1. Spirit Fanfics >
  2. Legião de Sangue >
  3. Três

História Legião de Sangue - Três


Escrita por: PequenaMaga

Notas do Autor


Então, deixa eu contar, nesse capitulo fiz alteração sobre a lista com os nomes dos Sanguenovos, ao envés de aparecer cidade, localização, blá, blá, blá, só aparece o nome e idade, o que torna a descoberta mais difícil.
É isso ai. Boa leitura.

Atualizado em 26/07/2017

Capítulo 3 - Três


 

TRÊS

Eu só paro de lançar flechas no Cal quando eu quase o acerto, ele não é Shade, não posso fazer isso com ele. Cal me provoca e quanto mais fala, me sinto mais deprimida do que irritada. Cal não é lá muito bom em irritar alguém, ele é calmo demais, ele é do tipo que não grita, que não reage.

-Ei, Heliena... – ele toca meu braço quando eu nem se quer tinha percebido sua aproximação. –Não é só você que precisa disso.

Ele segura minha mão e me arrasta para o meio da Arena, eu espero ele explicar, sabe que eu não sou do tipo corpo-a-corpo.

-Algum dia, você talvez precise utilizar seus poderes de... – ele parece confuso, é quase cômico, ele é um Calore, chamas ambulantes, Mare é a Garota Elétrica, mata e suga energia com seus poderes, Shade é o Coelho, salta mais rápido que qualquer coisa e eu? Só uma pessoa usou uma palavra para me definir e ela está morta.

-Telepata. Dons de telepatia. – dou de ombros quando ele me encara, analisando se o nome cai bem. –Algum dia inventam um nome que seja legal.

-Certo, algum dia –Ele para tentando lembrar como havíamos chegado alí. –Algum dia, você vai precisar usar seus poderes em uma luta corpo-a-corpo, precisa aperfeiçoá-la.

-Cal, se alguém chega perto o suficiente de mim, eu controlo a mente dele. – digo, parecendo óbvia, mas não é. Claro que não seria.

-E se a pessoa não for atingida, deve saber ao menos dar uma rasteira. – ele fica prata, algo o deixou com vergonha, provavelmente, minha sobrancelha arqueada tenha o-lembrado que eu era uma ladra, por mais incrível que pareça, rasteiras e desvio, são um bom ponto para mim. –Você precisa de uma arma.

-Palafitas. Meu pai me ensinou um pouco. Posso retomar, mas precisamos chegar lá.

-Conseguimos armas por aqui.

-Não há apenas armas... – eu só conseguia pensar no pequeno acervo que meu pai me deixou. –Cal, lá há muito conhecimento, para você o príncipe, tudo lá pode ser inútil, mas, para mim... Oh, Cal. Aquilo pode me ajudar com meus poderes.

Cal só me olhou e deixou a ideia pairar no ar, antes de dar uma resposta ele acendeu suas chamas, haveria mais tempo para pensarmos nisso.

Cal evitou deixar o fogo explodir para uma área fora de suas mãos, queria me ver sendo rápida e o derrotando, ou o surpreendendo. Cal é muito alto e musculoso, isso me faz ter uma pequena vantagem aos passos de adiantamento em minha defesa, mas como eu, Cal era um estrategista e logo previa o que eu faria, mas era uma luta, e em lutas corpo-a-corpo eu utilizo meus poderes para prever tudo o que meu adversário prevê e qual será suas possíveis reações, talvez, se eu não tivesse passado boa parte da minha infância lendo e descobrindo a arte de ser sorrateira e a outra parte, sendo sorrateira e ágil, eu primeiramente, seria aleijada, já teriam me pegado e quebrado ou cortado minha mão e segundamente, algum prateado já teria me tostada enquanto eu apenas levava água para o irmão mais novo que não parava de suar no treinamento.

Antes, pensar nele desta maneira era cômico, trabalhar para os irmãos príncipes era engraçado, ao menos quando eu não corria risco de vida ou quando Cal era grosso comigo quando estava perto dos pais ou algum prateado qualquer, ou quando Maven tentava me fazer de alvo assim como fazia com outros vermelhos.

Maven.

Cal.

O que vocês se tornaram?

Me detenho, antes de voltar para a maré de pensamentos que certamente me levariam para algum caminho que me deixaria fraca demais para lutar ou sequer conter meus sentimentos. Cal percebeu minha intenção, provavelmente, antes de mim mesma, socou minha barriga quando tentei afastar qualquer pensamento e por sorte e puro reflexo, não poderes que previram o que ele faria, mas sim, reflexo, eu escorreguei por entre suas pernas e segurei sua cabeça.

Esse era meu trunfo, nunca, nunca mesmo, amassaria um crânio, nem queimaria ou eletrocutaria, eu o apagaria com apenas um comando. O comando que só posso usar quando estou tocando meu oponente, meu golpe de desespero.

Eu apago ali mesmo, tudo, tudo o que a pessoa um dia foi e a transformo em alguém que eu jugue ser o melhor pro mundo.

Quantas vezes eu tive a chance de fazer isso com Mare, Shade ou Cal, Farley o comandante ou qualquer outro prateado que se colocou em meu caminho? E quantas vezes eu não fiz, simplesmente, por não poder escolher o que ele seria?

Prateado ou vermelho, que ideologia ele seguiria? Escarlates ou Pratas.

E como sempre eu me detenho e peço para que continuemos evitando chegar nesse mesmo ponto por que, algum dia, alguém vai perguntar o motivo de eu tocar suas cabeças no fim de combates e eu vou ficar sozinha, se não presa, quando dizer a verdade.

Não é só roubar informações ou poderes.

Roubo as próprias pessoas de si mesmas.

Eu posso apagar suas mentes, posso fazer deles alguém que eu queira para a humanidade, posso fazer ele se reconstruir do zero.

Eu posso fazer o que eu quiser com quem eu quiser.

Esse é o meu poder.

 

Já é tarde e sirenes do toque de recolher vibram, apenas paras os civis, eu e Cal devemos voltar para nossos postos, eu para a inteligência e Cal para a cela que chamam de quarto. Confesso que estava mais que esgotada, mas, sendo quem sou nunca deixaria que ninguém ali percebesse. Eu provaria para aquele “senhor” que eu não sou tão fraca como pareço.

Entrei na inteligência e recebi os cumprimentos que sempre vêm das mesmas pessoas, três vermelhos muito inteligentes, que controlam a própria cabeça e não deixam que palavras vazias alcancem seus ouvidos. E em minha opinião, qualquer vermelho que se oponha a qualquer causa, simplesmente por não acreditar em uma palavra, são pessoas mais qualificadas para estarem nesse setor do que qualquer um pé mandado do comandante.

-Temos que achar alguém. – Marlene, uma garota da inteligência, disse como todas as vezes que acaba se frustrando com seus códigos não aceitos.

Eu particularmente, não entendo nada de computadores, mas sei um pouco sobre estratégias e tenho motivos que me dão bons palpites, mas claro, sem a mente de nossa querida Rainha, eu me sinto cada vez mais inútil, mesmo assim, Marlene merece algum encorajamento, mesmo não sendo meu forte, eu sempre percebo um brilho de determinação em seus olhos quando a provoco ou incentivo.

-A essa hora e já vai desistir, Mar? – Eu solto uma risadinha.

-Já tentei de tudo. – Ela se reencosta na cadeira, vai levar um tempo até eu acender a determinação dela novamente... Não só dela, de todos.

Pense Heliena, pense.

Tem algum padrão entre as pessoas que você conhece que descobriram seus poderes?

Mare, descobriu a partir de uma quase morte que a levou direto para um campo de força alimentado por eletricidade, pode ter sido causado por necessidade? O corpo pode ter se ativado... Mas é incerto, nem ela pode me dizer, ao menos é isso que penso.

Shade, ele me contou, estava quase morto quando “acidentalmente” saltou para longe de uma trincheira e quando quase morreu de fome, um amigo de Harbor Bay o ajudou e o deixou roubar alguma comida e comer sem nenhum castigo. Os Barrows me darão trabalho.

Eu mesma, não sei ao certo como aconteceu. Meu irmão foi esmagado e quando sua boca não pode mais se mover, eu ouvi. Ouvi sua mente. Até hoje, não sei ao certo se ele também continha poder, ele que pode ter ativado meus poderes e eu nem ao menos desconfio.

O único possível, e cheio de “talvez” e “se”, padrão entre nós, é a mera necessidade. Mas isso não é novidade. Quem sabe... Todos nós do mesmo vilarejo pobre e que o mais ágil ganha, em situações diferentes onde a vida quase se foi – mesmo uma tendo ido – levaram todos nós a despertar. Mare e Shade estavam entre a morte, era necessário sair dali com vida, eles tinham um lugar para voltar, pessoas para amar... Mas e eu? Para quem eu voltaria? E eu nunca quase morri¸ meu irmão fez isso por mim. Qual foi a minha necessidade? Correr? Viver? Voltar para quem? Viver por quê?

Pense Heliena, pense.

-Não há como manter um padrão por localidade, vocês todos vieram de um buraco. – Marlene observava a tela, eu devia estar tão concentrada que ela mesma pensou que perdi as esperanças. –Não é possível que alguém mais esteja em Palafitas...

-Só se lá for um núcleo de resistência. – digo rindo com a ideia. Quase impossível. –Mar, tente estabelecer padrões por pobreza ou pessoas com necessidades.

-Não sei muito bem se é possível, na realidade, todo mundo passa necessidade.

-Eu sei, mas, quero dizer outro tipo... Uma quase morte, perca de parentes próximos, pobreza...

-Lina. – ela me chama em um sussurro, não quer que ninguém saiba de um ponto que pode me fazer parecer fraca. –Não há como eu descobrir.

-Há. De alguma maneira, há sim. Talvez eu esteja enfrentando um raciocínio errado. – olhava para a tela do computador com informações dos poucos moradores das cidades mais pobres que tínhamos. Temos uma lista com nomes de sanguenovos e só.

O que eu posso fazer com isso sem saber onde eles ficam?

-Eu preciso ir para casa.

-Já? Tão cedo. – Marlene reclamando.

-Não, minha casa em Palafitas. Meu pai era uma pessoa inteligente e pode me ajudar a pensar no rumo certo.

-Vou falar com o comandante.

-Obrigado, vou chamar... – Shade... –Vou sozinha, os Barrow seriam facilmente reconhecidos, mesmo Mare.

-Tudo bem, volto logo.

Eu não posso metê-los lá. Mesmo que eu quisesse… Dessa vez, estarei sozinha.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...