1. Spirit Fanfics >
  2. Learn >
  3. Um Pôr Do Sol Vermelho

História Learn - Um Pôr Do Sol Vermelho


Escrita por: thereddiamond

Notas do Autor


Olá, como vão??

Nossa me sinto uma estranha voltando a postar um novo capítulo depois de tanto tempo kkkkkkkkkk. Peço mil perdões sobre esta demora, guys. Realmente foi algo que não esperava que acontecesse, foram muitas semanas de provas, estresses e baixa autoestima para escrever. Sinto muito mesmo por ter demorado tanto a produzir um capítulo kkkkk.

Felizmente as semanas de provas acabaram, estou mais tranquila e possivelmente preparada para atualizar com mais frequência e ah, acabei de perceber que próxima semana, dia 12, Learn completa um ano. Uau! Tá demorando pra terminar HUSHAUSHAUSHAUSHAUSHA Enfim, acabada a palhaçada, devo dar um pequeno alerta que agora, de vez, a fic vai tomar os rumos para a fase final. Chegamos ao ato três e é nele que se foca o Yulsic, então para quem tanto esperava um momento desse otpzão, pode ficar tranquilo que vão ter vários... Promessa da tia aqui kkkkkkkkkkk.

Dados os recados e pedidos de desculpas, deixo vocês com o capítulo, espero que gostem e perdão se houver erros omissos da correção <3

Beijos e boa leitura ;)

Capítulo 22 - Um Pôr Do Sol Vermelho


Um cheiro diferente pairava no ar da casa velha e o verão ardia intensamente do lado de fora. Mesmo que a brisa fosse agradável e convidativa, ficar dentro de casa era mais aconchegante. Yuri estava sentada no sofá balançando as pernas curtas que mal alcançava o chão, com seus olhos correndo pela sala, atentos e curiosos, observando as chamas de uma lareira.

Reconhecia aquela lareira feita de tijolos vermelhos. Era a mesma que havia em sua casa, onde nos dias mais rigorosos de inverno seu pai colocava alguns tocos de madeira e as acendia para aquecê-los. Lembrava que o momento de acender a lareira parecia ser algo solene, que não poderia perder. Achava interessante como de um instante para outro uma pequena fagulha poderia se tornar em labaredas coloridas e lindas. Porém havia algo de errado na lareira, ela expelia um cheiro forte terrivelmente doce e enjoativo que arrepiava seu couro cabeludo. As formas que estavam sendo queimadas eram esquisitas, não se parecia com nenhum tipo de madeira que tenha visto. Tratavam-se de contornos bizarros e tortos. Uma parte consciente de seu cérebro lançava alertas para que corresse, como se houvesse perigo quando na verdade ao seu redor o tempo estava calmo. Seus olhos acompanharam as nuvens brancas e fofas que tranquilamente passeavam no céu azul-claro, pela janela.

O que estava fazendo ali? Essa casa que recordava partes tinha desaparecido em meio a cinzas… Aquela certamente se tratava de uma memória do passado. E com isso, ao reconhecer a realidade, seu pequeno mundo virou pó. Ficou a sós com cinzas negras cobrindo todo o chão que um dia fora limpo e bem cuidado. Seus pés dessa vez alcançava o chão, mas ela não o sentia. Estava dormente, o corpo inteiro tinha adormecido e não encontrava forças para mover-se, embora a mente estivesse em rebuliço.

Sentia como se estivesse sendo consumida por fogo, queimando e ardendo, a tosse veio em seguida arranhando a garganta que estava seca como osso. Queria vomitar, se mover, gritar, falar... Mas nada correspondia bem. Passou por breves momentos num intensificado desespero acreditando que estava presa no próprio corpo, até que por fim escutou sua voz. Uma palavra caiu entre os lábios secos e rachados. Era um choramingo tão baixo e tremeluzente que mal compreendeu o que dissera. Isso a acordou daquele pesadelo que não pareceu ter fim, pois em seus sonhos encontrava a desgraça e o cheiro da morte, sendo um alívio ao acordar. Só que dessa vez a realidade não era tão diferente, seus olhos doloridos e ardidos vasculharam a escuridão adaptando-se lentamente a claridade que entrava pela janela. A lua deveria estar imensa e clara, a luz prata revelava contornos pálidos de um quarto pequeno, sucinto e silencioso. Alguém próximo ressonava baixinho, som que sobrepujava vez ou outra o canto dos grilos.

Onde estava? Ela não fazia a menor ideia. Sua mente esparsa estava perdida no tempo e espaço, os pensamentos queimando ao lembrar que tinha estado em apuros após ser abandonada por Taecyeon. Havia andado por quilômetros enquanto sangrava até encontrar um rio e cair na água, se afogando por não conseguir ter forças para atravessar uma correnteza tranquila a pé e muito menos nadar.

Contudo, isso não importava agora já que seu corpo paralisado na cama gritava por outras necessidades. Sentia frio embora estivesse com um cobertor na altura do pescoço e existia um incômodo reverberando por todos os cantos, como se tivesse quebrado muitos ossos e rasgado seus músculos. A cabeça era a parte mais dolorida, então, sabiamente, decidiu que não se mexeria e se possível pararia de pensar para evitar problemas.

Sabia se virar em situações como aquela, onde nada parecia favorável a sua sobrevivência, mas, naquele instante, sentia-se triste e um pouco desamparada e completamente sozinha. Queria chorar. Tal vontade crescia em seu peito com tanta força, que formou um nó na garganta, sufocando-a. Buscou o ar bruscamente pela boca e procurou diminuir essa vontade tola. Em que adiantaria chorar?  A resposta se resumia basicamente a um “não”. Ainda assim foi incontrolável manter-se estável psicologicamente. Uma enxurrada de sentimentos tinha se acumulado no peito, culminando num choro fraco e silencioso. Os soluços eram secos e as lágrimas ralas. Se considerava um verdadeiro caos e não sabia como poderia arrumar tudo, se é que poderia.

Tampouco Yuri sabia que não estava desamparada como acreditava estar, pelo menos não fisicamente. Sua mente acometida pela vulnerabilidade efêmera, não lembrou que horas atrás tinha sido resgatada por Jessica e seu motorista. Não estava sozinha no quarto como acreditava. Jessica estava próxima à cama. Havia se sentado numa cadeira que trouxera da cozinha, na intenção de esperar Siwon voltar da cidade e consequentemente aproveitando para vigiar a morena, quando o cansaço apareceu e antes que notasse, adormeceu sentada. Seu pescoço estava penso com o queixo esmagado contra o peito, tendo encolhido as pernas para se agasalhar no próprio corpo, definitivamente uma posição nada confortável.

O som estranho que saiu daquele pranto enfraquecido a acordou num solavanco. Grogue, avaliando a dor e rigidez em seu pescoço, tentou entender o motivo de ter acordado. Sabia que algo estava errado e, segundos depois com a mente mais acordada, voltou a escutar o som que a acordara. Surpresa ao notar que Yul estava desperta, se levantou da cadeira e foi até ela, sentando-se na cama, tomando o cuidado para que seu peso não magoasse a ferida coberta pelo edredom. Embora não pudesse ver muitos detalhes a pouca luz, pelos poucos contornos de seu rosto sombreado, pode perceber o que estava acontecendo e isso a desarmou.

Raramente se deparava com pessoas chorando a sua frente e as que choravam não chegavam a verdadeiramente abalá-la. Por mais que fosse sensível ao pranto e a tristeza, havia aprendido a ignorá-las. Portanto, com tanto treinamento, deveria ser capaz de também ignorar aquilo, mas vê-la em tal estado certamente a espantava. Algo em Yuri, talvez a rigidez e intensidade de seu olhar, a fez acreditar que não existissem traços de vulnerabilidade em sua pessoa, que naquele instante demonstrava o oposto.

— Ei – A chamou com sua voz rachando no meio do caminho. Estava incerta e intimidada pelo choro, desestabilizada por encontrar um lado seu que até então impensado e desconhecido. – O que está acontecendo? Sente dor? – Questionou preocupando-se com seus machucados. Quem sabe a sutura tinha se partido? Não conseguia imaginar outra resposta.

Em contrapartida, novamente, acabou sendo surpreendida pela a assassina de aluguel que, murmurando, deu sua resposta.

— Peito... Dói muito... – Disse e então voltou a chorar com mais força, fazendo a cama estremecer com os soluços entrecortados.

Petrificada e desnorteada, Jessica permaneceu parada por severos longos minutos pensando na possibilidade do que sua resposta poderia significar. Pensou que talvez estivesse tendo um ataque cardíaco, falta de ar, quem sabe até mesmo gases... Não, aquilo não parecia estar correto. Nada daquilo parecia ser biológico. O que poderia se passar em sua cabeça nesse momento, para que se jogasse nas lágrimas e no choro, ao ponto de não conseguir falar? Tinha vagas suspeitas da resposta. Resposta essa que evitava a todo custo por temê-la. Deveria haver um tratamento, pensou em pânico. Deveria pegar algum remédio? A sacola de remédios que Siwon trouxera estava em cima da cômoda, ao lado da cama, bastava esticar o braço para pegá-la. Porém não conseguia acreditar que aquilo seria a solução. Seria melhor chamar alguém mais competente? Não, estaria se subestimando e odiava colocar-se para baixo, como se não fosse capaz de fazer algo por ninguém e nem por si mesma.

De todas as maneiras, o que emergiu em seu âmago era simples, ainda que muito complicado. Queria abrandar sua dor e ponto final. Precisava fazer algo por ela, ainda que tenha feito muito, porém não havia feito o suficiente.

Sendo assim restou uma única opção, essa que se esquivou. A morena precisava de apoio, isso não queria dizer que sabia exatamente o que fazer para aliviar ou diminuir a “dor” em seu peito. Meras lembranças da infância afloraram em sua mente, abrandando e respondendo certas dúvidas, descobrindo que de fato poderia ajudar. Esse era um truque que sua mãe usava quando ela ia ao seu quarto, amedrontada pelo escuro, reclamar dos monstros que poderiam habitar nas sombras.

Hesitante sua mão avançou o curto espaço que as separava. Seus dedos estavam trêmulos, mas continuaram seguindo em frente e, com as pontas dos dedos, enxugou as lágrimas que escorriam pelas bochechas, sentindo em seu toque a pele quente de Yuri e alguns arranhões deixados pelo acidente, que deixavam sutis desníveis na cútis. Os olhos inquietamente a examinaram, esperando alguma reação negativa quanto à repentina aproximação e toque.

O contato atraiu o olhar de Yuri, que surpresa parou lentamente de chorar. A observou com o cenho, reconhecendo que estava sendo consolada.

— Está tudo bem, Yul... Eu estou aqui... – Jessica não soube como aquelas palavras engasgadas saíram do bolo na garganta, o consolo maternal que viva trancado em suas memórias, das poucas coisas boas da vida, pareciam ter adquirido certo sentido por mais que permanecesse a não entendê-las por completo. Ao ver que não fora rechaçada e nem repreendida, tendo sua completa atenção, pousou a mão em sua face, retirando fios do cabelo emaranhado que caíam em seu rosto. – Eu estou aqui.

Reforçou com mais confiança, ficando amedrontada. Aquelas palavras possuíam um significado e esse significado a assustava mais do que qualquer coisa. Parecia prometer-lhe que ficaria ao seu lado, quando na verdade deveria estar a afastando para seu próprio bem. Uma aproximação indesejada era perigosa e tudo por dentro se remexeu inquieto ao concordar. Sabia que não podia negar-lhe um mínimo consolo, mas seria apenas isso? Deveria acreditar nas palavras como meras palavras e não promessas que consequentemente não seriam cumpridas. Por que estaria a fazer promessas? Isso não fazia o menor sentido.

Não havia mais escapatória, os olhos de Yuri prenderam-se nos seus, mostrando-se brilhantes mesmo com tão pouca iluminação. Dessa vez pareciam tão sinceros e puros, que pode enxergar a dor que a afligia. Jessica prendeu a respiração, enquanto que pedaços do coração foram trincados.

Por que aquilo acontecia? O que poderia tê-la a abalado? Perguntas e mais perguntas se amontoaram em sua cabeça, soterrando a consciência que gritava perigo. Em seguida o que parecia ter sentido perderam o rumo quando viu suas defesas rachando e quebrando. De alguma maneira a morena estava se arrastando para dentro de sua essência. Realmente as palavras que dissera antes eram promessas vãs, palavras sem mero sentimento?

Vacilante com a intensidade de seu olhar, retraiu a mão como se evitando queimar-se do fogo e desviou os olhos antes que fosse tarde demais. O medo germinou em seu peito ao ponto de gelar a alma. Sentir-se mais vulnerável que ela não estava em seus planos. Não sabia quando foi que começou a se importar com alguém como ela, que nunca estava disposta a entregar algo em troca e apenas a receber. Por que tinha de ser bondosa com alguém frio, que mata por dinheiro e se vangloriava das mortes? Estaria aquilo acontecendo novamente?

Seu destino era uma piada, uma das mais sem graças e de mau gosto. E se seu choro não passasse de um jogo, assim como muitos outros fizeram? Não era a primeira vez que alguém tentava enganá-la. Não... Não poderia se enganar novamente. Sua ingenuidade e bondade por muitas vezes a colocaram em difíceis situações. Fora duro ter que aprender a escapar desse tipo de armadilha, tanto que até esqueceu como seria um verdadeiro sorriso seu, o calor de um afeto ou o sabor de um beijo. Estava acostumada a conviver com a falsidade, tornando-se insensível.

Enfim se conscientizou de que deveria tomar uma decisão. Algo precisava ser feito mesmo que isso significasse ignorar certos temores e, ao voltar-se para a morena, descobriu que ela permanecia a olhar-lhe em silêncio. Não havia mais nenhum vinco em sua testa que indicasse confusão, na verdade parecia reflexiva ao viajar no mundo de seus pensamentos.

Arranjando uma forma de escapar de seu olhar, se ergueu da cama e foi ligar a luz do quarto, descobrindo coisas eclipsadas pelo claro-escuro. Yuri estava pálida como uma folha de papel, por mais que suas bochechas estivessem intensamente escarlates. Obviamente aquilo não se tratava de um rubor envergonhado ou tímido. Alarmada com a mudança, se sentou na cama e acabou sentindo que as cobertas estavam muito quentes. Tocou sua testa e constatou que sua pele ardia. Esses eram indícios de uma febre alta, o que a fez pensar na possibilidade de que seu choro e aparente vulnerabilidade, seriam os reflexos da febre. Descartou o pensamento e decidiu que isso não era tão importante assim, precisava resolver um problema e era o que faria.

Suspirando discretamente, sentindo o olhar da morena penetrando em seu corpo como agulhas, pegou na sacola um termômetro e deu início aos procedimentos. Na verdade seria muito melhor se tivesse continuado com seu choro, pois aquele olhar penetrante a deixava desconfortável. Tirou-lhe a temperatura e viu que realmente ela se queimava de febre, o termômetro chegou a quarenta graus facilmente. A assassina estava doente numa cama, sem a roupa de cima e com a parte de baixo ainda úmida, suja de lama. Deveriam ter dado um banho nela, mas isso passou longe de sua cabeça. Com pressa procurou dar-lhe os remédios e saiu atrás de Siwon, encontrando-o dormindo profundamente no sofá da sala, que foi anteriormente limpo com água sanitária e detergente para tirar o sangue da morena, deixando no ar um forte cheiro que provocava coceiras em seu nariz.

Acordou o motorista alertando-o da febre de Yuri e que a medicou preventivamente, pedindo novas instruções sobre o que poderiam fazer. Ele imediatamente se prontificou a levantar-se, indo para o quarto. Olhou a ferida no abdômen de Yuri – que reclamou ao ser novamente descoberta –, garantindo que nenhum ponto acabou se partindo. Ele até pensou em fazer questionamentos, mas ao vê-la adormecer, permitiu que ficasse quieta em seu lugar. Deveria estar exausta, afirmou Siwon ao sorrir para tentar elevar o ânimo da patroa, que silenciosa observava a tudo. Seus olhos estavam focados num ponto vazio da cama, quando a chamou.

— Podemos voltar para Seoul, acredito que ela precisa de cuidados médicos mais efetivos – Ele propôs assim que teve sua atenção.

Aquela era uma oferta que Jessica não sabia se estava feliz em ouvir ou se passava a se preocupar mais.

— Isso não seria pior? – Questionou mostrando-se atenta à situação, embora o coração repentinamente estivesse dividido e pesado em seu peito. Era uma sensação angustiante e odiava sentir-se assim sem aparente motivo.

— Nenhum pouco. – O homem negou tranquilamente, deslizando o olhar para a morena, que tinha a testa franzida, onde gotas de suor começavam a surgir. O efeito do remédio parecia estar funcionando, embora isso não melhorasse a infecção da ferida. – Acredito que ela consegue suportar essa viagem... Vale a pena tentar.

— Ótimo... Então vamos indo. – Aceitou com frieza, saindo do quarto em busca da dona da casa.

Embora fosse uma hora avançada da madrugada, não foi difícil de encontrar Kate, que estava acordada na cozinha. Aparentemente não tinha conseguido dormir graças aos eventos do início da noite. Estava tão agitada a fazer tarefas diárias da casa, que mal notou a entrada de Jessica. A presidente não se demorou muito na conversa com Kate, pois estava com a cabeça aérea, preocupada com outras coisas, mas com sinceridade agradeceu a ajuda da mulher e entregou-lhe um cartão com contatos da Lucius, caso precisasse de algum auxílio. Precisava retribuir o favor.

Kate os acompanhou até a saída, observando o motorista colocar a morena deitada no banco de trás do carro, meio nocauteada pelos remédios e a doença que lhe acometia. A despedida não se estendeu muito, a dona do rancho parecia verdadeiramente agradecida por eles estarem indo embora por vontade própria. Quanto menos problemas se envolvessem, melhor seria para ela e seu filho.

A viagem de volta foi tranquila, exceto para Jessica que passou mais tempo virando o pescoço para ver se a morena estava bem, quando o carro fazia uma curva muito fechada e escutava seus resmungos. Se soubesse que teria ficado daquela maneira, certamente teria dividido espaço com ela atrás, ao invés de ir sentada na frente junto com Siwon e ficar com aquela dorzinha chata no pescoço. Se bem que aquela dor já estava ali antes mesmo disso.

Eles chegaram na cidade às quatro da manhã, as ruas estavam vazias e tranquilas por causa do horário. Jessica foi enfática ao exigir que ele seguisse em direção à empresa, por mais que tivesse uma pessoa doente dentro do carro, o melhor seria leva-la ao ambulatório da Lucius. Ali dentro poderiam monitorá-la com mais segurança e chamar menos atenção.

No caminho fez uma ligação para Tiffany e não se surpreendeu ao encontra-la acordada, ainda presa em tarefas dentro da empresa. Deveria estar pilhada, enérgica, desde que saiu em busca da assassina. Quando chegaram ao destino final, não estranhou ao ser recebida no elevador por ela e Taeyeon. As duas mulheres expressaram espanto ao ver a condição nada agradável de Yuri, que estava meio inconsciente apoiada nos braços fortes de Siwon. Por mais que ele tenha insistido em leva-la completamente em seus braços, a própria morena recusou sua ajuda, acreditando ter força suficiente para se apoiar nas pernas. Aquele era seu lado mais orgulhoso aparecendo de maneira desnecessária.

Mesmo que isso tenha irritado a presidente, Jessica se manteve calada, seguindo silenciosamente atrás da comissão que se arrastava para o ambulatório no primeiro andar. Por lá havia não apenas uma enfermeira, como um doutor de plantão que imediatamente recebeu a nova paciente, colocando-a numa cama.

Satisfeita com o atendimento, acreditando que tinha feito seu trabalho, Jessica se retirou do quarto e se viu completamente sem ânimo. Tinha se alimentado mal durante um dia inteiro, dormido poucas horas... Estava um caco, na melhor das hipóteses. Encostou-se na parede do corredor e se sentou no chão frio, parando para respirar alguns instantes, sentindo que precisava diminuir a adrenalina que corria em suas veias. A confusão que revirou sua cabeça ainda estava lá provocando seu estrago, iria permanecer assim até que novamente tivesse a chance de ficar sozinha para pensar melhor no que estava acontecendo.

Tiffany, que estava mais calma com sua chegada, sentou-se ao seu lado depois de sair do ambulatório. Havia ficado satisfeita ao ver que Yul estava salva e que alguém competente, de sua confiança, estaria cuidando de seus ferimentos. Sabendo que Jessica estava cansada, vendo os círculos arroxeados de exaustão abaixo de seus bonitos olhos, tentou leva-la para casa. Mas, por motivos que nem ela mesma compreendia, Jessica se recusou a levantar-se, pensando que não havia nada em casa que a fizesse querer estar lá. Não vendo outra alternativa, Tiffany permitiu que ficasse sentada, apoiando sua cabeça no ombro. Ao vê-la adormecida ao seu lado, parou para pensar que ela estava diferente do habitual. Poderiam ser amigas há anos, mas foram poucas as oportunidades desde que se reencontraram na empresa, que tiveram de compartilhar momentos mais tranquilos. Ver suas roupas simples e o rosto limpo de maquiagem a assustou. Tinha se acostumado com a imagem de empresária imponente, que havia esquecido que por trás existia uma mulher frágil e bela precisando de cuidados e atenção, além de férias prolongadas.

Sorrindo suavemente, a observou adormecer numa rapidez surpreendente e riu com o peito aliviado ao encontrá-la bem. Tinha estado preocupada durante a madrugada e até pensou em mandar alguém atrás dela, porém se refreou ao ver que isso apenas traria complicações e ficou feliz ao ver que tinha tomado à decisão correta.

Quando Siwon saiu do ambulatório com Taeyeon em seu encalço, pediu para que ele levasse a presidente para casa. Embora quisesse ficar e ver se Yuri estava melhor, deixou que Taeyeon tomasse sua posição, requerendo que ficasse na empresa naquela noite e cuidasse da morena, enquanto que ficaria a ela o encargo de cuidar de Jessica. No dia seguinte estaria disposta a trocar de posto, se fosse necessário.

Sem reclamar, na verdade concordando imediatamente, Taeyeon se despediu com um rápido abraço e os viu entrar no elevador no fim do corredor. Vendo que estava sozinha voltou para o ambulatório quase vazio.

Com um longo suspiro se sentou numa cadeira virada para a cama, passando para um modo vigilante. Dentro do quarto pequeno havia apenas as duas e isso a acalmava, permitindo que pudesse pensar. Assim que seus olhos correram sobre Yuri, vendo-a vestida com uma roupa hospitalar e tubos ligados a ela, percebeu que as coisas não iam tão bem quanto aparentava. Quais seriam as consequências do ataque? O que estaria às esperando mais a frente? Muitas questões que infelizmente seriam respondidas com o tempo.

Portanto, se contentando em apenas poder vigiar a morena e garantir sua segurança, se afundou na cadeira e aguardou o tempo passar.

*

Definitivamente aquele era o melhor momento do dia e Yuri se sentia muito mais aliviada por se ver recolhendo as coisas do quarto do ambulatório para poder ir embora. Passar os dois dias ali presa foi um martírio sem fim. Parecia um animal enjaulado com as intravenosas restringindo seus movimento e os enfermeiros a proibindo de se levantar nem que fosse para dar uma andada pelos corredores.

Odiava hospitais e embora não estivesse em um, parecia. Aprendeu a odiá-los desde criança quando passou muito tempo neles para se recuperar das queimaduras em seus braços e pernas, depois de ter sido resgatada do incêndio em sua casa. Seu caso não era crítico, mas os médicos precisaram fazer algumas cirurgias para substituir a pele queimada. Foram anos de terror ao se olhar no espelho e ver pedaços horrendos de carne costurada, além de viver em constante observação. Isso lhe tirava os nervos... Assim como responder questões das quais não poderia dar respostas.

Nesse caso se referia ao fato de Tiffany ter ficado na sua cola, fazendo perguntas sobre o que tinha acontecido no vagão do trem após a comunicação ser cortada. Queria montar um relatório, na verdade os militares e o protocolo da empresa exigiam isso, portanto foi inevitável não interrogá-la. Quem havia matado Marshall, como ela havia recebido uma facada no abdômen e sobrevivido horas com aquele corte expelindo sangue... Tantas questões e teria inventado boas histórias com muito prazer, se não tivesse acabado de se recuperar de uma intensa febre. Ficou difícil responder-lhe qualquer coisa assim que acordou pela manhã, agradecendo o médico que interviu a situação, alegando que não estava nas melhores condições para ser questionada sobre qualquer coisa e ao forçar um pouco a barra, fingiu estar com dor de cabeça, obrigando-a ter que sair do quarto para fazer uma bateria de ressonâncias magnéticas e raios x, pois o doutor tinha achado que isso era sintoma de sua concussão.

Depois de um dia cheio de exames ela pode ter um descanso e no dia seguinte Tiffany voltou a questioná-la agindo com mais precaução e preocupação com sua saúde, não sendo tão incisiva. Foram horas de alívio e tranquilidade após sua saída quando então saciada a curiosidade investigativa.

Ainda assim isso não era o verdadeiro motivo de encontrar-se irritada, ou quem sabe, frustrada.

Uma incógnita não saía de sua cabeça desde que finalmente ficou consciente e assimilou os ocorridos desde que pulou fora do trem. Breves flashes do rosto de Jessica corriam sua mente, tentando lembrá-la de algo decisivo ou muito importante. Aquelas lembranças pareciam etéreas e distantes como um sonho, no qual palavras buscavam alcançá-la. Tinha certeza de que ela havia dito alguma coisa, mas isso não chegava ao seu consciente, alcançando-as nos sonhos e quando acreditava tê-las entendido, compreendido, desapareciam como fumaça ao acordar.

A sensação de querer entender alguma coisa e não conseguir, simplesmente a matava. Precisava que a própria Jessica dissesse a verdade e esclarecesse essas dúvidas irritantes. Mas nunca era possível encontrá-la. Desde que fora instalada no ambulatório, poucas pessoas puderam visitá-la. Como se houvessem muitas. Elas acabavam se resumindo a Tiffany e Taeyeon, que às vezes vinham juntas ou separadas para servir de companhia. A presidente Jung não aparecia por lá, embora tivesse a sensação de que durante as madrugadas que adormecia mal e acabava acordando, sentia o seu perfume no quarto, como se tivesse passado pouco tempo e rapidamente saído. O que poderia ser verdade, já que a cadeira que ficava perto da cama sempre estava numa posição diferente da deixada por Taeyeon. Tiffany não se sentava na cadeira, preferindo compartilhar um pedaço da cama...

Num todo eram apenas suposições sem provas.

Talvez pelo fato de saber que Jessica e seu motorista tinham ido ao seu socorro no rancho, a fazia ficar daquele jeito. Lembrava partes daquele dia em questão. Tinha caminhado zonza pela floresta, chegando até mesmo a acreditar que finalmente teria encontrado o fim e a morte. Sempre achou que morreria numa de suas missões, apenas não esperava que isso viesse antes de completar o objetivo de sua vida. Tinha sido patética e uma tola arrogante. A decepção tomava proporções alarmantes e odiava ser fonte de decepção... Mas para quem? Não havia ninguém vivo para decepcionar. Poderia até considerar Taecyeon, mas preferia ignorar sua existência.

De certo tinha se afogado naquele rio e parte de si tinha perdido a esperança de sobrevivência, mas ficou surpresa ao ser acordada por uma mulher perguntando se estava bem e um garoto magro e alto a erguendo do chão. Nunca compreenderia como isso funcionava, mas tinha tido a sorte de ser resgatada por pessoas que não faziam parte da milícia, eram civis bem intencionados. A única coisa que conseguiu pedir a eles foi que ligassem para o único número que veio em sua memória. Teria sido um golpe de sorte ou azar que a Jung estivesse com seu celular e vindo ao seu resgate sem reforços ou ajuda? Ela agiu imprudentemente, de maneira estúpida, ao ir a sua procura sozinha com um homem para protegê-la. Por outro lado agiu com certa esperteza ao evitar trazer consigo um batalhão de soldados. Aquela era uma região hostil e isso poderia provocar um confronto antecipado e desnecessário.

O que é que tinha dado na cabeça dela para agir assim? Se perguntou ao notar que novamente começava a se sentir frustrada e irritada, socando as poucas roupas que Taeyeon tinha trazido para que ficasse confortável no ambulatório. O fato de que a loira havia feito este favor de ir ao seu apartamento, já que as chaves estavam com Jessica, e trazido alguns pertences pessoais a surpreendeu de um modo positivo. Se Taeyeon agia daquela maneira, poderia significar que estava a considerar-lhe como uma amiga.

O som da porta a suas costas se abrindo a retirou dos pensamentos. Se virou para ver quem se tratava e sorriu ao ver  Taeyeon, que retornou ao seu gesto quase imediatamente. A baixinha tinha se mostrado de ótima ajuda.

— Gostei do adereço... – Taeyeon brincou ao referir-se a tipoia que mantinha estável o braço esquerdo da morena, que grunhiu indignada com a brincadeira. O fato de que precisava imobilizar o braço a irritava. Seu ombro machucado precisava terminar de se curar, mas isso era mais uma forma de restringi-la. Sabendo disso, a loira começou a rir e se aproximou. – Pronta para ir embora?

— Você vai me dar carona? – Questionou ao lembrar que tinham lhe devolvido tudo, exceto a chave da moto, confiscada por Tiffany já que não poderia dirigir por um bom tempo.

— Claro!

Taeyeon se prontificou sem fazer muitas reclamações, indo ajudá-la a levar a mochila, mesmo não sendo nada difícil de carregá-la, insistiu, querendo que nada de errado acontecesse com seu braço imobilizado e assim que feito o seu pedido, puderam seguir para a garagem. Dentro do caro o clima estava bem amigável, a Kim era silenciosa e Yuri não estava com muita vontade de conversar, permitindo que o silêncio se instalasse entre elas. E quando menos notaram, cada uma presa nas ponderações, acabaram por chegar ao destino.

O carro foi estacionado em frente a um pequeno hotel. O prédio não era nada chamativo, mas com acomodações agradáveis de viver. Era um lugar estéril, limpo e tranquilo do qual a morena havia escolhido, mesmo tendo dinheiro suficiente em uma de suas contas de trabalho, para comprar uma mansão num bairro de luxo. Por sinal Taeyeon havia lhe questionado o motivo de viver numa acomodação tão barata, embora pudesse pedir por algo melhor, pois a empresa tinha criado uma cláusula contratual de disponibilizar acomodações a ela caso houvesse necessidade. Entretanto a resposta de Yuri fora bem prática. Não queria se acomodar em lugar nenhum, sendo que teria uma estadia passageira, um ato de segurança. Havia testemunhas na recepção, então, se alguém quisesse invadir seu apartamento, saberia imediatamente sobre a situação. Por isso não temeu entregar as chaves para Jessica daquela vez, pois seria impossível ela não ser descoberta do ato.

Agradecendo pela carona, Yuri recolheu a mochila e saiu do carro, deixando que Taeyeon seguisse de volta para o trabalho, enquanto que ela teria a semana de folga devido às “condições médicas”. Imediatamente subiu para o segundo andar, onde ficava seu quarto-apartamento, cumprimentando o dono do estabelecimento que ficava na recepção. Ele era um senhor calmo que não fazia perguntas se lhe pagassem bem, sendo fiel aos propósitos de segurança.

Ao abrir a porta do apartamento foi golpeada pelo ar frio e confinado pelos últimos dias em que não estava ali. O hotel era bem arejado, então dificilmente o lugar ficava abafado e insuportavelmente quente. Havia um cheiro engraçado no ar, uma miscelânea de frutas e seu perfume cítrico. Sua casa era confortável, não muito grande, com quatro cômodos – sala, cozinha, quarto e banheiro nessas respectivas ordens – e janelas bem amplas, que dava visão para um parquinho onde crianças durante a tarde saíam com seus pais para brincar. Abandonou a mochila no sofá e se jogou nele, buscando algo para fazer. Ao olhar para o relógio em seu pulso descobriu que ainda estava muito cedo, eram oito da manhã e estava perfeitamente acordada, sem ter nenhum tipo de compromisso a cumprir. Pela primeira vez adoraria estar presa naquele escritório, fazendo algo de interessante.

Bom, ao menos poderia completar as tarefas que estava postergando por causa da recuperação. As investigações sobre o espião ainda estavam sem uma visível solução e poderia abrir seu notebook para começar novamente de onde havia parado. Havia uma série de dados que a perícia mandara sobre o receptor pirata que cortou a conexão de seus comunicadores, no fatídico dia da emboscada, para ser lida e apreciada. Era uma tarefa para fazer, então se contentou em tomar café da manhã e após isso iniciar seus trabalhos. Embora que a comida que ofereciam no ambulatório fosse boa, sentia falta das calorias que geralmente ingeria, se prontificou a procurar algo para comer na geladeira. Azar seu estar com fome, pois não tinha nada dentro da geladeira. Tinha uma caixa de leite e algumas frutas passadas, ambas prestes a entrar na sua validade, aquilo estava fora de opção.

Rapidamente retirou tudo de velho, jogando dentro de uma sacola de plástico, pegou a carteira e as chaves, saiu de casa e colocou o lixo para fora. Iria ao supermercado, precisava fazer um estoque durável para a semana, então apanhou um táxi na rua principal e seguiu ao supermercado mais próximo. Chegando por lá pegou um carrinho de compras e tomou rumo entre as prateleiras, sentindo o agradável ar frio vindo do ar condicionado resfriar a pele que estava ameaçando a ficar quente por causa da temperatura, que tinha se elevado muito esses dias.

Começou a selecionar os produtos que achava necessário, como leite, ovos, arroz e kimchi. Geralmente escolhia coisas mais saudáveis, menos industrializadas, por isso não comprava grandes quantidades de produtos para evitar que elas se estragassem com facilidade. Escolheu algumas frutas da estação como banana, laranjas e manga, queria coisas refrescantes. Não resistiu a tentação de se servir de um picolé de fruta. Particularmente adorava dias ensolarados, o calor a deixava mais enérgica, mas dias abafados como aquele a enfadavam com muita facilidade.

Quando tinha feito suas compras, se arrependeu amargamente de ter comprado o picolé, já que precisava das mãos livres para colocar as compras num táxi e como estava com a tipoia, o serviço ficou incompleto e deficiente. Suspirou pesadamente com aquilo e socou o picolé inteiro em sua boca, pensando no que faria a seguir. Deveria ligar para alguém ajudá-la? Quem?

— Eu posso ajudá-la – Alguém se prontificou a auxiliá-la, mas ao reconhecer a voz, imediatamente uma onda de temor atravessou seu estômago.

Lentamente ergueu o olhar das sacolas e se deparou com o meio sorriso charmoso de Taecyeon, sorriso que lhe provocava calafrios. Yuri não reagiu. O encontro com ele era inesperado, tanto que jamais chegou a cogitar que o líder da milícia pudesse andar tranquilamente pela cidade. Mas não era de se espantar vê-lo vestido comportadamente, com roupas civis e limpas – usava até uma gravata −, já que sua identidade permanecia preservada. Ninguém conhecia o atual líder dos guerrilheiros.

A vontade de questionar o motivo dele estar ali era gigantesca e a morena estava ao ponto de fazê-lo, se Yoona não tivesse aparecido.

— Yuri? – Sua voz transmitia espanto e descrença tão intensa que Yuri congelou no lugar, estava entrando em pânico. O que fazer quando você encontra alguém que é um perigo para a sociedade ao lado de uma pessoa a quem se importa? A advogada, parecendo não notar

sua imobilidade, veio diretamente abraçá-la, apertando-a em seus longos e finos braços. O motivo dela estar ao lado de Taecyeon era incompreensível. – Meu Deus, eu achei que você também tivesse morrido! Por que ninguém me avisou que você estava bem? – Começou a questioná-la sem fôlego, parecendo ter urgência em constatar que estava realmente viva, soltando-a para olhar em seus olhos. Seus orbes castanho-escuros estavam transbordando o alívio e mágoa que seu desaparecimento causou. – Você está bem, não é? Oh, céus! Por que você não ligou para mim?

Socou o ombro da morena e, para sua infelicidade, foi justamente o que estava machucado, fazendo com que ela se encolhesse e soltasse um resmungo.

— Vá com calma, Yoong! Eu acabei de sair do hospital... – Reclamou assim que tirou o sorvete da boca, agindo como se estivesse tranquila. Se o picolé antes estava saboroso e refrescante, parecia terrível e intragável, adormecendo e amargando sua boca. Jogou-o fora por precaução e aproveitou-se da desculpa para observar Taecyeon que tinha um sorrisinho insolente em seu rosto, ainda parado atrás de Yoona.

Será que a Im não notava o perigo que corria estando na frente daquele homem?

— Céus, Yuri... O que aconteceu com você? Parece toda arrebentada e acabada. – A outra inocentemente comentou, ficando verdadeiramente preocupada com seu estado.

— Apenas ossos do ofício, obrigada pelos elogios – a morena sorriu amargamente ao fingir-se indignada, sentindo-se mais tensa quando viu Yoona suspirar e abrir a boca para retrucar. – Podemos falar isso em outro lugar se quiser. Estamos em público.

Falou em meio tom lançando um olhar desconfiado para a figura alta atrás de Yoona, que se virou para olhá-lo. Ao invés da advogada parecer surpresa, repentinamente ficou nervosa, mas acabou sorrindo. Sorriso que foi devolvido por Taecyeon, o que fez tudo gelar dentro da morena.

Mas que... – Yuri pensou assim que repentinamente tudo fez sentido em sua cabeça, por mais que custasse a acreditar.

— Ah, perdão Yul, fique tão feliz em ter te encontrado aqui que me esqueci de apresentar vocês... – Seguiu até o homem, parando ao seu lado, oferecendo sua mão para que pudessem entrelaçar seus dedos. A cena provocava horror para Yuri, vários sinais de alerta piscavam em sua cabeça, dizendo o quão perigoso era aquela aproximação. – Lembra a pessoa que te falei? Então... Esse é o Taecyeon. Meu namorado. – Um rubor apareceu em suas pronunciadas maçãs do rosto, anunciando o quanto daquela situação era constrangedora, mas terminou rindo de sua atitude e olhou para Taecyeon. – Essa é Yuri de quem tanto te falei.

— Prazer – Taecyeon agiu tranquilamente, aparentando estar surpreso e verdadeiramente encantado por conhecer a pessoa que sua namorada “tanto falava”.

Yuri ficou sem chão com aquele pronunciamento, encarando Taecyeon, não encontrando nenhum tipo de resposta capaz de soar delicada ou educada. Dentro de si se iniciou uma espécie de confusão mesclada ao ódio. Descaradamente seu querido irmão tinha dado uma punhalada em suas costas. Adoraria quebrar seus dentes perfeitos, mas ao sentir o olhar de Yoona sobre si, teve que retrair a vontade violenta e sorrir falsamente, devolvendo seu cumprimento cortês.

Um silêncio desagradável começou a se instalar entre eles, ao ponto de deixar a Im irrequieta. Ela começou a se questionar mentalmente se teria feito o certo apresentar uma ex-amante ao seu atual namorado, notando certa hostilidade faiscar dos olhos de Yuri, que estavam cravados em Taecyeon. Então, com rapidez, procurou mudar aquela atmosfera pelo bem de todos.

— Você estava precisando de ajuda, unnie? – Perguntou com dobrada inocência, pensando calculadamente.

— Ajuda com o que? – A outra rebateu secamente, desviando a contragosto o olhar, passando a agir mais suavemente para evitar chamar atenção. Yoona sorriu sem jeito, sentindo-se mais incomodada com sua atitude.

— Com as sacolas já que seu braço está imobilizado. – Taecyeon forçou a conversa, agindo amigavelmente, passando seu braço ao redor da cintura de Yoona, ampliando seu sorriso ao ver um fulgor iluminar os orbes escuros da morena. Yuri estava ficando irada. – Se soubesse que vocês eram amigas, teria vindo o quanto antes para ajudá-la!

Disse humoradamente, soltando uma risada, do qual obrigou Yuri a replicá-la, embora tudo dentro de si a raiva continuasse a crescer perigosamente.

— Sim, preciso de ajuda... – Ela aceitou a oferta decidida a fazer algo. Pegou as sacolas que pode e deixou o resto para que Taecyeon apanhasse, enquanto que Yoona se prontificou a se afastar e sair em busca de um táxi na rua. Como era uma distância segura, antes que visse o homem se afastar, soltou a sacola que segurava e segurou em seu braço. – Que porra você está fazendo?

— Estou te ajudando a levar as sacolas – respondeu com fingida inocência, fazendo com que a morena rangesse os dentes.

— Não estou me referindo a isso! – Cuspiu dura e apressada, olhando sempre na direção de Yoona para garantir que ela não estaria escutando e nem vendo nada de estranho. – Por que você está com ela? O que pensa que está fazendo aqui em Seoul?

— São muitas perguntas para pouco tempo de resposta. – Taecyeon falou calmamente ao apanhar sua sacola, assim que a fez largar seu braço. Olhou diretamente em seus olhos, mostrando aquele lado mais frio e sério como líder militar. – Aliás, precisava ver você e Yoona... Preciso ter certeza de que estão bem.

— Deveria ter pensado nisso antes de me esfaquear – Rosnou intransigível, recebendo seu olhar severo. – Se estava tão preocupado assim, por que não manda o seu espião te mandar atualizações minhas? Sei que ele faria um ótimo trabalho...

Se empertigou a dizer aquilo e irritada seguiu em frente, indo para fora do estabelecimento decidida a ignorar Taecyeon. Tinha certeza que poderiam conversar outra vez, mas naquele instante não queria parecer suspeita ao olhar de Yoona, que era a inocente no meio de tudo. Certamente ele estaria a usando para machucá-la. Não era de se espantar que soubesse de seu relacionamento com a advogada, sempre sentiu que estava sendo espionada por ele. Nunca teve verdadeiramente sua confiança, embora seja a única capaz de cumprir o objetivo que ambos tinham em mente.

— Espião? Do que você está falando? – Repentinamente Taecyeon diz confuso, atraindo sua atenção, em seu olhar dava para ver o quão confundido estava. – Você é a única espiã que tenho na Lucius...

Sua declaração provocou incerteza em Yuri, porém ela não teve tempo de questioná-lo, já que Yoona voltou a se aproximar.

— Depois conversamos sobre isso... Não acabamos por aqui. – Ela murmurou ao se retirar de campo e sorriu menos rigidamente assim que a advogada chegou até eles, com um rosto desconfiado.

— Por que vocês estão demorando tanto? – Ela questionou ao desviar o olhar para ambos, procurando respostas em seus rostos.

— Estou apenas me certificando de que ele é o partido perfeito para você, Yoong. – Yuri mudou de assunto, indo diretamente entrelaçar seus braços, deixando-a intrigada. – Taecyeon parece ser interessante... – Comentou rente ao seu ouvido, agindo como se quisesse comentar a verdade, quando queria gritar para que corresse para longe.

Yoona, sem ao menos captar tais sinais em seu olhar, embora ficasse um pouco incerta sobre o que dizer, terminou abrindo um bonito sorriso envergonhado e se deixou ser levada por Yuri. Tinha conseguido seu táxi no final das contas.

— Toma cuidado, está bem? – Desejou a morena antes que a visse entrar no carro, dando um último abraço.

— O mesmo para você... – a morena relutantemente a soltou depois de retribuir o abraço, que foi apertado. Seu olhar desviou até Taecyeon. – Foi um prazer conhecê-lo.

— Se cuida, Yuri. – Ele sorriu em troca da forçada gentileza, colocando as mãos no bolso da calça, esperando que a namorada se aproximasse dele.

A vontade de esmurrá-lo não desapareceu do interior de Yuri, que apenas dobrou ao ver aquele sorriso em seu rosto, mas se contentou em não fazê-lo. Podia ler em seus olhos que não iria fazer mal a Yoona quando desse as costas, ao menos era o que esperava.

Então teve de se contentar em entrar no carro e ir embora para sua casa. Tinha muito a fazer de qualquer maneira, pois aquilo estava fora de sua jurisdição no momento.


Notas Finais


Acredito que esse foi mais um capítulo de transição, muita informação importante foi lançada, então guardem isso na memória! Obrigado por não terem me abandonado depois desse sumiço T.T kkkkkkkkk

Comentários? Até a próxima!! ^^


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...