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História Lembranças dos Meus Anos - Aos treze!


Escrita por: Milynha_Sh

Notas do Autor


Essa fic se passa no final da primeira temporada, quando Sebastian derrota o anjo e conclui a vingança de Ciel.

Será curtinha, portanto não terá mais que dez caps!

Acho que é isso, então boa leitura!

Capítulo 1 - Aos treze!


Fanfic / Fanfiction Lembranças dos Meus Anos - Aos treze!

Ainda posso sentir o frio cortante penetrando minha pele, a sensação de mergulhar na profundidade escura e solitária daquele rio, mas apesar disso, eu sabia não está mais naquela escuridão sem fim. Tatiei a maciez abaixo do meu corpo e reconheci a confortável segurança da minha cama. Abri meus olhos, eu estava no quarto.

A claridade batia contra as cortinas de seda escura e os pequenos e insistentes filetes de luz entravam pelas mínimas aberturas do tecido, dando ao quarto uma iluminação suave. Sentei com certa dificuldade sentindo meu corpo dolorido e imediatamente os flashes passaram em minha cabeça relembrando os acontecimentos recentes, me pergunto por que ainda estou aqui.

A última coisa da qual recordo foi ter presenciado - antes de me jogar de cima da ponte - o único sorriso sincero que recebi de Sebastian durante o contrato e segundos  depois meu corpo se chocou contra o espelho d’água que no momento me pareceu uma rocha. Ainda consegui ouvir sua voz me acusando de mentir e mentalmente respondi alguma coisa, mas depois disso tudo apagou.

Despertando das lembranças, ouço o girar da maçaneta e a porta do quarto ser aberta, já sei bem de quem se trata e logo ele pareceu no meu campo de visão com sua conhecida bandeja em mãos, vindo me acordar como costumeiramente fazia todas as manhãs.

Por que Sebastian? Por que não me matou enquanto eu estava inconsciente e acabou com isso de uma vez? Você é tão cruel! Será que não percebe que essa carapaça de arrogância é apenas um disfarce para não demonstrar o quanto sou frágil? No fundo eu sou apenas uma criança que tem medo do escuro!

Isso é algo que jamais confessarei, minhas fraquezas irão para o túmulo comigo e assim morrerei como a alma que ele sempre desejou.

"Bom dia, bocchan" Sua voz suave preencheu o silêncio do lugar e ele abriu as cortinas com sua tranquilidade imperturbável, depois sorriu para mim, o sorriso singelo e ensaiado de todas as manhãs.

"O que significa isso? Porque estou aqui?" Perguntei impaciente, eu precisava de respostas, não entendia o que estava acontecendo.

Ele deu outro pequeno sorriso, mas sua expressão continuava serena, porque é tão difícil desvendar o que se passa em sua cabeça?

"Por que está aqui? Essa é sua casa,  bocchan!" Seu modo de falar me irritou ainda mais e o comportamento pacífico me deixou perturbado.

"Não se faça de desentendido, você sabe do que eu estou falando, não há mais motivos para continuarmos com esse teatro já que minha vingança foi concluída. Por que ainda não me matou?"

Ele com o olhar afável, que eu sabia ser falso, não me respondeu, ao invés disso se aproximou e colocou a bandeja com o desjejum sobre minhas pernas, apesar da urgência que eu tinha por informações resolvi primeiro me alimentar, eu realmente estava faminto e me sentia fraco demais para tratar de um assunto tão delicado estando nesse estado.

Assim que terminei o desjejum, que como esperado estava delicioso, ele pegou a bandeja do meu colo e colocou novamente em cima do criado mudo, depois me puxou delicadamente para a beira da cama e começou a desabotoar minha camisola, descasando lentamente cada botão.

"Já passou da hora do seu banho, você dormiu por quase dois dias. Eu estava começando a ficar preocupado" Ele se calou por um momento para me analisar e antes que eu pudesse proferir alguma coisa, ele continuou a falar "Temos que cuidar desses arranhões para não infeccionarem, você bateu em alguns pedaços de madeira quando caiu no rio. Foi uma atitude imprudente, você poderia ter morrido... antes da hora".

Seu indicador passou cuidadosamente pelo meu peito, contornando os pequenos ferimentos avermelhados que não passavam de riscos superficiais, mas suas atitudes estranhamente exageradas faziam parecer serem cortes profundos, essa preocupação seria reconfortante... Se ela fosse verdadeira.

Ele levantou indo para o banheiro e não demorando mais do que cinco minutos retornou, parando ao pé da porta em um pedido mudo para que o seguisse. Eu já sabia que a banheira estava cheia e a água quentinha, então suspirando eu consenti, realmente depois de tanto tempo dormindo uma higienização era mais que necessária.

Como imaginado a água estava na temperatura certa, esse demônio sempre soube o que melhor me agradaria, acho que talvez até me conheça melhor que eu mesmo e isso chega a ser um desconforto, me desagrada parecer tão transparente aos olhos dessa criatura, ele sempre cutuca minhas feridas para me coagir a agir de acordo com sua vontade e eu em meu orgulho exacerbado acabo caindo no seu joguinho sujo.

Assim que mergulhei soltei um suspiro permitindo ao meu corpo relaxar, o vi agachar ao pé da louça e retirar as luvas com os dentes começando pelas pontas dos dedos, depois pegou o sabonete francês lambuzando a mão e fazendo bastante espuma. Logo deslizou suas mãos suavemente por minha pele, sem força e sem pressa e em alguns movimentos simples eu estava limpo. Fiz a higiene bucal e voltamos ao quarto.

O demônio colocou uma toalha sobre minha cabeça e com uma outra passou a me secar, colocou meu pé apoiado em seu joelho começando o trabalho por lá e subiu pela extensão da perna. Seu rosto era insondável e não demonstrava vestígios de emoção alguma, às vezes me pergunto se ele é capaz de sentir alguma coisa por mais mísera que seja ou será que todas as expressões que demonstrou até hoje não passaram de encenações?

Seus toques eram de extremo zelo para que a toalha não machucasse ainda mais minha pele ferida, o toque do pano não chegava a me causar dor por assim dizer, mas era bastante incômodo e por mais que Sebastian estivesse sendo cuidadoso  chegava a ser desconfortável.

"Eu ainda estou esperando minha resposta" Demonstrei toda a minha irritação, afinal, para quê me preparar com tanto zelo para a morte? Mortos não se importam com formalidades e já será de grande feito se essa aberração ao menos tiver a decência de enterrar meu corpo após consumir minha alma e não apenas joga-lo para apodrecer em um canto qualquer.

Vi ele bufar quase inaudível e pude sentir o ar frio de sua boca se chocar contra minha pele ainda quente, eu não compreendo o porquê dele evitar o assunto desde que acordei e fingir que nada aconteceu, chega a ser contraditório, pois ele sempre deixou bem claro o quanto ansiava para devorar minha alma extremamente saborosa.

"Você está com tanta pressa assim para morrer, bocchan?" Ele olhou nos meus olhos, seu rosto ainda sem emoção parecia congelado e não demonstrava linha de expressão alguma, apenas a coloração de suas íris estava um pouco mais acentuada,  denunciando seu instinto demoníaco aflorado.

A pergunta me pegou desprevenido e gerou certo desconcerto, eu não esperava por isso, quem tinha pressa por minha morte era você, Sebastian! Então por que agora resolveu esperar? A pergunta engatou em minha garganta e resolvi guarda-la só para mim.

"Não é pressa, só não entendo o por quê dessa demora" Não desviei de seu olhar intimidador e sabia que ele analisava cada expressão minha, cada brilho em meus olhos, tentava claramente me decifrar, mas eu havia aprendido com ele a ser um bom ator.

"Eu tenho toda uma eternidade, bocchan. E isso é tempo demais até para mim, e é tedioso também. Nosso contrato me fez matar o tempo de maneira agradável, então pensei, porque não prolongar esse momento por um pouco mais?"

Então era isso! Esse maldito sempre tentando tomar vantagem em cima de mim e eu continuarei a ser um brinquedinho em suas mãos. Sim, reconheço que desde o começo sempre estive em suas mãos e apesar de eu ser meu próprio jogo de xadrez, eu sempre tive ciente que meu real posto nao era o de rei, mas sim o de peão.

Eu sempre soube está sendo manipulado por suas palavras doces e carregadas de falsidade, mas até que minha vingança fosse alcançada, eu apenas fingia não perceber e continuava encenando descaradamente a minha posição de controle, quando na verdade era ele quem controlava tudo.

Porém dessa vez às circunstâncias eram diferentes e agora serei usado a troco de nada, já que eu não possuo mais um objetivo de vida e muito menos vontade para isso, e talvez bem no fundo do meu íntimo, também haja o medo de um futuro incerto e cheio de responsabilidades, que em razão do contrato, eu tinha plena certeza que jamais chegaria à cumprir.

"Vejo que o único beneficiado será você, demônio! Que motivos eu tenho para continuar com isso? Eu já consegui a única coisa que me mantinha vivo, meu único objetivo de vida e agora com a vingança concluída eu já não possuo motivos para viver".

Ele terminou de me secar pacientemente, parecia até não ter me ouvido de tão concentrado que estava e apesar de meu corpo está totalmente exposto aos seus olhos, isso não me incomodava e talvez pela minha tenra idade me parecesse normal. Eu ainda não tinha a real noção do que era a malícia.

Ele deixou a toalha em cima da cama e suas grandes mãos vieram até meu rosto acariciar levemente minha bochecha, tão suave quanto o toque de uma pluma, não recuei, o toque dele me era familiar, eu já estava acostumado com seu contato e a meu ver não havia nada de errado com isso.

Ele sorriu para mim.

"Eu realmente nunca encontrei uma alma tão saborosa quanto a sua, bocchan. E imagino o enorme deleite que terei ao consumi-la, no momento certo eu reclamarei o que me é de direito, mas não agora... Não nesse momento..."

Ele foi até o guarda-roupa e pegou minhas roupas, as mais simples e confortáveis que eu tinha para que o pano não piorasse minhas feridas, se ajoelhou novamente em minha frente e colocou minha peça íntima, seguida de uma calça simples e uma camisa de tecido leve, calçou meus sapatos e amarrou com perfeição o laço em meu pescoço, eu estava pronto para começar - contra a minha vontade - a segunda chance que esse demônio me dava para viver.

"Já que é assim, o que seremos a partir de agora? Você já cumpriu sua parte do contrato e agora eu estou em dívida com você. Acho que chegamos a um impasse" Questionei com desinteresse, o que era pura encenação, pois minha curiosidade era grande sobre essa questão, agora o único a dever sou eu e será ilógico ele continuar encenando seu papel de mordomo, que benefício ele terá em fazê-lo?

Ele tirou uma mecha da frente do rosto e colocou atrás da orelha, dando a perfeita visão de sua máscara de cera, seus olhos se fixaram nos meus e eu era arrebatado para saber o por que dele tanto me encarar, mas apesar de me manter firme em minha pose austera, sua expressão realmente me intimidava.

"Bocchan... Se me permitir, eu continuarei ao seu lado o servindo fielmente como sempre fiz, continuarei sendo o mesmo que fui durante nosso contrato... Serei Sebastian Michaelis, o seu mordomo perfeito".

Ele pegou minha mão e com o dedão fez uma leve carícia em cima do dorso até chegar as juntas dos meus dedos, confesso que o gesto me assustou um pouco, ele nunca tinha sido tão informal em seu posto de criado, ao contrário, era sempre reservado e agia de acordo com a estética de mordomo, mas hoje por algum motivo ele estava diferente.

Surpreendendo-me novamente, inclinou a cabeça em direção à minha mão e a selou demoradamente, seus cabelos muito lisos teimavam em escorrer de trás da orelha e algumas mechas da franja caíram novamente sobre seu rosto. Abruptamente tive a vontade de tocar os fios negros para sentir a textura, mas resguardei-me, além de ser um simples empregado, eu não tocaria nessa criatura além do estritamente necessário.

Ele soltou minha mão para mais uma vez me aturdir com palavras "...Ainda há muitas coisas que eu quero lhe mostrar, mas tudo acontecerá no seu devido tempo... por isso não tenha pressa, minha pequena criança".

Pegou a bandeja e caminhou até a porta, deixando-a aberta para que eu também saísse, mas dessa vez não me esperou como habitualmente fazia e ao invés disso, ele sumiu no extenso corredor.

Me pergunto quais são as suas reais intenções, Sebastian!

Conde Ciel Phantomhive;

Londres, Abril de 1889

Lembranças dos meus treze anos.


Notas Finais


Já peço desculpas antecipadas por possíveis erros, bjs!


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