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História Learn - Sentimentos são confusos ainda que sinceros


Escrita por: thereddiamond

Notas do Autor


Whassup??
Então, seguinte, esse é a última att do ano, então acho que devo desejar um feliz ano novo e que esse ano que está chegando nos seja infinitamente melhor, pois 2016 já deu o que tinha para dar! Rsrs, aninho ruim, viu... Vou te contar XD.
De qualquer maneira, desde já agradeço a todos vocês por tornarem meus dias mais felizes, seja por comentar ou somente me acompanhar durante esses cinco meses. Não me arrependo nenhum pouquinho da decisão em postar a estória! Então, muito obrigada a todos!! ^^
Sendo assim, boas festas e espero que gostem do capítulo de hoje! E se houve erros, peço perdão, pois eles me escapam mesmo revisando duas vezes kekekekek.
Bjus ;)

Capítulo 8 - Sentimentos são confusos ainda que sinceros


Na Lucius não se falava outra coisa pelos corredores. Terminantemente era um escândalo que ninguém poderia imaginar acontecer, mas que provocava revolta em todos seus fieis empregados. As pessoas tinham medo, ainda mais ao descobrir que haviam roubado informações valiosas da empresa, fazendo com que cada um duvidasse do próximo e aberto seus olhos para qualquer atitude suspeita. Talvez aquele fosse o prenuncio da decadência, algo que muitos dos agentes mais experientes e velhos, acreditavam estar próximo. Desde que a filha do Sr. Jung assumiu seu posto existia aquele tipo de conversa e desconfiança. Eles diziam que a achavam sem o pulso firme e necessário de um líder, com nenhum traço de tato para comandar uma empresa daquele porte. Em suas visões, ela era fraca demais e estava fadada ao fracasso.

Contudo, mesmo pensando daquela maneira, as pessoas aderiram ao fato de que, daqui para frente, as coisas na Lucius tomariam um rumo diferente. O “braço esquerdo” de Jessica, nesse caso Tiffany, estava no comando das investigações, conduzindo tudo conforme a sua experiência. O talento que tinha para a espionagem e de perseguir inimigos, deixavam os ânimos menos ansiosos e exaltados, ainda que não confiantes. Afinal a moralidade estava abalada e ninguém estava mais positivo como antes. Alguém tinha infiltrado a segurança de uma empresa daquele porte e isso aconteceu sob a administração da jovem Jung. Situação que era, no mínimo, imperdoável...

E era com esses tipos de comentários que Yuri acabava se deparando, todos os dias, não importando aonde ia. Se for ao banheiro ou elevador sempre haveria um grupo fechado que insistia em tratar do assunto com maldade, falando da presidente sem nenhum tipo de respeito.

Por mais que isso a deixasse impaciente, se obrigava a apenas sorrir ao perceber que lhe lançavam olhares, garantindo se não estava escutando a conversa e dava as costas na primeira oportunidade que aparece, escapando daquela situação desagradável. Mesmo que não gostasse desse tratamento, compreendia que tudo não passava de inveja e das gordas. Não era fácil aturar uma pessoa tão jovem num cargo importante, em uma multinacional renomada que praticamente dominava o mercado financeiro asiático. Jessica era uma mulher de temperamento duro e profundo, certamente imponente, capaz de dominar qualquer um que ao menos tentasse encostá-la. Se parasse para pensar sabia da capacidade que ela tinha, porque reconhecia o poder em seu olhar.

Olhar que gostava de provocar, inflamando-o para torna-los brilhantes como as estrelas. Fazendo, assim, com que perdesse por alguns instantes aquela sensação de estar no comando de tudo a sua volta e a pose de arrogância.

Notando que mais uma vez se permitia a pensar na Jung, Yuri respirou profundamente para afastar esses pensamentos desnecessários. Portanto, evitando cair na tentação, voltou à preparação de um cappuccino adicionando gotas de chocolate. Mais ao longe escutou um grupo de mulheres – que trabalhavam no mesmo andar que o seu – fofocar sobre a presidente. Buscou ignorá-las para não perder a paciência. Entretanto não precisou se esforçar muito, pois repentinamente o silencio cobriu a copa e a tensão dominou o ambiente, chegando a arrepia-la. Parou imediatamente o que fazia para examinar a sala e virou para trás, encontrando a fonte daquele ligeiro distúrbio.

Primeiramente acreditou que estava vendo uma miragem, seus olhos se enganando do nada, mas ao ver que verdadeiramente Jessica vinha em sua direção, recompôs sua expressão estupefata, começando abrir um sorriso debochado. O mesmo sorriso que sabia provocar a ira da presidente.

- Precisamos conversar. – Ela falou secamente assim que estava próxima, mantendo o rosto inexpressivo e o olhar frio de sempre.

Mais ao fundo escutou o grupo de mulheres sussurrando, provavelmente alvoroçadas pela cena que transcorria a sua frente, afobadas para saber do que se tratava o assunto. Não era todo o dia que a presidente saia de seu escritório para um nível mais baixo, principalmente para conversar com a misteriosa novata. Tendo conhecimento disso, preferiu manter a ordem das coisas e ignorou aquele grupo de mulheres maldosas, que pareciam abutres a espera de carne podre.

- Quer um também? – Yuri desconversou humoradamente, erguendo a caneca com o cappuccino pronto. Não conseguiu conseguir conter a risada ao ver o rosto da presidente se retorcer em desagrado.

- Odeio café... – Resmungou mal humorada e girou sobre os saltos, andando na direção da saída. Esperá-la estava fora de cogitação.

Suspirando consternada, acostumada com o tratamento péssimo que recebia da Jung, a seguiu para fora da copa enquanto tranquilamente bebericava o cappuccino, tomando o cuidado para não se agitar demais e acabar se queimando. Embora tivesse negócios para resolver, não desperdiçaria aquela deliciosa bebida, que pareceu lançar em suas veias um jorro esfuziante de energia e prazer. Simplesmente adorava café, seu cheiro e gosto a deixava feliz, não importando a cor que dominava o dia. Devido a sua desatenção, somente alcançou a presidente quando ela estava no elevador, aguardando que chegasse ao terceiro andar depois de tê-lo chamado, pressionando o botão, várias vezes, com pressa e impaciência.

A morena encarou todo seu desconforto com interesse, parando ao seu lado, permanecendo silenciosa e calma. Naquele momento se tornaram o extremo oposto. Sua quietude chamou a atenção de Jessica, que, de soslaio, passou a fita-la.

Quanto mais tempo passavam juntas não conseguia compreender o que poderia se passar naquela cabeça silenciosa. Ela era uma mulher muito bonita, disso já havia percebido, mesmo que precisasse se esforçar muito para admitir mentalmente tal evidência. A morena tinha a aparência típica de modelo, chamativa e apelativa. Vestia-se perfeitamente bem ainda que não muito vistosa, preferindo usar cores e peças básicas, que modelavam em seu corpo generoso e firme.

Então, por que motivo uma pessoa como ela... Que tinha uma maneira tão distinta, vívida e espontânea de agir... Poderia ter se entregue a uma vida tão complicada como uma assassina de aluguel? Que tipo de coisas já fora obrigada a fazer? Tinha pesadelos toda noite por causa disso? Ou simplesmente não se importava? E, a questão mais importante, alguma vez teve medo da morte?

Sentia-se profundamente frustrada. Odiava se deparar com situações que a deixavam em dúvida e intrigada. Seu desagrado era tamanha, que apenas não suportava permanecer ao seu lado, não por muito tempo. Mas, naquele momento de dificuldade que a empresa passava, sabia que precisava retrair todos esses sentimentos e manter-se longe daqueles pensamentos e perguntas. Não podia demonstra-se curiosa e era o que fazia. Por isso que a tratava daquela maneira fria e impessoal, tudo para esconder que se sentia estimulada por sua figura duvidosa.

As portas do elevador se abrindo foi o suficiente para puxá-la fora de suas frustrações, fazendo-a se arrepender em ter ficado tão próxima delas. Seria atropelada pelos outros passageiros que apressadamente se esbarravam para sair, se não fosse por Yul.

Instintivamente seu corpo reagiu à mão da morena que segurou seu braço, tirando-a do caminho dos outros passageiros, puxando-a para perto de si, abrindo caminho aos passageiros. A presidente se arrepiou por inteiro, por causa daquele inesperado contato, e mesmo que usasse uma camisa de linho, com as mangas cobrindo boa parte do braço, pode sentir o calor de sua mão atravessar o tecido. Tardiamente acabou notando que estava perto demais dela, quase invadindo seu espaço pessoal, sendo capaz de ouvir sua respiração tranquila. Não deveria estar daquela forma ou isso chamaria a atenção dos passageiros.

Contudo, por outro lado, as muitas pessoas que saiam do elevador passaram entre elas, parecendo não notar a figura de Jessica parada perto de Yuri, que continuou a beber de seu café como se nada tivesse acontecido.

- Yul! – Marshall apareceu de dentro do elevador, tinha acabado de descer do sétimo andar onde estava tratando de assuntos sobre uma missão, designada pela manhã do dia anterior. Acabou sorrindo largamente ao ver a colega de trabalho, que retornou seu sorriso sem nenhuma resistência. – Vai almoçar comigo hoje?

- Não tenho certeza... Qualquer coisa eu te ligo. – Ela respondeu e piscou um olho em sua direção.

- Esse é um desses seus cappuccinos? – Ele a questionou antes que a visse entrar no elevador, curiosamente observando a figura ao seu lado, que não pode ver quem era por estar sendo carregado pelo fluxo de pessoas, que queriam chegar ao corredor.

- Quer ele? Tenho um problema para resolver... Pode ficar. – Ofereceu ao homem não dando chances para que recusasse, tendo pressa para seguir em frente. Ele imediatamente pegou a caneca e alargou o sorriso, felicitado pelo que havia oferecido.

- Não se esquece de me ligar! – Fez um gesto de mão e seguiu para dentro do escritório, tomando animadamente do cappuccino.

Ainda rindo do colega de trabalho, sentindo-se bem humorada com aquele encontro, a morena guiou a presidente para dentro do elevador. Dentro dele se permitiu a soltar seu braço, preferindo não receber reclamações sobre estar a segurando ais tempo que o necessário e apertou o botão do terraço, suspirando fortemente, o sorriso se esvanecendo, encostando-se a parede.

O silencio que recaiu entre elas foi incomodo, meio desnecessário e tenso. Mas acostumada a esse tipo de situação, sabendo que Jessica não gostaria de ser importunada pelo seu humor, ainda mais quando ficava pensativa. Yuri se trancou na própria mente e tentou esquecer a rápida sensação elétrica que percorria o corpo, como se tivesse injetado adrenalina nas veias. Ela acreditava que isso havia sido culpa do café, agitando-a, chegando ao ponto de desistir dele oferecendo-o a Marshall. Porém acabou percebendo que não fora culpa dele, e sim da Jung. Se um contato ínfimo como aquele era capaz de produzir um resultado tão preocupante, então o que aconteceria se tivesse seu corpo?

Decepcionada com sua mente traidora, que se deixava guiar por pensamentos carregados de luxúria dos quais se arrependeria no futuro, imediatamente teve que se repreender, policiando-se para não perder o foco do que importava.

Desejar alguém como Jessica era o mesmo que almejar viver no inferno, condenando-se. Ao menos era o que pensava para se contentar em não tê-la. Embora tivessem um espaço bastante amplo e seguro as separando, não conseguia evitar que seus olhos deslizassem até ela, como se seu corpo fosse uma espécie de imã, atraindo-o. Seu olhar demoradamente percorreu as curvas suntuosas do quadril marcado pela calça que usava naquele dia, além do pouco que o decote da camisa revelava. Somente de ver aqueles dois botões abertos fazia com que, uma onda quente atravessasse o peito. Facilmente poderia imaginar as maneiras mais prazerosas de despi-la. Ter somente as duas dentro daquele elevador, permitia que gradativamente perdesse a noção de controle e de dever. Não era nada seguro permanecer assim. Entretanto havia muitos motivos para se segurar e não acabar se entregando ao impulso de imprensa-la contra a parede, apenas querendo ter a certeza de que seu corpo era macio e quente, como aparentava ser.

Quando as portas abriram para o terraço, a morena acabou suspirando em profundo alívio, voltando a olhar para frente. Nunca acreditou que poderia se sentir tão tentada por uma mulher. Saber que não poderia ao menos tocar um fio de seu garboso cabelo piorava seu estado. Era uma tortura permanecer assim, um tanto desumano.

Ela nunca pensou que pudesse ser tão boba, mas encontrou a salvação na figura de Taeyeon, que estava à espera delas, encostada na mureta de segurança enquanto distraidamente observava o horizonte. Se existia uma pessoa a mais entre elas, significava que estava salva daqueles pensamentos sujos.

O dia tinha amanhecido nublado e o sol não havia saído da cobertura de nuvens desde então. Entretanto, como não chovia poderiam ficar ali despreocupadamente, dando espaço para aquele encontro secreto. Sair do ar-condicionado era algo a se reclamar, ainda mais para enfrentar o calor que fazia do lado de fora. Porém, a situação exigia que fizesse o contrário. As prioridades clamavam por atenção.

- Achei que devêssemos evitar chamar atenção, Taeyeon. – Yuri imediatamente foi lançando sua reclamação, mostrando-se entediada e impaciente, chamando o olhar distraído da loura que retomou a postura, recebendo-as. – Mandar Jessica a minha procura é o mesmo que atiçar uma manada de hipopótamos!

- Você está me chamando de gorda? – Jessica sibilou enquanto a seguia para fora do elevador, sentindo-se repentinamente ofendida com o que havia escutado, por mais bobo que parecesse.

A morena desviou o olhar de Taeyeon e percebeu o ardor nos olhos amendoados da presidente, tornando-os cintilantes. Era aquele tipo de sentimento que gostava de encontrar, mas naquele instante desejou que não tivesse a provocado e mesmo que quisesse se controlar, o olhar desceu pelo seu corpo, por pouco não traindo os pensamentos.

- Definitivamente não, querida... – Resmungou ao engolir em seco buscando recompor a compostura perdida.

Em sua mente tudo voltou a se agitar por causa daquilo, isso poderia significar que tinha se aquietado por muito tempo e estava na hora de fazer sexo. Retornou a olhar a Kim que bufou, rindo em silencio.

Desde que tinham começado aqueles encontros no terraço, o único lugar que se sentiam seguras para conversar, meio que se tornou comum ver aquele tipo de provocação por parte das duas. A loura sempre pensou que fosse boa em ler a atmosfera, compreendendo o que poderia estar acontecendo em pouco tempo, bastando analisar em silencio o que a envolvia. Mas quando se tratava delas, simplesmente não sabia o que poderiam querer da outra e muito menos o que esperar. Elas eram imprevisíveis, embora nem tanto. Era um pouco confuso... Existia uma profusão, uma mistura de sentimentos, impedindo com que Taeyeon lesse o ambiente. Contudo, uma coisa conseguia entender. Elas não podiam mais evitar a outra mesmo se quisesse. Seus olhos, em algum ponto, acabariam se encontrando.

- Então, o que temos de novidade? – Questionou a morena que se virou para encará-la, passando a ignorar a figura de Jessica, que ficou indignada ao cruzar os braços e contorcer os lábios.

Sorrindo minimamente, agradecendo por poder desviar a cabeça para algo produtivo, Yuri começou a entregar um relatório verbal as duas, sabendo que não deveria poupar detalhes. Tinha todas as informações que precisava em sua cabeça. Ela havia começado aquela investigação há quase sete dias e não tinha progredido muito desde então. E isso infelizmente significava que Tiffany também deveria estar se saindo frustrada em suas buscas. Elas tinham executado o plano formulado naquele dia do almoço, mas de alguma maneira as coisas não saíram tão bem como o planejado. A lista de suspeitos era gigantesca;

- Sinto como se estivéssemos tateando o escuro... – Taeyeon murmurou depois que a morena encerrou seu relatório, recostando-se mais uma vez na mureta.

Sempre que acreditavam estar um passo próximo do espião, ele acabava escapando, fugindo das mãos habilidosas de Yuri. Existiam pistas perdidas nos cantos. Mas nada de muito concreto aparecia e isso complicava, obrigando-a a generalizar suas buscas. Praticamente passava o dia olhando fichas de funcionários e gastava horas fazendo rondas, conversando com as pessoas, tentando descobrir algo fora do padrão.

- Não se preocupe, - apesar disso, com tantas dificuldades, ela tratou de mudar o ambiente desanimado, abrindo um sorriso tranquilizador, sabendo que precisavam ser mais seguras de agora em diante. Seria mais agressiva em sua investigação, pois tinha agido de maneira mansa e discreta. – uma hora ou outra esse espião vai acabar cometendo um erro e eu estarei ali para pegá-lo.

A loura bem que queria ter toda essa confiança da morena, mas quando não enxergava saídas, praticamente não conseguia se sentir atiçada pela desilusão. Compreendia a realidade e ela não era nada favorável para seu lado. Entretanto, quando seu olhar caiu sobre Jessica, vendo que isso também a afetava, decidiu que não se deixaria guiar pela frustração.

Precisavam ter esperança ou essa seria uma luta perdida, um gasto desnecessário de energia.

 

*

 

Tiffany suspirou fortemente pela décima vez em menos de dois minutos, parecendo ignorar tudo ao redor, preocupando-se em terminar seu almoço. Nem mesmo o agradável ambiente e o cardápio delicioso que o restaurante italiano oferecia, conseguiu erguer seu ânimo. O que definitivamente não pode mais ser ignorado por Nichkhun.

- Aconteceu alguma coisa? – Perguntou ao olhá-la firmemente, lendo-a.

- Que?

- Perguntei se aconteceu alguma coisa... – Receber aquela pergunta distraída de sua parte o fazia se sentir ofendido, porém não o demonstrou, percebendo que ela não havia feito isso de propósito. Desde o começo, quando a conheceu, tinha achado seu sorriso lindo, que era algo de se admirar. Entretanto, após começarem a sair poucas vezes se deparava com aquele sorriso em seu olhar, e agora somente encontrava a preocupação que pesava seu semblante. – Se quiser voltar, eu posso...

- Não, está tudo bem! – Tiffany finalmente acordou de seu asilo mental, voltando a se localizar no tempo e espaço. Os sons do restaurante começaram a alcança-la, assim com o cheiro da comida sem eu prato. Tentou sorrir mais calorosamente, entretanto os lábios não alcançaram os olhos. – Eu ando um pouco estressada com o trabalho é apenas isso... – Procurou se desculpar, mesmo que tenha saído um pouco miserável de sua parte.

Nichkhun franziu as grossas sobrancelhas, parando para analisa-la, mas logo ofegou em derrota. Teve de sorrir em retorno, sabendo que ao menos ela estava buscando ficar mais atenciosa.

- Você não acha que está se sobrecarregando muito? – Alcançou sua mão sobre a mesa, tocando-a com gentileza, fazendo um carinho em seus dedos.

Queria que a sua acompanhante lhe contasse os problemas que a afligiam naquele momento, passando a descobrir que poderia contar com ele. Era um rapaz simpático e bastante compreensivo, dificilmente se negava a ajudar as pessoas, não importando quem era.

Tiffany deixou com que os olhos caíssem até suas mãos conectadas e sentiu-se momentaneamente estranha com aquele toque repentino. Essa sensação durou um tempo e quando estava começando a se acostumar, os lábios retomaram a força do sorriso. Por mais que gostasse de ser tocada e sentir aquele tipo de calor humano, não tinha absoluta certeza se realmente gostava daquilo. Mas, para todos os efeitos, tinha se proposto a isso e por isso precisava evitar ser grossa. Portanto deixou sua mão por lá, parada no mesmo lugar sem retornar a carícia.

- É apenas trabalho, Nichkhun. Uma hora ele acaba. – Ela brincou sem humor, fazendo-o rir.

- Mas não deve estar sendo fácil. – Retraiu sua mão e voltou à atenção para sua comida, cortando precisamente um pedaço do suculento bife que tinha sobre o prato. – Capturar um espião não é algo que deveria ser feito sozinha.

- Eu não estou sozinha... – Tiffany retrucou automaticamente, sua mente imediatamente lembrou-se de Taeyeon, mas seguidamente teve que afastá-la de sua cabeça ao lembrar que a própria mantinha-se longe. A loura ainda se sentia irritada pelo fato de estar se relacionando com o homem que ela menos gosta de toda a empresa. Típico de uma garota birrenta. E só de pensar isso sentia a raiva borbulhar no peito. – Tenho minha equipe para me ajudar... E você também!

Tentou reverter à situação que se colocou, evitando ser egoísta em não mencioná-lo, empurrando cada vez mais para longe os sentimentos abrasantes que tentaram dominá-la. Nichkhun novamente sorriu agradável e doce, sempre a respeitando e não se deixando intrometer em sua vida, como...

Ah... – A Hwang suspirou em pensamento ao tomar noção do que sua mente fazia. Começava a comparar Taeyeon e Nichkhun. Não poderia se permitir a fazer isso, principalmente quando estava com raiva da Kim. Seria injusto.

Procurando ignorar tais pensamentos, voltou a se guardar no silencio, concentrando-se em na refeição. Permitiu que o rapaz continuasse a falar, introduzindo assunto na conversa, não deixando que o momento esfriasse. Gostava de ouvi-lo falar, ainda mais sobre o trabalho, onde o via se aprofundar em tópicos que não debatia com facilidade. Ele era bastante inteligente e definitivamente sabia do que falava, mostrando domínio sobre a área. Se tivesse dúvidas poderia se dirigir a ele, sabendo que teria a resposta. Mesmo assim... Não era o mesmo que conversar com ela.

- Droga, Taeyeon... – Maldisse a colega de apartamento, vendo que novamente ela retornava em seus pensamentos, como se tivesse andando em círculos.

- Taeyeon? O que ela tem haver com isso? – Nichkhun questionou ao sorrir sem graça. Tiffany começou a entrar em desespero por descobrir que fora tão discreta quanto um elefante rosa, no meio de uma manada de zebras. Precisava ter mais cuidado com o que escapava de sua boca.

- Nada! Só lembrei que ela deve ter se esquecido de trancar a janela da sala e a chuva deve estar molhando nosso chão inteiro... – Deu uma desculpa qualquer, a primeira que veio em mente, a fim de despistar o erro que cometeu e olhou para a janela do restaurante, suspirando aliviada por ver que realmente tinha começado a chover.

Por mais que tivesse sorrido para dar mais credibilidade a sua resposta, procurou terminar aquele almoço, pois temia provocar mais desconfiança. Esse encontro, em seu ponto de vista, estava se tornando um fracasso. Desejou fortemente poder se trancar em seu escritório e afundar no trabalho para esquecer o tempo e aquele dia horroroso. Definitivamente não era seu dia de sorte. Tudo parecia ter se voltado contra ela e nada mais estava tão tranquilo como antes. As coisas praticamente se tornaram assim desde a chegada de Yul na empresa.

Todavia, embora houvesse tais infortúnios, parecia que as situações estavam a seu favor, tanto que o celular de Nichkhun começou a tocar. Era seu chefe de setor exigindo sua volta antecipada. Havia um problema a ser resolvido no tribunal durante aquela tarde e não poderia perder o prazo ou teriam que correr atrás do prejuízo.

Sendo assim, se apressando para acompanha-lo, eles saíram do restaurante com pressa em correr longe da chuva. Tiffany o acompanhou durante boa parte do percurso até o elevador, suspirando aliviada por se encontrar abrigada na empresa. Quando estava concertando o cabelo que tinha ficado levemente desgrenhado por causa do vento, viu uma figura alta, bonita e de sorriso convencido entrar no prédio no mesmo instante. Automaticamente seu rosto se iluminou ao ter o olhar de Yuri sobre si, que veio diretamente a ela, cumprimentando-a de maneira calorosa com um rápido abraço.

- Vai subir? – Questionou-a assim que se separaram.

- Sim, quer que eu te acompanhe até sua sala? – A morena atravessou um braço em seus ombros, enquanto a observava pensar na resposta.

- Se não for muito incomodo... – Não estava na vontade de recusar, assim como também não forçaria sua companhia.

- Não suba agora – ela pediu inesperadamente a impedindo de seguir em frente, subindo o olhar para Nichkhun que as observava em silencio, e sorriu forçosamente simpática. – Sem problemas se eu roubá-la de você por agora, certo?

- Claro... – Ele se inclinou na direção da Hwang e plantou um beijo em sua bochecha, liberando-a para sair com amiga, enquanto seguia para dentro do elevador.

Com um gesto de mão, agradecendo a ele e também seu colega de trabalho, Marshall – tinha a acompanhado naquele horário de almoço -, chamou Tiffany para que a seguisse. A agente ficou um pouco confusa, especialmente curiosa para saber onde a morena queria leva-la, mas apenas a seguiu em silencio, disposta a esperar a resposta que viria em breve. Já conhecia essa parte dela, que simplesmente fazia o que dava a vontade, sem exigir e muito menos dar explicações. Para sua surpresa elas pararam em frente a uma máquina de sucos que ficava num corredor atrás da recepção, escondido para não chamar muita atenção.

Com um sorriso aberto no rosto, deixando-o mais brilhante, Yuri se voltou para sua companhia, perguntando se ela queria alguma coisa. Iria pagar a bebida que escolhesse como uma recompensa por tê-la acompanhado.

- Sinto que você precisa conversar... – Ela comentou assim que se encostaram a parede oposta à máquina, tomando um tempo antes de retornar a seus postos de trabalho. Repousou o ombro na parede e parou para observá-la, enquanto girava a tampa da garrafa que havia comprado.

- Está tão na cara assim?

- Você não é boa em esconder seu desconforto. – Tentou diminuir a insatisfação que cobriu a expressão da agente, cutucando-a com os nós dos dedos e sorriu calorosamente. Estava denunciando sua brincadeira. – Anda, me conta o que está acontecendo.

Abriu sua garrafa de água aromatizada, enquanto os olhos permaneciam a sondá-la, lendo seu rosto cuidadosamente. Era interessante parar para conversar, principalmente quando se precisava respirar e espraiar a cabeça pesada de pensamentos, desfocando dos problemas que tinham de resolver.

- Você e Taeyeon viraram amigas? – Tiffany finalmente questionou algo que consumia a calma, sendo incisiva e nada sutil. Seus olhos não largaram dela, avaliando-a.

Pega de surpresa, Yuri por pouco não se engasgou com a água, tendo que parar imediatamente de bebê-la para poder rir. Era uma risada meio nervosa, pois tinha sido pega com a guarda baixa. Com certeza não era o tipo de questionamento que esperou. Teria que ter a confirmação do que se tratava aquilo e de que ela não tinha descoberto nada sobre a investigação dupla e os planos que tinha montado com Taeyeon. Entretanto, ao notar seu desconforto e uma pontada de ciúmes na voz, sentiu-se mais tranquila para respondê-la, chegando a abrir um de seus sorrisos zombeteiros. Estava entrando em seu modo brincalhão e implicante.

- Ciúmes de mim, Fany? – Findou provocando a agente que contorceu os lábios em reprovação, mostrando que não estava com vontade de brincar. – Você sabe que não precisa se preocupar comigo e não... Eu não me tornei amiga de Taeyeon. – Explicou-se ainda na brincadeira, rindo da expressão de alívio que tomou seu rosto. – Mas por que a pergunta?

- Eunjung tinha me falado que viu vocês duas conversando, um dia desses, indo para o terraço... – Disse depois de tomar um pouco do seu suco, sentindo-se profundamente aliviada com a resposta que obteve da morena, pois se ela tivesse ido ao encontro com suas suspeitas, não saberia o que pensar. Isso teria um enorme significado, afinal sua colega de quarto, após anos de convivência e amizade, estaria lhe escondendo coisas. – Por isso que fiquei curiosa. Geralmente só utilizam o terraço quando precisam tirar uma folga, aproveitando o silencio, ou então para encontros... Você não estava dando em cima dela, né?

 Após ter se explicado, aproveitou o intervalo que tinha para tirar outra dúvida, uma bastante plausível. Embora tivesse sido absolutamente séria com sua questão, isso não evitou que a morena explodisse em gargalhadas.

- Claro que não! – Negou suas suspeitas com firmeza, agindo como se a ideia proposta lhe fosse absurda e chocante. Por mais que achasse a baixinha uma mulher bonita e graciosa, não se sentia tentada a seduzi-la. – Qual é Fany... Você não tinha pedido para tentar me aproximar da Taeyeon? Foi o que fiz! – Imediatamente tratou de criar um tipo de explicação para o que supostamente Eunjung tinha presenciado. Lembrou-se de fazer um lembrete mental, para de falar com Taeyeon sobre isso mais tarde ou teria um sério problema para resolver depois. Provocar suspeitas era algo que deveria evitar. – Se não acredita em mim, pode ir perguntar a ela.

- Posso mesmo? – Duvidou.

- Você deve!

Incentivou-a ao se desencostar da parede, abrindo espaço para que a agente seguisse na frente, ditando o caminho até o escritório da Kim.

 

*

 

O horário do almoço tinha se aproximado e Taeyeon só foi perceber que seu estômago roncava, quando tomou uma pausa do trabalho para ir ao banheiro. Tinha ido de cima a baixo dentro da empresa, fazendo sua rotina diária de avaliações e reuniões com chefes de setores, perdendo bastante tempo fora do escritório, que ao retornar jogou-se na cadeira, sem energia para sair novamente.

Suspirou tristemente, sentindo-se solitária ao pensar que seria mais um dia que passaria o horário de descanso, sozinha. Mas isso porque queria. Ainda estava embirrada com Tiffany e não queria chatear suas amigas com suas preocupações infantis, o mesmo tagarelar de sempre sobre querer proteger a colega de apartamento. Gostava de passar seu tempo com Sunny e Sooyoung – ambas trabalhavam como agentes de campo -, mas as duas estavam em outros pontos do país em missões. Poderia ter com Seohyun, e suas fala mansa, para conversar sobre as dores de cabeça que andava tendo, esperando escutar sua análise aprofundada e certeira do que poderia estar verdadeiramente acontecendo, abrindo-lhe os horizontes e recebendo concelhos. Entretanto, a mesma tinha ido a Singapura para participar de uma convenção de medicina mental e palestrar uma de suas teses sobre as funções mentais psicóticas de um terrorista. Também havia Hyoyeon, sua amiga de escola que tinha ido trabalhar com ela no mesmo setor de informática e inteligência tática, contudo sabia que a colega não estaria disponível hoje, porque estava ocupada em outro ponto da cidade, fazendo recrutamento de pessoal para a segurança.

Sendo assim, somente duas opções haviam restado. A primeira era Jessica, contudo não abusaria de seu pouco tempo de descanso. Ela precisava tomar um momento para liberar o estresse acumulado e sabia que esse era o único espaço que tinha para se afastar da empresa. Portanto, reduzindo sua lista de amizades, encontrou a única opção plausível. Yuri há essa hora ainda deveria estar na empresa...

Contudo, ao perceber em como estava pensando, decidiu parar por um instante e raciocinar o que havia cogitado. Não sabia quando começou a adicionar a morena em sua lista de amizade, mas acabara por fazê-lo inconscientemente, tanto que isso chegou a causar estranhamento. Tinha certeza que isso era influência do tempo que estavam passando juntas. Percebia, aos poucos, que não se sentia mais ameaçada com sua presença. Na verdade, até mesmo gostaria de ter um tempo para conversarem melhor, sem que o assunto versasse sobre a empresa. Apenas conversar como duas colegas de trabalho que estão se conhecendo.

Isso a fez balançar negativamente a cabeça, como se mandando a mensagem ao cérebro de que ter esses desejos e impulsos amigáveis com a novata é algo a ser abominado. Precisava ter mais cuidado e não abrir a guarda como estava fazendo. Ainda existia a probabilidade de que as falhas e consecutivos insucessos, que estavam tendo na investigação, poderiam estar sendo provocados propositalmente por Yuri, que na verdade seria o espião a quem tanto procuravam. Por mais que as evidencias apontassem o contrário.

...Batidas tímidas em sua porta trancada a acordaram do debate interno que estava tendo consigo mesma, obrigando-a a se sentar corretamente na cadeira, dando permissão para que entrasse. Lembrou-se que, embora a morena tenha encontrado a escuta plantada pelo espião, dentro dos três escritórios, foi aconselhada a mantê-la em seu lugar de origem e evitar discussões importantes ali dentro, tudo para não alertar o invasor de que havia sido descoberto.

Não foi nenhuma surpresa ao ver que, quem a importunava em seu momento de reflexão, era sua secretária. Eunjung entrou na sala quietamente, sorrindo com bastante simpatia, equilibrando nas mãos uma bandeja de prata. Taeyeon sorriu surpresa ao ver que ela estava lhe trazendo um pequeno e simples lanche, chá e biscoitos adocicados, pondo tudo em cima da mesa organizada.

- Percebi que a senhorita não iria sair hoje, então trouxe isso para que não passe fome... – Explicou-se com a voz tranquila e doce, servindo-a numa xícara bonita e decorada, comprada especialmente para as pessoas que tralhavam naquele andar. – Não se esqueça de comer, isso não lhe faz bem, Srta. Kim.

A repreendeu docemente, abrindo um sorriso charmoso que mostrava parcialmente seus dentes brancos e perfeitos. Embora Taeyeon se sentisse intimidada por ela e sua altura, findou por devolver o sorriso, sentindo-se sem graça e tímida pela atitude gentil.

- Muito obrigado, Eunjung. – Agradeceu enquanto pegava a xícara que estava lhe passando, sabendo que o leve ardor que sentia em suas bochechas era o significava que estava corando.

Parecendo não se importar por tê-la envergonhado, a secretária se inclinou levemente em respeito e retirou-se da sala, permitindo que ela tivesse seu tempo sozinha, aproveitando da pequena refeição que trouxera, e retornou ao posto.

Ainda sorrindo envergonhada, a loura bebericou do chá verde e se deliciou com o sabor adocicado. Ele estava um pouco mais forte que o normal, mas isso não diminuiu o fato de que estava bom. Sabendo que estava novamente sozinha e que, de uma maneira ou outra, teria que passar seu horário de almoço ali dentro, voltou ao seu trabalho com um pouco mais de vigor se comparado a antes. Entre goles e outros, percebeu que estava consumindo do seu chá rápido demais, tanto que pouco depois que esvaziava a xícara já o procurava dentro da chaleira, ansiosa por mais da bebida quente e agradável. Ignorou completamente os biscoitos, mesmo sabendo que eles eram saborosos, concentrando-se em consumir mais um pouco do chá. Somente tinha o cuidado de não queimar a língua, perdendo alguns segundos para assopra-lo.

Depois que consumiu mais da metade da chaleira, notou que o gosto estava diferente. Não apenas isso. Na verdade se sentia eufórica e mais relaxada. Nem queria continuar a trabalhar, pois sabia que isso significava perder um pouco dessa felicidade e prazer que tinha encontrado no chá. Sentindo-se tentada, tirou os saltos que incomodavam os pés e os estirou sobre a mesa, bebendo mais um pouco do líquido na xícara bonita e fofa. Inquietamente parou para olhar os padrões dos desenhos na louça e repentinamente começou a rir, lembrando-se repentinamente de algo bobo e engraçado. A vontade de rir que a dominou aqueceu tudo dentro de si. Essa alegria era estranha e sem motivo, mas em nenhum momento se questionou do porque de estar rindo.

Na sétima xícara seu humor mudou e o cômodo começou a ficar quente demais, sentia-se levemente aérea e zonza, tanto que acabou tirando o blazer que cobria sua regata, passando a se abanar com alguns papeis que encontrou na mesa, não importando se estava amassando algum documento importante. Apenas precisava encerrar com essa onda de calor que invadiu o corpo. Tocou o rosto, notando que ele estava ardendo, e ficou curiosa. Aquela era a hora perfeita para se questionar, porém preferiu tomar mais do chá. Voltou a encher sua xícara e quando tomou o primeiro gole, percebeu uma significativa mudança em seu gosto.

Ele definitivamente não estava tão doce como antes. Chegou até mesmo a sentir um pequeno amargor dominar sua língua. O estômago se revoltou e uma ardência dominou o esôfago, sendo maltratado pela bebida quente.

É como se eu estivesse bebendo álcool... – durante um momento de lucidez parou o que fazia para pensar, sentindo a cabeça leve e confusa.

Chocada com o pensamento, meio débil pegou a chaleira e abriu a tampa, olhando o líquido dentro dele. Ele permanecia da mesma maneira como chegou, embora não estivesse tão quente como antes. O chá inocentemente permanecia com sua coloração esverdeada, um pouco amarelada e fraca, talvez, mas havia uma absurda quantidade de açúcar na parte de baixo, explicando o motivo de o gosto ter saído tão doce no início. O que enganou seu paladar. Pegou a xícara e cheirou-a, mesmo com os sentidos um pouco nublado, conseguiu definir que verdadeiramente não estava bebendo apenas chá. Haviam acrescentado um ingrediente nele, um toque especial, que foi camuflado pelo açúcar.

- Merda... – Resmungou com a voz pastosa.

Se não tivesse sido tão ingênua com a chegada de sua secretária, distraída com o trabalho, teria notado a diferença no gosto da bebida e em como ele começou a afetar seu organismo depois de experimentá-lo.

Respirou fundo para concentrar-se e reunir a calma, suas mãos suando em nervosismo. Mas isso apenas aprofundou a sensação de sonolência e dormência que a cobriu, do êxtase temporário provocado pelo álcool. Estava tendo uma recaída.

Ainda assim, decidiu que precisava questionar Eunjung e não perder o controle do raciocínio. Pegou o telefone em sua mesa e a chamou com pressa. A menina lhe respondeu meio incerta e confusa pela diferença em seu tom, pela maneira estranha como ela requereu sua presença na sala. Entretanto, segundos após seu chamado, a secretária parou em frente a sua mesa, com os braços atrás das costas e uma expressão diferente no rosto. Parecia alertada.

- O que é isso...? – Taeyeon questionou em seu estado ébrio, as palavras saindo levemente confusas e esparsas.

As sobrancelhas escuras de Eunjung se juntaram, mostrando-se intrigada com a atitude de seu chefe. A loura tentou manter o olhar sobre ela e até mesmo se levantar para demonstrar a indignação que sentia, pois tinha sido enganada por sua boa vontade e cuidado excessivo. Entretanto não se sentiu muito estável sobre as pernas e voltou a cair na cadeira com força.

- A senhorita está bem? – Ela perguntou ao se aproximar.

Taeyeon não lhe respondeu verbalmente, apenas balançando a cabeça negativamente, mostrando que não estava nada bem. Parou um tempo para respirar melhor, no fundo sentindo o controle que ergueu durante esses meses de abstinência ser jogado longe, voltando a sentir o impulso de beber. Queria mais daquela bebida... Mas não poderia. Tinha prometido a Tiffany que seria forte. Travou a mandíbula e fechou os olhos com força, tentando raciocinar, procurando uma saída favorável. Deveria pedir ajuda. Ligar para a Hwang é o passo mais seguro para si.

E estava prestes a pedir que Eunjung ligasse para a amiga, quando sentiu-a próximo demais para ser considerado aceitável. Assustada abriu os olhos e a encontrou ao seu lado na cadeira, girando-a em sua direção para que ambas ficassem frente a frente. Ergueu sua cabeça para poder ler o rosto da garota e encontrou uma expressão diferente da habitual.

O sorriso doce e seu olhar gentil tinham sido substituídos pela malícia, um fervor maldoso queimava seus orbes castanhos. Sua respiração estava levemente alterada e endurecida, como se tivesse corrido uma distância enorme até ela. Parecia um animal selvagem, como se algo tivesse a atiçado.

- Você precisa me desculpar, mas eu não consigo me segurar... – Ela falou lentamente, diminuindo o tom de voz.

Taeyeon se viu impedida de qualquer reação, quando uma sensação abrasante a dominou. Essa sensação calorosa estava vindo diretamente de seu ventre - que na verdade eram pontadas bruscas -, no momento em que a secretária forçou-lhe uma perna no meio das suas, ajoelhando-se em sua poltrona. Sua atitude repentina acabou pressionando seu sexo e se viu surpresa ao ter que reprimir um gemido, tanto de dor como de prazer. Foi uma reação totalmente inesperada que a deixou sem fôlego e palavras.

- Para com isso! – A loura ofegou zangada ao se remexer debilmente sobre a cadeira, tentando se afastar, mas isso somente piorou as coisas. A genitália pressionada, sem querer, roçou em seu joelho, fazendo-a ficar quieta para não se mover novamente.

Ela não compreendia o motivo disso estar acontecendo. Estava bêbada e sua secretária estava a assediando sexualmente... E isso não poderia estar mais errado, completamente bizarro. Contudo seu corpo parecia discordar da razão, que gritava exigindo para que fizesse alguma coisa contra.

Tendo que confrontar a própria cabeça e corpo para poder tomar um posicionamento, a observou inclinar-se em sua direção, baixando o rosto na altura do seu. Seu hálito quente e mentolado bateu contra seu rosto, fazendo-a corar contra a vontade. Em sua cabeça tudo apitou em alerta vermelho, indicando que aquela aproximação deveria ser impedida. As mãos foram as primeiras a reagir, parando-a pelos ombros. A boca pequena da secretária parou a centímetros dos seus, estando entreabertos na expectativa do beijo que não aconteceu. A loura subiu o olhar e viu que sua atitude tinha a desagradado.

- Pare com isso Eunjung... Você não sabe o que está fazendo. – Taeyeon tentou argumentar, apelando para a razão dos sentidos, porém teria sido mais eficiente se a voz pastosa não tivesse falhado no ultimo momento.

- Eu sei sim – Eunjung rebateu com leve impaciência e teimosia, voltando a franzir as sobrancelhas, inclinando levemente a cabeça para o lado. Seus olhos escurecidos foram caindo cada vez mais, pairando sobre a boca de seu chefe, que arfou incompreensivelmente. – você não percebeu o que sinto por você, nem mesmo te dando tantas dicas? – Questionou um pouco grossa e seca. – Sou louca por você, Taeyeon...

Dicas? Taeyeon estava mais confusa que nunca. Ouvi-la falar daquela maneira, como se sempre estivesse tentando chamar sua atenção, não fazia qualquer sentido. Se parasse para pensar, verdadeiramente, de uns tempos para cá ela tinha mudado com sua presença. Talvez se tornado mais simpática e gentil, digamos pegajosa em certos momentos, mostrando-se sempre disponível a fazer o que pedir. Mas não levou a crer que isso se tratava de paixão e sim em consideração a adaptação. Ela tinha sido recentemente contratada, não fazia nem dois meses que trabalhava naquele andar e precisou se acostumar com a rotina atribulada que ela e Tiffany tinham. Exatamente por isso que era difícil imaginar algo do tipo, como se suas ações fossem relacionadas à afeição.

Entretanto, para todos os efeitos, isso estava errado. Essa aproximação não poderia continuar.

- Isso... – Novamente pensou em contradizê-la, acordando para o real sentido das coisas, mas ela não quis escutar.

- Você é tão cega... Nunca consegue ver nada mesmo que esteja claro, jogado a sua frente... – As mãos da secretária afastaram grosseiramente as suas que ainda a impediam, e tomou seu rosto possessivamente apertando-o entre os dedos. A mandíbula doeu levemente com aquele gesto, o que a impediu de continuar a falar. – Isso é culpa da Tiffany. Ela te monopoliza como se fosse seu brinquedo... Como pode ser tão vidrada nela? O que ela tem de mais?

Soltou aquelas perguntas sem sentido sobre Taeyeon, que repentinamente sentiu a ira borbulhar em seu sangue, fazendo-a crispar os lábios e trincar a mandíbula dolorida. Estava pronta para retruca-la e fazê-la engolir as próprias palavras por tratar Tifany daquela maneira. Porém Eunjung não lhe deu oportunidade e repetidamente se encontrou sem escolhas, sendo obrigada a sentir os lábios dela fortemente pressionados contra os seus.

Instintivamente fechou os olhos, mas travou os lábios para que ela não conseguisse prosseguir com suas intenções de aprofundar aquele beijo forçado e ergueu as mãos, voltando a tentar empurrá-la longe.

- Whoa! – Alguém exclamou em choque dentro de sua sala.

A voz estranha quebrou as defesas de Eunjung, que se distraiu por um instante do que fazia, dando oportunidade para a loura que se aproveitou disso para afastá-la de si. A secretária não reclamou de sua atitude e se afastou, retrocedendo alguns passos, voltando a ficar ereta a sua frente. Sua expressão lívida e assustada foi motivo o suficiente para que o alívio da baixinha fosse eclipsado pela curiosidade.

Imediatamente dirigiu o olhar na direção da porta e encontrou Yuri, que sorria meio sem jeito, provavelmente constrangida com o que havia presenciado. Contudo, Taeyeon sabia que não era para ela quem a secretária olhava, então, ao desviar um pouco para o lado, encontrou alguém que preferia milhões de vezes não encontrar.

A Kim também ficou lívida, sentindo-se repentinamente sóbria ao ver que Tiffany estava na sua sala.


Notas Finais


Comentário? Até 2017!! ^^


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