História Leis de Newton - Cinemática

"O maior é o espaço porque dentro dele cabe tudo.O mais veloz é o intelecto porque passa através de tudo.A mais forte é a necessidade porque tudo domina.O mais sábio é o tempo porque tudo revela."

Tales de Mileto

I

— Isso só pode ser brincadeira... — Rukia ergueu a sobrancelha e cruzou os braços, enquanto observava o professor colocar a chave na fechadura de seu suposto apartamento.

            — Você tem algum problema com ser minha vizinha? — Ichigo franziu o cenho e um bico irritado formou-se em seus lábios.

Quando estacionou o carro para deixar Rukia em casa, ambos descobriram que o ruivo no final de semana mudara-se para o mesmo prédio onde a morena estava morando. Após surpreenderem-se com o fato, deram-se conta de que o apartamento do professor era também de frente ao da outra.

— Tenho! — Rukia cruzou os braços, não desviando o olhar desafiador que lançava no ruivo. — Você é muito barulhento!

— O quê? — Ichigo franziu ainda mais a expressão, quase conseguindo juntar as duas sobrancelhas, e curvou-se para mais perto da Kuchiki, sustentando o olhar que ela lançava-o. — Eu to aqui há dois dias! — Ele levantou a mão fazendo o dois com os dedos indicador e médio.

— Isso mesmo! Faz dois dias que eu escuto o barulho insuportável de móveis sendo arrastando de um lado para o outro.

— Óbvio! Eu estava de mudança, imbecil! — Rukia estreitou o olhar ao ouvi-lo referir-se a ela com tanta sutileza. Ela então relaxou a expressão e aproximou-se mais do professor, que recuou uns centímetros com a aproximação repentina. Com um sorriso que acabara de formar-se nos lábios da mais nova, ela levantou levemente um dos pés e pisou com o máximo de força que conseguia nos tênis sujos do ruivo.

— Bem vindo à vizinhança, sensei — A morena usou de todo seu talento em cênicas para soar igual a Sakura Card Captors e dirigiu-se para a porta da própria casa, abrindo-a e batendo-a com força após entrar.

Ichigo encarou a porta já fechada, bastante incomodado com a situação e sentindo o pé esquerdo latejar. Além de aturar aquele demônio em forma de anã na escola e em aulas particulares, ainda teria de conviver diariamente com sua presença naquele que deveria ser seu refúgio da paz.

Rukia, por sua vez, pensava exatamente a mesma coisa que o professor. Aturá-lo nas aulas já era suficientemente ruim, levando-se em conta de que alguém que lecionava física não poderia ser boa gente.

II

A morena olhou para o relógio na parede de sua cozinha, constatando estar muito mais que atrasada para as aulas do dia. Ela jogou sua mochila estampada de chappys no ombro e saiu disparada pela porta, enquanto mordia desajeitadamente um pêssego, para não ir de estômago vazio para a escola.

Conforme trancava seu apartamento, Rukia escutou a porta do vizinho da frente ser aberta e dela saiu um ruivo bocejando despreocupadamente. Eles se entreolharam com cara de poucos amigos, mas a boa educação falou mais alto – pela primeira vez.

— Ohayou. — O professor foi o primeiro a cumprimentar, recebendo de volta um “bom dia” sem muita vontade de sua aluna. — Atrasada?

— O que você acha? — Ela o olhou com todo seu bom humor matinal, enquanto dava mais uma mordida em seu pêssego. Ichigo deu de ombros, indiferente com a impolidez da outra.

Por questões de caminhos coincidentes, o ruivo e a morena acabaram fazendo o mesmo percurso. Ichigo parecia bastante calmo enquanto desciam um lance de escadas e a aluna pôde notas que mesmo caminhando depressa eles estavam praticamente lado-a-lado, provavelmente porque uma pernada do professor era equivalente a umas três dela.

— Pra quem tá atrasado até que você tá bem tranquilo – Rukia comentou, jogando o caroço da fruta que comia dentro de uma lixeira, que ficava no final da escada.

— Quem disse que eu to atrasado? – O professor entrelaçou os dedos atrás da cabeça, apoiando-a. Seus olhos castanhos se estreitaram com a claridade quando finalmente colocou a cara na rua. — Hoje eu não tenho a primeira aula.

— Sorte sua — Apesar do horário, Rukia resolveu não apressar o passo e acabou seguindo caminho junto de Ichigo. Para quem já estava atrasada, uns minutos a mais não fariam diferença.

Eles continuaram o caminho em silêncio, porém desta vez Ichigo não se sentia constrangido com a falta de conversa. Estavam já chegando à mesma quadra da escola quando a morena lembrou-se de que tinha algo para perguntar.

— Ah, que horas vai ser mesmo a aula hoje? — Indagou referindo-se as aulas particulares que começariam naquele mesmo dia.

— Às 19h00 — Rukia assentiu com a cabeça e suspirou. Sabia que precisava realmente daquele apoio extra, mas tinha vontade de se jogar no rio mais próximo só de pensar em enfiar a cara nos livros de física todos os dias.

Ela não via a hora de se formar para poder viver na praia vendendo seus artesanatos das coisas que a natureza dá.

Eles logo chegaram à escola e pela falta de alunos no pátio a morena se deu conta que o sinal realmente já havia batido. Ela virou-se então para seu professor, antes de começar a correr para a sala de aula.

— Até mais tarde, então!

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O final daquela tarde de primavera trazia consigo um tom alaranjado no céu de Karakura e uma brisa morna tornava a atmosfera agradável. Rukia caminhava despreocupadamente em direção à sua casa, após ter perdido uns bons minutos em uma lanchonete enchendo a cara de sorvete.

Ela parou por um momento, abrindo a bolsa e procurando dentro daquele buraco negro o celular que havia apitado. Após desbloqueá-lo viu o aviso de “1 nova mensagem” piscando em sua tela.

[16:46] +814899151515: Oe, Pintora de Rodapé. ✓✓

Rukia ergueu a sobrancelha diante a saudação daquele número desconhecido.

[16:46] Rukia: Quem é? ¬¬ ✓✓

[16:47] +81489151515: O Ichigo! Viu, eu esqueci que tinha uma reunião marcada hoje. Vou me atrasar para a aula. ✓✓

Rukia salvou o número do professor em seus contatos, antes de respondê-lo. Não tinha como saber quando precisaria dele mesmo. E poderia mais tarde vender o número para alguma aluna louca gamada nele ou colocá-lo nos classificados do disk-sexo, só para vingar-se pelos apelidos.

[16:48] Rukia: Onde conseguiu meu número?? Ah e atrasando no primeiro dia, hein? O Nii-sama não vai gostar... :3 ✓✓

[16:48] Trevas-sensei: Com a Luna :B Ninguém liga pro que ele pensa (mas você não precisa incomodar o Byakuya com isso...). Chego aí lá pelas 20h00. ✓✓

[16:48] Rukia: Tá de brincadeira? Bem na hora do Dance Moms! ¬__¬ Nem vem!✓✓

[16:49] Trevas-sensei: Não sei se o Byakuya vai gostar de saber que você vai matar aula pra ver esse negócio ai... rsrs. ✓✓

[16:49] Rukia: _|_ ✓✓

[16:49] Trevas-sensei: Até mais tarde o/ haha ✓✓

[16:50] Rukia: Até... ¬¬✓✓

III

            Rukia permanecia parada em pé de frente para a televisão, que estava ligada no canal que passaria seu reality favorito. Torcia para que começasse antes que o costume ou que seu professor se atrasasse para conseguir assistir ao menos uma parte.

A morena soltou uma risadinha lembrando-se que, de alguma forma, a coreógrafa e dona do estúdio de dança onde se passava o Dance Moms lembrava bastante seu professor de Física. Abby Lee Miller gostava de ofender gratuitamente suas alunas (e toda e qualquer pessoa que aparecesse em sua frente) e estava sempre mal humorada e com o cenho franzido, igual Ichigo.

A campainha tocou anunciando que seu professor chegara. Ela olhou rapidamente para o relógio na parede da cozinha, constatando que ele estava adiantado alguns minutos.

— Boa noite — Ela o cumprimentou logo que abriu a porta. O ruivo levantou a mão num aceno.

— Boa noite. — Rukia deu espaço para que passasse e logo ele entrou. Ele observou rapidamente o apartamento, era praticamente igual ao seu. O hall na entrada era pequeno e dava direto para a sala de estar, que era conjugada com a cozinha americana. Na sala tinha uma porta que dava para um corredor onde provavelmente tinha o quarto e o banheiro. A grande diferença entre este apartamento e o seu era que Rukia tinha um péssimo gosto para decoração, havia coelhos feios para todos os cantos.

— Desculpe pela mudança de horário hoje — Ele falou já dentro da casa. Rukia deu de ombros, não se importava realmente.

Ela foi até a televisão e a desligou, sabendo que se ao menos escutasse o programa começar não conseguiria prestar atenção na aula. Ela indicou à Ichigo o balcão da cozinha, onde seus materiais já estavam em cima. Ele sentou-se em uma cadeira alta e ficou esperando que a morena o acompanhasse.

Rukia notava a cara de poucos amigos do professor, que parecia mais emburrado que o normal. Foi então até o balcão da cozinha pegando uma tigela cheia de biscoitos que havia feito mais cedo naquele dia. Ela colocou o recipiente no balcão na frente do professor, que a olhava sem entender.

— Quer café também? — Ele ergueu uma sobrancelha diante da atitude da outra. — Que foi? Cara feia pra mim é fome e a julgar pela sua deve estar faminto.

Ichigo franziu ainda mais o cenho, Rukia não perdia uma oportunidade de irritá-lo. Porém aceitou a oferta do café, mesmo de mau grado, pois de fato o dia fora tão corrido que não teve tempo para comer direito.

Ele pegou um dos biscoitos, enfiando-o inteiro na boca e então a olhou.

— Meu deus que coisa... horrível — Completou enfiando metade da xícara de café goela à baixo para tirar o gosto de queimado da boca.

— Ai, pára! Só passou um pouco do ponto... — Ela cruzou os braços, deixando um bico formar-se em seus lábios rosados.

— Um pouco? Isso aqui parece que foi cozido num acelerador de partículas — Ichigo riu da expressão frustrada de Rukia, que parecia não acreditar no que o professor falara.

Ela então pegou um dos biscoitos e levou à boca, como se fosse provar para ele que não havia nada de errado com sua comida. Porém assim que dera a primeira mordida uma careta se fez aparecer em sua face.

— Nossa, isso tá nojento. — A morena esticou o braço para alcançar a tigela e jogou todo seu conteúdo direto na lixeira. Ela não era exatamente a melhor cozinheira do mundo, mas quando estava preparando aquilo não imaginara que se tornaria um desastre natural em forma de comida.

— Mas, o café tá excelente — Ichigo ergue a xícara, tentando animar a aluna. Rukia revirou os olhos e se dirigiu para a cadeira ao lado do professor, sentindo certa dificuldade para se sentar, uma vez que o assento era bastante alto.

— Tá, vamos começar logo pra terminar logo — Disse a morena referindo-se a aula. Ichigo revirou os olhos com a sinceridade exacerbada da aluna, que nunca se esforçava para ao menos fingir que não odiava tanto sua matéria.

— Ok! — Ele então entrelaça os dedos das mãos, esticando os braços e fazendo suas articulações estalarem. Rukia alcançou um caderno e seu estojo, tirando de dentro uma lapiseira infantil demais para uma aluna do último ano. — Vamos começar com os conceitos básicos da cinemática.

“Agora misturou física e... filmes?” — Foi o primeiro pensamento a surgir na cabeça da morena.

— Você tá pensando em cinema, né? — Ichigo deu um facepalm diante o aceno de cabeça de Rukia, afirmando sua pergunta. — A cinemática é a parte da física que estuda o movimento de corpos ou partículas, desconsiderando a massa do corpo em questão.

— Hm... — A morena foi fazendo em seu caderno anotações do que o professor falava, deixando-o satisfeito. O ruivo detestava quando seus alunos ficavam o olhando com cara de nada como se tivessem memória auditiva.

— Mas para a gente poder se aprofundar no estudo dos movimentos, têm alguns conceitos mais básicos que a gente precisa dominar primeiro. — Ele falava gesticulando, enquanto Rukia forçava-se a prestar atenção. — Pra começar vamos falar de Referencial. A gente chama de referencial o corpo ou o ponto em relação ao qual se identifica se o objeto que estamos estudando está em repouso ou em movimento.

— Quê?

Ichigo suspirou, aquilo seria mais desafiador do que parecia. Tentou buscar nas profundezas de sua mente algo que pudesse facilitar a compreensão da outra.

— Lembra hoje de manhã que você estava atrasada? — Ela confirmou com um aceno de cabeça. — Se pegarmos a primeira aula de hoje como referencial, você estava atrasada e eu não estava, porque eu só daria a segunda aula.

O ruivo então viu o rosto de Rukia se iluminar em entendimento e se deu um high five mental por isso.

— Então sempre que quisermos pensar na noção de algo ter movimento ou repouso, temos que relacionar sempre a outro corpo e vai depender disso para a gente definir o que está acontecendo naquelas circunstâncias.

Rukia continuava a fazer suas anotações em garranchos para não deixar nada escapar. Ichigo deu um tempo para ela terminar de escrever e prosseguiu.

— Agora, falando de movimento e repouso. Como e disse antes a gente vai precisar de um referencial para definir se algo está se movimentando ou não. Imagina que a Maddie Ziegler está ensaiando um duo com a Chloe.

Rukia ergueu as sobrancelhas ao escutar aqueles dois nomes e soltou uma risadinha.

— Então você assiste Dance Moms...

— Eu não disse isso. — Ichigo fecha a cara para não se entregar, mesmo sabendo que o exemplo que estava dando deixava bem claro que ele conhecia muito bem o que se passava naquele reality que, por um acaso, era também seu favorito.

— Então... Em um determinado momento a Maddie e a Chloe dão as mãos e fazem um grand jeté em perfeita sincronia. Vamos pegar a Maddie como referencial para o exemplo. — Rukia balançou a cabeça indicando que estava conseguindo entender o que estava sendo dito. — A Chloe está em repouso porque sua posição não varia no decorrer do tempo em relação à Maddie, pois como eu disse elas estão perfeitamente sincronizadas. Então é como se a distância entre elas fosse sempre a mesma.

— Tipo, mesmo elas “se movimentando” a Chloe permanece em repouso em relação à Maddie porque a mesma distância, por exemplo, que as cabeças delas estavam no começo do grand jeté até o final é a mesma?

— Isso! — Ichigo demonstrou animação em seu tom por ter conseguido fazer a cabeça vazia de Rukia entender algo que para ela parecia de outro universo. A morena sorriu em resposta, animada por descobrir que alguns neurônios que antes pareciam inúteis estavam começando a trabalhar.

— Agora imagina que a Abby Lee, enquanto as duas estão ensaiando, está andando de um lado para o outro na sala gritando. — Ele prosseguiu, já introduzindo o próximo conceito. — A Abby está em movimento em relação à Maddie porque a posição dela está mudando no decorrer do tempo.

— Sim, tipo ela primeiro estava a 1 metro da Maddie, dai ela deu uns passos e então estava a 1 metro e alguns centímetros dela?

— Isso, Rukia, muito bom. — Ele fez um joinha com o dedo em total aprovação. — Até que você tá entendendo rápido.

— Porque o sensei tá dando uns exemplos que fazem sentido pra mim — Ela explicou-lhe o óbvio. Se ele ficasse dando exemplos muito formais, como os que havia em sua apostila da escola, ela provavelmente ficaria perdida. — Você deveria usar esse tipo de coisa na escola, fica bem mais fácil quando os exemplos estão realmente ligados às coisas que a gente gosta.

Ichigo concordou com um aceno de cabeça, anotando a sugestão no fundo de sua mente. Pelo visto dava certo mesmo, pois era inédito Rukia entendendo de primeira qualquer coisa que tinha a ver com sua disciplina.

Eles continuaram com aquela que estava sendo a primeira, de muitas, aula particular entre os dois. Rukia via aos poucos um universo novo se desvendando em seus olhos e de repente aquilo tudo não parecia mais tão vindo direto das profundezas do túmulo de belzebu.

IV

            Passava das 23h00 quando Rukia, que estava jogada em sua cama escutando música, sentiu o celular vibrar no criado-mudo. Ela apressou-se para alcançá-lo e logo abriu a mensagem que acabara de chegar.

            [23:10] Luna: Rukia! Você assistiu hoje? O_O  ✓✓

            [23:10] Rukia: Não! O que houve?? ✓✓

            [23:10] Luna: As outras mães receberam uma intimação da Melissa falando que se elas continuassem a falar da vida pessoal dela seriam processadas... o.O✓✓

            [23:11] Rukia: Ué o.o Elas não eram amigas? ✓✓

            [23:12] Luna: Sim! Quando elas foram perguntar, a Melissa fez cu doce e disse que não foi ela que mandou aquilo. Mas durante o episódio mostrou ela ligando pro noivo e falando pra ele falar com o advogado deles! O.O✓✓

            [23:12] Rukia: QUE VACA! =O✓✓

            [23:12] Luna: Até seu irmão tá chocado! :v✓✓

            [23:13] Rukia: hahaha o Ichigo vai ficar também, descobri que ele assiste Dance Moms igual a gente :v✓✓

            [23:13] Luna: Claro que sim! Foi ele que me fez começar a ver kkkk✓✓

            [23:13] Rukia: Nossa, quer dizer que aparentemente eu vejo isso por culpa dele? Já que foi você que me apresentou o programa... o_ô✓✓

            [23:14] Luna: Sim! :O Mas e aí? Como foi a aula?? ✓✓

            [23:14] Rukia: Incrivelmente interessante... o_O O Ichigo foi bem diferente do demônio que ele é na escola... o.õ✓✓

            [23:15] Luna: hahaha ele é gente boa, dá uma chance pra ele... x) ✓✓

            [23:16] Rukia: Gente boa? Não exagera, Luna :B✓✓

            [23:16] Luna: Logo você vai ver que eu to certa u_u... Viu, vou sair aqui que seu sobrinho tá apertando minha bexiga >3<. Boa noite, Rukia! <3✓✓

            [23:17] Rukia: Boa noite! Durmam todos bem ;) ✓

            Rukia fechou a janela da conversa com Luna e foi direto no despertador de seu celular para ativá-lo. Mexeu no horário para vinte minutos mais cedo do que acordara naquele dia para evitar atrasos, não queria mais levar um esporro como ao que levou de seu professor de educação física quando alcançou sua turma no ginásio naquela manhã.

            A morena sorriu, aconchegando-se em suas cobertas e se sentindo feliz. Há quase três anos não se imaginaria fazendo parte de uma família, como era agora. Também não conseguiria se imaginar em um apartamento tão confortável, onde não lhe faltaria comida nem cobertas. E, o mais louco de tudo, jamais em toda sua existência conseguiria acreditar que um dia terminaria e ela saberia seguramente sobre algo a ver com aquela matéria dos infernos chamada Física.

            O mundo dava voltas e se o sol fosse o referencial, Rukia poderia afirmar com certeza que estava agora em constante movimento.