História Lembranças De Um Amor - Prólogo

"Querido Felipe,

Sinto que esta será a última vez que nos falamos, ou melhor, a última vez que você verá algo meu. Depois de tudo o que passamos, tudo o que sentimos juntos, você conseguiu me esquecer bem facilmente. 

Mas eu não.

Já faz 3 meses que terminamos e você está com outra garota. Ouvi dizer que ela é linda, mas nunca a vi pessoalmente. Espero que vocês dois sejam felizes, de verdade, espero que com ela dê certo. Mas enfim, não vim aqui pra falar dela, vim aqui pra falar sobre nós. 

Eu não consegui te esquecer. Sonhei durante todas as noites com você e eu sinto sua falta mais que tudo. As vezes, me pego pensando em todos os "eu te amo" que você já me falou e eu disse "ama nada" . Me pego pensando em todos os nossos momentos bons, como o dia em que fomos visitar seus amigos em Joinville. Bebemos e ficamos chapados, se lembra? Aquela foi uma das melhores noites da minha vida. Teve aquela vez também que fomos para a formatura do seu irmão, você ficou cheio de ciúmes porque sempre o achava "melhor" que você. Eu lembro da discussão que tivemos nesse dia, e depois, você dizendo pela primeira vez que me amava.

Eu me lembro quando éramos só nós dois, nada poderia nos separar. Todas as ligações que efetuamos, todas as conversas e juras de amor eterno que tivemos...

Tudo bobagem.

Eu me lembro daquela noite, da noite em que você foi embora. Você disse que me amava, estávamos em prantos, enquanto você simplesmente se despedia. Aquilo doeu como uma facada.

Enquanto você falava os motivos de querer terminar, a única coisa que se passava na minha cabeça era o seu sorriso, sua voz, sua risada... E aí comecei a chorar. Você me acalmou e disse que não dava mais pra continuar, mas nunca tinha mencionado ter conhecido outra.

Depois de tudo o que passamos, eu ainda tenho infinitas coisas que eu gostaria de te dizer.

Eu não consegui falar nada na noite em que terminamos, eu estava em choque e aflita com a ideia de te perder. Sabe, as vezes, a única coisa que eu sentia era que eu ia sufocar. Sufocar de palavras nunca ditas. Até que estou desabafando nessa carta.

Eu tive tantas oportunidades de dizer que te amava, tive tantas oportunidades de dizer o que você significava pra mim, tive tantas oportunidades de te contar toda a verdade por trás do meu semblante de "gosto de você, apenas isso", mas não soube aproveitar nenhuma.

A cadeira está atrás de mim, há uma corda amarrada no ventilador e ouso dizer que estas são minhas notas finais. Estas são minhas últimas palavras, e são pra você.

Eu te amo, de verdade, eu te amo de mais. Quero que você seja feliz com sua nova namorada, quero que vocês dois tenham mais do que nós tivemos. Eu te quero feliz. Eu sempre quis, pra falar a verdade.

Meus últimos pensamentos estão nesta carta, que pertencerão única e exclusivamente a você. Todas as lembranças do nosso amor que eu vou levar comigo, para sempre. Tudo o que tivemos, tudo o que dissemos, vou levar na minha memória.

Se cuide, meu amor, e cuide da sua nova garota, não a deixe escapar. Me disseram que ela está muito apaixonada por você. Não a deixe ir.

Eu amo você, e sempre vou amar.

-Julieth Mars"

∞∞∞∞∞∞

-E não havia corpo no quarto dela? - Felipe perguntou, apreensivo, ao policial que lhe entregou a carta. Três dias haviam se passado desde que ela havia sido escrita.

-Nenhum sinal do corpo - O robusto homem alto o encarou, lembrando de toda a cena - Havia sangue, muito sangue em sua cama. Estamos coletando uma amostra para saber se o sangue é dela mesmo.

Aquelas palavras atingiram Felipe com tamanha precisão que ele nem sabia o que dizer. Havia algumas lágrimas se formando no canto de seus olhos e ele tentava se acalmar na medida do possível. Perguntou mais algumas coisas ao homem negro que o encarava e se calou de repente, pensativo.

-Então não havia corpo - olhou para o policial e deu um leve sorriso.

-Não, senhor - o homem disse e Felipe deu um breve sorriso.

-Essa é minha garota.