História Learning - Hayes Grier - Capítulo 6

  Quarta, 17h47.

Eu estava na quadra em mais um treino, já que os estaduais começavam em duas semanas, precisamos de treinos e mais jogadas surpresas e uma delas é a minha cobrança de falta.

  O treinador estava posicionando as jogadoras na forma em que Cíntia - que estava fazendo o papel de Lari, que por sua vez estava na cobertura da jogada - levasse a marcação com ela e Celleste fizesse o gol. Estavamos treinando isso há algumas horas e eu estava exausta de sempre repetir a mesma jogada.

  - Muito bem - nosso treinador gritou - Vamos fazer isso pela última vez, e eu espero que saia melhor do que das outras vezes.

  Assim que ele apitou, começou uma agitação na área e eu fiz a cobrança, Cíntia subiu levando a marcação e Celleste aproveitou para colocar a bola no gol, assim como o combinado.

  - Boa! - nosso treinador gritou - Ótima cobrança, Olivia! - ele disse me parabenizando e logo em seguida olhou para o resto das garotas - Chuveiro! - anunciou o fim do treino.

  Segui até as arquibancadas do campo e peguei minha mochila. 

  - Ótima cobrança, Fox. - Cíntia. - Espero que continue se esforçando cada vez mais! - ela disse irônica

  - Qual é, Cíntia, não começa - revirei os olhos.

  - O único problema, Olivia - ela se aproximou - Foi que eu já comecei. - ela disse e se afastou

  Continuei olhando pra ela enquando se distanciava sem entender muito bem o que ela queria dizer, o que ela já tinha começado?

  Peguei a mochila e sai indo em direção a saída e de repente sinto algo batendo contra meu corpo.

  - Qual o seu problema? Você não olha pra frente? - perguntei com raiva.

  - Para de ser chata, garota! - Hayes disse um pouco alterado também.

  - O que você quer? - perguntei impaciente

  - Vim avisar que não posso ir na sua casa amanhã, então vim ver se tudo bem começarmos hoje.

  - Droga, posso saber o motivo? - passei a mão na testa para tirar o suor.

  - Tenho compromisso amanhã. - disse simples - Podemos ou não?

  - Acho que tudo bem, trouxe suas coisas?

  - Sim.

  - Então vamos, mas você vai me esperar tomar um banho. - sai andando

  - Ainda bem que você sabe que precisa de um banho. - ele me acompanhou e fez uma cara de nojo. Parei de andar e olhei pra ele com cara feia.

  - Você é um idiota. - voltei a andar.

  - Eu sei disso. - ele voltou a andar, bufei.

  Andamos até o estacionamento, e eu já estava tomando o rumo da saída da escola para a parada de ônibus, como sempre fazia pra voltar pra casa depois do treino, porque minha mãe trabalhava a tarde toda montando o menu no restaurante onde ela trabalhava.

  - Pra onde está indo? - Hayes perguntou

  - Pegar o ônibus? - falei como se fosse óbvio

  - Olha... - ele fez uma cara de deboche - Não achei que garotas como você pegassem ônibus. - ele cruzou os braços e ficou me olhando.

  - Qual o problema de pegar um ônibus? E o por que do "garotas como você não pegam ônibus"? - me aproximei

  - Você sabe, Olívia. Você é popular! Séria uma vergonha alguém te ver pegando um ônibus pra voltar pra casa. - ele deixou os braços caírem na lateral do corpo e colocou as mãos no bolso.

  - Você não sabe nada mesmo sobre mim! - ri sem humor - E se conhecesse saberia que eu não ligo pra popularidade ou pra pegar um ônibus pra ir pra casa! - disse e me virei pra continuar andando, mas não deu nem três passos e eu pude sentir mãos envolvendo meu braço e me virando. - O que?

  - Você vai mesmo pegar esse ônibus ou vai voltar pra casa de carro comigo?

  - Você tem um carro? - perguntei surpresa.

  - Tenho. Achei que soubesse.

  - Não, eu não sabia. Mas da pra você me soltar e me deixar pegar o meu ônibus? - perguntei me soltando

  - Tem certeza que não vai de carro? - ele perguntou mais uma vez

  - Absoluta. - me virei e continuei meu caminho.

  - Qual é, Olívia! - ele gritou - Vamos perder tempo, você nem sabe de que horas esse ônibus vai passar!

  - Ah - gritei - Tudo bem, mas eu só vou por causa dos estudos e porque quero me livrar de você logo. - voltei caminhando até ele. - Então qual é o carro?

  [...]

  Paramos na frente da minha casa e eu sai do carro pegando as chaves na bolsa. Assim que coloquei a chave na fechadura da porta me virei pra Hayes.

  - A minha mãe está em casa, se comporte, não seja um idiota e me espere aqui em baixo enquanto eu tomo um banho. Entendido? - disse rápido.

  - Claro, chefe. - revirei os olhos.

  Girei a chave na maçaneta da porta e dei passagem pra Hayes entrar, procurei minha mãe com os olhos pela sala mas ela estava completamente vazia.

  - Mãe! - chamei

  - Estou no escritório, filha! - Ela gritou de volta

  - Estou com um amigo, vamos fazer um trabalho da escola.

  - Desde quando você fala que... - ela chegou na sala e viu Hayes e me encantou surpresa - Ah, não é o Johnson. - minha mãe estava com o avental sujo, o que indica que ela estava na cozinha e foi no escritório pegar alguns papéis do planejamento do restaurante.

  - Boa tarde, senhora Fox. - Hayes disse com um sorriso no rosto.

  - Só Jane, querido. - ela se aproximou dele sorrindo - Qual o seu nome?

  - Hayes Grier.

  - Hayes... - ela pensou e se virou pra mim. - Você não me falou de nenhum Hayes, Olivia.  - ela disse

  - É porque não tinha nenhum Hayes, mãe. - revirei os olhos - Até alguns dias atrás quando o diretor formou umas duplas para um trabalho e eu fiquei com o Hayes.

  - Ah! - ela virou e voltou a encara-lo com um sorriso - Eu vou pra cozinha terminar o jantar e ajeitar as coisas para ir para o restaurante, cuidado. - ela se virou para ir para a cozinha.

  - Mãe - ela se virou - Hayes pode te fazer companhia? Por que eu preciso tomar um banho antes de começarmos

  - Claro! - ela olhou para ele - Venha Hayes, então, gosta de cozinhar? - e assim ela o levou para a cozinha.

  Subi as pressas tirando meu uniforme e minha chuteira e entrando no banheiro ligando o chuveiro e tomando um banho rápido. Sai do banheiro com uma toalha enrolada no corpo e fui até o armário pegar uma roupa pra me vestir. Um short branco e uma blusa de regata vinho. Penteio meu cabelo na frente do espelho, passo perfume e desço as escada, vou até a cozinha e vejo minha mãe e Hayes aos risos.

  - Tudo bem, podemos começar - disse quando cheguei chamando a atenção dos dois, que me olharam assustados.

  - Obrigada por me fazer companhia, Jane - Hayes agradeceu sorrindo

  - De nada, Hayes, foi ótimo passar esse tempo com você! - ela disse e subimos

  - Sua mãe é legal - ele disse assim que chegamos à sala de estar que tinha uma mesa.

  - Eu sei. Fique aqui enquanto eu pego meus cadernos. - disse e subi, quando voltei encontrei Hayes sentando em uma das cadeiras com o caderno em cima da mesa. - Ta, começamos por qual?

  - Matemática, por favor. - ele disse e abrimos o caderno.

  Já estavamos alí a horas e Hayes não pegou quase nada, me pergunto como ele conseguiu passar de ano desse jeito.

  - Hayes, eu já disse que o valor de π é 3,14! Qual a dificuldade disso? - perguntei já impaciente.

  - A dificuldade é que eu não sei onde colocar isso! - ele se defendeu

  - Olha aqui, é só substituir! Caramba! - joguei o lápis com força sobre a mesa

  - Olha, estressadinha!

              - Você não começa! - bufei

  - Estou com fome - ele colocou o lápis sobre o caderno

  - Vamos jantar, acho que minha mãe deixou alguma coisa na geladeira. - disse e me levantei

  - Tem certeza? - me virei pra ele - Não quero incomodar ou algo do tipo.

  - Você ja está me infernizando a tarde inteira. Vamos logo comer. - fui em direção a cozinha e ele me seguiu

  - Você podia parar de ser tão chata, né? - ele disse se encostando no balcão da cozinha enquanto eu vasculhava a geladeira.

  - Não começa de novo, por favor! Eu estou de dando comida, não seja idiota - ele riu, e eu não posso negar que a risada dele é gostosa de se ouvir, o que me fez rir também. 

  - Então, o que tem pra jantar?

  - Lasanha e coca cola, algo contra isso? - disse levando a lasanha até o microondas

  - Absolutamente nada! - ele se sentou na mesa e eu peguei os pratos, os talheres e os copos, colocando em cima da mesa.

  Enquanto esperava a lasanha no microondas, Hayes abriu a coca e encheu os dois copos e logo em seguida escutei o barulho do forno apitando. Tirei a lasanha de dentro e coloquei em cima da mesa, logo depois me sentei de frente pra Hayes e logo depois nos servimos.

  - Meu Deus, a comida da sua mãe é divina! - ele falou com a boca cheia.

  - É, eu sei - disse me gabando

  - Já podemos trocar de mães - ele disse colocando mais um pedaço na boca

  - Nem sonhando! - rimos - Hum... Falando em sua mãe, ela não vai reclamar por você chegar tarde em casa?

  - Ela não liga muito pra isso - deu os ombros

               - Ah, então você tem total liberdade pra sair e voltar a hora que quiser?

  - Nem tanto, há umas regras básicas que devem ser seguidas.

  - Tipo?

  - Não dar festas enquanto ela estiver fora, não deixar nada bagunçado e não me meter em confusão. Fora isso está tudo de boa. - ele deu a última garfada no prato

  - Legal. - voltei a comer

               - E você? - ele perguntou

  - Eu o que?

  - Como é sua rotina, sabe, o que seus pais te deixam ou não fazer.

  - Na verdade quando não estou na escola treinando, estou em casa estudando ou na casa do Johnson ou da Lari vendo algum filme, as vezes vou na faculdade em que meu pai é professor e vejo o time jogar. Só isso.

  - Seu pai é professor de que?

  - Educação Física, na verdade ele é treinador da equipe masculina e me ajuda nos  treinos.

  - Ah, legal. É por causa dele que você joga?

  - Teve uma leve influência - rimos.

  - Ahn... São 21h53, acho melhor você ir pra casa. - disse olhando o relógio da cozinha.

  - Ah, claro. Não quer que eu te ajude nos pratos?

  - Não achei que garotos como você lavavam pratos - usei a mesma ironia que ele tinha usado mais cedo. 

  - Haha, muito engraçado. - ele colocou o prato na pia e começou a me ajudar 

Não falamos muita coisa depois disso, ele enxugava os pratos que eu lavava os guardava no armário com minha ajuda o dizendo onde era.

 - Vou buscar minhas coisas. - Ele foi até a sala de estar e guardou suas coisas.

  O acompanhei até a porta.

  - Sabe, você não é tão chata assim. - ele se virou pra mim depois de ter saído pela porta

  - Você continua sendo idiota. - disse dando os ombros

  - É, continua chata. - ele concluiu - Até depois, Olívia. - ele se virou e foi em direção ao seu carro

  - Até, Hayes. - disse e logo depois fechei a porta da casa.