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História Legião de Sangue - Dez


Escrita por: PequenaMaga

Notas do Autor


Voltamos a programação normal, isso quer dizer que volto a ter mais tempo para escrever.
Só isso.
Boa leitura.
Atualizada em 26/07/2017

Capítulo 10 - Dez


DEZ

Estava tão silencioso. Mare, Shade, Farley, Gareth, Nanny, Cal e eu entramos no Abutre, o destino seria Rift, mais precisamente, Pitarus, antigo lar da casa Samos, um local cheio de riquezas, embora seja a Casa Laris que oficialmente governa Rift e Pitarus, a única metrópole da região, a Casa Samos ainda sim, controla o lugar.

Nanny e Gareth iriam para Pitarus, Nanny e seu poder de se transformar em Lord Laris e conseguir registros sobre os Sanguenovos da região. Nós vamos para Rosen, um vilarejo minerador que foi abandonado após um incêndio de carvão, precisamos buscar por suprimentos.

-Você está tensa. – Cal me tirou de meus devaneios.

–Só acho que Shade poderia ter ido com eles, e se algo de ruim acontecer com eles? Entre uma cidade abandonada e um lugar cheio de prateados?

-Nanny não é Harrick.

-Eu sei, eu sei. – Respirei fundo. Olhei para todos e encarei Mare. –Tem alguém que precisa mais de você. Muitas outras.

Ele nada disse, apenas apertou o passo e chegou ao encalço de Mare e começaram a cochichar algo, Farley e Shade estavam a minha frente e eu, nos fundos, sozinha. Chegamos em Rosen e ao comando de Mare os outros começam a inspecionar janelas.

-Vou procurar mais a frente, não parece que estamos no centro.

Largo todos lá, sem consentimento, mas eu não ligo, se acham mesmo que vou ficar no meio deles enquanto desenrolam suas vidas amorosas, eles que se danem. Não era surpresa que Mare e Cal estivessem se aproximando, na realidade, se dormiam juntos, isso era mais que claro para mim, Shade e Farley andaram se pegando por lugares que eles pensam que ninguém passa no Furo, mas eu brinco com as crianças de esconde-esconde quando as coisas para os adultos estão tão tensas a ponto de afetá-las. Eu sei de tudo o que acontece, mas aquele cretino do Shade, não me julga boa o suficiente para saber o que se passa por sua cabeça e eu não vou violar isso.

Ao chegar no centro, acho a primeira loja que me mostra ter cobertores inteiros e arrombo, está tudo muito empoeirado, mas nada que Linux e Cal não possam me ajudar a resolver. Consigo três cobertores em bom estado e saio da loja, encosto a porta para fazer como se nada nunca houvesse passado por ali, a única coisa que me denunciaria seriam minhas pegadas no pó que não poderia apagar. Entrei novamente em outra loja, haviam livros e mais livros. Histórias para dormir, culinária avançada, estudos fundamentais, estratégias de guerra, Cal uma vez me disse que aprendeu muito em livros, talvez eu pudesse aprender também, me deixei vagar pela sessão.

Maquinário de Sangue, por Sr. E Sra. Moovclaw.

Meus pais nunca quiseram seus nomes estampados em livros como Prateados o faziam, mas ao conseguir isso, fez com que o nome de nossa família fosse eternizado.

Evan e Malena, com a ajuda de sua filha mais velha,

Srta. Moovclaw.

-Não se mexa.

Como pude ser tão descuidada?

Continuei parada, vasculhei a mente do indivíduo, estava com medo.

-Não sou uma prateada.

-Você saber que estou me perguntado sobre isso, me diz o contrário.  Você é da Casa Merandus?

-Não sou prateada! – Olhei bem para a cara do menino, ele tentou me lançar algo como um olhar ameaçador, mas não conseguiu. Ele segurava uma faca e a jugar pelo estado dela, era mais capaz de pegar tétano do que ele me ferir, era muito magro e sem nenhum musculo. Retirei uma adaga da minha bota, ele recuou, retirei bandagens do meu pulso e cortei, sangue vermelho borbulhou para fora da ferida, fazendo pingar no chão, voltei a enrolar as bandagens.

-Viu? Vermelha. – Ele relaxou assim que guardei minha adaga.

Ele permaneceu quieto, tentei fazer perguntas e ele não me respondeu nada, não confiava em mim. Dei-lhe o aviso do que faria e fiz.

Yons Raysailor, órfão, o pai o abandonou após a morte da sua mãe, não consegue se alimentar.

Tudo o que eu estava absorvendo, vinha com medo e miséria, era estranho, nada fazia sentido. Por bons minutos não fizeram, então comecei a ligar os pontos, a mãe dele foi morta em um acidente de poderes, ela perdeu toda a força, tudo como se o corpo não quisesse mais responder enquanto brincava com o filho, medo, muito medo, pessoas o mantendo longe, objetos apodrecendo ao toque.

Olhei em volta, ele estava atordoado, pálido, talvez pela fome, peguei um lápis de uma escrivaninha.

-Segure. – Ele não recuou, engoliu a seco e pegou o objeto.

Não foram precisos mais que dois segundos, o objeto parecia ter sido queimado aos poucos, ficou escuro e as farpas começaram a saltar.

A madeira havia apodrecido.

Um sanguenovo.

Yons não queria me seguir, não queria entender o que eu praticamente despejei sobre a verdade, sanguenovos, resistência.

Embora não quisesse me seguir, não estava indo embora, ficamos na loja, paralisados.

-E se, eu lhe mostrasse outras pessoas como nós?

-Não vou ser atraído para uma armadilha de prateados.

-Não preciso te levar lá, posso mostrar aqui mesmo. – Demorou um pouco, mas então assentiu. –Preciso que me toque.

Ele negou, os poderes.

-Se acalme, respire fundo, não me veja como ameaça. Só vou lhe mostrar imagens, por que acha que ando armada? Não posso matar ninguém com meus poderes. – Ele se conteve. –Se não quiser mesmo me machucar, não vai. É só se convencer disso.

Ele nada disse, fez o que eu mandei, senti que minha mão estava sendo acertada por muitas agulhas, mas me mantive firme, sem demonstrar medo. Forcei que a lembrança dos últimos dias, todos nós treinando, fugindo, as imagens da batalha em Harbor Bay, tudo. Quando acabamos, me livrei logo de sua mão, ele não se deprimiu, parecia que isso fora o maior feito do universo para ele.

-Podemos te ajudar, Yons. Podemos mesmo.

O garoto não muito mais velho que eu, me olhou admirado, depois para sua própria mão, parecia o maior milagre do mundo. Pelo visto, ele não tocava em alguém a anos, não posso nem ao menos imaginar como ele conseguiu sobreviver até hoje sem poder tocar em nada antes que morresse, estragasse ou apodrecesse.

Não imagino o que ele viveu.

...

Vocês O QUÊ? Ah, droga, estamos indo. Vocês sabem a quantos quilômetros isso fica de onde estamos? Eu estou com um sanguenovo de Pitarus? Muitos, eu não quero saber a daqui quantas horas vocês vão estar lá, mas eu vou estar com Yons onde o Abutre estava. É melhor vocês serem muito rápidos. ”

Assim que encerrei a ligação metal com Cal, deixei-me ser tomada pela raiva. Yons pareceu rir e me perguntou se eu era mesmo a líder deles, e acreditem, isso me fez rir, foi difícil dizer que não era a líder e que não havia de fato um. Pare ele, não eramos organizados o suficientes para a causa a qual seguíamos.

Deixei ele vencer a discussão, era verdade, mas aproveitando a grande espera que teríamos que enfrentar graças aquele bando de imbecis que resolveram me abandonar, arrastei Yons comigo para achar suprimentos, quando ele perdeu o controle e perdemos um cobertor, decidi que antes das aulas começarem, somente eu levava a carga, ele só me ajudaria a encontrar, achamos comida, alguns livros, roupas de inverno e alguns lençóis, fora os cobertores que achei quando encontrei Yons. Eu levaria mais se pudesse, mas não conseguiria.

Acabei arrastando as várias sacolas até onde o Abutre deveria ter ficado. Analisando as roupas para decidir em quais das crianças iriam servir, comecei a reparar melhor em Yons, as roupas eram feitas de trapos, todos juntos e as botas estavam furadas.

Era deprimente.

-Demorou muito, mas com o tempo, pararam de apodrecer. – Disse se referindo a roupa. –Você é uma professora?

-Algo como isso. – Admiti rindo. –Cuido das crianças, mas não é como se eu fosse formada.

-E nem é que você fosse muito mais experiente do que as pessoas que ensina.

-Certo. Eu só nunca tive poderes que me fizessem ser automaticamente reconhecida. Acho que é só esse fato sempre me fez treinar sem ser descoberta, quer dizer, posso saber tudo sobre uma pessoa, posso saber seus próximos passos assim que é pensado, mas, não é como se eu quisesse isso quando descobri. Então, tive tempo.

-Sem pais para te abandonar.

-Perdi meus pais pra Guerra, e meu irmão foi junto anos depois.

-Trincheiras?

-Meus pais, sim. Meu irmão estava começando seu primeiro dia de trabalho na capital, foi quando os extremistas atacaram.

-E você luta ao lado deles?

 

-Não tive escolha, os dois lados estavam me caçando, fiquei ao lado de um que pelo menos, me deixam andar “livre” por aí. Mas não é como se devesse minha fidelidade a eles.

-Eu tecnicamente, impedi que o sangue da minha mãe circulasse então... – ele soltou um sorriso fraco.

-Vai aprender a controlar, hoje, tudo ocorreu bem. – Ele segurou minhas mãos rapidamente.

-Elas não estão mais brancas? – Disse analisando minha própria mão.

Ele não riu, mas eu sorri.

Ele não confiava em mim, mas me deu ao luxo de tentar ajudar. Era o seu único propósito.

Horas se passaram e então quando o sono estava me consumindo, uma aeronave, grande e preta aterrissou. Eu levantei e acordei Yons, segui em passos pesados, o primeiro a vir me saudar foi Shade e foi nele mesmo que desferi um soco, olhei para Mare e Farley como se pudesse mata-las e Cal evitou meus olhos. Havia uma garota no banco, uma criança, Nanny estava bem, Gareth tinha um machucado na perna horrível e eu estava explodindo.

Olhei para trás e chamei Yons, não fizeram perguntas, ele olhava furiosamente para Cal. O repreenderia se minha raiva não fosse tanta, Shade conversava com ele, ou tentava, o garoto se tornou um tumulo.

E eu também. 



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