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História Leis de Newton - Intensidade Sonora e Efeito Doppler


Escrita por: adolf0 e @3tangfei

Capítulo 4 - Intensidade Sonora e Efeito Doppler


 

A amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um do outro.

Platão

 

 

I

Encolhia-se embaixo das próprias cobertas desejando que aquele barulho irritante parasse de uma vez por todas de atrapalhar seu momento de sono. Ainda sob o edredom a morena apertava os olhos tentando voltar para seu sonho, onde se encontrava perdida nos braços de Orlando Bloom enquanto ele declarava todo seu amor.

            Oh Milla! Mil e uma noites de amor com você!

            — Inferno! — Rukia desistiu de voltar para os braços de Legolás quando se deu conta de que seu despertador soava em uma altura de rachar os tímpanos, misturando-se com o barulho do ventilador ligado que parecia o zunido de um mosquito em seu ouvido.

            Ainda cambaleante a morena jogou suas cobertas para longe e foi atrás de seu celular, que tocava sobre a escrivaninha. Desligou o despertador, praguejando pelo som alto que a acordara no susto. Ainda com a visão turva pelo sono, a Kuchiki viu o alerta de novas mensagens piscando na tela de seu celular, provavelmente recebidas após já ter ido dormir.

            [00:13] Trevas-sensei: Oe, por acaso eu deixei uma pasta por aí? ✓✓

           [06:40] Rukia: Não sei, mas vou procurar... Te levo na escola, se eu achar.

         [03:59] Luna: Seu irmão é um babaca mesmo ¬¬. Eu só queria um pad thai agora (T_T) ✓✓ 

        [04:35] Luna: Seu sobrinho não quer me deixar dormir...(>_<)~ ✓✓

     [06:42] Rukia: Ele se recusou a sair de madrugada pra comprar comida tailandesa de novo? :B Desse jeito o aindasemnome-chan vai nascer com cara de pad thai :(

 

      Deixando o aparelho de lado, a baixinha encaminha-se para o banheiro de seu quarto, pronta para tomar um banho refrescante e seguir mais um dia de aulas. Ao menos já era quarta-feira e logo ela seria abençoada com o glorioso final de semana. Seu plano para ele estava já até traçado: Da tarde de sexta-feira até a noite de domingo, Rukia ficaria em casa fazendo absolutamente nada.

            Já fora do quarto e com metade do uniforme escolar no corpo, Rukia procurava a tal pasta de seu professor enquanto tomava um copo de iogurte de morango. De fato o que ele procurava estava ali na bancada que separava sua cozinha da sala de estar, onde os dois estudaram na noite anterior.

            Ao passo que ia levando a pasta para seu quarto, a fim de coloca-la dentro de sua mochila, a morena deu uma breve olhada sobre a superfície da mesma, que era de material transparente. Logo que seus olhos caíram sobre as palavras “Pedido de Guarda Unilateral”, ela resolveu que era melhor não ir adiante, pois aparentemente aquela pasta continha documentos muito pessoais.

            “Guarda Unilateral...?” — Mas sua curiosidade fazia aquelas palavras soarem em sua cabeça. Ela sabia o que uma guarda unilateral significava, porém era difícil imaginar alguém com coragem o suficiente para ter um filho com aquele cara. Deveria ser o caso de algum amigo do ruivo, não via alternativa plausível.

            Rukia foi ao seu quarto e, após guardar a pasta de seu sensei na mochila, ela terminou de se arrumar. Enquanto abotoava a camiseta branca e notava o quão larga ela ficava em seus seios, sentiu-se uma pré-adolescente em pleno início de puberdade. Só que ela já tinha quase vinte anos. Presa naquele corpo pequeno ela se sentia a própria Benjamin Button.

            Jogou a mochila nas costas e catou o celular que permanecia carregando em cima de sua escrivaninha. Deu uma olhada nas mensagens e nenhuma chegara naquele meio tempo. Colocou então os fones de ouvido e os plugou no aparelho, começando a escutar uma coletânea de músicas bregas enquanto seguia caminho para escola.

II

 

            O sinal soou em um tom agudo tão incômodo que fizera com que a pequena Kuchiki se remexesse em sua própria carteira. Além o barulho ensurdecedor aquele também era o indicador de que sua aula de literatura estava no fim e dava início a aula de física.

            Logo um ruivo bem vestido entrava na sala de aula, cumprimentando com pouco entusiasmo os alunos, que estavam igualmente desalentados com sua presença. Como de praxe, Ichigo jogou sua pasta de couro sobre a cadeira, arregaçou as mangas da camisa social e ajeitou os óculos de grau sobre o nariz antes de iniciar sua aula.

            — Hoje o tema é intensidade sonora. — Ele começou, anotando de uma única vez no quadro branco a data daquele dia e o nome do conteúdo. Logo abaixo do título ele começara a escrever a definição do que falara e uma morena, sentada na terceira carteira da fileira da janela, sentia certa dificuldade em entender alguns dos kanjis que estavam sendo escritos.

            Aparentemente o conteúdo era tão absurdo que a escrita era tirada das profundezas do inferno de Asmodeus.

            — A intensidade do som é a qualidade que nos dá a possibilidade de caracterizar se um som é forte ou fraco. — A voz do professor soou novamente, despertando Rukia de seus devaneios infernais. — Ela depende da energia que a onda sonora transfere.

            “Onda, onda, olha a onda tchum tchum” — A morena começou a cantarolar mentalmente, já começando sua saga mental pela total falta de entendimento do que o ruivo em frente aos alunos falava.

            — A intensidade sonora, que a gente vai chamar de “I” é definida fisicamente como a potência sonora recebia dividida pela unidade de área de uma superfície. — prosseguiu o professor, escrevendo a letra no quadro, seguida pela equação.

            Rukia anotou a equação I = P/A no caderno, não fazendo ideia do que aquilo poderia significar.

            — Como a potência pode ser descrita como a relação de energia por unidade de tempo P = E/Δt, então podemos reescrever a intensidade como sendo I = E/(AxΔt) — Completou o ruivo, enquanto colocava a outra fórmula ao lado da anterior.

            A morena bufou, perguntando-se por que diabos o professor não colocara logo a última equação no quadro para poupar tempo. Não era como se a nova fosse fazer mais ou menos sentido que a outra.

            A aula prosseguia como de costume e Rukia começou a notar que algo em seu professor parecia esquisito. Ao menos mais esquisito que o normal. Ichigo não xingara uma só vez nenhum aluno; mesmo Bazz-b, o escandaloso da sala que só sentava no fundão, não ganhara uma gota de atenção do mais velho.

            A única coisa que permanecia igual como sempre era seu cenho franzido, porém algo no olhar do ruivo parecia dar a impressão de que estava preocupado ou algo do tipo. Rukia imaginou que ele soubera dos últimos acontecimentos de Dance Moms e estava tão chocado quanto ela e Luna estavam.

            A morena balançou a cabeça, tentando desviar seus pensamentos de assuntos diferenciados e se concentrar na aula ministrada. Na noite anterior, Ichigo dera à ela o gosto de sentir por uma fração de segundo que física poderia ser algo entendível, porém essa sensação sumia rapidamente.

            Seu olhar voltou-se novamente para o professor, enquanto sua mente gritava consigo mesma:

            “Foco, foco, foco!”

            — O limiar de audibilidade, que é o menor valor da intensidade sonora ainda audível é de 10^-12  W/m². — O ruivo virou-se mais uma vez para o quadro, anotando o valor. — Já o maior valor de intensidade suportada pelo ouvido, que é conhecida como limiar da dor, é de 1 W/m². — Completou.

            “Que era provavelmente a intensidade do meu despertador hoje...” — Pensou a morena ainda em meio a suas anotações.

            O sinal logo tocou, indicando o final daquela aula, que daria espaço para o tão esperado recreio. Antes de os alunos deixarem a sala, porém, a voz do professor soou mais uma vez.

            — Quero que deem uma pesquisada sobre o Efeito Doppler e façam os exercícios desse tópico. — E finalizou sua aula, anotando a tarefa no quadro branco.

            Após anotar o dever de casa, Rukia alcançou de dentro de sua mochila a pasta de Ichigo, que achara mais cedo no balcão de sua cozinha. Como se houvesse lido os pensamentos da aluna, o ruivo aproximou-se de sua carteira.

            — A pasta ficou lá em casa mesmo. — A morena falou, enquanto a entregava para o professor.

            — Viu, você falou com a Luna hoje? — Perguntou logo que alcançou seu pertence, parecendo ainda sério.

            — Não... — A Kuchiki ergueu uma sobrancelha, não entendendo o porquê da pergunta de seu professor.

            Ichigo levou a mão no bolso de trás de sua calça, alcançando seu celular e destravando-o rapidamente. Ele entregou o objeto à Rukia, que logo que o pegou pôde ver uma conversa aberta no aplicativo de mensagens instantâneas.

           

            [23:15] Luna: Boa noite, babaca! o/✓✓

           [23:16] K. Ichigo: Boa noite e obrigada pelos spoilers .u_u✓✓

          [04:30] Luna: Essa criança não quer parar de se mexer hoje (>3<).✓✓

         [06:02] Luna: Estamos no hospital... Esse lugar me dá arrepios... :( ✓✓

        [06:30] K. Ichigo: tá tudo bem?

            Rukia levantou o rosto e voltou a olhar para o professor assim que terminou de ler as últimas mensagens. Era provavelmente por isso que ele passara a aula toda estranho.

            — Ela não me falou nada... — Comentou, indo atrás do seu próprio celular para verificar se a cunhada mandara alguma mensagem naquele meio tempo. Nada. A última fora a que ela mesma enviara antes de ir para a escola.

            A morena procurou o número da loira em sua lista de contatos, ligando em seguida. Logo uma voz soou do outro lado da linha:

            Yo! Você ligou para Kuchiki Luna! No momento não posso atender, mas se após o bip você deixar uma mensagem, promet--

            — Celular desligado — Voltou-se novamente para o professor, enquanto encerrava a chamada. Ela digitou rapidamente outra mensagem, na esperança de ser logo respondida.

            [10:02] Rukia: Aconteceu alguma coisa? Soube que foram ao hospital...

      — Será que aconteceu alguma coisa ruim? — Ichigo levou a mão aos cabelos os desalinhando ainda mais.

            — Se algo grave tivesse acontecido o Nii-sama teria avisado... — Constatou, tentando acalmar seu ânimo e o do amigo de sua cunhada. — Vou tentar enviar uma mensagem pra ele.

            Ela voltou a procurar em sua lista de contatos, desta vez pelo número de seu irmão.

            [10:03] Rukia: Nii-sama, tá tudo bem? Vocês estão no hospital? ✓✓

            A Kuchiki permaneceu com os olhos grudados na tela do celular e menos de um minuto depois ele apita, indicando a chegada de uma nova mensagem.

[10:04] Byakuya Nii-sama: Foi só um susto, já estão liberando ela para ir para casa. ✓✓

 [10:04] Rukia: Qualquer coisa avisa! Se precisar eu vou pra lá. ✓✓

[10:05] Byakuya Nii-sama: Vou ficar hoje em casa, não precisa se preocupar. Acho que hoje ela dorme o dia todo, passa lá amanhã. ✓✓

[10:05] Rukia: Okay (^_^). ✓✓

 

Rukia suspirou aliviada, enquanto desligava a tela de seu aparelho e o colocava em cima de sua carteira. Ela sentia o olhar persistente de Ichigo sobre si, que esperava ainda por notícias.

— Nii-sama disse que foi só um susto e ela já vai pra casa.

— Ótimo. — Professor continuava a encarar a pequena Kuchiki, aliviado por estar aparentemente tudo bem com sua amiga. Rukia sentiu-se incomodada com aqueles olhos âmbar sobre si, principalmente porque aquele par de orbes combinados com os cabelos rebeldes a fazia sentir o pulso acelerar gradativamente.

O professor abria a boca para falar mais alguma coisa quando o celular em sua mão começou a tocar.

I’m sexy and I know it!

Ichigo olha para o ecrã de seu aparelho e solta um suspiro pesado, fechando por dois segundos os olhos. Seu cenho franze ainda mais de puro descontentamento e um bico brabo forma-se em seus lábios.

— Preciso ir. — O professor se despede de Rukia, ainda sem atender seu celular. Ele abana para a Kuchiki enquanto deixava a sala de aula. — Até mais tarde.

 

III

           

            “O efeito Doppler é descrito como uma característica em ondas (onda olha a onda) emitidas ou refletidas blablabla”.

            Rukia, esparramada no sofá de sua sala, lia e relia a mesma frase diversas vezes sem conseguir encontrar um raciocínio lógico para que tudo aquilo fizesse sentido. Seus olhos passaram rapidamente por toda a página do livro e ela se sentiu frustrada por ser obrigada a estudar aquele tipo de coisa que nunca usaria em sua vida.

            Tentando focar novamente, a morena respirou fundo e prosseguiu;

            “... emitidas ou refletidas por fontes em movimento relativo ao observador. Para ondas sonoras, o efeito Doppler constitui o fenômeno em que o observador percebe frequências—“

            Sua atenção foi então desviada por um som externo, que parecia vir da rua ou de algum vizinho. Parecia uma criança chorando, pelo agudo da voz. Ela voltou a inspirar profundamente, tentando concentrar-se.

            “... o observador percebe frequências diferentes emitidas por uma fonte e acontece devido à velocidade—“

            Novamente o barulho externo fora mais forte que sua vontade de manter o foco. Ela suspirou, perguntando-se o que acontecia com aquela pobre criança para chorar tanto. Lembrou-se da época em que morava em rukongai, um bairro pobre de Karakura, e fora acolhida por um simpático senhor que cuidava das crianças de rua da região. Por ser uma das mais velhas, Rukia estava sempre cuidando dos mais novos e seu instinto de irmã mais velha aflorava sempre que escutava ou via uma criança chorar.

            “Foco, Rukia...” — Ela voltou mais uma vez o olhar para a apostila, retornando sua leitura. — “ e acontece devido à velocidade relativa entre a onda sonora e o movimento relativo entre o  observador e/ou a fonte.”

            A morena jogou o livro longe ao escutar os gritos incessantes vindos de sabe-se lá onde. Ela calçou suas pantufas de coelho e, decidida a ver o que acontecia, foi seguindo o som de acordo com sua intensidade. Deixou seu apartamento e quando deu-se conta estava parada em frente à porta de seu professor de física.

            “Ai meu deus! Ele tá fazendo oferenda para satanás!” — E sem pensar duas vezes a Kuchiki começou a bater na porta, pronta para salvar o sangue daquela criança inocente.

            A porta então se abriu, revelando um Ichigo todo descabelado, com os óculos tortos e com a camisa social branca suja de algo que parecia papinha. Em seus braços ele carregava um bebê que, julgando pelo tamanho, parecia ter já seus dois anos de idade. Rukia diria que ele era uma criaturinha linda, se não fosse a cópia exata de seu professor, com exceção das bochechas enormes e rosadas.

            — Rukia? — Ele olhou para a morena parada em frente à entrada de sua casa, parecendo confusa. — O que quer?

            — Eu queria férias em Cancun — Ela cruzou os braços, olhando do mini-sensei para o sensei original. — Mas como não tem como, eu gostaria de silêncio.

            Ichigo sentiu o rosto queimar diante do comentário de sua vizinha. Era a primeira vez que ficaria sozinho por tanto tempo com seu filho e já se sentia um completo fracassado.

            — Foi mal...

            — Dá esse moleque aqui. — Rukia esticou os braços e o bebê praticamente pulou para seu colo, agarrando-se em seu pescoço. Sem nem pedir licença a morena foi entrando no apartamento do professor, que apenas reservou-se no direito de ficar calado.

            Ela chegou ao hall e pôde notar que aquele local era quase igual sua casa, com exceção da decoração. Enquanto retirava as pantufas na entrada, Rukia viu o quão simplista Ichigo parecia com seu apartamento.

“Sem graça”

            Ichigo entrou logo em seguida, fechando a porta atrás de si, e Rukia encaminhou-se para a sala conjugada, enquanto balançava a criança que ainda chorava.

— Você tava dando aquilo pra ele comer? — A morena apontou para um pote de papinha toda melada sobre uma mesa de centro. O ruivo acenou com a cabeça em concordância, enquanto dava-se conta do estado que estava sua camisa. — Não é à toa que ele tá chorando, esse negócio é horrível.

— Como você sabe? — O professor cruzou os braços, irritado. Já estava sendo difícil lidar com o fato de estar fracassando miseravelmente em cuidar de seu filho, não precisava que uma anã de jardim jogasse sua incompetência em sua cara.

— Quando eu extraí o siso fiquei uns dois dias comendo papinha. — A morena explicou, ainda balançando a criança em seus braços, que começava a querer se acalmar. — Você tem alguma fruta aí?

O professor suspirou, indo até a geladeira de sua cozinha e abrindo-a. Como um bom novo solteiro, lá dentro só tinha cerveja, comida congelada e sorvete.

— Acho que nada que tem aqui pode dar pra ele...

— Vai lá em casa, em cima do balcão tem banana — Ela levantou a criança na altura de seu rosto e aproximou seu nariz da fralda do pequeno Ichigo. Rukia fez uma careta, começando a entender a origem do problema. Olhou em volta e encontrou em cima do sofá uma bolsa azul, que imaginou ser do bebê.

Quando Ichigo entrava mais uma vez em sua casa, viu Rukia terminando de trocar a fralda de Isshin, que parecia ter parado finalmente de chorar. O menino balançava os braços gorduchos tentando alcançar um pingente pendurado no pescoço de Rukia.

— Esse menino grita a 1w/m²... — A aluna comentou rindo, enquanto pegava o bebê novamente no colo, se referindo ao tal “limiar da dor” que o professor ensinara mais cedo naquele dia.

— Quando ele nasceu era pior, a vizinhança toda não dormia. — Falou rindo, encaminhando-se para o balcão que dividia a sala da cozinha. Ichigo alcançou um prato no armário e começou a amassar a banana que pegara na casa de Rukia, enquanto observava os outros dois na sala.

— Qual o nome dele? — A morena perguntou aproximando-se.

— Isshin. — Respondeu, ainda preparando a comida para o filho. — Foi em homenagem ao meu velho. Ele é meio louco, mas é um cara bacana.

— Olá, pequeno Isshin — Rukia ergueu o menino no alto, que começou a rir. Ela começou a levantá-lo e abaixá-lo e o menino dava risadas cada vez mais altas, divertindo-se com a nova titia, que tinha praticamente o mesmo tamanho que ele. A morena começou a notar que quanto mais alto erguia o menino, mais distante seu riso parecia, ao passo que quanto mais próxima dela, mais alto ele soava.

— Olha só, o tal efeito Doppler.

Ichigo riu com a conclusão da aluna.

— Segura ele aqui, Ichigo. — Ela entregou a criança para o pai, que ficou parado no mesmo lugar.

Rukia aproximou-se dos dois, escutando as risadas altas do pequeno.

— Frequência aparentemente alta...

E então ela deu vários passos para trás, afastando-se.

— Frequência aparentemente baixa...

— Olha, não é que você aprendeu mesmo? — O professor ergueu o polegar em sinal de joinha, aprovando o método curioso da aluna de entender a matéria. Ela não era tão estúpida quanto aparentava, afinal.

Rukia parou quando sentiu o celular vibrando no bolso de trás de seus shorts.

Make make make love é muito melhor, demorô!

— É o nii-sama, volto já. — Ela encaminhou-se para a entrada do apartamento assim que viu o ecrã piscar com a foto de seu irmão. Provavelmente ele teria notícias de sua cunhada.

-

Em quatro minutos Rukia retornava à sala da casa do ruivo, que estava sentado no sofá já com uma camiseta limpa e com o pequeno Isshin à seu lado. Ele dava a banana amassada na boca da criança, que parecia comer com gosto.

— E aí? — Ichigo indagou, olhando para a morena.

— Tá tudo bem. — Ela aproximou-se dos dois e sentou-se ao lado do bebê, pegando a colherzinha da mão do pai e começando ela mesma a dar a comida pra criança. — A Luna se sentiu indisposta durante a noite, o Nii-sama que quis ir até o hospital pra checar se tava tudo bem. Aparentemente era nada.

— O Byakuya é meio superprotetor — Ichigo comentou, espreguiçando-se. — Apesar de que eu ainda custo acreditar que eles realmente casaram.

— Você conhece o Nii-sama e a Luna há muito tempo?

— A Luna eu conheci no nosso primeiro dia de aula na faculdade. — Ele observava com um sorriso no rosto enquanto a morena limpava a boca suja de Isshin. — Uns dois anos depois o Byakuya tava fazendo mestrado e teve que dar aula de matemática financeira pra nós. A Luna ficou uns dois semestres atazanando ele até que ele aceitou sair pra tomar um café com ela. O resto é história.

Rukia deixou o prato de comida em cima da mesa de centro e pegou o bebê no colo, que se aninhou em seu peito e bocejou. Ele segurou entre uma das mãos o tecido fino de sua camiseta e ficou quieto, esperando o sono vir.

— Até que você manda bem cuidando de crianças. — Ichigo comentou, jogando o tronco no encosto do sofá, sentindo-se exausto.

— Onde eu morava tinha muitas crianças e eu era uma das mais velhas. — Explicou, ainda balançando o pequeno ruivo em seus braços. — Tem muito marmanjo lá naquele bairro que eu troquei as fraldas.

— Do jeito que você fala, até parece que é velha.

— Eu vou fazer vinte anos, mas aos dez eu já cuidava dos menores. — Respondeu, enquanto checava se Isshin pegara no sono. Ao notar que sim, colocou-o nos braços do pai.

— Vinte? — Com essa cara de infante?

Ela cruzou os braços, começando a se sentir incomodada com as perguntas.

— Eu passei muitos anos sem estudar, por isso ainda estou terminando o colegial. O pessoal lá do bairro iria para o mesmo caminho que eu se o nii-sama não estivesse os ajudando. — Ela suspirou, lembrando-se das condições precárias em que vivera a maior parte de sua vida. — Não é todo mundo que é agraciado com uma vida boa, que nem vocês.

Ichigo ficou calado, em sinal de concordância e por não saber o que falar. Nunca lhe faltara nada e não se preocupara com isso até seu filho nascer. Dava-lhe aflição só de imaginar algo falando para Isshin. Ele então observou o filho dormindo sobre seu tórax e passou a mão em seus cabelos ruivos, fazendo o cheiro de sabonete infantil subir-lhe as narinas.

O professor virou-se para a morena, com um sorriso pequeno nos lábios.

— Obrigado pela ajuda.

Rukia devolveu-lhe o sorriso, enquanto tocava de leve a bochecha rosada da criança com a ponta dos dedos.

— Com a intensidade do choro dele chegando ao limiar da dor, eu tinha que fazer algo, né não?

Ichigo rolou os olhos, balançando a cabeça. Rukia era mais criativa para física do que ela mesma imaginava.

            


Notas Finais


O capítulo da semana saiu antes do que eu esperava xD
Aparentemente os caps vão ser assim grandes, pois para desenvolver o raciocínio de levar algo que Rukia aprendeu em física para a vida dela é sempre um processo lento :B
Espero que vocês estejam gostando x)

o/ nos vemos na semana que vem!


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