1. Spirit Fanfics >
  2. Leis de Newton >
  3. Efeito Joule

História Leis de Newton - Efeito Joule


Escrita por: adolf0 e @3tangfei

Capítulo 5 - Efeito Joule


"A ciência é a aproximação progressiva do homem com o mundo real"

Max Planck

I

 

Um ruivo remexeu-se sobre o sofá desconfortável de sua casa, enquanto abraçava com força um corpo magro e o trazia para mais perto, conseguindo sentir o cheiro de shampoo de camomila que provavelmente vinha daqueles fios negros que se espalhavam sobre seu tórax.

            Ichigo abriu levemente os olhos, piscando diversas vezes devido ao sono. Seu olhar então caiu na figura magra de Rukia, que era usada como ursinho de pelúcia por ele. No susto o ruivo a empurrou para longe de seu corpo, sentindo-se esquentar por inteiro de vergonha.

            Rukia abriu os olhos de supetão, precisando colocar a mão sobre os lábios para não gritar. Há cinco minutos sonhava que estava nos braços sarados de Ben Affleck e de repente abrira os olhos e se encontrava no apartamento sem graça de seu professor de física. A vida era mesmo injusta.

            — Puta que pariu! — Ela levou a mão sobre o peito, sentindo o coração acelerar várias batidas. Seus olhos passearam pela sala de estar, procurando a causa de seu despertar súbito. Ichigo estava encolhido em um canto do sofá a olhando como se fosse a própria encarnação do capiroto. — Que foi isso, Ichigo?

            O professor pigarreou e relaxou a expressão, tentando disfarçar. Ele apenas fez um aceno em negação com a cabeça, como se dissesse para Rukia que não sabia do que ela falava, e foi até o filho. Isshin dormia gostosamente em uma cama improvisada no chão da sala, de frente para a televisão onde ainda passava um desenho qualquer.

            Ele pegou o filho no colo, aninhando-o nos braços enquanto a criança deitava a cabeça na curva de seu pescoço. Após a tarde inteira se agitando, o ruivo e a aluna conseguiram finalmente acalmar o pequeno e acabaram caindo no sono junto com ele.

            — Acho que já ta tarde... — Rukia sussurrou enquanto se levantava espreguiçando-se e olhando para a janela aberta, que revelava um céu escuro repleto de estrelas. — Que horas são agora?

            Ichigo olha para o relógio de parede que ficava mais adiante na cozinha, constatando já passar da meia-noite. Certamente haviam dormido mais do que imaginaram.

            — Meia-noite e quinze — Disse em tom baixo para não acordar o filho.

            Rukia estava pronta para se despedir do professor e ir pra casa quando a campainha tocou, acordando Isshin. A criança com o susto se colocara a berrar no ouvido do pai.

            — Deve ser a Inoue. — Ele falou indo já em direção à entrada da casa e entregando o bebê para Rukia no meio do caminho, que se colocou a tentar acalmá-lo. — Ela tinha um compromisso hoje e disse que o buscaria depois. Ela acha que eu não tenho capacidade pra cuidar do meu filho.

            “E não tem...” — Rukia pensou enquanto balançava o pequeno ruivo nos braços.

            Bufando, o professor abriu a porta de casa, revelando uma mulher de cabelos ruivos esperando para ser atendida.

            — Boa noite, Kurosaki-kun. — Cumprimentou-o com a voz doce, recebendo em resposta apenas um aceno de cabeça e uma expressão mal humorada. — Ele dormiu?

            — Sim e estaria ainda dormindo se não fosse por você — O professor respondeu muito educadamente, enquanto dava as costas para a ex-esposa para pegar a bolsa de seu filho.

            Rukia perguntou-se como aqueles dois conseguiram ter uma criança juntos, pois o Kurosaki estava claramente incomodado com a presença da mãe de Isshin ali na entrada de sua casa.

            — Contratou uma babá, Kurosaki-kun? — A ruiva olhava com curiosidade para a moça que segurava o menino nos braços. Ichigo passou novamente por Rukia, já com a bolsa de Isshin pendurada no ombro, e pegou novamente o pequeno.

            — Não. — Ele respondeu enquanto dava um beijo na testa do filho e o entregava para a mãe.

            Inoue deu mais uma olhada na morena dentro da casa e ergueu uma das sobrancelhas, curiosa demais para calar a boca.

            — Ela não é muito nova para ser sua namorada?

            Rukia estreitou os olhos em direção à ruiva, entendendo o porquê de toda a aura de incômoda que envolvia Ichigo. A tal Inoue era realmente sem noção.

            — O Ulquiorra não era muito gay pra ser seu amante?

            Inoue apenas sorriu, não se ofendendo com o comentário do ex-marido, mas entendendo que era hora de sair da frente dele se não quisesse levar uns bons desaforos para casa.

            — Eu trago o Isshin de volta no sábado de manhã — Falou enquanto ajeitava a bolsa grande da criança nos ombros. — Boa noite Kurosaki-kun. — Ela acenou para o ruivo e logo depois para a morena que permanecia ainda parada e muda dentro do apartamento. — Boa noite, moça.

            Ichigo fechou a porta de sua casa numa só batida, irritado.

            — Otária.

            — Bom... — Rukia pigarreou, chamando a atenção do professor para si. — Vou para casa.

            — Quer carona?

            — Nossa, mas você tá mesmo engraçado, dormiu com o Bozo. — Ela caminhava com cara de poucos amigos em direção à saída. Ichigo abriu a porta para que passasse e enquanto ela abria o próprio apartamento, escutou a voz do professor soar atrás de si.

            — Valeu por hoje.

            Rukia parou e o olhou por cima do ombro, já com a porta da casa aberta. Apesar da bagunça que Isshin fizera, fora bom aproveitar aqueles momentos com a criança, pois a fez lembrar-se dos anos em que ajudara a cuidar dos pivetes de seu antigo bairro. E o Kurosaki não era tão desagradável assim quando não estava falando de física.

            — Boa noite, Ichigo.                                            

 

II

 

            — CORRAM, SUAS GAZELAS MANCAS!!! — Um belo e educado professor de educação física berrava no canto da quadra desportiva do colégio, com uma bola embaixo do braço e o apito pendurado no pescoço. Grimmjow berrava com os alunos do terceiro ano, que já cambaleavam semimortos após darem dez voltas na quadra de futebol correndo. — AINDA FALTAM MAIS DEZ VOLTAS! HAHAHAHA!

            Rukia corria tranquilamente, provavelmente aquela era uma das únicas disciplinas que ia bem. Talvez pelo fato de ter peso pena ela era sempre ágil e quase não suava. Ela já estava terminando a décima segunda volta quando escutou alguém ao seu lado a chamando.

            — E aí, nanica. — Um ruivo de moicano aproximava-se, tentando manter seu ritmo para permanecer perto de Rukia. — Recebeu notícias do meu primo?

            Bazz B era um colega da morena da época das vacas magras, quando morava em Rukongai. Depois de ter sido adotada pela família Kuchiki, todos os anos várias crianças do bairro eram selecionadas para ganharem bolsa integral naquela escola, onde seu irmão era um dos donos. Bazz era um desses jovens e era também primo de seu melhor amigo.

            — O Renji me mandou mensagem ontem de madrugada. — Respondeu, diminuindo o passo. — Ele e a Akihime já desembarcaram em Tóquio e voltam amanhã à noite pra Karakura.

            — Pensei que ele nunca ia voltar — O ruivo riu, começando a sentir as pernas pesarem.

            — Era o sonho dele viajar pela América Latina, ele me mandou umas fotos meio bizarras... — A morena fez uma careta, lembrando-se claramente de uma fotografia onde Renji e sua esposa estavam em cima de uma estátua de uma vaca¹ sendo ordenhada. — Acho que eles só voltaram mesmo por causa da Akihime.

            — Provavelm--

            — VOCÊS DOIS PAREM DE CONVERSA! — Eles escutaram a voz do professor soar do canto da quadra. Rukia então acenou para Bazz e apressou o passo, não queria se arriscar e acabar ganhando mais dez voltas como castigo.

            -

            -

            Após a cansativa aula de educação física, Rukia e seus colegas de sala saíam de seus respectivos vestiários de banho tomado e roupas limpas. Ela imaginou que a camiseta que usara na aula precisaria ficar de molho uma semana no amaciante para sair aquele futum de suor.

            A morena entrava em sua sala de aula, distraída com umas piadas sem graças contadas por um aluno qualquer, quando seus olhos caíram em um ruivo que permanecia apoiado na mesa do professor esperando por seus alunos.

            Ela trocou um rápido olhar com Ichigo e foi direto para sua carteira, sem entender a presença do professor naquele dia. Era ainda quinta-feira e, junto com terça-feira, eram os dias que não precisavam ter o desprazer de estudar física.

            — O professor de biologia sofreu um acidente. — Ichigo se pronunciou assim que todos os alunos se acomodaram nas respectivas carteiras. — Vou substituí-lo hoje.

            Merda. Pensaram a maioria dos alunos.

            — Hoje nós vamos estudar o Efeito Joule. — O professor começou a aula sem dar aos alunos tempo de terminar as lamentações mentais. Como de costume, escreveu a data e o título da matéria na superfície do quadro, enquanto os alunos copiavam sua fala no caderno. — Quando um condutor é aquecido ao ser percorrido por uma corrente elétrica, ocorre a transformação da energia elétrica em energia térmica. E Isso é chamado de Efeito Joule.

            “Haaan... Tá...” — Rukia pensava consigo mesma enquanto mordia a ponta do seu lápis, babando toda a borrachinha dele. A aula dera-se início nem há três minutos e ela já não sabia o que estava acontecendo.

            O professor colocou-se de frente para a turma novamente, com o marcador de quadro em uma mão e o apagador na outra.

            — Isso acontece porque os elétrons, da corrente elétrica, se encontram com os átomos do condutor. Então parte da energia cinética do elétron é transferida para o átomo, aumentando sua agitação e, consequentemente, sua temperatura.

            “Tá... agitação vira temperatura... okay...”

            — Essa transformação de energia elétrica em térmica é o que chamamos de Efeito Joule.

            A aula prosseguiu como de costume. Ichigo tirou as dúvidas de alguns alunos que estavam perdidos sobre a parte que dizia respeito aos condutores e pediu que fizessem alguns exercícios. Rukia, por sua vez, olhava para seu caderno como se tudo aquilo fosse grego.

            Provavelmente precisaria pedir ajuda para o professor nas aulas particulares, afinal ele passara essa matéria imaginando que todos ali sabiam a base de Termodinâmica, que haviam estudado no final do ano anterior e no início daquele ano, entretanto a morena estava naquela escola há apenas quatro meses e perderam parte do conteúdo.

            Rukia já havia desistido quando o sinal tocou, anunciando o final daquela aula. O professor resolveu, para o alívio da turma, não passar tarefa, pois no outro dia teriam aula normal. Ele deu um aceno rápido para os alunos e os deixou aos cuidados do professor de Geografia.

            — Hey, Ishida... — A Kuchiki cutucou o colega da frente, o jovem nerd que conversava com quase ninguém. Ele parecia ser um pouco arrogante, mas a morena preferia não o julgar.

            O moreno virou-se para trás, seus olhos azuis se encontrando com o da colega. Ele pareceu enrubescer.

            — Sim, Kuchiki-san?

            — Você conseguiu fazer os exercícios que o Ichi, digo o Kurosaki-sensei passou na aula?

            — Consegui... — Ele voltou-se rapidamente para frente para pegar seu caderno e olhou novamente para a morena. — Precisa de ajuda?

            — Posso copiar? É que em casa eu vou olhar com mais calma para ver se eu entendo... — Ela já alcançava o caderno de Ishida, que a emprestara sem titubear.

            — Claro, fica à vontade... Se precisar te empresto minhas anotações também... — Ele falava, ficando cada vez mais vermelho. Rukia tentou não sorrir diante a timidez do colega, mas não conseguiu. Ishida ficou ainda mais rosado ao ver o sorriso da morena em sua frente.

            — Muito obrigada, eu quero sim.

            Ele indicou as páginas onde estavam suas anotações e logo se voltou para frente, evitando manter contato visual com a colega de sala. Não era a primeira vez que falava com a Kuchiki, mas sempre que isso acontecia sentia suas pernas tremerem.

III

 

            Já passava da uma da tarde quando Ichigo, jogado confortavelmente no sofá de sua sala aproveitando a tarde de folga, escutou o celular vibrando em cima da mesa de centro de sua sala. Ergueu o braço para alcançar o aparelho e sentiu um cheiro característico invadir sua narina. O odor de camomila dos cabelos de Rukia aparentemente impregnara sua camiseta, que vestira novamente naquele dia.

            Ele tirou a blusa e a jogou longe, fazendo-a cair sobre uma planta que ficava no canto de sua sala. Olhou para a tela do celular, indicando a chegada de uma nova mensagem.

            [13:15] Kuchiki Nanica: Yo, Ichigo. Eu vou visitar a Luna. Quer ir? ✓✓   

            [13:16] K. Ichigo: Claro. Vai que horas? ✓✓  

            [13:16] Kuchiki Nanica: Daqui a pouco. To preparando uma comida pra ela e já vou. ✓✓     

            [13:17] K. Ichigo: Preparando comida pra ela? Pensei que você gostasse da Luna hahaha. ✓✓           

            [13:17] Kuchiki Nanica: ¬_¬ já te mandei pra merda hoje? ✓✓     

            [13:17] K. Ichigo: Olha o respeito com teu professor! u_u✓✓          

            [13:18] Kuchiki Nanica: _|_✓✓  

            [13:18] Kuchiki Nanica: Passa aqui daqui a pouco pra gente ir. Ù_ú✓✓  

            [13:18] K. Ichigo: Tá, eu vou trocar de roupa e já vou aí. o>✓✓      

 

            Ichigo deixou o celular em cima da mesa e seguiu para o quarto, em busca de uma camiseta que não tivesse o cheiro de Rukia.

            -

            -

            A morena mexia distraidamente uma panela no fogo, refogando uma mistura de cebola, cenoura, camarão e nirá, quando escutou a campainha de sua casa soar. Com certeza era seu professor de física, que iria lhe fazer companhia para visitar sua cunhada.

            — ENTRA! — Ela gritou da cozinha, impossibilitada de largar a panela no fogo a Deus dará.

            — Oe, o que ta fazendo? — Ichigo já aparecia atrás do balcão que dividia a cozinha da sala de estar, com as mãos entrelaçadas atrás da cabeça e com uma expressão curiosa.

           — Pad Thai — Falou sem olhá-lo, enquanto tentava alcançar o macarrão de arroz em cima da pia. — Pega ali pra mim, faz favor? — Indicou apontando para a massa que estava fora de seu alcance, sem parar de mexer na panela.

            — A Luna só quer saber mesmo de comer comida tailandesa desde que engravidou — Ele riu, entregando o macarrão na mão da morena.

            — O Nii-sama disse que se continuar assim vai se mudar pra alguma casa do lado de um restaurante tailandês. — A morena falava enquanto jogava tudo na panela e misturava com cuidado. — Ela já acordou umas dez vezes ele de madrugada pra ir comprar pra ela.

            — Quando ele não quer ir ela tenta me cantar pra ver se eu levo — Ichigo encosta-se na pia, cruzando os braços em frente ao corpo e observando Rukia mexer com cuidado na comida, como se sua vida dependesse daquilo. Ele imaginou que se ela usasse metade daquela concentração para estudar, suas notas não estariam tão baixas.

            — E você leva? — Ela virou-se rapidamente rindo e o olhou por alguns segundos. Ichigo, definitivamente, ficava melhor de camiseta e calça jeans do que aquelas roupas sem graça que usava para dar aula.

            — Claro que não. O Byakuya que se vire.

            Rukia finalizou a receita acrescentando à panela um ovo e amendoim e mexeu por mais dois minutos, antes de desligar o fogo. Ela olhou para o Pad Thai sentindo-se orgulhosa de si mesma, pois ao menos a aparência estava boa.

            Ela alcançou uma colher, pegou um pouco da receita e aproximou-se de Ichigo, ficando na ponta dos pés para que a colher ficasse na altura de sua boca.

            — Prova.

            — Eu não, vai que eu morro. — Ele cruzou os braços, lembrando-se dos biscoitos nojentos que Rukia oferecera há uns dois dias.

            — Prova logo pra ver se ficou bom! — A morena praticamente enfiava a comida na boca dele que, muito a contra gosto, resolveu experimentar para acabar com o suspense.

            Enquanto Ichigo mastigava o Pad Thai com uma expressão de mistério, uma corrente fraca de ar passou por eles, fazendo com que Rukia sentisse o odor do perfume cítrico do professor invadir-lhe os sentidos. A morena sentiu um arrepio correr por sua espinha e o corpo inteiro esquentou-se.

            Efeitojouleeifeitojouleefeitojoule — Ela repetia intimamente, entendendo no momento toda a questão da energia elétrica transformando-se em térmica.

            — Olha, até que tá bom — Ele a tirou dos pensamentos, terminando de comer e dando seu parecer sobre a obra culinária da aluna.

            — Er... Que bom... — Ela apressou-se em ir atrás de um recipiente para guardar a comida que levaria para a cunhada, tropeçando nos próprios pés e quase caindo de cara no chão.

            — Oe, Rukia. Ta bem aí? — Ichigo perguntou, ainda parado no mesmo lugar de antes.

            EfeitojouleEfeitojouleEfeitojoule

            — Tudo ótimo!

            Ichigo então deu de ombros, quem era ele para discutir com a pintora de rodapé?

 

IV

 

            Uma loira espreguiçou-se lentamente, sentindo a coluna estalar, enquanto recostava a cabeça no braço de seu esposo, que lia atentamente o jornal do dia. Luna olhou por cima do ombro de Byakuya, tentando encontrar a graça que o moreno via naquele monte de notícias tediosas sobre a bolsa de valores.

            — Byboca... — Ela o chamou com a voz manhosa, fazendo-o rolar os olhos diante o apelido estúpido. A loira tinha talento para fazer um cara sério e centrado como ele parecer imbecil. — O seu filho tá me chutando.

            O Kuchiki largou o jornal de lado, virando-se para a esposa e deslizando a mão por sua barriga, sentindo seu primogênito remexer-se. Ele não pôde deixar de sorrir com a sensação que era saber que seu filho estava ali dentro e dali uns meses estaria em seus braços.

            Mas era também o tipo de pensamento que o apavorava.

            Desde a morte de sua primeira esposa, Hisana, Byakuya nunca conseguira imaginar-se casado novamente. Apesar de ter passado apenas um ano ao lado da mulher, que morreu devido a um câncer, ele sentira que perdera todo o motivo para viver. Pensou por muito tempo que morreria só e que ao mundo deixaria apenas uma das maiores firmas de contabilidade do Japão.

            Foi aí que, enquanto terminava o mestrado em economia, uma loira irritante e insistente entrara em sua vida. Luna passara dois semestres inteiros chamando-o para tomar um café na lanchonete da universidade e quando finalmente ele aceitou, viu a vida lhe dando uma nova chance.

            E agora ele sabia que ao mundo deixaria um herdeiro.

            O casal foi desperto de um emaranhado de pensamentos clichês quando a campainha de sua casa soou, anunciando convidados. Luna levantou-se prontamente e foi até a porta de entrada, abrindo-a sem olhar através do olho mágico.

            — Rukia! — Ela sorriu ao ver a cunhada de frente para sua porta, segurando em mãos uma sacola pequena com algo que lhe parecia cheiroso. Ao lado da morena um ruivo alto também aguardava. — Ichigo! Vieram juntos?

            — É, essa folgada só me chamou pela carona — O professor riu, dando um soquinho leve no ombro da morena, que emburrou a cara.

            — Que bom que você ta ciente disso — Rukia diz com o tom pouco afável, enquanto entrava na casa de seu irmão mais velho. Ela então olhou para a cunhada e entregou-lhe a sacola que carregava. — Fiz Pad Thai para você.

            Os olhos azuis da loira brilharam.

           — Meu Jesus. — Ela alcançou a sacola, levando-a até a altura do nariz e cheirando com vontade. — Melhor pessoa.

            — E até que ta bom, Luna. — Ichigo colocou-se ao lado de Rukia, logo depois de fechar a porta da casa da amiga atrás de si. A morena olhou para ele pelo canto do olho. EfeitojouleEfeitojouleEfeitoJoule — Fui cobaia, pensei que ia morrer envenenado até.

            Rukia, com toda sua delicadeza, pisou no pé do professor como se sua vida dependesse daquilo. Ele apenas reservou-se ao direito de tentar não gritar de dor.

            Luna olhava de um para outro, com um sorriso sugestivo brotando em seus lábios. Eles pareciam bem íntimos para duas pessoas que mal se falavam há uma semana.

            — Vem, vamos lá na sala.

            Os três seguiram em silêncio para a sala de estar, onde Byakuya novamente prestava atenção em um jornal, e se acomodaram. Luna sentou-se ao lado do marido, enquanto Rukia e Ichigo foram para duas confortáveis poltronas que ficavam de frente para o sofá.

            — Recebeu notícias do Renji? — A morena indagou para a cunhada, que fez um movimento de afirmação com a cabeça. — Acho que ele chega amanhã em Karakura...

            — Isso mesmo. Eu e o Byakuya vamos buscá-los no aeroporto — A loira comentou, enquanto retirava de dentro de uma sacola a comida que Rukia fizera.

            — Vai me dizer que você conhece o Renji também? — O ruivo olha para o lado, fitando a aluna em sinal de surpresa.

            — Ele cresceu em Rukongai também, somos amigos de infância. — A morena explicou, já prevendo a próxima coincidência da lista de coisas em comum que tinha com seu professor de física e nem sabia.

            — Pensei que eu tinha te falado que o Renji conhecia a irmã do Byakuya — Luna comentou, enquanto abria o pote e sentia o cheiro do Pad Thai. A loira tinha certeza que contara ao amigo sobre a amizade entre a irmã perdida do marido e Renji, assim que Rukia fora adotada. Mas Ichigo não era conhecido por sua memória de elefante.

            — Ele mandou a foto em cima da vaca pra vocês? — O professor perguntou, resolvendo não alimentar o assunto de mais uma coincidência.

            — Não sabia que o Renji tinha montado na tua ex-mulher, Ichigo — Luna falou, rindo do próprio comentário. Rukia tentou em vão não rir, mas não se aguentou. O ruivo nada disse, no fundo achara a piada engraçada, mas não estava com saco de pensar na mãe de seu filho.

            — Ele me mandou essa foto — Rukia resolveu se pronunciar antes que rolasse uma torta de climão, visto que a carranca de seu professor não era das melhores. — A mimosa parecia um dálmata, mas eu achei até fofo.

            — A Akihime disse que viu uma moça que é a cara da minha irmã — A loira comentou, referindo-se a sua irmã por parte de mãe, que era conhecida dos outros dois. A dita-cuja era também esposa do professor de educação física, Grimmjow, o que fazia Rukia achar que todo aquele universo girava em torno de sua cunhada, uma vez que ela conhecia todo mundo.

            — Enfim! Eu e Byakuya temos um convite para fazer para vocês dois! — Luna falou por fim, agarrando o braço do marido que passou a olhá-la por cima dos óculos de leitura.

            — Você tem. Eu não concordei com isso. — O moreno finalmente se pronunciou, sem muita expressão em sua voz.

            — Claro que concordou!

            — A parte que diz respeito à Rukia, sim. — O Kuchiki deixou o jornal de lado novamente, olhando com cara de poucos amigos para o ruivo em sua frente.

            Ichigo respondeu o olhar de Byakuya com um bico irritado. Eles não eram exatamente amigos e só se aturavam porque Luna os obrigava, e ninguém ali queria ver a loira zangada.

            — Enfim, tanto faz, o filho é meu e eu quem decide. — Ela cruza os braços, ignorando o “mas é meu também” do marido e voltando-se novamente para os dois em sua frente. — Gostaria que vocês fossem padrinhos do Byaku-júnior ou da mini-Luninha.

            Professor e aluna se entreolham, surpresos. Não passara nem de longe por suas cabeças que seriam chamados para serem padrinhos do bebê do casal do ano. Mas não havia como negar que ficaram contentes com a surpresa.

            — Claro! — Ambos respondem em uníssono.

            — Ótimo! — A loira sorriu de canto à canto. Rukia e Ichigo sempre foram suas primeiras opções para serem seu compadre e comadre, mas fora difícil fazer Byakuya aceitar o ruivo para o cargo. — Fico contente que tenham aceitado.

            Rukia e Luna começaram a conversar sobre as novidades acerca do bebê enquanto Ichigo colocou-se em um momento de reflexão. Não pôde deixar de notar que parecia que algo no universo queria que ele e sua aluna se tombassem de qualquer jeito. Só naquela semana foram tantas simultaneidades que pareciam estar protagonizando alguma novela mexicana bem ruim.

            Mas como o professor de física não acreditava em coincidências, colocou a culpa mais uma vez na teoria das cordas.


Notas Finais


¹A vaca existe! (e fica em Rondônia) Tó a foto da vaca: https://i.ytimg.com/vi/-tczi_Wqv4o/hqdefault.jpg

Era pra ter mais coisas nesse cap, como a aula particular do Ichigo e da Rukia, mas ele já tava grande demais o_o.
Enfim, eu gosto muito dessa fic, mas confesso que a falta de comentários me desanima um pouco :'(...

Obrigada a todos que têm acompanhado, comentado e favoritado x)
Um beijo!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...