  3. Cuidar nem sempre significa precaução

História Learn - Cuidar nem sempre significa precaução


Escrita por: thereddiamond

Notas do Autor


Olá meu amores!!! Aqui estou com mais uma atualização e vejam, bem a tempo!! Hahahahaha aparentemente a tia aqui tem palavra e as cumpre XD. Enfim, não tem muito o que dizer, apenas espero que gostem do capítulo e que tenham uma boa leitura!
Beijocas <3

Capítulo 18 - Cuidar nem sempre significa precaução


Taeyeon conduzia o carro até a Lucius com bastante tranquilidade, sem precisar se preocupar com o transito que àquela hora, estava sossegado para uma manhã cinzenta de quarta-feira. Contrapondo sua calmaria se encontrava Tiffany, sentada no banco do passageiro, presa ao celular. Tentava a todo custo tranquilizar a presidente, que acordara possessa, fumegando e destilando ódio.

- Eu sei que... Jess me escuta por um segundo... – A colega de apartamento suspirou frustrada com suas tentativas falhas de interrompê-la. Passou a mão no rosto como se lembrando para ter paciência, pois não importava o quão suave e plácida estivesse o timbre de sua voz, isso apenas parecia fomentar o estresse da amiga. – Pelo amor de Deus, Jessica! – Estourou mostrando-se exasperada. – São sete horas da manhã, o dia mal começou e você já está uma pilha de nervos me importunando ao telefone... – Liberou sua frustração com palavras duras e sinceras. Vendo que não seria atrapalhada, continuou a falar, rangendo os dentes. – Eu juro que converso com você assim que eu chegar, então apenas respire fundo e evite matar a primeira pessoa que atravessar seu caminho! - Exclamou satisfeita ao ver que, positivamente, tinha calado a amiga.

Então antes que Jessica retornasse aos gritos, decidiu encerrar a ligação e o fez com muito gosto. Escutou risadinhas silenciosas vindo do lado e desviou a atenção, que estava na janela, para a loura. Ela estava rindo, melhor, tentava esconder a risada, considerando a situação hilária. Tiffany poderia até ter reclamado ou a repreendido, mas terminou seguindo suas risadas. Não precisava se estressar – pelo menos não ainda –. Permanecia sob os efeitos da noite anterior, o que aumentava sua vontade de sorrir sempre ao lembrar. Esparramou-se contra o banco do carro, massageando as têmporas ao pensar que não teria uma manhã tranquila, como qualquer outro dia normal de trabalho. Nada de enclausurar-se no escritório e aproveitar seu silêncio.

O calor da mão de Taeyeon, que sorrateiramente se esgueirou para tomar a sua, sobressaltando-a com o inesperado toque, arrancou-a de seus devaneios. Curiosos com sua atitude, os olhos correram até ela. Deparou com um sorriso leve aberto em seu belo rosto, provavelmente buscando tranquiliza-la.

- Tudo bem? – Taeyeon questionou sem poder olhá-la, se preocupando com o carro da frente que tinha avançado no trânsito. Seu polegar inconscientemente começou a massagear as costas de sua mão, como se pudesse aliviar a tensão que a cobria.

Seu gesto atencioso e doce aqueceu o coração da Hwang, que lentamente foi derretendo no assento, entregando-se ao conforto que sua presença transmitia. Terminou entrelaçando seus dedos aos dela, deixando que a confortasse a sua maneira, apreciando a beleza pura de seu sorriso.

- Vai ficar bem assim que chegarmos à empresa... – Tiffany grunhiu confortável demais, queria não ter saído de casa, do aconchego caloroso que descobriu na cama de Taeyeon. A administradora segurou uma risada, dessa vez pode desviar o olhar até ela. – Estou falando sério, Taeyeon! Acelera esse carro ou vamos perder nossos empregos! – Tentou se passar por séria, mas ao ver que isso apenas aumentava a vontade de rir, obrigou a relaxar sua boca num sorriso. – Não entendo Jessica e toda essa obsessão. – Murmurou inconformada ao retomar o assunto, mudando de posição no assento, virando-se inteiramente para ela. – Posso concordar que precisamos encerrar com as atividades daquele grupo terrorista... Mas ela não precisa se estressar tanto.

Balançou a cabeça em discordância, aprofundando o vinco que se formou entre as sobrancelhas, perdendo-se na dúvida.

- Ela deve ter seus motivos, Fany-ah. – Taeyeon afirmou com sabedoria, tentando abrandar um pouco da dúvida, pois também se perguntava o mesmo. Seus olhos estavam virados para o transito e isso contribuiu para que não visse a incerteza se instalar no olhar de Tiffany. Passando a raciocinar tentou encontrar uma explicação nos fatos. – Essa caçada a guerrilha foi algo que ela herdou do pai... Você conheceu o Sr. Jung e também sabe que ele era obcecado por esse trabalho.

- E é isso o que mais me preocupa. – Ela falou por fim o que tanto a perturbava, chamando o olhar da motorista. – Não quero ver a Jessica dessa maneira, principalmente que enlouqueça por algo que não é responsabilidade dela ou que pelo menos confie mais nas pessoas. Que confie em nós.

Incontrolavelmente um espasmo tomou sua mão, aumentando a pressão que fazia na mão dela, evidenciando o tamanho de sua preocupação.

Ela chegou a um ponto, pensou Taeyeon consigo mesma. Acreditava que era uma boa maneira de se pensar e se preocupar com a amiga.

As duas conheciam Jessica desde a adolescência, embora Tiffany tivesse se tornado mais próxima a ela com facilidade. A empatia pelo passado de ambas, principalmente por serem garotas da Califórnia, as juntou de maneira lógica e plácida. Com Taeyeon as coisas foram um tanto mais lentas. Era uma criança reservada, evitava se aproximar das pessoas em geral, preferindo manter a Hwang sempre por perto. Mas, quando a oportunidade de se conhecerem apareceu, ela e Jessica perceberam que não eram tão diferentes da outra, como acreditavam ser.

Sendo assim, não existiam pessoas melhores no mundo que conseguiam entender como funcionava sua personalidade teimosa e geniosa de Jessica.

A presidente Jung exercia um toque controlador, perfeccionista, sobre as responsabilidades que tomava para si. Preferindo que tudo andasse nos conformes ditados por sua vontade. Isso não queria dizer que conseguia controlar o estresse, que a acometia violentamente, cansando-a. Existia um ponto de rigidez em sua personalidade, que a tornava “antipática” aos olhares desatentos. Dificilmente se podia contrariá-la. Quando dizia não gostar de algo, raramente mostrava-se com o pé atrás. Claro que existia uma exceção à regra e caso você estivesse bem equiparado com argumentos coerentes, existia a probabilidade de convencê-la a seguir por um caminho oposto. Ela não era intransigente, porém nada maleável. Portanto, contradizendo muitos pensamentos, a presidente não era má pessoa. Muitos gostavam de pintá-la como uma espécie de figura tirana e megera, uma perfeita louca pelo controle. Na verdade suas atitudes sinceras a tornava uma pessoa valorosa, estimada e querida. Acima de tudo incorruptível, que não se deixava entregar facilmente a dificuldade que a vida apresenta. Também existia um lado caloroso, dócil e carente que escondia, por acreditar se tratar de fraqueza quando não o era. Essa parte que omitia aos olhares mais superficiais era o que a tornava interessante e envolvente.

Contudo tudo isso parecia desaparecer quando se tratava daquele assunto. A guerrilha era a única coisa capaz de trazer sua frieza à tona, fazendo com que Jessica não medisse esforços para solucionar a situação, da qual a Lucius fora erguida. Seu modo de agir meticuloso e calculista chegava a surpreender as amigas. Ela se fechava numa atmosfera intangível, não permitindo que outras pessoas se aproximassem.

E mesmo que as garotas tentassem compreendê-la, não estavam prontas para entregar a Jung naquele turbilhão de problemas. Não era aceitável e, como amigas, ao menos deveriam lhe trazer uma espécie de conforto ou, quem sabe, segurança.

- Por isso que contratamos a Yul, Tiffany... – Taeyeon comentou depois de uma longa discussão mental, precisando separar suas mãos para tomar a direção, podendo, assim, desviar o olhar até ela. As sobrancelhas da agente se uniram, teimando aceitar a resposta que tinha. – Sinto que ela irá por um ponto final em toda essa loucura.

Tiffany quis corresponder sua positividade, mas algo em si manteve a língua congelada dentro da boca.

Analisando friamente percebeu que, pouco a pouco, avançavam naquela problemática. Desde que foram aceitas na empresa não se falava outra coisa. Por causa disso, a caçada contra a guerrilha e seus rebeldes, findou por tirar o Sr. Jung do jogo. Ele adoeceu por conta do estresse, como também pelo perigo que isso pudesse trazer para sua família, tendo que colocar tudo nos ombros da filha mais velha. O velho não queria entregar o trabalho nas mãos de outrem, jogando Jessica no meio do fogo cruzado, entrando naquela loucura como de paraquedas, sem nenhum tipo de auxílio.

Lógico que Tiffany ficava agradecida pela oportunidade que Jessica lhe entregava, ao coloca-la ao seu lado. Afinal servia como seu braço esquerdo, aquela que maquina tudo por debaixo dos panos. Porém isso não queria dizer que, ao contratar a morena e entregar os planos na mão de uma assassina de aluguel, pudesse significar a solução de tudo.

Precisava urgentemente conversar com Yul e ver em seus olhos se realmente estava preparada. Pois, se não o estivesse, precisaria aprender a estar ou colocaria tudo a perder.

 

*

 

Jessica teve sua conversa com Tiffany, àquela que se encerra no telefone, que praticamente durou a manhã inteira. Tinham discutido muito e posto tudo o que as incomodavam, em ordem. Para efeito de conversa acreditavam que, se não gostassem de algo proposto pelos militares, deveriam ao menos levantar a mão e mostrar seu descontento. Então terminada a reunião de emergência, com hora marcada para um encontro no arsenal de armas, saíram do vigésimo andar, acompanhadas de perto por Taeyeon, que decidiu segui-las para ver em como iria terminar o infortúnio. Ela sabia que a Lucius entrava naquele serviço como uma espécie de “terceirização”, entregando a mão de obra especializada e isso afetava profundamente o orgulho de Jessica.

Dentro de uma sala simples e espaçosa, até certo ponto vaga e sem muitos móveis, no primeiro andar, se encontraram com os representantes do governo. A sala tinha armários metálicos postos nas paredes, da cor que remetia ao chumbo. Sentados nos bancos de madeira, postos entre os objetos frios, estavam os militares e sua advogada, que direcionaram seus olhares para elas quando a porta foi bruscamente aberta. Sua entrada acabou encerrando a pequena reunião que tinham entre eles. Num canto discreto da salda, estava Yuri que, encostada num armário, conversava banalidades com o nervoso Marshall. Eles pararam instantaneamente de conversar para receber as superiores.

O olhar frio e irremediavelmente irritado da Jung percorreu toda a sala, para em seguida encontrar o general, que se mantinha inexpressivo em seu lugar, já previamente sentado. A advogada Im e o estrategista se ergueram em respeito, recebendo-as com educação. Jessica, sabendo que não poderia adiar aquele encontro, se forçou para mudar a expressão em seu rosto. Sorrindo com amargor, se aproximou deles e cumprimentou a todos.

Com cada um tomando uma posição na sala, se iniciou os tramites da reunião.

- Então, qual são os procedimentos que iremos usar hoje? – Jessica questionou ao cruzar os braços, virando-se para encarar os homens após criar uma distancia razoável entre eles.

- Acredito que já deixamos tudo claro a eles... – O estrategista disse sem muito interesse em estender a conversa, pragmático e pontual em suas objeções, sorrindo desajeitado. – Eles vão se encontrar com nosso contato na estação de Pyeongchang. De lá seguirão para onde estão recrutando novos membros para a guerrilha, enquanto nós iremos rastrear e mapear o caminho. – Explicou aparentemente satisfeito com o resultado, vendo que desafiadoramente uma das sobrancelhas da presidente se ergueu, forçando-o a continuar suas explicações. – Está tudo acertado com nosso informante... Ele aceitou trair os rebeldes em troca de proteção e dinheiro. – Sua mão se agitou para frente, apontando para um banco perto de Yuri e Marshall, mostrando uma velha mochila. – Dentro dessa mochila se encontra a propina. O informante pediu uma taxa pelo serviço.

Terminou de dizer o que tinha transmitido aos agentes antes da chegada de seus superiores, calando-se em seguida. A missão, por enquanto, era bem simples. Eles deveriam entrar em contato com o informante, criar laços com os integrantes da guerrilha, enquanto a inteligência da empresa coletava informações e descobria a localização de onde os criminosos se escondiam.

Um irritante e extenso silencio se estendeu pela sala por uns minutos, sem que ninguém se voluntariasse para quebra-lo. Ninguém aparentemente queria fazer uma observação.

- Só isso? – Jessica questionou. Em resposta, o estrategista maneou afirmativamente a cabeça. – Essa ação me parece estúpida e imprudente. – Cuspiu bruscamente aquelas palavras, movendo os militares que lhe deram total atenção, incrédulos com o que haviam escutado. – Por que não estão questionando nada e aceitando tudo que eles dizem, balançando a cabeça como idiotas? – Apontou para Marshall e Yuri que se mantinham calados.

- P-perdão Srta. Jessica... Mas não há muito a ser questionado. – Marshall respondeu nervosamente ao baixar a cabeça. Confrontar o olhar reprovador de Jessica era algo novo e mostrava-se uma experiência desagradável.

Sua atitude submissa, como se tivesse sido subjugado e obrigado a aceitar aquela missão, irritou-a profundamente. Teve de respirar fundo para não vociferar contra o rapaz e perder a compostura, movendo-se inquietamente em seu canto.

Enquanto a tensão procurava brechas para se instalar entre as partes, havia uma pessoa que permanecia tranquila em seu canto, como se nada tivesse a perturbado.

- Não precisa esquentar a cabeça, Srta. Jessica. – Yul sorriu ao intrometer-se na conversa, tirando o foco da presidente, relaxando o colega por ter desviado sua atenção. Com a mesma calmaria de sempre, tratou de ignorar a expressão inconformada que a Jung lançou por tê-la tratado informalmente. – Por que não sentamos e assim podemos colocar tudo a limpo?

Ela procedeu ao tomar as rédeas das negociações, acreditando que aquela atmosfera tensa e de crescente agressividade entre os dois polos não seria nada proveitoso. Sentando-se num dos bancos, puxou Marshall pelo braço para que também se sentasse, vendo-o relutante segui-la. Mordendo os lábios, Tiffany agradeceu mentalmente a intervenção perfeita da morena e se sentou ao seu lado, enroscando seus braços, recebendo um sorriso solidário e caloroso dela em troca. Taeyeon suspirou discretamente, sentindo-se oprimida por toda aquela atmosfera e foi parar ao lado de Jessica, dando apoio moral. Verdadeiramente mostrava-se receosa como ela, achando que aquilo poderia estar sendo cuidado com precaução, o que não estava acontecendo.

No lado dos militares, como o estrategista se recusava a ficar sentado e o general estando há tempos sentado, restou para que Yoona escolhesse um lugar confortável e adequado para ficar, agindo como se não tivesse incomodada com a proximidade repentina entre a Hwang e a morena. Estava surpresa com o fato de Yuri ter atraído aquele tipo de amizade, quando evitava fazê-lo.

A morena, sempre atenta, percebeu que estava sendo observada pela Im, mas seu olhar insistia em desviar para a Jung, que estava rígida em seu canto, lembrando uma bela estátua de mármore. Obviamente que não estava satisfeita com nada, ainda assim ficava evidente que estava, acima de tudo, nervosa. Ela preocupava-se com algo.

- Já que estamos todos acomodados, por que o senhor não explica o que estava nos mostrando antes que elas chegassem? – Yuri incentivou o estrategista para que continuasse a falar, retornando a conversa de onde havia “tranquilamente” parado.

- Ah, sim! – Ele fez um gesto nervoso com as sobrancelhas, pigarreando alto, subindo os óculos que tinham escorregado pelo nariz bulboso e oleoso. Girando para o lado, pegou uma maleta que estava pousada no chão aos seus pés, abrindo-a, virando para as recém-chegadas. – Esses são os equipamentos de escuta, criados recentemente pelo nosso departamento de inteligência... Hum, você poderia segurar para mim? – Pediu para Yoona que era a pessoa mais próxima, colocando a maleta em seu colo antes mesmo que pudesse ter uma resposta concreta. Sem se preocupar com o olhar ofendido da advogada pela sua falta de educação, retirou um dos aparelhos da fôrma feita pela esponja negra e mostrou a todos. – Ele é bastante discreto, sutil e extremamente útil. Existe uma espécie de sensores em forma de adesivos, que captam e monitoram seus sinais vitais desde que estejam ligados. – Disse pensativo, voltando o olhar para a presidente, que silenciosamente assistia a sua apresentação. – Só existem duas maneiras de encerrar a transmissão de dados pelos sensores. – Pegou uma pequena caixa em formato retangular, fino e compacto, que poderia caber no bolso, mais parecendo um celular. – A primeira é destruindo o receptor e a outra é quando se cessa os batimentos cardíacos do usuário. Esse é um sistema preventivo de segurança moderno, para evitar problemas caso... – A animação de antes pareceu diminuir ao ver que sua explicação começava a ser alvo do desgosto de Jessica. Engoliu em seco e continuou. – Caso as coisas comecem a dar errado, poderemos responder a altura com isso.

Terminou a apresentação e voltou a guardar o equipamento na maleta, sentindo um fio de suor frio escorrer pela nuca, estremecendo ao sentir o olhar incisivo da Jung queimar suas costas.

- Está me dizendo que isso serve para dizer se eles estão vivos ou mortos? – Jessica bufou sarcasticamente. Não pôde mais se manter calada sobre o assunto, aquilo tinha ultrapassado seus limites. Sua atenção caiu diretamente sobre o general. – Isso é o que deseja ao seu neto, general? A morte sem nenhuma garantia de ter ao menos seu corpo de volta?

A atmosfera dentro da sala pesou quando o general saiu de sua imobilidade, respirando profundamente, pondo as mãos no joelho ao se inclinar para frente, pronto para falar.

- Marshall compreende os riscos de sua profissão... Não o trate como um tolo que aceita tudo sem medir as consequências. – Respondeu com impessoalidade e apatia, findando com controle que ela tinha sobre sua raiva.

O sangue de Jessica ferveu, subindo a cabeça num jato de adrenalina e fervor, agravando sua expressão desconfortável e irritada. O tempo pareceu parar e, como num prenuncio de uma tempestade, onde nuvens pesadas e carregadas tomavam o céu, uma onda estática tornou o ar denso e arrepiante.

 Não enxergando outra maneira de reverter à situação, sabendo que sua intervenção apenas pioraria as coisas, Yuri lançou um olhar de socorro na direção de Taeyeon, pedindo mentalmente que tomasse uma rápida ação. Compreendendo-a, não necessitando de palavras, a loura tomou o braço da amiga e soltou uma risada sem graça. Sua repentina atitude acabou chamando a atenção de todos, ainda assim não se acanhou, sabendo que aquela não era hora para recuar.

- Sica – chamou-a de modo cauteloso. – tenho certeza que nós estamos sobrando aqui... Não há nada que possamos fazer, não é Yul?

- Com certeza! – A outra reforçou com confiança, vendo a presidente estreitar o olhar em sua direção. Desconectou seu braço com o de Tiffany para coloca-la em seus ombros tensos, vendo que a agente estava tão confusa, assim como os outros. – Eu e a Tiffany podemos comandar a parte técnica aqui, enquanto vocês e a Srta. Im vão tratar de assuntos jurídicos com Marshall... – Agarrou o braço do rapaz para que acordasse, fazendo com que ele a olhasse de maneira esquisita. – Ele não assinou nenhum contrato e muito menos o seguro de vida! Não podemos negar isso a ele, certo?

Dirigiu suas palavras forçadamente tranquilas a Yoona que, ainda atordoada com a mudança de assunto, principalmente de atmosfera, demorou a entender o que estava acontecendo. Vendo que os orbes escuros da morena praticamente lhe imploravam para que seguisse seus comandos, ela sorriu minimamente, tratando de mudar a postura.

- Bem óbvio que não. – Se ergueu placidamente, pegando sua pasta de trabalho no chão ao seu lado. – Podemos tratar disso lá fora... Acredito que não irá demorar muito tempo...

Disse incerta de como agir, observando a Jung, que trocava incessantemente os olhares dela para Yuri, que apenas sorria alegremente, como uma verdadeira idiota.

Sentindo que Taeyeon também desejava arrastá-la para fora dali, sem mencionar que sua raiva, repentinamente, tinha sido direcionada para outro lugar, Jessica comprimiu os lábios em resignação, aceitando aquela proposta descabida. Descruzando os braços, rumou porta a fora, esperando que os outros fizessem o mesmo. Não dando tempo para que nada saísse novamente do controle, os outros três a seguiram para fora da sala ao trocarem olhares perturbados.

A conversa de cunho delicado que se prolongou dentro da sala não durou muito tempo. Tiffany, embora estressada com o que havia presenciado anteriormente, conduziu tudo de maneira muito profissional, não deixando nós soltos. Quis saber por menores como iriam seguir adiante com a missão, questionando sobre as pessoas que tomariam os postos de supervisão, esclarecendo alguns aspectos que tinha a desagradado. Evitar baixas desnecessárias era seu principal objetivo, portanto passou essa vontade aos dois militares.

Assim que o general e o estrategista saíram da sala, alegando que iriam inspecionar o pequeno centro de comandos, montado numa saleta perto do DIT, a agente se virou para a morena e a abraçou com força.

- Você é um gênio! – Exclamou alegremente e extremamente empolgada, para então solta-la, segurando em seus ombros. – Como conseguiu domar a Jessica daquele jeito?

Yuri ergueu as sobrancelhas em incerteza, pega de surpresa pela questão.

- Não domei ninguém, Fany. Ela apenas foi sábia em evitar o conflito... Sei que deve estar querendo arrancar minha cabeça fora. – Deu de ombros rindo sem graça, não sabendo se deveria levar sua reação como uma espécie de elogio. Para todos os efeitos, acabou agindo desconfortavelmente.

Tiffany riu com sua resposta, balançando a cabeça negativamente, sem aceitar.

- Ela pode estar até querendo sua cabeça numa bandeja de prata, mas de uma coisa estou certa... – Falou em tom humorado. – Ninguém nunca foi tão corajosa ou estúpida quanto você para enfrenta-la assim e ainda conseguir calá-la. – Pontoou a motivação de todo o seu espanto, vendo que isso tinha atraído à atenção de seus olhos escuros, que estavam imersos na dúvida. – Apenas continue com isso!

Piscou de maneira malandra e saiu da sala, dando permissão para que pudesse trocar de roupa, e assim colocar os dispositivos abandonado pelo estrategista, da maneira correta.

Evitando pensar no que a agente tinha dito, Yuri tratou de repassar a missão em sua cabeça, procurando decorar o itinerário e montar possíveis situações, premeditando seus passos.

Ela e Marshall teriam documentos falsos, Poderia encontrar um conjunto de passaportes e identidades manipulados dentro de um dos bolsos da bolsa. Observou com atenção os nomes, decorando-os, e notou que se tratava de cadastros militares. Num papel solto junto com a documentação, encontrou a declaração aparente, de que o casal tinha sido expulso das forças armadas nacionais, por cometerem crimes políticos motivados como: “insubordinação; apologia e propaganda de preceitos rebeldes”. Embora tivessem as identidades militares, estava claro que deveriam agir como civis fugitivos das forças armadas. Nada de roupas chamativas como as do escritório. Deveriam ter cuidado para que ninguém suspeitasse deles ou acabariam pondo tudo a perder.

Enquanto Yul se estrangulava para colocar os sensores cardíacos em seu peito, a porta a suas costas se abriu, justamente quando estava sem a roupa de cima, recebendo de sutiã, Taeyeon que ficou mediatamente vermelha.

- Desculpa! – Envergonhada desviou o olhar, com o rosto ardendo igualmente a brasas. – Eu deveria ter batido na porta antes de entrar.

Continuou a se desculpar, dando uma rápida e gaguejante explicação, se sentindo profundamente envergonhada por ter entrado tão subitamente.

- Tudo bem baixinha, pode entrar. – A morena devolveu com uma risada, agindo como se não fosse nada demais, chamando-a para dentro. Aliás, não era nada de importante. – Poderia colocar isso em mim? Não tenho certeza se está certo...

Resmungou constrangida com sua falta de habilidade, mesmo depois de ter se gabado por ser uma espiã de alta categoria.

Taeyeon, por mais que vergonhosa fosse à situação, terminou rindo e se aproximou, pegando os sensores para ajuda-la. Tirou o involucro plástico que protegia a parte adesiva e os colou no lado esquerdo do torso desnudo da morena, acreditando que não existia melhor lugar para colocar o sensor, pondo-o em cima do seu coração. Ao terminar de colar os fios em seu corpo com uma fita adesiva da cor da pele, sentiu uma breve incerteza dominar a cabeça, forçando-a a erguer o olhar do trabalho que executava.

- Estou meio incerta, Yul... Tenho a sensação de que isso está de alguma forma errada. – Admitiu com sinceridade.

- Você colocou esse troço no lugar errado? – A morena suspirou fortemente ao tentar puxar o adesivo fora, mas parando no meio do processo ao ver que isso ia doer. – Cacete Taeyeon! Isso vai doer pra tirar...

Choramingou infantilmente, contudo, antes que pudesse tentar arrancá-lo mais uma vez, as mãos pequenas e pálidas da loura impediram a sua, chamando a atenção de seus olhos. Suas sobrancelhas escuras franziram ao ver que seus orbes castanhos de Taeyeon estavam mergulhados em preocupação e insegurança.

- Não estava me referindo a isso. – Negou seriamente sem desviar o olhar.

Yuri parou de se mover, encarando-a firmemente, pensando no que acabara de expressar. Estava mais que óbvio o quanto a situação tornava-a insegura e pensativa. Ao que tudo indica, Taeyeon estava a tratando como uma de suas amigas. Considerando-a alguém de valor, que merecia um fragmento de sua atenção e dever de cuidado.

- Não se preocupe comigo, baixinha... Vai tudo dar certo. – Ela se obrigou a sorrir, derrubando a mão em seu ombro pequeno e delicado. Não estava verdadeiramente afetada por aquela missão, mas isso não queria dizer que o estômago não estava revirado em nervoso. Tinha enfrentado coisas piores e tomava aquilo como uma operação padrão, então nada poderia dar errado. Esperava que estivesse certa.

A Kim não largou seus olhos como se podendo lê-los por completo. E no fundo daqueles orbes enegrecidos, conseguiu encontrar algo que a deixou intrigada.

- Me promete que um dia você vai me contar quem você é? – Perguntou enquanto a via vestir a blusa, deixando-a momentaneamente sem resposta, tendo a permissão para escapar de seu olhar.

- Okay... – Ela suspirou após ponderar alguns instantes.

Sorrindo mais calma, Taeyeon agradeceu seu compromisso e estava prestes a sair, quando a porta voltou a abrir. Para sua surpresa encontrou Jessica que entrava sem nenhuma companhia. Sua expressão estava mais tranquila, aparentemente controlada.

- Pode nos dar licença, Taeyeon? – Pediu educadamente num tom neutro, calmo demais para não temer mesmo que minimamente.

A loura lançou um olhar questionador na direção da morena. Sabendo que não havia como expulsá-la, sem saída para escapar – como se quisesse fazê-lo –, Yuri deu de ombros, conformada. Sendo assim, Taeyeon refez seus passos para fora. Mas antes de sair, soltando murmúrios apenas audíveis para a presidente, pediu que não exagerasse e nem liberasse toda sua frustração sobre ela. Em resposta, escutou seu suspiro consternado, abrindo espaço para que pudesse sair.

A morena encarou a entrada de Jessica como um enigma, não poderia imaginar o que poderia sair de sua boca. Talvez pudesse imaginar alguns cenários, mas preferia trabalhar com a imprevisibilidade, já que ela era assim, imprevisível como uma tempestade em alto mar. Então, agindo como se não fosse muita coisa ter sua presença no recinto, quando na verdade era o contrário. Virou-se para a mochila, tirando suas botas de dentro dela e sentou-se no banco, vestindo as meias nos pés gelados pelo ar-condicionado. Enquanto o fazia, olhou sua contratante com disfarçado interesse, perguntando-se o que poderia querer agora.

Notando que seu silencio parecia não importuná-la, muito menos abalar o semblante calmo, Jessica soltou um forte e audível suspiro, como se baixando todas as defesas que erguia. Estaria desistindo?

- Tem certeza de que pode continuar com essa missão? – Perguntou ao fim de uma divagação, fazendo-a erguer uma sobrancelha sem mudar a expressão.

- Se duvida da minha capacidade, então por que me contratou? – Yuri sorriu provocante, mas ao ver que sua atitude a confundiu, sentiu-se duvidosa por um momento. – Você não precisa temer nada comigo, Srta. Jessica. Não é a primeira vez que caminho para a morte...

Jessica não sabia se tinha o direito de ficar amedrontada com suas palavras ou se as tomava com alívio. O desapago com a vida transmitida em suas palavras fazia com que, dentro de si tudo fervesse e em seu coração sentisse leves pontadas. Por que ela era daquela maneira? Aquela mulher não lhe fazia bem por confundi-la, agindo com desapego, colocando-a no limite das emoções, como se não tivesse controle de nada. Temia se aproximar dela, assim como se teme o fogo. Não a conhecia e, ainda assim, sentia que começava a compreendê-la. Pelo menos entendia certos padrões de comportamento. Certamente sua insegurança sobre a missão e em como ela agia a fez vir até aqui para confrontá-la, entrando em conflito com seus próprios receios. Por mais que Yuri tivesse o empenho de afastá-la, isso só a atraia, como se sua áurea fosse magnética.

Chegando naquele ponto de pensamento, encontrando-se simplesmente perdida, Jessica voltou a suspirar de maneira diferente. Passou a mão no cabelo para reorganizar as coisas na cabeça, enquanto permitia que o olhar caísse ao chão.

- Apenas não estrague tudo, ok? – Pediu com a voz inalterável, decidindo colocar de lado toda animosidade que sentia por ela, em prol da missão. É claro!

Sua intenção com a conversa era para obter uma promessa, quem sabe, uma resposta em troca, o que não aconteceu. Por causa desse silencio que transcorreu em seguida, teve de erguer o olhar para ter a certeza de que ela não a ignorava. Coisa que só de imaginar fazia o sangue ferver em irritação.

Jessica não estava preparada, na verdade nem ao menos tinha esperado sua aproximação. Yuri, usando de sua distração e de seus passos silenciosos como de um caçador, seguiu em sua direção, praticamente a mesma da porta.

Repentinamente ela ficou tensa e nervosa, paralisada em seu lugar. Seu olhar chegou a desregular minimamente sua respiração. Jessica esperou fervorosamente que passasse diretamente por ela, ignorando-a. Tratou até mesmo abrir espaço para que pudesse passar sem empecilhos. Porém, contrariando-a, encontrou a alta morena parada a sua frente, com um sorriso adocicado esticando seus lábios naturalmente cheios e avermelhados para cima. Era a primeira vez que a via sorrir daquela maneira. Sem saber como reagir, o corpo engessou no lugar passando a encara-la fixamente.

Ainda assim, por mais que estranhasse aquela aproximação, logo ela que por muitas vezes tratou de respeitar seu espaço, sentiu-se perturbada por ver que seus olhos, a única parte do corpo que pareceu não ter controle sobre, caíram na direção daqueles lábios atraentes que lhe sorria. Um tremor inconsciente atravessou a espinha de uma ponta à outra, com tal visão, criando uma expectativa confusa.

- Cuida disso para mim enquanto não volto? – A assassina pediu com tom de galhofa ao estender, no curto espaço entre elas, um molho de chaves e seu celular, chamando a atenção dispersa de seus olhos, que subitamente se ergueram na direção dos seus.

Yuri não compreendeu como seus orbes amendoados poderiam estar cheios de sentimentos, mesmo que estavam nublados e confusos. Por muito pouco não conseguiu controlar o ímpeto de toma-la em seus braços, procurando confortá-la. Seu olhar estava vulnerável e isso partiu seu coração. Cometera um erro ao se aproximar tão precipitadamente. Controlou-se com dificuldade em manter a voz firme e estável, quando tudo por dentro pareceu desmoronar.

– Não posso levar isso comigo... Até que poderia entrega-los a Taeyeon ou Tiffany... Mas prefiro entregar a você, como uma espécie de troca de confiança. – Disse ao abrir uma forçada expressão esperta, como se realmente fosse capaz de ser dona de si, quando se sentia tão controlada por ela. Se Jessica quisesse, bastava pedir que não saísse por aquela porta, que não iria. – Eu te entrego algo que me é importante, então você terá que confiar em mim sobre essa missão. O que acha? Uma troca justa, não?

Procurou mais uma vez se sobressair no momento, evitando pensar besteiras e inutilidades. Evitar cair no controle daquela mulher, que aos poucos estava deixando-a louca. Ela não poderia ser assim, essa tensão que dominava o seu corpo precisava se dissipar. Preferia pensar que não passava de uma frustração sexual, por aquela mulher a sua frente ser linda e terrivelmente desejável. De qualquer maneira não podia se entregar... Não para a Jung.

Jessica teve a sensação de estar de diante de um habilidoso vendedor, que tentava convencê-la de que estaria fazendo uma boa aquisição numa compra duvidosa, com suas palavras sedosas e mansas, perfeitamente articuladas e pensadas com cuidado. Ela tentava convence-la agindo como uma espécie de feiticeira, encantando-a, abusando de suas atitudes confusas e sedutoras. O que poderia se passar em sua mente era um mistério e não adiantava olhar em seus olhos, pois as respostas estavam escondidas, imersas naquela imensidão negra que eram suas íris.

- Isso não é o mesmo que entregar vidas inocentes... – A presidente tentou contradize-la, porém teria dado mais certo se tivesse pensando melhor e com mais coerência o que iria dizer.

Tudo em sua cabeça estava em completa desordem e sabia que isso era culpa de seu olhar fixo, ainda assim não teve vontade para desviá-lo. Yuri, como se esperando por isso, buscou retruca-la. Com o coração batendo forte, respirou fundo para controla-lo dentro do peito. Tinha o suprimido para o seu bem e notava o quão cansativo era fazê-lo.

- Sei que não, mas é tudo que posso te oferecer no momento. – Deu de ombros ao terminar aquela explicação, pedindo mentalmente que sua teimosia se dissipasse, mantendo firme o olhar sobre ela, como se não pudesse desistir. – Aceita ou não?

Os olhos amendoados da presidente caíram sobre os objetos que oferecia, pela primeira vez saindo do controle daquele olhar forte, tomando-os como se fossem ameaças. Inexplicavelmente a morena estava lhe entregando algo que acreditava ser importante, em troca da sua confiança. Ela não compreendia o que tentava conseguir com tal proposta, mas tinha a certeza de que a troca não seria tão necessária. Seria o suficiente se tivesse utilizado somente palavras, dito o esperado “prometo”.

- Você não tem medo de que eu mande vasculhar suas coisas? – Questionou ainda hesitante em esticar a mão, permitindo que seus olhos voltassem a vasculhar os dela.

- Não tenho muita coisa que valha a pena ser investigada, mas vou confiar em você, Srta. Jessica. – Alargou o sorriso de maneira esperta, remexendo com as estruturas da Jung, que teve de desviar o olhar, engolindo em seco, sentindo-se imensamente estranha.

- Se é o que diz... – Tomou as coisas de sua mão rudemente. – Apenas não venha com arrependimentos depois.

- Tenho certeza de que não terei nenhum.

Jessica percebeu que havia algo diferente em seu olhar, uma espécie de conforto a tomou naquele momento, fazendo com que relaxasse mesmo que minimamente, o que a fez se calar enquanto a observava sair daquela sala.

Por outro lado, mostrando-se inquieta por quase ter vacilado a uma vontade que acreditava ser meramente sexual, Yuri saiu da sala com a impressão de que precisava voltar. Repentinamente sentia-se enérgica, querendo não falhar com as expectativas que colocaram sobre ela naquela missão. Não havia mais dúvidas, se é que existia, de que tudo daria certo.

Enfim, a dama da sorte lhe sorria.


Notas Finais


Será que esse Yulsic ainda sai ou tá difícil? Kekekekekek preparem-se que próximo capítulo vai ter ação!
Comentários? Até a próxima! ^^


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...