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História Leis de Newton - Primeira Lei de Newton - Inércia


Escrita por: adolf0 e @3tangfei

Capítulo 2 - Primeira Lei de Newton - Inércia


Primeira Lei de Newton – Inércia

“O universo é uma harmonia de contrários.”

Pitágoras

 

                Era uma manhã quente de segunda-feira e uma baixinha se espreguiçava, sentada confortavelmente em sua carteira. Seus grandes olhos violetas encaravam o teto de gesso branco da sala de aula, tentando procrastinar o máximo possível o início daquele começo de semana letivo.

                Rukia ajeitou-se na cadeira, bufando inconformada, ao ver a cabeleira ruiva que entrava na sala de aula, emoldurando a carranca de um jovem professor de física. A morena perguntou-se mentalmente o tipo de pecado que cometera em sua vida anterior para seu destino cármico fazer com que precisasse aturar na primeira aula de segunda-feira uma matéria como aquela.

                Kurosaki-sensei colocou sua maleta de couro marrom sobre uma cadeira e dobrou as mangas de sua camisa social até o cotovelo, pronto para começar a colocar um pouco da cultura das exatas na cabeça de seus pobres pupilos. Com o cenho ainda franzido, ele alcançou o marcador e escreveu sobre a superfície do quadro branco a data daquele dia, dando início à primeira aula da semana.

                - Primeira Lei de Newton – Falou frisando as palavras, como sempre fazia ao introduzir um novo assunto, e escreveu o título na parte superior do quadro. Ele virou-se novamente para a turma, os encarando com todo seu bom humor. – Ao contrário do que parece o óbvio, essa, que é a primeira lei da mecânica, teve sua ideia desenvolvida por Aristóteles e Galileu e Newton apenas a formulou baseado nas conclusões de Galileu.

                “Lei da mecânica? Não sabia que existiam leis para mexer num carro” – Pensou distraída uma morena baixinha, sentada na terceira carteira da fileira da janela. Ela desenhou os olhinhos de um coelhinho feio que rabiscava no canto inferior de uma folha de seu caderno e voltou a tentar prestar atenção no que o professor falava.

                - Tudo se deu inicio quando Aristóteles formulou uma teoria onde se acreditava que – Ele voltou-se novamente para o quadro, colocando o nome do filósofo e cientista grego seguido por uma flechinha e começando a escrever as palavras que ditava. – “um corpo só pode permanecer em movimento se existir uma força atuando sobre ele”.

                O ruivo virou-se para os alunos, encarando a cara de nada deles, e logo perguntou:

                - Alguém que tenha tido a decência de abrir o livro de física no final de semana, sabe me dizer o que há de errado na teoria de Aristóteles?

                Silêncio.

                - Ninguém? – O professor bufou, doido para jogar o marcador do quadro na cabeça dos alunos.

                Uma mão então se levantou trêmula, chamando a atenção de Ichigo. Ele cruzou os braços, dando a vez para seu único aluno CDF falar.

                - Sim, Ishida?

                - Aristóteles não considerou o atrito sofrido pelo corpo... – O aluno arriscou-se, lembrando-se com clareza das palavras que lera no dia anterior. Ao ver um pequeno sorriso brotando no rosto do professor, todos os outros alunos agradeceram mentalmente à memória eidética de Ishida, que os livrava de ganhar mais um sermão daquele cara sem piedade da falta de capacidade intelectual alheia.

                - É isso aí! – Ele ergueu o polegar para o aluno de óculos, em um joinha. Voltou-se então mais uma vez para o quadro, colocando um grande “x” ao lado das palavras que compunham a teoria de Aristóteles e escrevendo embaixo do nome do grego o nome de Galileu Galilei. – Galileu então refez a teoria, falando que “Se um corpo está em repouso ele irá permanecer neste estado até que uma força externa seja aplicada neste corpo” – Completou, colocando ao lado do nome do cientista italiano a teoria reformulada.

                “Sim, é tipo quando eu to dormindo e sou jogada para fora da cama com o barulho infernal do meu despertador...” – Pensou Rukia, mordendo a ponta do lápis e olhando com uma atenção fingida para o professor. Ela anotou as palavras do quadro, tentando encontrar uma forma de entendê-las.

                - Então quando Newton estava escrevendo seu livro Princípios matemáticos da filosofia natural ele formulou as leis básicas da mecânica, concordando com as ideias de Galileu – Ele puxou uma flecha para baixo, saindo do nome do italiano, e escrevendo o nome de Isaac Newton e sua próxima fala. – Conhecida como Lei da Inércia, esse postulado diz que “os corpos tendem a permanecer em seu estado natural de repouso ou em movimento retilíneo uniforme”.

              “Masoq??” – A baixinha ajeitou-se na cadeira, apoiando o queixo com uma das mãos e juntando as sobrancelhas, em uma expressão de pura interrogação. Ela perguntou-se o que levava alguém a escrever um livro sobre matemática e física e imaginou que Newton teria aproveitado melhor a vida se tivesse escrito um mangá sobre deuses da morte e monstros com buracos no peito, desde que o final fosse decente, claro.

                - O que Newton queria exemplificar é que, na ausência de forças, um corpo ou objeto parado, em razão de sua inércia, tende a permanecer em repouso. Ou que uma vez iniciado o movimento, a tendência do corpo é permanecer em movimento retilíneo e uniforme – O professor continuou, escrevendo tudo o que dizia no quadro, esperando que seus alunos possuíssem ao menos a respeitabilidade de escrever suas anotações.

                - Alguém sabe me dar exemplos sobre a aplicação da Lei da Inércia?

                Novamente apenas o tal Ishida levantara a mão, começando a deixar Ichigo realmente frustrado com a falta de comprometimento de toda aquela sala. Ele esperou mais alguns segundos para ver se mais alguém se pronunciaria e vendo que estava apenas perdendo tempo, deu a palavra ao nerd.

                - Quando alguém está de pé no ônibus e o motorista dá uma arrancada brusca, a pessoa é jogada para trás, porque tende a permanecer parada. – O moreno ajeitou os óculos sobre o nariz.

                “Então foi a inércia que me fez passar vergonha semana passada...” – Rukia suspirou, fechando os olhos ao lembrar-se de quando estava dentro do ônibus indo visitar sua cunhada e caíra de cara no corredor do mesmo. Ela voltou a encarar a cabeça do nerd, que sentava na cadeira à sua frente.

                - Ou quando um motoqueiro é arremessado de sua moto quando freia repentinamente, pois seu corpo permanece em movimento... – Ishida completou, sentindo o coração bater rápido por estar falando para toda a sala ouvir.

                - Melhor exemplo que esses dois não existe – O ruivo prosseguiu, congratulando o esforço sobrenatural do moreno para falar em público. O professor foi até sua mesa, retirando um livro grosso de dentro de sua maleta e começou a folheá-lo. – Abram agora na página 46, leiam o segundo tópico e façam os exercícios de 1 até 5.

                A aluna nanica alcançou o próprio livro, que estava embaixo de sua carteira e o abriu na página indicada pelo professor.  Seus olhos percorreram rapidamente sobre aquela página e a seguinte, lendo os subtítulos do capítulo: “Equilíbrio Estático”, “Equilíbrio Dinâmico”, “Referencial não-Inercial” e “Referencial Inercial”.

                Rukia suspirou novamente, jogando o livro sobre a carteira e tentando começar a ler. O único equilíbrio que vinha em sua cabeça era seu equilíbrio mental, que com certeza estaria ameaçado diante de tantas palavras difíceis.

II

 

                Rukia desceu calmamente do ônibus, tomando cuidado para não tropeçar nos dois altos degraus do automóvel. Colocou-se logo a andar pela calçada, tomando cuidado para seu pé não encostar em nenhuma linha das lajotas, afinal não queria causar nenhum tipo de desastre natural. Riu de si mesma ao lembrar-se de como as crianças de seu antigo orfanato contaram para ela que se ousasse pisar na linha da calçada algo de muito ruim poderia acontecer.

                “Tá na hora de visitá-los de novo...” – Pensou, anotando o novo compromisso em sua mente. Desde que seu irmão adotivo e sua cunhada a haviam tirado das ruas, elas jamais se esquecera do antigo orfanato que a abrigou por tantos anos e ia mensalmente visitá-los.

                A morena virou a esquina e deu mais alguns passos para chegar em seu destino. Parou de frente a um portão de grades enorme e não precisou chamar para ser atendida, pois o jardineiro que regava as rosas amarelas do quintal a atendeu de pronto. Ela agradeceu o rapaz e seguiu para a entrada da casa.

                Faltando uns três passos para Rukia chegar à frente da porta da casa de seu irmão, seu olhar foi direto para um jovem que aparentemente esperava para ser atendido. Ela não conseguiu acreditar quando viu o cabelo ruivo ridículo daquele cara.

                - Sensei?

                Ichigo virou-se na direção da voz que parecia o chamar. Seus olhos, por de trás das lentes dos óculos de grau, caíram sobre uma morena diminuta, que o olhava com a expressão interrogativa.

                - Ah, a aluna nova... – Ele cruzou os braços, um pouco surpreso por vê-la ali também. – Lúcia, certo?

                - Rukia... – Ela rolou os olhos por ele tê-la chamado de aluna nova. Ela fora transferida para aquela escola há mais de três meses, achava que isso era tempo o suficiente para o professor lembrar-se ao menos de seu nome.

                - Rukia, desculpe – Ele levou uma das mãos ao queixo, parecendo pensativo. – Agora lembrei, você enfeita suas provas com uns coelhos horrorosos ao invés de usar o tempo para responder melhor as questões...

                - Horrorosos? – Ela pareceu ofender-se. Afinal, quem teria coragem de falar daquele jeito de suas obras de arte? – Horrorosa é essa tua car—

                - Ichigo! – Os dois foram interrompidos por uma voz animada, parecia que alguém havia finalmente aberto a porta da entrada. Ichigo e Rukia voltaram o olhar para a porta, podendo assim visualizar uma loira sorridente que permanecia parada segurando a fechadura. A loira então olhou para Rukia, percebendo sua presença. – Rukia, você também por aqui!

                - Oi, Luna! – A morena se dirigiu à loira, passando pelo ruivo sem nem sequer olhá-lo.

                Luna deu espaço para que os dois passassem e entrassem em sua casa. Ainda no hall de entrada, Ichigo olhou da morena para a loira, intrigado.

                - Vocês se conhecem?

                - Claro, a Rukia é minha cunhada – Luna passou um braço pelo ombro da baixinha, abraçando-a de lado. – E tia do Bya-Júnior! – Ela riu, acariciando a própria barriga, que mostrava sinais de uma gestação beirando ao segundo trimestre.

                - Ah... Eu não tinha me dado conta que o Kuchiki no sobrenome dela era o mesmo do seu – Ichigo franziu o cenho, ainda olhando para a loira. Se o ruivo não fosse um homem da ciência, acreditaria que aquilo era uma grande coincidência, mas como o era, colocou a culpa na teoria das cordas.

-

-

                - Nossa, então quer dizer que você é professor da Rukia, Ichigo? – Luna olhava de um para outro. Os três estavam sentados em volta de uma mesinha de centro na sala da casa da loira, ela e Rukia sentadas em um sofá e Ichigo de frente em uma poltrona. Eles se deliciavam com uma soda italiana de maçã verde que a loira preparara.

                - É, parece que sim... – Ichigo deu de ombros, já não se sentindo tão surpreso. Ele e Luna eram amigos desde a época da faculdade, quando cursaram Física juntos, e não passara nem de longe por sua cabeça que Rukia era a irmã perdida da ex-esposa de Kuchiki Byakuya, atual marido da loira.

                - E como vão as aulas, Rukia? – Ela virou-se para a morena, que engoliu em seco. Não queria ter que admitir para a cunhada que era a maior zero à esquerda na escola, afinal ela e seu irmão que pagavam sua mensalidade. – O Ichigo na faculdade era muito rabugento, deve ser um terror ter aula com ele.

                - Ei! – Ichigo chamou a atenção da loira ao ver a expressão de concordância de Rukia, que levava uma mão à boca para tentar abafar uma risada. – Você vai continuar rindo? Quer que eu fale das suas notas?? – Ele se dirige à Rukia, que para de rir na hora e lhe lança um olhar reprovador.

                - Vish, tá ruim assim? – A loira virou-se para a cunhada ao seu lado, que abaixou a cabeça e concordou com um aceno. Ichigo arrependeu-se levemente por suas palavras ao ver a expressão de vergonha que tomou conta do rosto branco de Rukia.

                - É a turma inteira, na verdade – Ele se pronunciou, fazendo com que ambas olhassem para ele. Ichigo cruzou os braços e ajeitou novamente os óculos sobre o nariz. – Mas eu estou dando uma chance de se recuperarem com uma bimestral, porque eu sou um professor muito maneiro – Ele riu, levantando o polegar para sua ex-colega de faculdade. Rukia ergueu uma das sobrancelhas, era a primeira vez que via o professor sorrindo de verdade.

                Luna olhou de um para outro, enquanto acariciava instintivamente a própria barriga, parecendo pensativa. Ela então se voltou para Ichigo, com uma ideia em mente.

                - Dê aulas particulares para Rukia – Aquilo, ao ouvido do ruivo, não parecia um pedido. Rukia arregalou os olhos, sem saber o que falar diante de tal absurdo. Não queria ter que aturar o professor por mais horas, além do que já precisava na escola.

                - E por que eu deveria? – O professor franziu o cenho, detestava as ideias loucas que sempre surgiam na cabeça de sua amiga. Ele geralmente saia perdendo nos esquemas dela.

                - Se a Rukia não passar de ano o Byakuya vai ficar furioso – Luna suspirou, chegando um pouco mais para frente no sofá e inclinando o corpo na direção de Ichigo. – E se isso acontecer eu vou colocar a culpa em você.

                - Em mim?!

                Rukia levou a mão ao rosto. Em partes a loira estava certa, mas não precisava de todo aquele trabalho para melhorar suas notas. Primeiro porque ela não queria ter que estudar ainda mais, segundo porque dificilmente isso daria resultados. Rukia simplesmente era uma negação para exatas.

                - Acho que você não vai querer meu marido zangado atrás de ti, né não? – Luna sorriu, insinuando o final da vida do professor caso a irmãzinha de Byakuya tivesse problemas no boletim por “culpa” de Ichigo. – E nós pagaremos pelas aulas, então você sai ganhando.

                - Tá, mas só por causa do dinheiro – Ichigo cruzou os braços, fingindo que o motivo mesmo não era que queria evitar um Kuchiki esnobe no seu pé. E levando em conta que Byakuya era um dos sócios da escola em que trabalhava, era melhor tratar com cuidado sua princesinha se quisesse continuar empregado. – Eu tenho pensão pra pagar, isso pode me ajudar.

                Rukia fechou os olhos, perguntando-se o que fizera de errado aos olhos de Deus para que merecesse aquilo. O pior é que ela não podia simplesmente dizer não à ideia de sua cunhada, afinal Luna fizera muito por ela, desde que a encontrou pedindo esmolas na frente de um supermercado e suspeitou que fosse a irmã perdida de Hisana que Byakuya passara anos a procurar.

                 Ela suspirou.

                - O Nii-sama está em casa? – Perguntou para a cunhada, que concordou de pronto com um aceno de cabeça.

                - Está no escritório, pode ir lá – Rukia levantou-se, acenando brevemente para Luna e Ichigo e dizendo que logo voltava. O ruivo a seguiu com o olhar, vendo-a desaparecer no topo da escada.

                Ele olhou em volta e novamente encarou a loira, que tomava um segundo copo de soda italiana distraidamente, e um meio sorriso brotou em seus lábios.

                - Se há cinco anos você me falasse que iria estar casada com o Byakuya, eu jamais acreditaria – comentou, olhando para a moça que começara a rir.

                - Mas eu falei isso e você e o Renji não acreditaram.

                - Eu nunca pensei que você fosse ganhar na insistência, sinceramente – ele voltou a rir, lembrando-se dos dias de faculdade em que a loira passava suspirando pelo seu professor de matemática financeira. Byakuya era mestrando quando fora obrigado a lecionar a matéria optativa para o curso de licenciatura em física e em matemática, e fora graças a essas aulas que conhecera sua futura esposa. Na época nem mesmo ele acreditaria que seria vencido no cansaço pela aluna insistente.

                - Você não pode falar nada, eu pelo menos não casei com a songa monga da Orihime – Ela cruzou os braços, lembrando-se da ex-mulher do colega, por quem nutria uma falta de amor significante.

                - Não é como se eu tivesse alguma outra opção, na época – Ele cruzou as pernas, apoiando os cotovelos nos braços da poltrona. Seu cenho franziu ao lembrar-se da ruiva, que fora sua esposa por longos e tediosos dois anos e meio.

                - Você tinha sim, a opção de não casar. – Ela bufou, fazendo bico.

                - Era o certo a se fazer, ela estava grávida.

                - E no final ela ainda te traiu com aquele filósofo de banheiro público do Ulquiorra – Luna rolou os olhos, lembrando-se de toda a saga do casamento de Ichigo. O ruivo “acidentalmente” fizera uma criança em Orihime e casou-se porque possuía um instinto muito forte do certo a se fazer. Como agradecimento ganhara um belo par de chifres.

                - Não posso culpá-la, nosso casamento estava frio – Ele suspirou. – No final eu tenho é que agradecer ao Ulquiorra, se não fosse ele eu estava ainda vivendo aquela mentira.

                - Mas e o Isshin, como está? – Luna resolveu mudar o foco do assunto para não ficar perdendo tempo falando da ex de Ichigo. O ruivo abriu um sorriso largo ao escutar o nome de seu filho.

                - Esperto, já sabe contar até vinte e consegue reconhecer algumas cores – Falou orgulhoso, como se aquilo fosse realmente um grande feito para uma criança de dois anos.

                - Ele é mesmo uma graça, traga ele da próxima vez, estou com saudades – Ela sorriu gentil, lembrando-se da criança de cabelos ruivos e espetados, iguais aos do pai. Ela por um momento perdeu-se em pensamentos imaginando o pequeno Isshin e o filho brincando juntos dali uns anos. Sorrindo com a própria imaginação, voltou-se novamente para o amigo. – Mas e aí? Conseguiu terminar a mudança?

                - Já! O apartamento novo até que é bem legal e é próximo a escola – Comentou. Ichigo passara o final de semana inteiro ajeitando as coisas em sua nova casa, finalmente tinha um lugar decente para morar, não aguentava mais a antiga kitnet de um só cômodo.

                Eles continuavam a colocar o papo em dia e vez ou outra se lembravam da época da faculdade de das muitas besteiras que faziam juntos. Para Ichigo aquela nostalgia toda era boa, pois o fazia esquecer-se dos problemas que tinha em mente. Ao menos se fossem problemas envolvendo física, ele tiraria tudo de letra, o que não era o caso.

III

 

                Ichigo segurava com mais força que o necessário o volante de seu carro, projetando o corpo para frente e quase podendo encostar o queixo na direção. Um silêncio pavoroso pairava no ar entre ele e sua carona. Onde estava com a cabeça quando se oferecera para levar Rukia em casa? Apesar de que Luna fora quem jogou um verde nele, comentando que Rukia também morava perto do colégio e que já estava ficando tarde para ir sozinha para casa.

                - Eu posso te dar uma carona, se quiser – Foi o que ele disse instintivamente.

                Seria tudo okay se ela conseguisse conversar como uma pessoal normal, sem deixa-lo com aquela sensação de estar em uma situação constrangedora mesmo não estando. Ele suspirou, tentando buscar nas profundezas de sua mente vazia algum assunto qualquer para puxar.

                - Então... – Pigarreou, ajeitando-se melhor no assento do motorista. – O que achou da aula de hoje? Conseguiu entender?

                Ótimo assunto falar sobre aula.

                - É... – Rukia virou-se para o motorista, fazendo uma careta. – Mais ou menos, acho.

                Ichigo parou diante a sinaleira, que acabava de se tornar vermelha. Ele olhou rapidamente para Rukia, antes de voltar a encarar a estrada em sua frente.

                - Bom, começando então agora mesmo as nossas novas aulas – Falou se referindo ao que foi contratado por Luna, que deixara bem claro que seu pescoço estava em jogo se Rukia não conseguisse tirar uma boa nota em sua bimestral. – O que você entendeu por Inércia? Me dê um exemplo.

                - Hmmm – A morena levou uma das mãos ao queixo, tentando buscar em sua bravia mente as palavras que escrevera em seu caderno no início da manhã. “Um corpo permanece em repouso até que forças externas sejam aplicadas sobre ele”. “Forças externas...”. “Repouso...”. – Por exemplo... – Ela começou meio incerta do que falava, tentando bolar algo bom em sua cabeça.

                Ichigo arrancou o carro, pois o sinal tornara-se verde. Rukia sentiu o corpo ir para frente, sendo segurada pelo cinto de segurança. “Inércia”.

                - Por exemplo – Recomeçou. – As minhas notas em física são um lixo, mas graças às forças externas da minha cunhada e do meu irmão inventando essa história de aulas particulares, elas provavelmente vão sair do repouso do zero e virar algo melhor.

                O ruivo engasgou-se com a própria risada, que saíra sem nem ele mesmo perceber. O exemplo fora bizarro, mas não totalmente errado. Ele olhou rapidamente para a baixinha ao seu lado, fazendo com que seu olhar se cruzasse com o dela por uma fração de segundo. Rukia o encarava ansiosa para saber o que o professor falaria de seu exemplo.

                - Muito bem – Ele riu, voltando novamente a encarar os carros à sua frente. – Viu? Não é tão difícil! É só saber trazer a teoria para a vida real, elas de alguma forma são aplicáveis às situações mais diversas.

                Rukia não conseguiu imaginar que tipo de situações diversas em seu dia-a-dia poderia aplicar aquelas teorias bizarras que aprendia em sala de aula. Porém algo dentro de si se remexia, fazendo-a acreditar que novos horizontes estavam para serem descobertos com a ajuda de seu professor rabugento.


Notas Finais


O Capítulo ficou muito maior que eu esperava lol.
Espero que vocês gostem, se possível deixem um comentário contando o que acharam x)
Um beijo a todos!


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