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História Legião de Sangue - Dois


Escrita por: PequenaMaga

Notas do Autor


Bemmmm, neste aqui, alterei a maneira como Shade vai para a enfermaria (asuhaushu) mas o rumo continua o mesmo.
Só isso mesmo.
Boa leitura.

Capítulo 2 - Dois


Dois

-Bom dia, Escarlate.

Mesmo não abrindo os olhos, eu sabia de quem era aquela voz e aquele colo, estava bem acostumada.

-Shade.

Me sentei ao seu lado e percebi que ainda estávamos na enorme estrutura de metal cercado por água. Era como uma prisão. E eu estava começando a ter fobia de prisões.

-Estamos chegando, aguente um pouco. – Ele passou seus braços ao meu redor, me fazendo chegar perto o suficiente para ouvir seu coração e tampar minha visão. Ele mais do que ninguém sabe meu ódio mortal por essa bugiganga, cansou de me ver perdendo o equilíbrio ou ficando pálida demais ou desmaiando por ai, segundo ele, eu e Mare temos esse problema, no caso da Mare é por haver muita eletricidade e ela ter que se controlar para não sugar tudo da máquina.

-Durma um pouco.

E foi o que eu fiz.

Acordei agora em minha cama, em um quarto triste e sem graça com apenas uma cama porque ninguém queria saber de ficar no mesmo quarto que eu, vai que eu acabo fazendo deles meus escravos.

Detestável.

-Boa noite, teve um bom sono? –Farley estava na minha janela, olhando o mar.

-Até demais, por que não me acordou?

-Shade teria matado qualquer um que tentasse. – Ela disse sem esconder o sorriso sarcástico. –Foi o príncipe que treinou a mira hoje.

-Cal.

-Príncipe. – Tento mudar esse tratamento da boca de todos os líderes, nunca consegui, acho que eles ainda têm medo dele.

Me levantei e me dirigi a família Barrow, Farley me olhou por cima dos ombros, ela sabe que estou brava, mas nunca liga ou para de exercer sua superioridade.

-Relatório em dez minutos.

-Pode deixar, Farley.

Segui pelo compartimento, estava cada dia mais cheio, logo eu deixaria de ser solitária e alguém entraria no meu quarto prontos para não dormirem na primeira semana, cada quarto mais cheio que outro, o quarto dos órfãos aos poucos foi se tornando mais cheio e mais alegre, mesmo sendo apenas crianças, eles dão força um aos outros, eu traria alguns presentes dá próxima vez que fosse para a Capital, conheço uma loja ótima e meu rosto não é conhecido nem mesmo pela rainha, quanto mais por um comerciante.

-Acorda, Sha- Eu me surpreendi ao chegar no quarto, vazio.

Relaxei.

Devem estar no refeitório.

Corri, para ser mais exata e me desapontei ao não encontrar a sorridente família Barrow rindo de alguma idiotice dos irmãos.

-Na enfermaria. – um vermelho me soprou, olhei para ele e agradeci mentalmente, ele estremeceu, não importo o quanto tenha sido uma boa intenção, ninguém me quer em suas mentes.

Corri para a área e me detive antes de entrar.

Gritos.

Tomei coragem e entrei, tentando mentalizar piadas e coisas boas, mas só me vieram perguntas e por quês.

Entrei na sexta sala, era meu extinto, ele estava ali.

Analisei a cena, era horrorosa, queimaduras por todo o corpo.

CAL.

Me virei quase que instantaneamente, mas ele me impediu, sabia que eu faria isso, sabia que eu leria a mente de todos a procura dos últimos acontecimentos e ele me bloqueou, negando ajuda, pedindo para eu ficar ali.

-Em que bagunça você se meteu? – Grunhidos, ele não conseguia falar. Dor.

-Ele provocou Cal. – Bree disse quase em um riso.

-E Cal resolveu fazer tostadinho de Shade…

Me encaravam conheciam minha vontade, os irmãos, que eram suspeitos já que odeiam Cal, me encaravam pedindo que eu fosse, eles estavam ansiosos para ver um pouco de diversão, mas Mare e Shade, não. Os pais de ambos, não sabiam o que fazer, só assistir o filho gritando estavam os corroendo, Gisa estava tratando das queimaduras com alguma pomada, não adiantaria, me lembrarei de capturar um curandeiro na minha próxima viagem.

Mais um grito.

Minhas mãos faiscaram, todos me olharam assustados, Mare reprovando.

-Desculpe, não foi intensão.

Ela sorriu. Como era raro.

Vá.

E eu fui. Correndo como sempre.

Algo me deteve, o Olho Vermelho, nosso comandante me interceptou.

-Relatório, Moovclaw.

Era tão raro me tratarem por sobrenome que as vezes o esqueço. Olhei para onde Cal era, ainda, mantido, cerrei os punhos.

Não vá.

Resolvi me acalmar na medida do possível e segui o homem odiável que o comandante é, mais um na minha longa lista.

-Atrasada, Escarlate.

Heliena. – Mentalizei.

-Muito bem, Heliena. – Ela fez uma pausa. –Relatório.

As horas seguintes se passaram comigo expandindo minhas lembranças, isto é quase como um monitor que mostra tudo o que eu passei ou o que quero mostrar, faz parte do meu treinamento na inteligência, ser capaz de televisionar tudo o que as pessoas pensam ou tem lembranças.

“Algum dia, vamos poder mostrar o que realmente aconteceu naquele dia, e Maven será morto”.

Foi o que me disseram.

-Está fraca. – o comandante revelou ao me ver soando.

-Ela teve um dia cheio. – Farley disse ocultando o caso de Shade e, eu sei, meus desmaios.

-Está amolecendo.

-Não estou. Está quase no fim. – intervi na briga prestes a começar.

As últimas imagens foram de Maven, eu quase não me lembrava disso.

Era a imagem de um Maven desesperado, murmurando.

Sanguenovos.

-Eu acho que eles não encontraram ninguém.

-Como sabe? – o homem a minha frente perguntou sarcasticamente.

A única coisa que não posso relatar, são emoções que minhas... “vítimas” sentem, mas se quiser, posso fazer com que o senhor as sinta de maneira diferente.

-Cuidado, Moovclaw, ou posso te mandar para junto de seu irmão.

Silêncio.

Silêncio.

Silêncio.

Por sorte, não consegui puxar energia nem de Cal e muito menos Mare que está mais longe ainda.

-Lembre-se, quando essa guerra acabar, não esqueça que não será só você que dará o primeiro tiro. – digo em um tom gélido e autoritário que aprendi com Mare através de suas memórias da professora de protocolo, quando ela ainda era Princesa e quando ainda era Mareena.

-Vá. – Farley me liberou antes do caos se instalar.

Ela sabe que não devo minha fidelidade para este homem.

Ela também não deve.

E novamente, eu estava correndo.

Cal.

Abri a porta de seu compartimento especial.

-Shade? – ele estava calmo, calmo demais, toda vez que é culpado de algum acidente ou destino, ele fica com guarda alta demais, quieto e com aquela cara que faz quando não quer lutar. Não precisei responder. –Foi um acidente, pergunte a Farley, já fui vê-lo, pedi desculpas e ele pediu que eu não deixasse você arranjar briga, senti você tentando buscar poderes que não eram seus. Julgo estar atrasado.

-Foi um acidente, Mare estava muito perto, não me dei conta.

-Imagino, foi rápido demais.

Silêncio.

Silêncio.

-Estive pensando. – ele se aproximou. –Elara pode fazer isso também?

Balancei a cabeça.

-Não faço ideia. Não consigo acessar nada de sua cabeça. – pareci frustrada, ele percebe, em geral todos ao meu redor percebem isso. Eu nego consolo antes mesmo de receber. –Seu irmão, ao menos, é fácil, muito tempo de exploração pela víbora deixa o campo livre para mim, ele quase não sente minha presença mais.

-Algo novo?

-Ele supostamente, não consegue achar sanguenovos, estava visualizando um mapa do território da última vez que o li.

-E a inteligência?

-Nada. Tentamos usar nossa base de sangue, mas é muito limitado... Julian conseguiu apenas por ter tido acesso a isso desde sempre... Não será fácil.

-Estão exigindo demais de você. – ele me analisa. Devo estar acabada.

-Olhe pelo lado bom, a cada dia consigo estabelecer uma distância maior para fazer contato. Só espero nunca avançar o suficiente para ficar presa nessa maldita ilha para sempre.

-E quando você está perto?

-Consigo visualizar informações mais rapidamente e precisamente, mesmo assim, não acho que conseguiria invadir as memórias de Elara nem que estivesse fazendo contato direto.

-Mas só você é capaz.

Temo que nem eu consiga.

-Veremos. – respondo.

-Vá ver Shade, ele precisa.

-Eu não preciso ouvir mais gritos. Estou cansada.

-Já querendo desistir?

Encaro Cal, ele sorri como um monstro quando quer, eu sei o que ele quer me forçar a fazer. Eu não vou cair Cal, não vou me render e chorar, não tenho tempo para ser uma menininha indefesa, do mesmo jeito que você ou Mare perderam esse direito, eu também perdi quando meu irmão se foi, quando descobri os planos de Maven, quando os vi se tornarem reais e quando fui capturada pela Guarda. Eu não tenho direito de deixar meus sentimentos florescerem. Não mais.

-Quero lutar.

-Somos dois. – ele se levanta e me empurra até a arena.

É uma luta sem fim. Isso não garante nem mesmo nossas vidas, ou futuras vidas.

Isso só garante mais poder e mais chances do governo nunca mudar, não importa se os vermelhos ganharem, algum sanguenovo vai assumir o governo, a guerra ao norte com Lakeland vai continuar se estendendo, prateados serão forçados a lutar pelo regime, vermelhos ainda serão vermelhos escravos, talvez com melhores condições, mas ainda serão vermelhos, prateados se reduzirão a apenas isso e sua burguesia e os sanguenovos, liderarão como hoje os prateados lideram.

Esse mundo está destinado a ser podre pelo resto de sua eternidade.

Não há como escapar. 



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