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História Lembranças - Cicatriz


Escrita por: dearjohn

Notas do Autor


Perdoem-me pela demora, tive complicações intensas com este capítulo e comigo mesmo. Mas estou de volta e é isso o que importa.
Agradeço muito a todos vocês que fizeram Lembranças atingir +100 favoritos, eternamente grato por cada um de vocês. Agradeço também a quem não desistiu dela por causa da demora.
Obrigado Juju por ter betado. Eu amo você.
Perdoem-me pelo capítulo curto, mas foi o máximo que consegui.
Espero que gostem sz

Capítulo 4 - Cicatriz


Fanfic / Fanfiction Lembranças - Cicatriz

A beleza dói

Brilha a luz sobre o que é pior

A perfeição é a doença da nação

(A beleza dói, a beleza dói)

A beleza dói

Brilha a luz sobre o que é pior

Estou tentando consertar algo

Mas você não pode consertar o que você não pode ver

É a alma que necessita de cirurgia

— Pretty Hurts, Beyoncé

Harry

Volto a dar total atenção e concentração no livro que está seguro em minhas mãos. Will & Will — Um nome, um destino. Eu simplesmente amo essa obra do John Green, que fez parceria com o David Levithan.

Identifico-me muito bem com o segundo Will Grayson. Você se surpreende no momento em que ele conta sobre sua depressão e aquilo te deixa apreensivo com o rumo da história. É um pouco difícil de criar uma imagem desse personagem, pois mesmo surgindo o amor na sua vida, sendo ele por meio de amigos, familiares e/ou laços amorosos, a depressão ainda persiste em prendê-lo na dor.

É difícil interpretá-lo, entretanto você torce muito para que ele mude e é uma vontade bastante genuína. Essa mudança acontece sim e é quando ele conhece o outro Will. E para apimentar mais as coisas, Green e Levithan mostraram que é um momento árduo e contínuo de aceitação e transformação, como, em geral, na juventude sempre é. Os autores não descreveram que é um processo fácil, instantâneo ou previsível.

E, bem, identifico-me com este personagem, pois antes de conhecer Apollo, sentia-me bastante deprimido e solitário, porque eu estava em um relacionamento muito infeliz. A felicidade entre nós dois era muito forçada e ambos não percebiam esse detalhe até que certo dia, num restaurante, uma criança, presumo que na época tinha seus sete anos, questionou para meu namorado e eu se éramos felizes — foi neste momento que acordamos para a vida. Só que o término foi um tanto doloroso, pois cargas negativas deste namoro me atacaram e passei a enfrentar a depressão.

Só quando Kimberly me chamou para o show da Ariana — depois de muita insistência, é claro — e comentou que outro amigo dela também iria, o Apollo, uma chama de esperança em mim se formou. Conforme foi passando os meses com meu atual namorado presente em minha vida, é como se tudo tivesse mudado.

A minha vida parecia estar dispersa antes — como se fosse formada por um papel que se rasgou em pedaços muito pequenos e alguém ligasse o ventilador. Porém, quando conheci Apollo, tudo começou a fazer mais sentido. Ele desligou o ventilador e sua grande bondade recolheu estes papéis e, com ações simples, todavia esperançosa, juntou os pedacinhos.

E a partir daí apaixonei-me profundamente por Apollo Campbell.

Olho para a escada e vejo ele descendo, tão fofo com esse pijama largo e a carinha de sono. Certamente, um bebê. Nossos olhares se encontram e automaticamente sorrio. É meio difícil lutar contra a vontade de sorrir.

— Oi, baby. — digo.

— Oi, Emerald. — ele se senta ao meu lado. Envolvo meu braço na sua lateral, trazendo-o para mais perto de mim, dando mais facilidade para eu sentir seu inebriante e doce perfume.

Marco a página do livro e fecho-o, dando atenção para meu namorado. No fundo estranho isso, pois ele tem evitado ficar ao meu lado e isso deixou-me magoado. No entanto, vou aproveitar essa aproximação atual o máximo possível.

Ele liga a televisão e vai mudando os canais conforme a tela explana algum programa entediante. Rio ao ver suas caretas quando ele assiste por alguns segundos e já expressa sua opinião sobre o que está sendo televisionado. Quase um meme.

Tiro o controle da mão dele e desligo a televisão, Apollo exclama um “ei” e logo me encara, fazendo uma expressão tão fofa que fico com vontade de agarrá-lo compulsivamente. Obviamente não farei agora, pois Finn pode aparecer a qualquer momento e acabar surtando.

— Acredito que seja melhor vermos uma série do que desperdiçarmos o tempo caçando algum programa na TV, Ocean. — ele passa alguns segundos pensando e no final acaba concordando comigo, entretanto sugere que vejamos isso no seu quarto, pois se sente mais confortável lá — e que não está a fim de ficar com dor nas costas igual da última vez.

Desligo a televisão e antes que eu possa levantar, Apollo se joga em mim e envolve seus braços no meu pescoço. Suas íris de cores oceânicas cruzam com as minhas de esmeralda, dando-me a sensação de estar perdido, desnorteado.

Misericórdia, como pode esse homem me fazer tão bem assim?

— Me carrega no colo? — pede, esboçando uma cara de pidão.

— Nem é folgado, não é, Sr. Campbell? — ergo uma sobrancelha e sorrio de canto.

— Por favor, estou com preguiça.

— O que não faço por você? — ele sorri e ajeita-se no meu colo, aterrisso um braço nas suas costas e, com o outro, seguro nas suas fossas poplíteas. Levanto do sofá e Apollo se segura mais em mim, evitando sua queda. — Bebezão mesmo.

— Eu mesmo.

•••

Enquanto a televisão transmite a série opinada por Apollo, presto mais atenção nos gestos e expressões que ele faz do que no episódio. Não tenho culpa se Ocean consegue atrair tudo com muita facilidade, ainda mais minha atenção.

Apollo percebe que não paro de encará-lo, pois ele desliga a tv e nossos olhares se cruzam. O moreno se levanta lentamente e se posiciona sobre mim, ajeitando uma perna em cada canto da cintura. Tenho uma visão mais ampla dele e tudo que consigo me questionar é o nível de beleza que se esse ser humano conquistou para si durante o desenvolvimento dentro do útero da falecida mãe.

— O que tanto me olha? — indaga ele.

— O que tanto me atrai e encanta. — respondo. Apollo tem a pele clara, então foi fácil ver suas bochechas se avermelharem de leve.

Lentamente, o corpo de Campbell vai debruçando e seu rosto, consequentemente, fica cada vez mais próximo do meu. Devido a isso, vejo sua pupila se dilatar e um pequeno sorriso nascer em seu rosto.

Em questão de segundos, tudo que sinto são os lábios dele contra os meus. Minha mão direita afaga seus fios de cabelo muito escuro, enquanto a esquerda está parada na sua cintura, insinuando a retirada de sua camiseta preta com a imagem referente a Jogos Vorazes, sua saga preferida. Desço as mãos até suas nádegas, apertando-as com pouca força, arrancando mais um gemido seu.

Quando o oxigênio se fez necessário, mordisco seu lábio inferior e já avanço em seu pescoço, marcando sua pele clarinha com mordidas leves e escutando gemidos baixos e suaves de Apollo. Sua pele é tão macia, ele é praticamente um anjo.

Entro com as mãos por dentro de sua camiseta, passeando com elas pelo seu tórax completo. Antes que eu tirasse sua camiseta, meu namorado se afasta relutante e um pouco tenso, nervoso.

— O que houve? — pergunto, aproximando-me dele quando o vejo chorando e encolhido. — Fiz algo de errado?

— Não, você não. — ele balbucia. — É meio complexo de explicar…

— Tente, baby.

— Na televisão vemos essas mulheres, principalmente aquelas da Victoria’s Secret, sendo expostas com seus corpos magros, sinuosos e sem defeito algum. Elas são perfeitas, ganham dinheiro sendo perfeitas. Já eu… — ele levanta e tira sua camiseta, ficando na minha frente. Procuro por defeitos em seu corpo, só que não os acho.

— Não vejo falha alguma em você, Ocean.

— Como não? Não vê essa cicatriz maldita aqui, Harry? — ele aponta. Oh, essa cicatriz…

— Ela não é maldita, Logan. — rebato. — Toda cicatriz tem sua história, independente do tamanho, se veio de uma tragédia ou não. Tudo tem sua história.

— E qual é a história desta? — ele pergunta.

— Nós estávamos voltando de viagem com a Vanessa e a Kimberly e no dia em questão chovia bastante, mas um bastardo estava em velocidade máxima com seu veículo que não percebeu nós quatro e os carros se chocaram. Quem se feriu mais havia sido eu, pois eu me joguei na sua frente para te proteger, Apollo, submeti-me a intensos e cansativos exames. Por fim, precisaria realizar um transplante renal e vocês três fizeram exames para ver qual teria o tipo sanguíneo compatível ao meu. — Apollo se senta na cama, sem tirar os olhos de mim. — Quando o resultado saiu, ficamos todos intensos e ansiosos, pois nossa meta estava sendo fazer o transplante logo e irmos embora. O doutor disse que o seu era compatível e o restante já sabe. — levanto da cama e tiro também minha camiseta, mostrando a minha cicatriz. — Também tenho ela, amor, e tenho muito orgulho dela. Foi a maior prova de amor que eu presenciei.

Apollo chora. Seu rosto mostra o arrependimento por ter ofendido a cicatriz e rapidamente o abraço, tentando confortá-lo.

— Você é perfeito da sua maneira, não tem que se sentir um lixo por não ser como as mulheres e homens do mundo da moda. Alguns até desistem por não se sentirem confortáveis, relatam das dietas estranhas, das cirurgias. Deformar o corpo só para poder passar numa passarela é algo completamente irrelevante. Essas empresas são grossas por exigirem tanto de alguém para desfilar, deveriam deixar livre o quesito do corpo. — acaricio seus cabelos. — Ter toda essa beleza pra si dói.


Notas Finais




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