O problema cria a antecipação de um novo fenômeno que um dia poderá ser controlado.
Jules Henri Poincaré
Um professor de física, sentado em uma carteira no fundo da sala de aula, olhava com uma de suas sobrancelhas erguidas para três alunos e um professor de biologia metido que estavam de frente para a turma. Chegara a vez de o quinto grupo apresentar seu trabalho sobre as matérias desenvolvidas até então em sala. Rukia, Ishida, Bazz B e Renji esperavam seu sinal para começar.
Ichigo se remexeu em sua carteira, esforçando-se bravamente para não rir. A Kuchiki vestia uma de suas camisas sociais, que ele gostaria de saber como ela afanou sem que notasse, uma gola de renda, sobretudo marrom e uma peruca branca cheia de cachos, similares àquelas de juízes antigos. Ou ele estava ficando muito louco ou a morena fazia cosplay de Isaac Newton. Bazz usava um boné com a aba reta virada para trás, um óculos espelhado e várias corretes emolduravam seu pescoço.
Ishida, em toda sua timidez, reservou-se a ficar apenas de uniforme. O que Ichigo não conseguia entender mesmo era o que diabos Renji fazia ali na frente com os alunos.
— O trabalho que apresentaremos será sobre as Leis de Newton. — A voz teatral de Rukia soou, captando novamente a atenção de seu professor. Ela entreolhou-se com seus companheiros de grupo e fez um joinha com o polegar em direção à Renji e depois em direção à Ishida.
O moreno apressou-se para um laptop em cima da mesa do professor, que estava ligado à um projetor. Logo um filmezinho começou a rodar na parede branca atrás deles. Renji deu uma inspirada profunda e então começou:
Tchun tcha tcha tchun tchun tcha! Tchun tcha tcha tchun tchun tcha!
— Vem cá meu amiguinho que eu quero lhe falar! Sobre um tal de Newton eu quero te ensinar!
Rukia começou a cantar ritmada com os sons estranhos que o professor de biologia fazia. Na parede surgia uma animação em forma de coelhos ridículos de algo que parecia ser Sir. Isaac Newton.
— O cara era desocupado, pegava ninguém. Estudava sem parar, igual o matusalém!
Foi a vez de Bazz se pronunciar, fazendo uns movimentos ritmados com as mãos. Ichigo rolou os olhos, aquele menino sempre teve cara de mau elemento mesmo.
— Ele tinha uma lei, chamada “A Primeira”, inércia é muito louca, movimenta a rua inteira!
Rukia voltou a cantar aquela mistura de rap com funk, remexendo as pernas como se fosse a própria musa do verão. Na tela aparecia um coelhinho mal feito caminhando e, logo depois, entrando em um ônibus lotado. Ishida, por ser envergonhado demais, ficou responsável por toda a parte de animação daquele trabalho, reservando-se no direito de não participar diretamente da apresentação.
Bazz prosseguiu:
— Se você está parado, parado vai ficar. O ônibus vai brecar e o movimento iniciar!
O coelho, que estava em pé no ônibus, foi de cara no corredor após o motorista (um outro coelho, mas de cabelos alaranjados) ligar o coletivo. Ichigo franziu o cenho, entendendo a referência dos cabelos e da expressão de escárnio do motorista.
— Vai Newtão, vai Newtão! Vai Newtão, vai Newtão!
A voz de Renji soou como eco pela sala, continuando a dar ritmo à música. Rukia continuou:
— Temos a segunda lei, a terceira a enunciar; Não entendemos muito bem, mas é um tal F = m.a.
O coelho ficou parado no meio da tela, cercado de vários pontos de interrogação.
— E tem a terceira lei, é ação e reação! Se você não entendeu, inventa outro pancadão!
Bazz finalizou então o Funk do Newton, sendo seguido novamente pelo coro de “Vai Newtão, vai Newtão” de Renji e Rukia.
O grupo terminou a apresentação, olhando em expectativa para o professor no fundo da sala. Ichigo mantinha as mãos sobre a boca, não conseguia resolver se achara tudo genial demais ou idiota demais. Ele levantou-se de onde estava, soltando uma risada curta.
— Parabéns, grupo cinco. — Ele bateu palmas três vezes, sendo seguido pelo resto da sala que ria ainda da recente apresentação. — Genial, realmente genial — O professor continuou a rir, parando e frente para os três alunos e Renji.
Rukia cruzou os braços, apoiando seu pouco peso em uma das pernas. Ela trocou um olhar rápido com o professor e um sorriso brotou em seus lábios ao ver que Ichigo realmente apreciara o esforço do grupo. Teve sua atenção tomada quando sentiu uma mão tocando de leve seu ombro. Ela olhou para o lado, vendo Ishida sorrindo timidamente em sua direção e murmurando um “parabéns”.
Ichigo já estava começando a franzir o cenho quando uma aluna aleatória colocou a cabeça para dentro da sala de aula, pedindo licença.
— Oi, professor. Podemos dar um recado aos alunos?
Ele anuiu, indicando para que os três alunos em pé se dirigissem às suas mesas. Renji, que tinha aquela aula vaga, ficou parado com cara de nada no mesmo lugar. Estava curioso para saber sobre o recado, depois iria para a sala dos professores tomar um café antes de seguir para o segundo ano.
— Pessoal, eu sou a Riruka, do 3º02. — Falou a menina com cabelos róseos, ao lado de um menino um pouco mais baixo, de cabelos louros e pouca expressão. — Como tradição do colégio, o grêmio estudantil prepara uma festa de despedida para os alunos dos terceirões. Esse ano, sob minha supervisão, teremos uma festa à fantasia! — Riruka sorriu abertamente, fazendo seu famoso “v” com os dedos. Os alunos, que já conheciam a personalidade flutuante da garota, rolaram os olhos. Coisa boa não ia sair daquela cabeça.
— A festa acontecerá no início do próximo mês, então arrumem bem suas fantasias — Ela virou-se para os dois professores, parados lado a lado no canto da sala observando. — Todos os professores estão convidados.
— Convocados, você quis dizer — Ichigo bufou. Todos os anos era a mesma coisa. Os professores eram arrastados para aquelas festas sem graça para ficarem de babás dos alunos.
Riruka e o loiro mudo continuavam a detalhar as informações para os colegas quando o sinal anunciando o final da aula tocou. Ichigo e Renji despediram-se dos alunos e seguiram para o corredor com a intenção de passar na sala dos professores antes de seguirem para a aula seguinte.
— Você viu como aquele tal de Ishida fica olhando pra Rukia? — O ruivo disparou, sem pensar muito no que falava. Seu sangue subiu à cabeça quando viu o moreno tocar no ombro da outra.
— Ahn... — Renji ergueu uma das sobrancelhas, parando de caminhar por um instante. Ele então soltou uma risada de deboche. Apesar de nenhum dos dois terem confessado o que estava realmente rolando, ele de burro só tinha a cara. — Você tá com ciúmes?
— O que? Não! — O professor de física bradou, chamando atenção de uns poucos alunos que passavam. Querer socar a cara de qualquer um que chegasse perto da Kuchiki não era sinal de ciúmes, era apenas uma forma de proteção como teria com qualquer outra pessoa próxima.
O biólogo soltou uma segunda risada irônica, colocando-se a caminhar novamente ao lado de seu colega de profissão e amigo de longa data.
— No seu lugar eu me preocuparia mais com o Bazz que com o Ishida — Soltou no ar o comentário, na expectativa de ver o que o outro ruivo falaria. Ichigo franziu o cenho.
— Com o Bazz? Mas ele é gay.
— Quê? Quem te disse isso? — O ruivo escarlate cruzou os braços em frente ao corpo com um sorriso torto formando-se em seus lábios. Ichigo era muito à moda antiga mesmo.
— Bom... ele namora um garoto...
— Caralho, Ichigo! — Renji soltou uma risada alta, fazendo um bico irritado formar-se no rosto do outro. — Você tá bem por fora do que esses jovens andam aprontando. Pergunta pro Bazz do que ele gosta e ele vai falar “de tudo”.
— Tá, mas e o que tem? — O físico parou na porta da sala dos professores, cruzando os braços e olhando desconfiado para seu amigo. Era só o que lhe faltava Bazz também ter alguma paixão secreta pela Rukia. O que ela andava usando pra se lavar no banho pra de repente ser a pessoa mais disputada do Japão? — Eles são amigos que nem vocês.
— O Bazz e a Rukia ficavam antes de ela namorar o Shuuhei — O ruivo escarlate deu uma piscadela para o outro, entrando na sala dos professores e o deixando para trás com cara de tacho.
— Mas o quê?
II
Passava das 14h30 quando Rukia jogou-se em seu sofá, ao lado de Newton. Sexta-feira chegara mais rápido do que esperava. Finalmente apresentaram o trabalho e ainda surpreenderam à todos com aquele batidão das exatas.
A porta de sua casa abriu-se sem anúncio algum. Ela e Newton, que ficou em alerta, olharam instintivamente para a entrada. Logo a cabeleira ruiva de um professor rabugento dava o ar de sua graça, arrancando um sorriso espontâneo da pequena Kuchiki.
— Oi, idiota — Ela abanou de onde estava. Não fazia ideia de quando ela e o ruivo ficaram tão íntimos assim para já entrarem um na casa do outro sem bater, mas aquilo era algo que lhe agradava por algum motivo.
O professor parou de braços cruzados atrás do sofá de sua casa, olhando-a com a expressão emburrada. Rukia rolou os olhos, Ichigo naquela semana em especial estivera bastante mal humorado.
— Quê?
Ele trocou o peso de uma perna para outra, lembrando-a brevemente da mãe de Bazz quando estava zangada, e ignorava Newton que tentava de qualquer jeito lamber sua cara.
— O que foi, porra? — Rukia levantou-se, aproximando-se do ruivo e já com pouca paciência. Estrava pronta para dar uma cotovelada no estômago do professor quando ele finalmente resolveu falar.
— Então quer dizer que você e o Bazz...
— Caralho. — Ela o interrompeu, já prevendo o que Ichigo queria falar. Ciuminhos de vez em quando era algo até legal, mas aquilo já estava passando dos limites. — O que é que tem? — Rukia cruzou os braços, olhando para o ruivo com um olhar como se estivesse o desafiando a continuar com aquilo.
— Nada, só fiquei surpreso. — Mentiu.
— Surpreso pelo quê? Por eu ter uma vida antes de você aparecer?
— Não coloque palavras na minha boca... — Ichigo virou novamente a cabeça, não querendo manter o contato visual com a Kuchiki na esperança que ela não notasse a vermelhidão que tomava seu rosto.
— Você fala que a Inoue acha que só ela tem o direito de seguir a vida, mas não tá muito diferente, hein.
O professor franziria o cenho ainda mais se fosse possível. Agora era só o que lhe faltava ser comparado com sua ex-mulher. Diante o silêncio do ruivo, Rukia prosseguiu:
— Pode parando com esses ataques de pelanca que tão dando no saco já. O Bazz tá muito feliz com o namorado dele, chega a ser ridículo você ficar com esse mimimi todo.
— E o Ishida? Han?
Se conseguisse, Rukia giraria seus olhos em 360º.
— Ichigo, eu não te devo fidelidade.
O ruivo contorceu a cara em uma expressão de tamanho desgosto que a Kuchiki já começava a sentir o coração batendo mais rápido de nervosismo. Antes que ele abrisse a boca e começasse a falar merda, o que a faria ficar com raiva e estragar ainda mais as coisas, ela o cortou e continuou.
— Mas, eu acho que eu não sou o tipo de pessoa que ia sair abrindo as pernas por aí só pra te afetar. O Bazz é passado e eu não tenho culpa do amor platônico do Ishida. Eu to feliz como eu to agora.
Ichigo relaxou aos poucos a expressão, voltando a encarar os olhos grandes de Rukia. Começava a se sentir envergonhado, estava agindo como um adolescente ciumento e fazia tempos que não tinha esse tipo de atitude. Sentia como se em seu peito, devido à intensa agitação de suas moléculas, algo começasse a sofrer uma dilatação volumétrica. Uma dilatação volumétrica que fazia seu peito apertar e acelerar, a passagem do ar para seus pulmões ser dificultada e uma imensa vontade de socar paredes.
Ele levou a mão aos cabelos ruivos, bagunçando-os nervosamente. Renji tinha razão, ele estava sendo ciumento. Aquele mesmo sentimento que Inoue tinha quando eram mais jovens e que o fazia querer se afastar gradativamente dela. Ele estava tendo aquela atitude de adolescente enciumado que o fazia criticar tanto sua ex-esposa. Ichigo sentiu uma profunda vergonha de si mesmo e aqueles olhos violetas o analisando não ajudavam.
— Rukia... — Ele queria se desculpar, mas não sabia como. A morena o encarava com um meio sorriso no rosto, provavelmente achando graça de sua desgraça auto infligida. — Desculpa... Eu não queria... bem, você sabe... — Gaguejou. Era muito mais fácil ser babaca que pedir desculpas.
— Tudo bem — Deu um meio sorriso. De fato, ver Ichigo envergonhado depois de falar merda era bastante prazeroso. Para não perder o costume, ela dirigiu-se ao professor, dando-lhe um soco no braço. — Mas que não se repita.
— Sim senhora...
— Agora arruma essa cara, porra — A Kuchiki colocou-se na ponta dos pés, enlaçando o professor pelo pescoço e buscando por sua boca. Ainda vermelho, Ichigo segurou na cintura da morena, selando seus lábios e iniciando um beijo calmo.
Rukia era uma pessoa descomplicada, qualquer um podia notar isso. Porém, embora simples, era intensa. Como se possuísse um campo magnético que o atraía de forma que quisesse estar sempre por perto. O ruivo preferia não refletir no que isso intimamente significava, mas começava a desconfiar que seus cálculos mentais estavam entrando em uma área relativista demais.
A Kuchiki separou-se de seu professor, e ele despertou de seus pensamentos herméticos, ao escutar o celular tocando sobre o balcão da cozinha. Ela foi atrás do aparelho, olhando rapidamente na foto que piscava no ecrã antes de deslizar o dedo para atender.
— É a Luna. — Falou direcionando-se à Ichigo, que a seguira com o olhar, antes de atender. — Oi, cunhas.
— Rukia-chan! Como está? — O sotaque forte da italiana soou do outro lado da linha em um tom animado como era habitual.
— Bem! E você?
— Também... Viu, o Ichigo tá aí com você?
— Tá sim, por que?
— Ótimo, coloca no viva voz então que eu tenho um negócio pra contar pra vocês.
Rukia tirou o aparelho de sua orelha, apertando no ícone de autofalante ao lado dos botões numéricos. Chamou Ichigo com um aceno de mão, que se aproximou logo dela para ver o que sua amiga queria.
— Pronto — A voz da morena soou, avisando à cunhada que já o ruivo já conseguia também escutá-la.
— Oi, Ichigo! — A loira soou ainda mais animada e, apesar de não poderem vê-la, sabiam que sorria. — A gente queria contar isso para vocês antes dos outros!
A voz de Byakuya soou baixa atrás com um “Eu só queria contar para Rukia”. Ichigo revirou os olhos, se o Kuchiki soubesse de metade do que acontecia a implicância triplicaria.
— Dá oi pra eles, Byboca!
— Oi.
— Oi, Nii-sama! — A morena parecia animar-se ainda mais ao ver que seu irmão mais velho participava da conversa. Ela deu um beslicão no braço de Ichigo, vendo que ele não pretendia cumprimentar seu nii-sama.
— Ai, Rukia!.... Oi, Byakuya.
— Oi...
— Então! — Luna soou de novo, ansiosa demais para inteirar seus amigos da novidade. — Acabamos de sair do consultório. É um menino!
Ichigo e Rukia se entreolharam, com um sorriso brotando em seus rostos. Finalmente descobriram o gênero do afilhado, que permanecera como mistério por tempo demais. A morena levantou os braços em comemoração, apesar de que ficaria igualmente feliz se fosse uma menina, parecia que saber cada vez mais detalhes sobre o bebê o fazia ficar ainda mais real em sua cabeça.
— Ai meu Deus! — A Kuchiki soou não se contendo. — Que coisa mais linda, não vejo a hora de poder apertá-lo!
— Vou te mandar depois uma foto do ultrassom!
— Uau, Luna! Parabéns! — Foi a vez de Ichigo congratulá-los. Ele passou o braço pelas costas de Rukia, apertando de leve seu ombro em um abraço de lado. A morena recebeu tranquilamente o contato, levando a mão livre sobre a do ruivo e se aproximando mais. — Já decidiram o nome?
— Akio!
— Ele vai ser realmente um homem brilhante, igual vocês dois! — Rukia sorriu, dando-se conta do significado do nome do primeiro sobrinho. Não poderia estar menos feliz por Luna e Byakuya, afinal eles se tornaram a família que nunca tivera. — E você, Nii-sama? Tá feliz?
— Estou...
— O Byakuya tá aqui rindo que nem um bobo, dá até vontade de tirar uma foto e mandar emoldurar.
— Se eu fosse você faria isso mesmo, momento histórico — Ichigo soltou uma risada irônica, era difícil imaginar o marido de sua amiga com alguma expressão facial. A falta de expressão de Byakuya às vezes o tirava do sério. Lembrou-se quando descobrira que seu filho seria um menino e do escândalo que fizera no dia, ligando para todos os seus amigos e ganhando até de Renji um charuto simbólico para comemorar.
Mas, pelo comentário recém-feito, recebeu de Rukia uma pisada no pé.
— Engraçadinho... Viu, vou desligar que a bateria vai morrer! É para vocês irem lá em casa hoje à noite pra gente comemorar, vou chamar o resto do povo também!
— Beleza! — Os dois responderam em uníssono. Luna despediu-se e desligou o celular, deixando os tios de primeira viagem com cara de paisagem ainda absorvendo as novidades.
— Outro menino, hein... — Ichigo sorriu, ao lembrar-se do filho e de Hiroshi. Aqueles três provavelmente seriam a segunda geração de amigos daquela turma. Isso o fazia sentir-se velho, porém feliz.
— Só falta o Renji e a Akihime agora...
— Mas quando esse milagre acontecer a Akihime vai falar “ele vai decidir isso depois” quando perguntarem o sexo do bebê.
— Ah, não tenha dúvidas — A morena soltou uma risada, deixando o celular sobre a bancada da cozinha, mas permanecendo abraçada ao professor. Apesar de que achava pouco provável a mulher de seu amigo ceder à pressão da sociedade machista patriarcal e ter um bebê. — Ichigo...
— Hm?
— É muito louco eu me sentir de verdade parte de uma família que não é minha?
— Acho que melhor que ninguém você sabe que família não envolve necessariamente laços sanguíneos.
— É engraçado, a Luna contou pra gente do bebê e eu já senti meu coração tipo se alargando de felicidade — Ela sorriu, olhando para uma estante em sua frente, onde seu boneco do Zé Gotinha flamenguista a enfeitava com todo seu charme. Falar só de Luna e Byakuya era até injusto, Renji e todos os outros eram tão parte de si quanto seus companheiros de sobrenome.
— Ah, tipo rolou uma dilatação volumétrica com você também.
A Kuchiki rolou os olhos. Lá vinha outra explicação bizarra.
— Você lembra o que faz as moléculas se agitarem?
— Aumento de temperatura.
— Isso. O aumento da agitação nas moléculas em um sólido pode causar dilatação nele. Quando essa dilatação acontece nas três dimensões a gente chama de “volumétrica”.
— Então a sensação de quentinho no peito pode ser realmente um aumento de temperatura e isso pode de fato aumentar o tamanho do coração? Porque tipo, seria perigoso. — Rukia riu, era óbvio que aquilo era apenas uma analogia, mas era divertido a cara de idiota que Ichigo fazia com suas conclusões.
— Você entendeu o meu ponto.
— E por que rolou uma dilatação volumétrica em mim “também”?
Ichigo sentiu o rosto ferver. Jamais falaria que chegara à essa conclusão pensando em Rukia.
— Fiquei feliz pela Luna, assim como você.
— Tá bom, dilatação volumétrica. Agora o que você acha de comprarmos um presente pro nosso afilhado Akio-chan?
— É uma boa ideia... — Ichigo sorriu, soltando Rukia para que ela seguisse para o quarto trocar de roupa. Aquela ideia de ter um afilhado com a Kuchiki era bastante louca, ou qualquer coisa que se encaixasse naquele tipo de adjetivo, pois o fazia sentir que tinha algo sério acontecendo entre eles. Mesmo que não precisasse de um status formal para aquilo, algo realmente acontecia entre ele e Rukia.
E mais uma vez naquele dia a tal dilatação volumétrica tomou conta de todo seu peito.
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