História Lembranças de um adolescente - Nova sombra

Allison era seu nome. 17 anos, cabelos castanhos claros, cortados um pouco abaixo dos ombros. Olhos como um mel amargo, contradizendo sua personalidade tão ativa e descontraída. Mas descontraída até demais. Ao ponto de chegar atrasada na sua primeira aula de teatro.

"Atrasada na primeira aula de teatro do ano. Que bom. Só que não, senhorita..."falou o professor Johnson, esperando a resposta de Allison.

"Allison Crimson, senhor. E desculpa pelo atraso. Isso não vai mais ocorrer. Prometo."

"Não prometa coisas que você não pode cumprir. Como uma pequena punição, a senhorita irá participar de nossa primeira aula como demonstração. Improvisação. Vamos."

Allison deixou sua bolsa na cadeira mais próxima e se dirigiu ao centro do anfiteatro.

Era basicamente um grande salão de tonalidade prateada. As fileiras de cadeiras deixavam um grande espaço meio arredondado à frente. E era nesse espaço que algumas cadeiras mais simples se organizavam em um círculo de alunos.

Allison parou no centro, suas bochechas já vermelhas evidenciando sua vergonha de estar ali. Todos prestavam atenção ao professor. Menos um garoto, Allison observou. Desleixado, pensou. Ainda bem que eu não sou a única. Até ouvir a voz do professor novamente interrompendo seus pensamentos.

"Sr. Wilson, talvez queira acompanhar nossa colega no centro do círculo."

O garoto apenas deu de ombros e se levantou, hesitante. E foi quando eles se olharam plenamente pela primeira vez. Allison sentia algo de estranho vindo daquele garoto, além de um leve cheiro de bacon. E até que ele era bonitinho. Tá, bonitinho era pouco. Ele era lindo. E a aula passou assim, emoções contidas. Um verdadeiro teatro extraclasse.

E o garoto era incrivelmente bom em teatro. Tanto que ela se perdeu várias vezes, só o observando. Ao final da aula, foi um dos primeiros a sair. Allison teve que correr para acompanha-lo.

"OI, Allison, prazer em te conhecer."falou ela , um pouco radiante demais.

"É, eu ouvi na aula. Não precisa repitir"falou ele debochado.

"E seu nome é..."

"E importa?"falou ele , com a esperança dela lhe deixar em paz.

"Diria que sim" disse persistente.

"Brad. Olhar eu tenho que ir. Te vejo por aí." E saiu se afastando apressadamente.

Tomara que não, pensou ele. Tomara que sim, pensou ela.