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História Learn - O poder do ódio é incontrolável


Escrita por: thereddiamond

Notas do Autor


Olá!! Como vão todos você? XD
Antes de tudo, feliz ano novo!! Espero que todos estejam com os espíritos e ânimos renovados para esse ano! Rs.
Bom, não há muito o que falar. Sendo assim, tenham uma boa leitura e perdão se houver erros de ortografia. Estou com preguiça de arrumá-los kekekekekekek.
Bjus ;*

Capítulo 9 - O poder do ódio é incontrolável


A conversa no elevador se seguiu tranquila e divertida, tanto que Tiffany queria estendê-la para dentro do escritório de Taeyeon. Embora sua intenção em entrar ali fosse de questioná-la sobre o que fazia com Yuri, durante o estranho encontro presenciado por Eunjung, decidiu que colocaria aquela questão de lado e seria mais simpática com a amiga. Queria ter um tempo para conversar com ela, na verdade era preciso. Fazia um bom tempo que não conversavam direito e essa era hora de por tudo em ordem. Não aguentava a distância que tinha se formado entre elas, principalmente ao chegar em casa e não se sentir a vontade de fazer as mesmas coisas de sempre, como jantar juntas ou assistir um filme durante a madrugada, conversando besteiras e comendo porcaria.

Um pequeno sorriso se abriu no rosto ao lembrar esses momentos, sentindo falta. Realmente a loura plantou um vazio em seu cotidiano, que era insubstituível...

A porta do elevador se abre, cortando brevemente a interação entre as duas. Tiffany encontrou o posto ocupado pela secretária vazio, fazendo-a franzir as sobrancelhas em confusão. Sabia que o horário de almoço dela era uma hora adiantada do seu, haviam montado aquele esquema, encaixando seus horários e não permitindo que o lugar ficasse às moscas. Então onde ela teria ido? Com aquele problema de espionagem não deveria abandonar seu posto, não sem previamente avisá-la.

Contudo, vendo que Yul já seguia para o escritório de Taeyeon, não notando aquela ligeira diferença, se apressou em acompanha-la e novamente se viu perturbada pelo fato da porta estar aberta. A colega de apartamento não era de fazer isso, pois preferia manter a porta fechada em horário de trabalho, principalmente para ter mais privacidade.

Porém, suas preocupações não afligiam a cabeça da morena, que continuou seu caminho, entrando na sala sem ser avisada. De rompante teve de correr atrás dela com a intensão de impedi-la, evitando causar desconforto e entrou no escritório, se preparando para se desculpar com a Kim.

- Whoa! – A exclamação assombrada de Yuri chegou a seus ouvidos.

Todavia pareceu não escutá-la. Não porque estava distraída e sim, por encontrar-se presa - com o olhar fixo - na cena desagradável, que encontrou atrás da mesa de Taeyeon.

Por um lado teve as dúvidas de antes sanadas, entretanto não se sentiu agradada com as respostas, tanto que as palavras de desculpas por invadir seu escritório ficaram presas na garganta. Observou Eunjung ser empurrada pela loura, ficando lívida em seu canto encarando-a de volta, com seus olhos arregalados transmitindo medo e ansiedade. Lentamente o olhar de Tiffany escorregou para a amiga. Viu-a também arregalar os olhos, mas não foi sua expressão chocada que fez o sangue ferver. Ao tomar noção de que seus lábios estavam avermelhados, levemente inchados, por causa daquele beijo que trocou com a secretária, consumiu toda a calma e bem estar que sentiu antes de entrar no escritório. A raiva explodiu com tanta força em seu interior, que não ligou o fato da amiga ter as bochechas coradas e o olhar confuso.

Seus pés instintivamente avançaram na direção das duas, fechando fortemente as mãos em punhos, porém a mão de Yuri a impediu de prosseguir, parando-a no lugar. Seus olhos abrasivos caíram sobre a morena, que estremeceu amedrontada com tamanho ódio obscurecendo os orbes da agente, afrouxando o aperto que fazia em seu braço.

- Tiffany... – A Hwang escutou a loura murmurar do outro lado da mesa, cobrando sua atenção.

Taeyeon dessa vez não pode se manter sentada, obrigada a levantar, indo imediatamente em sua direção. As pernas em certos momentos pareciam não corresponder suas intensões, aos comandos do cérebro para que permanecessem da maneira correta, tornando o caminho instável e incerto. A sala estava girando em sua cabeça, vertiginosamente. Mas, sabendo que precisava dar-lhe explicações sobre isso, continuou seguindo da maneira que pode, findando por tropeçar nos próprios pés.

Bem a tempo, como se tivesse precipitado sua queda, Tiffany a amparou quando as pernas falharam no meio do caminho e evitou uma consequente queda. Graças aquela proximidade, pode finalmente sentir seu hálito forte e carregado. A respiração estava acelerada demais para ser considerado normal. Ela fedia a álcool e estava um pouco suada, além de que a temperatura de seu corpo parecia levemente febril. Sua pele naturalmente pálida e leitosa tinha um tom mais avermelhado, fora do comum. Tomando todos aqueles sinais, entendeu do que se tratava. Não restavam dúvidas de que a loura estava bêbada.

Isso inflamou ainda mais seus sentimentos de raiva e repulsa pela secretária. Poderia não ter presenciado todo o momento, do começo ao fim, mas sabia que essa embriaguez tinha conexão direta a ela.

- O que você fez? – A Hwang sibilou ameaçadora, voltando-se para Eunjung que permanecia parada do outro lado da sala.

- E-e-eu... – Ela balbuciou, gaguejando aquelas simples letras como se tivesse perdido a habilidade de falar, amedrontada pelo olhar inflamado de Tiffany, que começou a se livrar da amiga, passando-a para os braços de Yuri, preparada para agredi-la.

Sua ação merecia um tipo de punição e da maneira como se encontrava, Tiffany sabia que só ficaria satisfeita quando desse uma lição das boas naquela garota.

- Não me sinto bem... – De repente Taeyeon murmurou para a agente, atraindo seu olhar, impedindo-a de seguir em frente ao agarrar-se mais em seus braços. Ela tinha a cabeça baixa, pois sentia uma forte ânsia de vômito dominando-a. Trincou os dentes e cerrou os olhos com força, segurando aquela vontade desagradável. Tinha certeza que poderia colocar tudo para fora e provocaria uma sujeira daquelas. – Fany, eu não me sinto bem...

Gemeu ainda cabisbaixa sem encará-la, respirando fundo ao sentir que começava a suar frio. Um tremor atravessou a coluna, fazendo o couro cabeludo pinicar em alerta, estremecendo-a da cabeça aos pés. Não se seguraria por muito tempo.

- É claro que você não está bem, sua idiota! – Tiffany respondeu exasperada, um pouco grosseira, mas logo sua expressão de ira foi substituída pela preocupação. Puxou seu rosto para cima e observou seu semblante abatido e esverdeado. – Você quer vomitar?

A loura balançou a cabeça positivamente e se deixou amolecer nos braços da amiga, confiando-se por inteiro nela, sentindo-se mais segura agora que estava ali. Se Tiffany estava por perto, significa que tudo ficará bem e em breve todo esse mal estar passaria.

A Hwang suspirou forte, deixando-a se apoiar em si e ajeitou-a da maneira que pode para arrasta-la na direção do banheiro. As pernas da amiga pareciam insistir em direcionar-se para o lado oposto ao que deseja ir, mas com um pouco de destreza consegui leva-la a onde precisava. Para sua sorte – e de suas roupas –, Taeyeon mostrou um incrível controle da garganta e do estômago, esperando que a levasse para a pia, no qual finalmente pode colocar para fora tudo aquilo que revoltava a barriga. O gosto adocicado do chá misturado ao ácido estomacal tornou a sensação triplamente pior. Voltou a estremecer de uma ponta a outra, sentindo o suor frio rastejar pelas costas, a garganta ardendo em resposta àquela provocação nojenta. Quanto mais vomitava, mais consciente ficava de sua embriaguez, começando a ficar com o corpo mole e cansado, ainda que parcialmente aliviado.

Taeyeon parou tempos depois de vomitar, quando o corpo pediu por uma pausa e já não existia mais nada para regurgitar. Vendo que estava exausta, a pele retornando a ficar pálida, estando praticamente deitada inconsciente sobre a pia, Tiffany limpou sua boca suja e ajudou-a a sair de dentro do banheiro fedorento. Tinha tido ao menos a decência de segurar seus longos cabelos para que não o sujasse, enquanto estava vomitando, mantendo-o erguido para que não caísse sobre o rosto. Não a levaria de volta para o escritório, não enquanto houvesse a possibilidade de encontrar Eunjung, sendo assim abriu a porta da sua sala, que era a mais próxima do banheiro e deitou-a no sofá.

- Eu quero beber mais um pouco, Fany-ah... – Taeyeon choramingou infantilmente, a língua se enroscando no meio do caminho. Embora estivesse superficialmente acordada, sua inconsciência tinha emergido. Ela começou a rir par ao nada, tentando tocá-la no rosto, mas falhando miseravelmente, sentindo-se exausta ao deixar o braço cair no ar.

- Não, Tae. Você me prometeu lembra? – Tiffany retrucou docemente, sentando-se nos tornozelos para olhá-la corretamente. Odiava vê-la vulnerável por causa da bebida. Tirou uma mexa suada de seu rosto, colocando-a atrás da orelha, notando que lentamente o aspecto doentio estava sendo substituído pelo embriagado, dando cor as bochechas. – Por que você voltou a beber?

- Não sei. – Ela resmungou soltando um soluço bêbado, voltando a rir de algum pensamento que passou pela cabeça. – Aquele chá estava bom demais... Acho que era vodca...

Começou a brincar com sua situação, perdendo de vez a cota de racionalidade que sobrara, afundando ainda mais no efeito alcóolico, entregando-se a sensação sonolenta e agradável, cada vez menos eufórica que a abordava. Seu corpo estava menos agitado e os olhos pesavam. Quando menos esperou estava murmurando algo sem sentido, meras palavras soltas, antes de se entregar ao sono, deixando Tiffany sozinha com sua preocupação.

 

*

 

Yuri nunca tinha visto Taeyeon desse jeito e acabou chegando à conclusão de que jamais queria vê-la novamente assim. Nunca encontrou o rosto de Tiffany tão preocupado e furioso como o de agora, tanto que saiu do caminho e deixou que fosse cuidar da amiga, cabendo a ela o dever de resolver o resto que ficou para trás.

Seu olhar caiu em Eunjung que permaneceu calada no mesmo lugar. As dúvidas começaram a surgir em sua cabeça, intrigada com o que havia presenciado. Quando entrou na sala e a encontrou beijando a administradora, tinha achado que fosse um tipo de flagra excitante e divertido, por isso ficou sem graça e até começou a achar uma situação bastante engraçada. Mas as coisas se inverteram para algo inesperado. Foi tão surpreendente a maneira como isso afetou Tiffany, que durante um momento acreditou que ela perderia a cabeça, explodiria e partiria para cima da secretária, pronta para agredi-la. Por isso que se viu obrigada a pará-la quando a viu seguir na direção das duas, entretanto nunca esperou se sentir ameaçada por alguém, quando se deparou com o olhar abrasivo da agente. Contudo, para a sua sorte, a baixinha se aproximou da amiga e se jogou sobre ela de uma maneira tão anormal, que logo as coisas lentamente foram se encaixando no quebra cabeça.

- Vá embora, Eunjung. – Se dirigiu a secretaria, que ergueu o olhar do chão franzindo o cenho. Seus lábios se partiram para retruca-la, até mesmo viu o ar enchendo os pulmões, mas não permitiu que continuasse. – Simplesmente vá embora daqui e não volte até que Jessica ligue para você... Evite ser morta.

- Quem é você para me dizer isso? – Ela rosnou irritada ao acordar do estupor, endurecendo a postura e erguendo o queixo para confrontá-la. – Você não teria coragem para tocar num fio de cabelo meu!

Cuspiu as palavras numa torrente nervosa e agitada, evidenciando o fato de que tinha perdido o controle de seus pensamentos, chegando ao ponto de mostrar sua verdadeira face.

Yuri sorriu amargamente e a passos tranquilos, silenciosos como os de um caçador que encurrala sua presa, se apoiou na mesa de Taeyeon e retrucou seu olhar. Os orbes escuros cintilaram perigosamente, alertando-a para baixar a bola antes que perdesse a paciência, coisa que raramente acontecia. Era uma pessoa que conseguia controlar-se com facilidade, embora se deixasse guiar com pelos instintos. Porém, isso não queria dizer que existia um limite,

- Eu não disse que eu era quem a mataria. – A morena explicou calmamente, fazendo questão de mostra-la a verdade que ignorava por mais evidente fosse. Seu indicador fez círculos invisíveis na mesa, fazendo com que seu olhar caísse sobre ele. – Tiffany não é má pessoa, mas isso não quer dizer que você pode brincar com ela e ainda se sair vitoriosa... – Afirmou com tanta certeza, agindo tão friamente, que isso congelou o estômago da secretária, que a olhava abismada. Voltou a encará-la e abriu seu sorriso mais tranquilo, ainda que inquietante por ser perigoso. – Você teve sorte que Taeyeon interviu. Em outro caso você já teria se arrependido da cagada que fez. Sendo assim, vá embora.

Fez um gesto educado, indicando a direção da porta, sem tirar os olhos sobre sua figura tensa. Eunjung poderia ser mais alta, mas Tiffany poderia derrubá-la com facilidade. Era uma agente treinada e tinha um condicionamento físico saudável, por isso não estaria sendo mentirosa ao dizer tudo aquilo. Na verdade estava a salvando do ataque de um leão furioso.

Parecendo ter se convencido com suas palavras e alertas “amigáveis”, a secretária rumou fora do escritório, quase se esquecendo de pegar a bolsa embaixo do balcão em seu posto, fugindo da maneira que pôde. Se possuía a permissão para dar o fora, então aproveitaria para correr de volta para casa. Precisava pensar no que tinha feito... Se valia mesmo a pena apostar naquela empreitada. De qualquer jeito, tinha uma importante ligação para fazer.

Vendo-se sozinha e sabendo que não poderia falar mais nada, principalmente por existir a grande possibilidade de o espião estar escutando todo aquele problema, pegou a xícara que antes Taeyeon bebia e cheirou-a. Sentiu o forte odor do álcool saindo do pouco do líquido que restara e se questionou como a loura não se tocou de que sua bebida estava batizada. Apanhou a chaleira e fez o mesmo, voltando a sentir que definitivamente os sentidos da administradora falharam miseravelmente. Eunjung deveria ter jogado ali dentro uma garrafa de vodca por inteiro ou quem sabe absinto. Não tinha a certeza, mas apostava nas duas opções, o que era uma loucura. Isso poderia tê-la matado de uma overdose. Era uma quantidade absurda de álcool para ser consumido por uma pessoa.

Suspirando tristemente para aquilo, saiu da sala da loura e seguiu para ao lado, encontrando Tiffany agachada próximo à cabeça da amiga, tentando convencê-la a esquecer da bebida que restara em sua sala. Embora não quisesse atrapalhá-las, precisava falar com a agente.

Bateu no batente quando a conversa entre elas tinha acabado chamando sua atenção. Sorriu minimamente, compreensiva com a situação, mas respeitosamente pedindo permissão para se intrometer.

  - Achei isso na sala da Taeyeon... – Levantou a chaleira e assim que entrou, passou-a para Tiffany, que imediatamente foi cheirá-la. Sensibilizada com o forte odor de álcool que fez sua narina arder em resposta, subiu seus olhos entristecidos, porém levemente irritados. – Eunjung deve ter aproveitado o calor e a quantidade de açúcar para camuflar o sabor da bebida. Ela foi sorrateira.

- Eu vou matar aquela vadia! – A Hwang perdeu minimamente a compostura, elevando a voz, fazendo com que Taeyeon se agitasse em seu sono ébrio, movendo-se no sofá enquanto resmungava. Vendo isso, obrigou-se a respirar fundo e baixar o tom da conversa, embora ainda se sentisse irada. – O que vamos fazer agora?

- Você vai ligar para Jessica, enquanto eu vou levando a Taeyeon para o estacionamento. – Yuri sorriu para a agente, tentando encorajá-la ao ver que seus ombros continuavam baixos e procedeu como acreditou ser o correto no momento. – Eu vou carrega-la nas minhas costas... Como ninguém da empresa pode vê-la assim, preciso usar as escadas. Aproveite o tempo de sobra que tem até Jessica chegar para trancar tudo e lhe explicar o ocorrido.

Tomou uma longa respiração, suspirando com mais consternação e esperou que a Hwang lhe desse uma resposta, dizendo se aceitava sua proposta, por mais que estivesse disposta a convencê-la a fazer o que propôs. Vendo-a acenar com a cabeça positivamente, agradeceu sua resposta. Ela tirou as chaves do carro de dentro da bolsa que servia de travesseiro para a loura e passou para a morena, sabendo que acabaria chegando primeiro ao subsolo.

Sendo assim, com a chave guardada no bolso traseiro da calça, Yuri cutucou o ombro de Taeyeon levemente, fazendo-a acordar. Os olhos castanhos da administradora caíram sobre si, confusos. Antes de adormecer o último rosto que ela tinha visto fora o da amiga e não o da morena...

- Vamos baixinha... Vou te levar para casa. – Brincou com sua confusão, fazendo-a franzir a testa em surpresa. Ainda assim, sem falar nada, ajudou-a a se levantar e com um pouco de cuidado, sendo ajudada pela agente, colocou-a em suas costas. – Segura firme! – Avisou para a bêbada quando seus magros braços tentaram escapar do pescoço, segurando com firmeza suas pernas. Assustada por quase ter caído, ela a segurou com mais força, não o suficiente, ainda débil para permanecer estável e quase voltou a adormecer, apoiando o queixo em seu ombro. Tiffany, por mais que estivesse preocupada, não conseguiu evitar rir daquilo. – Ah, antes que me esqueça... Não se esqueça de pegar a chave da minha moto em cima da minha mesa.

- Para que você quer a chave da sua moto? – Questionou-a com as sobrancelhas franzidas, acompanhando as duas para fora da sala, abrindo a porta para que passasse.

- Você vai conseguir colocá-la na cama desse jeito? – Grunhiu humoradamente, observando-a revirar os olhos.

Entretanto, mesmo parecendo desagradada, mas felicitada por saber que a morena queria ajuda-las, abriu a porta da saída de emergência, que dava para as escadas e parou do lado de fora, vendo-a descer os primeiros lances de escada. Seu coração furioso ficou um pouco mais calmo ao saber que a loura estava bem protegida.

Sendo assim, quando viu as duas desaparecendo nas escadas, tomou um longo suspiro e voltou para sua sala, não tendo tanta pressa. Ligou para Jessica, mas se indispôs em explicar o que estava acontecendo. Entretanto, por algum motivo incompreensivo a presidente não pediu explicações pelo telefone, apenas alertou que desceria em poucos minutos e lá ela poderia explicar-lhe o problema.

A amiga chegou quando já estava terminando de fechar a sala de Taeyeon, deixando a chaleira em cima da mesa, pensando que resolveria aquele problema depois que colocasse a amiga na cama. Entrar naquele escritório a lembrava da secretária e chegou a se questionar onde ela estaria naquele momento, mas acreditou que isso não era relevante agora. Eunjung não poderia se esconder para sempre e teria a oportunidade de mostrar-lhe toda a fúria que permanecia acesa em seu peito. Uma oportunidade da qual se sentia eufórica para tentar.

- Fany? – Escutou a voz da Jessica do lado de fora do escritório, estando a sua procura, o que a fez correr diretamente a ela. Imediatamente foi abraça-la, porque era o que precisava naquele momento e ficou feliz ao ver que a presidente parecia lhe entender, rodeando-a com seus braços. – Você terminou tudo o que tinha para fazer aqui? – Perguntou ao afastar levemente a cabeça, observando seu semblante cansado. – Podemos conversar dentro do elevador...

Tiffany somente lhe respondeu com um balançar de cabeça e tomou sua mão, entrando no elevador ainda aberto naquele andar. Apertou o botão do terceiro andar, lembrando-se do pedido de Yul e recebeu o olhar questionador da amiga sobre si. Sendo assim, começou a contar o que havia presenciado e em como as coisas saíram do controle com tão pouco tempo. Até parecia que uma tempestade chegou e rapidamente se dissipou.

Soltando uma exclamação impressionada, Jessica esperou até que a amiga voltasse para o elevador, depois de pegar a chave da moto da morena e continuou a conversa, dando sua sincera opinião sobre o caso.

- Você sabe que isso não teria acontecido se vocês duas fossem menos teimosas... – Disse sem desviar o olhar, mesmo percebendo o desagrado que contorceu o rosto da agente. – Pelo menos tente não brigar com ela quando a ressaca passar. Seja paciente e resolva logo esse problema entre vocês da maneira mais pacífica possível. – Jogou o cabelo sobre o ombro e vendo que estavam se aproximando do estacionamento, rapidamente tomou a iniciativa de finalizar a conversa. – Sei que tudo vai melhorar depois disso... Vocês se amam além de tudo.

 A porta do elevador se abriu naquele instante, não permitindo que Tiffany lhe respondesse. De qualquer forma não precisava. Compreendia o que ela havia falado e quais eram suas intensões. Qualquer jeito teria tempo para remoer tudo isso quando estivesse em casa.

Sendo assim, guiou a amiga até o carro, onde esperava que Yul estivesse.

 

*

 

As costas de Yuri doíam intensamente, assim como suas pernas que estavam pesadas, parecendo que estava erguendo cem quilos em cada. Entretanto isso não a desestimulou, principalmente por saber que faltavam alguns lances de escada para chegar a seu destino, e muito pouco para entrar no estacionamento. Até mesmo conseguia sentir o fedor de óleo enferrujado, escutando o barulho de rodas guinchando no cimento liso. Somente esperava que a chuva tivesse passado nesse meio tempo em que descia.

Parou um pequeno instante para respirar e limpar a gota de suor que escorreu pela lateral da testa, arrumando o corpo de Taeyeon que voltou a escorregar naquele instante que tirou uma mão de suas pernas. Graças ao forte solavanco que deu na loura, acabou por acorda-la.

- Aqui fede... – Ela reclamou ao sentir o forte cheiro que vinha do estacionamento, escondendo o rosto no ombro da morena, rindo para o vento feito uma boba. – Você cheira melhor, Yul.

- Fico feliz que goste do meu cheiro, baixinha. – Retrucou abusando da ironia, que provocou em outras ondas de risadas na mulher.

- Vai me levar na sua moto, Yul? – Perguntou assim que se lembrou daquele detalhe, do final da conversa que a morena tivera com a amiga, um assunto que pareceu interessa-la.

- Eu não sou louca de te levar comigo nesse estado! – Riu e continuou a descer as escadas, agradecendo ao fato de que estava chegando ao estacionamento, podendo encontrar a porta de emergência.

- Mas eu queria andar de moto! – Se remexeu inquietamente em suas costas, indignada com a recusa. – Como ela é?

- Bem grande e veloz. Duvido que você consiga colocar os pés no chão se subir nela... – A morena grunhiu sem perder o humor, tentando manter-se estável depois que ela se moveu.

Ao abrir a porta uma baforada fria atravessou seu corpo, estremecendo-a dentro da roupa. Não escutou o som da chuva, então tomou aquilo como a sorte do dia. Com um pouco de destreza tirou a chave do carro de onde havia guardado e apertou o alarme, acionando-o. Escutou o barulho do alarme em algum canto recluso, porém não muito longe. Permaneceu naquele joguinho de trava e destrava, até que o encontrou com as luzes piscando a sua espera. Tomando cuidado para não esmagar Taeyeon, conseguiu coloca-la deitada nos bancos traseiros. Sem o peso extra nas costas, pode respirar melhor e concertar a postura encurvada, notando que as costas estavam endurecidas.

- Eu quero dirigir sua moto... – A loura resmungou feito uma criança, mais uma vez insistindo naquele assunto, fazendo um biquinho insatisfeito, virando de lado no banco e por muito pouco não se jogando no chão do carro.

- Prometo que deixo quando você estiver melhor... – Suspirou e sorriu para ela, antes que a visse voltar a dormir, arrumando-a sobre o banco para que não caísse.

- Yul, jjang... – Ela murmurou entre o sono, fazendo-a balançar a cabeça negativamente. Por mais que a administradora tentasse parecer séria em seu cotidiano, vê-la daquela maneira só reforçou a ideia de que por dentro era uma fofa.

Passos se aproximando a fez retornar a atenção no estacionamento. Ergueu o olhar bem no instante em que as duas mulheres apareciam na entrada da sessão em que se localizava o veículo, retornando o sorriso enorme que Tiffany abriu ao encontra-la parada em seu carro, com um braço apoiado na porta.

- Obrigada, Yul... – Agradeceu quando chegou perto dela.

Bem que tentou abraça-la, uma atitude para mostrar o tamanho de seu agradecimento, mas a morena rejeitou.

- Não! Estou toda suada... – Recusou a oferta, entretanto a agente não quis saber e a abraçou. Não era qualquer um que carregaria por vinte andares uma pessoa, que não é amiga, e ainda a recebia com um sorriso. Embora tenha ficado contrariada, a morena retornou o abraço. – Anda logo, Tiffany. Precisamos levar ela para casa, antes que babe o estofado inteiro.

E aqui estava seu bom humor para melhorar aquele dia que estava terrível. Tiffany se separou dela e pagou a chave de suas mãos, sem perder o sorriso. Combinaram que ela a seguiria para o caminho até sua casa e entrou no carro, depois de fechar a porta traseira. Olhou pelo retrovisor interno a imagem adormecida de Taeyeon e em seu coração sentiu um rápido aperto ao saber que, quando acordasse, ela ficaria se remoendo pelas coisas que fez. Não tinha pessoa melhor para se sentir culpada e absorver a culpa dos outros como a loura. Ela se sensibilizava com muita facilidade, um coração praticamente feito de manteiga, que se desmancha imediatamente para qualquer situação.

Resignadamente desviou o olhar e ligou a ignição do carro, esperando que a novata aparecesse com sua moto.

 

*

 

Enquanto seguia pelo estacionamento até sua moto, que praticamente estava do outro lado do lugar, bem perto de onde ficava o elevador, Yuri escutou os passos de Jessica a suas costas, seguindo-a apressadamente, por mais que fosse impossibilitada por seus saltos, conseguiu alcança-la no meio do percurso.

- Pretende me seguir pelo estacionamento inteiro, Srta. Jessica? – Se virou para ela, sorrindo provocante, não perdendo a oportunidade para brincar.

- Bem óbvio que não... O elevador é por esse caminho também. – Retrucou a altura, devolvendo seu sorriso com acidez e zombaria, ganhando uma silenciosa risada da morena, que virou pelos calcanhares e continuou a seguir em direção à moto. Jessica desviou o olhar de suas costas, para o veículo e não se surpreendeu ao ver que combinava com seu estilo. Ele era grande, aparentemente veloz e selvagem. Confortavelmente conseguia imaginá-la sobre ela. – Você descobriu o motivo para Eunjung fazer aquilo?

Perguntou quando a viu alcançar a moto, se aproximando lentamente, observando-a pegar o capacete que estava preso ao banco. Os orbes escuros da morena foram até ela, examinando-a.

- Ainda não, mas sinto que posso descobrir em breve. – Finalizou sorrindo convencida e colocou o capacete.

Subiu na moto e colocou a chave na ignição, disparando o motor, que roncou como um animal furioso. Os ouvidos delicados da presidente reclamaram daquele barulho, mas ignorou-o e se afastou do caminho, dando passagem. Yuri parou a sua frente e ergueu o visor do capacete para olhá-la.

– Ah, só para que saiba... Eu disse para a Eunjung que você ligaria e resolveria sua situação.

Descobrindo que tinha sido utilizada pela morena, Jessica se irritou profundamente e crispou os lábios em descontento. Estava pronta para retruca-la, mas a escutou acelerar sua moto, baixando o visor do capacete e seguir em frente. Parada no mesmo lugar observou-a desaparecer numa esquina, seguindo na direção de Tiffany, que certamente estaria ansiosa a sua espera.

Suspirou pesadamente ao fazer a volta e seguir para o elevador. Enquanto esperava que viesse ao seu chamado, os lábios automaticamente se ergueram num mínimo sorriso, sentindo-se repentinamente feliz.

 

*

 

A chuva apenas fez o clima ficar mais quente depois de sua passagem, tornando impossível permanecer fora de casa, longe do aconchego do ar-condicionado.

Ainda assim, Tiffany não se sentiu a vontade para se levantar do sofá que tinha em sua varanda. Ela observava o sol se por lentamente no horizonte, posicionado em frente ao seu apartamento. O céu mudando de cor, tornando-se alaranjado como se o fogo se extinguisse, dando espaço para que a lua aparecesse um pouco suave e tímida.

Tomou um pouco do chá gelado que tinha num copo lotado de gelo, diminuindo o calor do corpo, pousando-o em sua perna. Sentia gostas de suor se formando na nuca, então ergueu os longos cachos num coque mal feito, sentindo-se aliviada quando o vento noturno bateu na pele quente. Jogou-se contra o sofá, sendo abraçada pelo estofado macio, notando que gostava daquele lugar. Ali podia tomar a proporção do quanto o bairro onde mora é tranquilo e quieto. Bem de longe escutava o zunir da estrada e o eco das buzinas furiosas, mas eram tão longínquas que praticamente não perturbava a calmaria. Desde que chegou em casa, ajudando Yul a colocar Taeyeon no quarto dela cuidando de deixar seu sono mais confortável, não tinha mudado de roupa. Sentia-se suada e suja, desejava um banho para descarregar todo estresse, pensando que poderia muito bem encher sua banheira... Entretanto não conseguia. Não quando tinha muito em mente para pensar.

As lembranças viam como flashes na memória, fazendo-a reagir brutalmente para tentar assimilar o que cada uma delas provocava em seu corpo. Primeiro recapitulou o dia, os problemas que Hyoyeon veio discutir em sua sala, reclamando que não existia mais pessoal confiável na cidade o suficiente para suprir a nova mudança que propôs na segurança, pedindo encarecidamente que revisasse seu pedido e o deixasse de lado por enquanto. Evitando gastos desnecessários, coisa que não fez. Depois de uma longa discussão, teve o almoço fracassado com Nichkhun. Então apareceu Yuri e sua companhia agradável de boa ouvinte, uma conselheira bastante sábia e divertida... Para o incidente Taeyeon e Eunjung.

Sempre acreditou que jamais se deixaria levar por preconceitos sobre sexualidade e opções de vida, mas de qualquer maneira ver as duas se beijando, definitivamente foi um choque. Sentiu repulsa, não pelo fato de serem mulheres, e sim por encontrar a sua melhor amiga sendo atacada pela secretária. Apenas lembrar, o ódio começava a crescer em si, enraizando-se em seu peito como ervas-daninhas. Se não tivesse sido Yuri, certamente teria a matado naquela hora, a arrancado para longe da loura. Entretanto ficava feliz que não conseguiu fazê-lo, pois assim pode ajudar Taeyeon, que era única vítima daquele problema.

Repousou a cabeça na mão, descansando o braço nas costas do sofá, pensando no quanto aquele vicio ainda iria consumir da sua melhor amiga. Essa doença estava enraizada desde a adolescência, fazendo-a relembrar momentos do passado e em como conheceu a única pessoa que foi capaz de mudar a sua vida.

E o rumo em como ela seguiria.

 

*

 

Tiffany não teve uma entrada na adolescência tão fácil como o de outras pessoas, tanto que sempre se achou esquisita, fora do comum. Não era do tipo que se isolava ou se transformava num gótico ou estudioso, enclausurado no mundinho em sua cabeça. Muito pelo contrário, era a pessoa mais adaptável possível, o que a fez criar um caráter volátil e um pouco fútil.

Sempre tinha a mesma opinião sobre as pessoas que a arrodeavam. Eram bajuladores, a maioria deles pelo menos, que somente queriam consumir da popularidade que sua beleza trazia. Por mais que elas as olhassem torto devido sua descendência oriental, os olhos em especial que se fechavam facilmente quando sorria não as afastava. Ser alvo de comentários preconceituosos, como “ei, você é japonesa, certo?” ou “para mim todo asiático é igual”, fossem estupidezes frequentes, não se excluía e muito menos demonstrava raiva. Apenas sorria simpaticamente e lhe explicava docemente as diferenças, fazendo piadas de si e de suas raízes.

Talvez por praticar sua atuação tantas vezes, tinha essa capacidade especial de mentir e sorrir com facilidade, camuflando seus verdadeiros sentimentos. Dificilmente as pessoas compreendiam o significado do seu sorriso ou expressão séria e compenetrada. Isso também, às vezes, lhe trazia um ar de arrogância. Num todo, realmente possuía uma definitiva diferença dos outros, que a tornava única.

Pelo fato de não ter uma mãe e sua irmã mais velha estar numa universidade longe de casa, teve que aprender a se virar no meio de homens, cuidando de si. Suas fontes de pesquisa eram as revistas de garotas da sua idade, algumas conversas que tinha com as colegas de sala e coisas que assistia na Oprah. Aprendeu a se maquiar e torna-se mais vistosa para os garotos. Usava as roupas da moda, vestindo-se de acordo com cada estação, sempre atenciosa à nova tendência e tinha uma paixão secreta para ir a shoppings, sair fazendo compras e perder horas experimentando.

Entretanto, somente com quatorze anos de idade, foi que encontrou o primeiro desafio da sua vida. Ela havia conseguido um namorado.

Ele era um colega de classe, jogador do time de futebol americano e possuía bonitos olhos azuis. Embora fosse bonito e atraísse muita atenção das outras garotas, tinha um jeito respeitoso, pensamentos românticos e um sorriso tímido. Havia gostado dele e por isso não conseguiu negar seus sentimentos quando o próprio veio chama-la para sair. Depois de uma ida ao cinema e tomado o sorvete, o garoto tomou uma atitude perigosa que foi pegar em sua mão, para juntos continuarem o encontro com mais proximidade. Sua atitude tinha explodido no peito da jovem Hwang, que se encontrava cada vez mais encantada e dessa maneira inocente prosseguiu o passeio.

A notícia do namoro começou a se espalhar na escola, tornando-os cada vez mais populares. Era o casal que todos queriam imitar, por serem reservados e ainda assim apaixonados. Lindos de se ver, capaz de encantar.

Cada dia que passava Tiffany não poderia se sentir mais feliz com o pouco conquistado, entretanto, com esse namoro vieram às responsabilidades. Sendo menina demais, cega com a própria ideia do romance, não sabia o que significava a verdadeira junção entre homem e mulher. O garoto não era impaciente, mas lhe fez uma exigência da qual achou justa, principalmente depois de dois meses de namoro e leva-la para conhecer os pais. Ele desejava tê-la... Queria fazer amor com sua namorada. O que a garota de imediato não compreendeu.

No momento deixou que ele a beijasse, até que se surpreendeu quando sentiu as mãos dele tocando seu corpo, em áreas mais intimas como seios e pernas. No primeiro instante ficou estática, paralisada de medo, permitindo que o rapaz a jogasse contra a cama de seu quarto. Entretanto, ao sentir-se acuada, tomada pelo medo do verdadeiro significado daquilo, o empurrou para longe e foi embora para casa, bufando de raiva.

Durante uma semana não falou com o garoto, que pareceu ignorá-la no começo, até que novamente veio se desculpar e pedir mais uma chance, se redimindo ao dar-lhe um presente, uma bolsa de grife da sua cor predileta. A menina no começo relutou a aceitar, mas logo foi cedendo e retomou o namoro, com o dobro de cuidado e atenção sobre ele.

E, por mais que a situação ainda lhe desagradasse, sentou-se separadamente das outras colegas de classe e pegou sua habitual revista adolescente da moda, abrindo numa seção que automaticamente pulava, por acha-la indecente, algo que sua igreja pregava contra por se tratar de um pecado da carne. Eram os artigos que tratavam da sexualidade, da arte que apenas os amantes conheciam. O jogo mais profundo de um relacionamento. Quanto mais lia, mais compreendia que o sexo era perigoso, doloroso, ao mesmo tempo em que prazeroso e viciante. Sentiu uma formigação estranha subir pelo corpo ao ler cada novidade, que abriu novos horizontes em sua mente reclusa, porém isso também a fazia acreditar que estava cometendo uma enorme transgressão contra sua religião. No entanto sua mente agora estava poluída com aquelas ideias e não poderia se sentir outra coisa mais, a não ser curiosa.

Durante as aulas se questionava como poderia ser aquela conexão profunda, que tanto leu e como seria fazê-lo com seu namorado. Doeria também ou seria diferente? Se sentiria bem ou muito mal? E quais as consequências disso caso algo dê errado?

Eram perguntas coerentes, mas que não tinha coragem para pergunta-las a ninguém, muito menos aos irmãos e nem cogitou o padrasto, aquele estorvo que tinha em sua casa. E pensar nele, começou a se sentir irritada. Se Leo também não fosse menor de idade, certamente teria a levado para longe dele. Após a morte de sua mãe, parecia que as coisas finalmente tomaram um rumo diferente. As pessoas começaram a duvidar do caráter daquele homem, entretanto nada poderiam fazer quando se tratavam deles, pois a guarda tinha sido entregue ao estranho, enquanto o pai biológico permanecia no mar a trabalho.

Sendo assim, mesmo querendo tirar suas dúvidas, seguiu para casa como de praxe e fez seus afazeres domésticos, para então poder se dedicar ao dever. Depois teria tempo livre para assistir televisão em seu quarto.

A noite daquela quinta-feira estava bastante quente, ainda que tranquila e os programas que tanto gostava de assistir tratavam de assuntos interessantes. Contudo, como toda tranquilidade teve seu limite. De dentro do quarto escutou a porta da frente de sua casa ser fechada com força, os passos pesados de seu padrasto sobrepuseram os sons da televisão, deixando-a atenta.

Ele gritou seu nome da cozinha e mesmo sentindo repulsa, respondeu ao seu chamado e o encontrou sentado numa cadeira da mesa, respirando alto. Tinha o rosto avermelhado e pelo fedor que saia de suas roupas aparentava estar completamente bêbado. Sua voz grossa e pastosa exigiu que ela lhe fizesse o jantar, mas a garota recusou. Não sabia cozinhar e não era sua empregada para fazê-lo. Ainda impertinente, virou de costas para voltar ao quarto, porém se viu impedida quando ele agarrou seu cabelo e a puxou de volta. A dor em seu couro cabeludo foi excruciante, capaz de lhe arrancar um breve choramingo. Sentiu medo daquela reação, pois não era típico dele. Parecia transtornado e se tornado outra pessoa. Ele começou a questioná-la, exigindo brutalmente respostas para suas perguntas e quando se recusava a responder agarrava mais do cabelo, podendo sentir que arrancava bastantes fios. A dor comandou sua boca e logo tratou de respondê-lo.

As questões geralmente não passavam de xingamentos e questionamentos de um ébrio desvairado, entretanto, quando descobriu que Leo ainda não havia chegado em casa, preso no trabalho voluntário que fazia para ganhar créditos para entrar numa universidade da Ivy League, as coisas pioraram para a garota.

Tiffany nunca tinha sentido um medo tão grande, mas, naquele instante fatídico, descobriu as respostas para suas questões anteriores, deixando-a marcada para sempre por um ressentimento, uma espécie de cicatriz, que jamais sairia de seu corpo.


Notas Finais


Comentários? Até a próxima! ^^


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