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História Lembrar de você - Renascer


Escrita por: Tayh-chan

Notas do Autor


Oii *-* Mais uma OS ~ Ela já entrou pra minhas favoritas para falar a verdade, eu espero que gostem tanto quando eu gostei.
Boa leitura!

Capítulo 1 - Renascer


Fanfic / Fanfiction Lembrar de você - Renascer

Renascer

2014

Não soube explicar a sensação de abrir os olhos, e ver um garoto de cabelos tingidos de loiro deitado com a cabeça ao lado do seu corpo. Era mais fácil explicar sobre o teto branco, a primeira coisa que viu, pois ele era tão similar quanto a sua mente naquele momento.

“Onde eu estou?” Sua voz saiu rouca, meio estranha para os seus ouvidos, como se não tivesse falado por muito tempo.

“Oh meu Deus.” O garoto de cabelos tingidos levantou, assustado. Logo seus olhos começaram a marejar, deixando o outro confuso. Ele não sabia porque, mas não queria ver o garoto chorar. “Eu vou chamar uma enfermeira, um médico, sei lá. Fique quietinho.”

O garoto sumiu, então ficou sozinho naquele lugar desconhecido, junto com sua mente confusa. A dor de cabeça era tanta que ele não conseguia nem pensar direito.

“É um verdadeiro milagre. Como está se sentindo?” O médico indagou com calma quando chegou, tirando a máscara de oxigênio do paciente para que ele pudesse responder com mais facilidade.

“Minha cabeça dói.”

“Entendo. É natural que isso aconteça. Você sofreu um acidente de carro um ano atrás, e desde então esteve desacordado nesse hospital. Chegamos a pensar que você não acordaria, Senhor Park.”

“Senhor... Park?” A voz saiu rouca.

“Sim. Park Chanyeol, seu nome, você não se lembra?”

O paciente apenas negou com a cabeça, voltando a fechar os olhos, sua cabeça doía muito. O médico olhou uma vez para o outro garoto presente na sala, e ambos compartilharam um olhar triste.

***

“Por quanto tempo isso pode durar, doutor?” Baekhyun indagou, um pouco desesperado.

Estava Baekhyun e o médico agora, conversando em uma sala separada, enquanto Chanyeol estava fazendo uma série de exames.

“Isso pode ser temporário, ou não. Precisamos dos resultados dos exames para saber mais. Eu sinto muito.”

Baekhyun sentiu o ar escapar dos pulmões, levou a mão a cabeça, puxando alguns fios de cabelo dali. O que iria fazer?

***

Uma semana depois

Baekhyun abriu a porta do apartamento e deixou que Chanyeol entrasse com sua mochila, o mesmo suspirou, deixando a mochila no chão e observando o recinto. Era pequeno até onde podia ver, porém confortável.

“A gente comprou um ano antes do acidente.” Comentou.

Chanyeol assentiu, um pouco quieto, não tinha muitas coisas para conversar, a única coisa que queria era ter um momento em paz para perguntar sobre tudo. Fez perguntas antes, mas Baekhyun não respondeu muita coisa, disse que preferia fazer isso quando tivesse alta do hospital.

“Onde fica o meu quarto?”

“Nosso quarto.” Corrigiu, um pouco tristonho.

Baekhyun foi na frente, passando pelo fim do corredor e abrindo a porta no final deste, revelando o quarto. As paredes tinham sido pintadas de tons pastéis, alguns quadros pequenos de lugares como Nova Iorque, Londres e Paris estavam pendurados em cima da cabeceira da cama. Chanyeol deitou-se confortavelmente, olhando o teto e acabou elogiando, dizendo que a mesma era macia e confortável.

“Parece que faz um ano que eu não deito aqui.” Comentou irônico, saindo da mesma em seguida e indo se sentar na poltrona que tinha do lado da janela. “De qualquer forma, eu já dormi demais. Acho que não quero saber de camas por um tempo.”

“Você precisa recuperar suas energias. Oito horas por dia, acho que é o suficiente.” Sorriu e sentou-se na ponta da cama, olhando para o castanho que parecia pensativo. “Você deve ter muitas perguntas, não é?”

“Tantas que não consigo organizar na minha mente.” Chanyeol moveu-se na poltrona giratória, ficando de frente para Baekhyun.

“Responderei o que eu puder. Até onde você se lembra? Qual o último momento que você se lembra?” Baekhyun engoliu em seco, ansioso, aquela pergunta parecia ser muito mais importante do que mostrava ser.

Chanyeol ficou um pouco pensativo, olhando para os móveis no quarto, procurando algo familiar, até que finalmente exclamou.

“Oh, Deus! Minha última lembrança está em quando eu abri os olhos naquele hospital e lhe vi com a cabeça deitada ao meu lado.” Chanyeol parecia um pouco desesperado agora.

“Eu sempre estive lá por você.” Deixou escapar, não era o sentido real da conversa.

“Nunca pensou em desistir?” Chanyeol respirou fundo. “Sei lá, que talvez eu não acordasse mais. Não pensou em seguir com a sua vida?”

Baekhyun negou com a cabeça, pensativo, depois sorriu com esforço.

“Quem eu sou? Não vou ficar fazendo um monte perguntas, só diga tudo o que sabe... Desde o começo. Por favor.”

Baekhyun respirou fundo e começou a contar tudo que sabia, quase tudo. Contou que ambos foram criados em um orfanato no interior, e por terem a mesma idade sempre foram muito amigos, e que sempre fizeram planos juntos. Eles queriam ter uma família de verdade, mas com o passar dos anos, já tinham muita idade para serem adotados. Então eles deram o melhor de si na escola, e quando a mesma acabou, passaram na faculdade pública, e foram morar no campus da mesma. Contou que dividiram o dormitório, e que lá descobriram sua paixão um pelo outro. Começaram a trabalhar já no primeiro ano de faculdade, gastaram o suficiente para se sustentarem e o resto guardaram. Então quando se formaram, pegaram suas economias, e mais um empréstimo no banco e compraram o apartamento em que estavam.

“Onde eu trabalhava antes do acidente?”

“Num escritório de advocacia, você se formou em direito.”

“E você?”

Baekhyun sorriu um pouco, feliz pelo outro querer saber sobre si também.

“Eu estou dando aula para crianças em um colégio particular aqui perto, ensinando a ler, contar, essas coisas.” Deu de ombros, um pouco tímido.

“Você gosta de crianças?”

“Sim!” Exclamou animado. “Você nunca gostou muito, sempre que ia lá me buscar era duro com as crianças.” Explicou, vendo o outro ficar um pouco surpreso. “Mas elas sempre amoleciam o seu coração, e algumas vezes você até levava pirulitos pra elas.”

Chanyeol riu, tampando a boca. Ah, tinha tantas coisas que queria saber, tantas perguntas ainda. Queria saber do que gostava e do que não gostava, queria saber o que costumava comer, os lugares que frequentava, e também... Sobre o acidente. Queria saber o que tinha acontecido naquele maldito dia.

“Me conta sobre o acidente.” Acabou não resistindo. Viu Baekhyun fechar a cara e ficar triste de repente, fitando seus próprios pés. “Você estava junto?” Resolveu incentivar, não queria desistir daquela informação.

“Sim...”

“O que aconteceu?”

“Eu não quero...” Baekhyun negou, movendo a cabeça para os lados. Parecia muito chocado para continuar. “Não quero falar sobre isso, por favor, não me peça para falar sobre isso.”

“Tudo bem.” Disse, ao ver o corpo do pequeno começar a tremer. Mas só deixaria assim por enquanto, se Baekhyun não fosse dizer sobre o acidente, ele ia procurar em algum lugar.

***

Mas o tempo passou, e Chanyeol ficou muito ocupado para pensar sobre o que tinha no passado. Retornou a estudar direito com os livros que tinha em casa, queria passar no concurso e voltar a atuar como advogado.

Ele e Baekhyun estavam vivendo juntos, mas não como um casal realmente. Sentiu que o pequeno estava lhe dando espaço para que se adaptasse com a sua nova situação, e Chanyeol sentiu um profundo respeito por tal ato. Também não queria ser um inútil e ser sustentado pelo outro até que passasse em um concurso, então começou a procurar por um emprego. Quando Baekhyun descobriu, pareceu ficar muito bravo, disse que não teria problema em continuar trabalhando para ajudar em casa e que Chanyeol deveria se concentrar em sua recuperação e nos estudos.

Eles não dormiam na mesma cama, nem no mesma quarto, Chanyeol dormia do quarto ao lado, o de visitas.

E assim se passaram vários dias, afastados um do outro, vivendo como completos estranhos. Mas para Chanyeol, Baekhyun era realmente um estranho.

***

“O que está fazendo?” O menor indagou ao chegar na cozinha.

“Estou cozinhando algo para o jantar, não sei se sou bom nisso, mas seguindo essas receitas parece fácil.” Respondeu, concentrado em cortar os tomates em quadradinhos. “Cansei de pedir comida fora, queria comer algo caseiro.”

“Desculpa por nunca cozinhar nada, eu não sou bom nisso. Você que costumava a fazer comida pra gente.”

Chanyeol olhou uma vez para Baekhyun, a primeira desde que este havia chegado na cozinha. Já tinha reparado como o pequeno era bonito, mas o vendo agora com os cabelos negros, em contraste com sua pele branca, o deixou ainda mais belo.

“Por que mudou a cor de cabelo?” indagou, voltando a cortar os tomates.

“Estava difícil manter o loiro.” Respondeu, passando a mão pelos fios curtos, agora negros. “Não gostou?”

“Ficou melhor assim, combina com a sua cor de pele.”

Baekhyun sorriu, corando um pouco, foi até o armário e pegou um copo de lá, mas como sempre fora desastrado, o mesmo escapou de sua mão e espatifou no chão. Isso chamou a atenção de Chanyeol, que parou o que estava fazendo, a tempo de ver o menor se cortar ao tentar juntar um dos cacos.

“Ai!” Exclamou com ao sentir a dor aguda.

“Cuidado”. Chanyeol foi até si, pegando o seu dedo indicador e vendo esse sangrar. Em uma atitude rápida, pegou o dedo pequeno e levou a boca, tentando parar o sangramento. Isso deixou Baekhyun constrangido, e também a si, quando viu o que estava fazendo. “Desculpa.”

Baekhyun negou com a cabeça.

“Está tudo bem.” Se levantou, pegando um kit de primeiros socorros para fazer um curativo, porém o maior se ofereceu para fazer. Foram até a mesa e se sentaram lá, onde Chanyeol começou a cuidar do pequeno ferimento.

“Você é muito desastrado.” Comentou.

Baekhyun não respondeu, ficou observando o outro cuidar do seu machucado, Chanyeol continuava sendo cuidadoso, não tinha mudado em nada quanto esse aspecto.

“Eu sinto falta da gente”. Deixou escapar, abaixando a cabeça quando o outro lhe encarou.

Chanyeol sempre fugia quando o assunto eram “eles”, sempre se sentia despreparado para conversar sobre tal assunto. Não sabia se podia lidar com isso, perder todas as memórias, fez com que consequentemente perdesse todos os sentimentos que sentia pelo mesmo. Mas não podia fugir mais, sabia que esse momento ia chegar algum dia. Não poderia magoar mais o pequeno, que era tão bom para si.

“Eu sinto muito.” Terminou de fazer o curativo, guardando as coisas de volta na caixinha e fechando a mesma. Olhou para o outro, que ainda mantinha a face abaixada, encarando o banco, calado. “Deve estar sendo difícil pra você. Mas acredite, é muito difícil pra mim também. Às vezes eu me desespero, eu nem sei quem eu sou, minha mente é um branco completo. Eu já tentei lembrar várias vezes, vasculhei toda a minha mente, mas não tem nenhuma memória lá.”

“Então pare de tentar lembrar. Só... Construa novas lembranças, eu estou aqui Chanyeol, vamos tentar.”

Chanyeol parou para pensar no que o moreno estava dizendo, de certa forma ele estava certo, mas nunca tinha pensado por esse ponto. Nunca tinha pensado em construir uma nova identidade, por que estava preso demais tentando lembrar do passado.

“Eu tenho medo de me perder.” Admitiu.

“Você ainda é você, Channie...” Deixou o apelido carinhoso escapar, mas o maior foi o único ali a notar. “Ainda tem as mesmas qualidades e defeitos, o mesmo sorriso, a mesma voz, o mesmo coração bondoso e otimismo. Eu estou aqui por você, só vamos tentar”

Chanyeol respirou fundo, sentiu uma imensa vontade de chorar naquele momento.

“Eu não sei por onde começar.” Disse quase num sussurro.

Baekhyun olhou para o dedo enfaixado, depois para o maior, e se aproximou um pouco mais dele, puxando a cadeira consigo devagar. Ficou de frente para ele, analisando a face tristonha, os cabelos castanhos curtos, mostrando suas orelhas grandes. Sempre achou aquelas orelhas um charme, apesar de Chanyeol nunca ter gostado, e preferido manter os cabelos compridos a maior parte da vida para escondê-las. Então juntou um pouco de coragem, e tocou a face macia com a mão do dedo enfaixado, puxando a atenção do outro para si, e fazendo-o olhá-lo nos olhos.

“Eu posso te beijar?”

Assustou-se um pouco com a pergunta repentina, não tinha pensado naquilo como uma forma de começar, mas era um boa forma, se não tivesse tão assustado. No fim apenas respirou fundo e concordou com a cabeça. Viu então o menor começar a inclinar a cabeça com os olhos fechados, e fechou os seus também. Então os lábios macios encontraram com os seus, em um selo simples.

“Abra mais a boca.” Pediu baixinho, e Chanyeol obedeceu ansioso.

Então a língua do menor adentrou sua boca, e Chanyeol seguiu por instinto, fazendo o mesmo, e entrando com a sua língua na boca do outro. Mesmo que estivesse tenso, tentou fazer tudo ficar o mais natural possível, não soube se teve sucesso.

Sentiu o outro se afastar, tremendo, e depois se jogar sobre si, lhe abraçando e começando a soluçar alto. Sentiu se coração apertar e abraçou o corpo pequeno, se desculpando.

“Eu sinto muito. Eu sinto muito.”

“E-eu que sinto muito. E-eu... Eu só quero que seja feliz. P-por favor me desculpe.” Disse em meio aos soluços, abraçando o corpo do maior com mais força.

“Você não tem que pedir desculpas por nada, está bem?” Chanyeol começou a acariciar os fios negros, sentindo a maciez do mesmo na tentativa de deixar o outro mais confortável. “Nós vamos tentar um novo começo, vai dar tudo certo.” Prometeu, mas não tinha certeza de que poderia cumprir.

***

Não foi tão difícil viver como um casal, Baekhyun era compreensível e carinhoso, Chanyeol estudava e deixava a casa limpa, deixando sempre uma boa refeição pronta para que quando Baekhyun chegasse cansado do trabalho pudesse se alimentar bem.

Não falavam muito sobre o passado, só uma vez ou outra quando perguntava algo que queria muito saber. No entanto estava trabalhando em construir novas memórias, como prometeu ao menor, e parar de pensar tanto em seu passado. Se aleatoriamente voltasse a lembrar, isso seria outra história.

Mas ainda era difícil fazer as coisas que casais faziam, Chanyeol era sempre tímido quando beijava o outro, ou quando este pagava sua mão para assistir filmes no meio da noite em baixo das cobertas.

E tudo ficou mais difícil quando Baekhyun procurou por outro tipo de atenção, um pouco mais intensa. Travou na hora, não sabia ao certo como deveria agir, por isso não fizeram nada. Então no outro dia, quando Baekhyun foi trabalhar, Chanyeol assistiu alguns filmes impróprios para menores. Mesmo assim não se sentiu pronto, mas quando o outro tentasse novamente, estaria menos desinformado.

E esse dia chegou, logo após acabar um filme de comédia que haviam assistido. Baekhyun lhe abraçou em baixo das cobertas e depois ficou por cima, iniciando um beijo um pouco mais quente. A mão do pequeno desceu até a sua intimidade por baixo de suas vestes e começou a tocar ali.

Chanyeol sentiu algo similar a uma descarga elétrica passar por todo o seu corpo, e vários outras passaram enquanto o menor continuava com o ato. Ele parecia tímido também ao fazê-lo, e vendo o quão desconfortável o outro parecia estar por fazer tudo sozinho, Chanyeol inverteu as posições e começou a despir o pequeno.

O garoto sorriu, ajudando o outro a tirar as roupas de ambos, e logo eles estavam nus, se beijando novamente e completamente excitados. O moreno pegou a mão do castanho e levou até a sua intimidade, pedindo por atenção também, e Chanyeol começou a acariciar lá, enquanto beijava todo o torso branco.

“Ahh, isso é bom.” Comentou baixinho, deixando um gemido escapar. Envolveu o maior pelo pescoço e começou a passar a língua por sua orelha.

Mas tudo aquilo estava lhe deixando louco, queria sentir mais, queria o outro dentro de si. Não sabia como pedir, tinha medo e vergonha, mas seu desespero falou mais alto.

“Eu preciso de você. Eu quero você.”

Chanyeol se excitou ainda mais com aquele pedido sendo sussurrado em sua orelha. Fez com que Baekhyun colocasse as pernas em seu ombro, e posicionou seu membro em sua entrada. Baekhyun tremia todo com a ansiedade e o nervosismo, estava com medo da dor, e logo ela veio, afiada, como se algo estivesse lhe rasgando ao meio.

Não conseguiu conter o grito que consequentemente veio, nem o impulso de abraçar o outro forte pelo pescoço, depois de tirar as pernas de cima dos seus ombros, nem as lágrimas que brotaram no canto dos olhos. Mas estava completamente preenchido, eles eram apenas um agora, e não havia dor do mundo que seria maior do que toda a felicidade que estava sentindo no momento.

“Eu amo você.” Sussurrou baixinho, antes do mais alto começar a se mover dentro de si.

***

Foram necessários apenas seis meses, apenas seis meses e Chanyeol estava completamente apaixonado pelo outro. Seis meses e comprou um anel com o dinheiro que tinha no banco, e o pediu em casamento. Seis meses e tudo parecia feliz e normal de novo.

Dentro de um mês iriam se casar.

Mas Chanyeol teve uma estúpida ideia, fez algo que nunca deveria ter feito e voltou a se concentrar no seu passado. Foi num dia chuvoso, Baekhyun estava no trabalho, e ele sozinho em casa, estudando em frente ao notebook.

Abriu o google e acabou pesquisando sobre o seu acidente, não foi difícil de achar, seu nome estava em alguns jornais da época.

Foi no começo do ano de 2013, exatamente no primeiro dia, que seu carro bateu de frente com outro. No entanto não era o próprio a dirigir, nem mesmo Baekhyun, ele estava no banco de carona, e o motorista se chamava Kim Jongin.

Sua cabeça doeu com a informação, viu a foto do tal garoto no jornal e mesmo assim nenhuma lembrança lhe veio a cabeça. Era apenas ele e Jongin no carro, Baekhyun não estava em nenhum lugar nas informações.

Então só sabia de duas coisas.

Uma: Kim Jongin teve apenas ferimentos leves.

Outra: Baekhyun havia mentido.

***

Não conseguiu fazer nada o resto do dia, não conseguia pensar em outra coisa além do que havia lido nos jornais. Queria esperar até o seu noivo chegar para que tirasse a limpo toda aquela história, no entanto hoje era quinta-feira e Baekhyun daria aula até mais tarde.

Se sentindo inquieto, foi até em frente ao computador, buscando saber mais sobre o rapaz. Não encontrou nada, apenas as informações mínimas nos jornais sobre o acidente. Teve a ideia de pesquisar no facebook, mas não tinha um, por isso criou uma conta e pesquisou o nome do rapaz. Tinha vários Kim Jongin, mas só um com a foto de alguém com as mesmas características da foto impressa no jornal.

A última atualização havia sido em 2012, ainda antes do acidente, aquela conta parecia ter sido abandonada. Chanyeol começou a descer pela página, encontrando vários compartilhamentos de cantores famosos, poesias e cartoons.

Passou por uma foto do garoto, e depois encontrou uma sua... Abraçado com Jongin, e com um sorriso feliz no rosto. A mesma era de novembro de 2012. O texto em cima da imagem dizia o seguinte.

“Apenas um ano que nos conhecemos, e oito meses que resolvemos dar uma chance um para o outro e viemos enfrentando preconceitos desde então. Sempre respeitando, e compartilhando momentos inesquecíveis. Obrigado por estar comigo, Chanyeol. Fighting!”

 

Chanyeol sentiu o ar escapar dos seus pulmões e todo o seu mundo desabar. Tentou levantar para respirar melhor, mas acabou caindo no chão, sentindo tudo rodar ao seu redor. Não conseguia se lembrar daquilo, nada vinha na sua mente. Não tinha vivido aquela vida, nem a que Baekhyun tinha descrito.

Parecia tudo uma mentira.

Seus olhos começaram a lacrimejar, e a respiração ficou ainda mais ofegante, pôs a mão da cabeça, sentindo como se essa fosse explodir. Estava tudo errado. Quem era Jongin? Quem era... Baekhyun?

-oo0oo-

Baekhyun se despediu da última criança, uma menininha de cabelos lisos e negros.

“Tchau, professor Byun” Disse saindo do seu colo e correndo para o colo da mãe. Baekhyun sorriu, adorava crianças, por isso escolheu tal profissão.

Saiu da escola, abrindo seu guarda-chuva para se proteger da chuva, e encontrou Chanyeol do outro lado da rua, ensopado. Correu até o mesmo, colocando o guarda-chuva sobre suas cabeças, indignado pelo outro ter vindo lhe buscar sem nenhuma proteção, se arriscando a pegar uma gripe.

“Por que está assim todo molhado?” Indagou preocupado.

Por causa da chuva Baekhyun não pôde notar as lágrimas nem os olhos vermelhos do noivo, mas notou algo estranho quando o mesmo permaneceu imóvel e calado.

“Channie...”

“Você continua agindo desse jeito.” Disse frio.

Baekhyun não entendeu, e olhou com mais atenção para o rosto do noivo, péssima escolha, ficou bem no alvo e recebeu um soco forte no rosto, fazendo o guarda-chuva voar longe e seu nariz sangrar consequentemente. Seu coração bateu forte dentro do peito, e algumas lágrimas brotaram no canto dos olhos.

“P-por que fez isso?”

“Até quando pretendia mentir pra mim?”

Foi a vez do mundo de Baekhyun cair, todo o mundo que tinha criado estava caindo naquele momento sobre os seus pés. Estava indo embora com a chuva que encharcava todo o seu corpo, estava lhe castigando com as lágrimas e com o sangue, que deixava um gosto horrível de ferro em sua boca.

“Como ousa me tratar assim?” Gritou alto, com os punhos fechados e os braços rente lado a lado do corpo.

“Eu estou te dando menos do que merece. Eu estava frágil, vulnerável, e você foi cruel, se aproveitou de mim em um momento de fraqueza e mentiu. Eu... Eu só queria entender.”

Baekhyun começou a chorar baixinho.

“Você se lembrou de tudo? Não pode ter se lembrado de tudo, não me trataria assim se lembrasse de tudo”

“NÃO, DROGA! EU NÃO ME LEMBRO DE NADA! Não lembro... de nada.” Chanyeol acabou tento um momento de ira e começou a chutar a árvore ao seu lado, a chuva aumentou, caindo sobre os seus ombros mais pesada do que deveria ser. “Eu descobri.” Disse mais calmo. “Quem é Jongin, quem é você? Estou ficando doente de tudo isso.”

“Jongin era seu namorado, seu primeiro e único namorado...” Confessou sentindo seu coração doer. A chuva não dava trégua, fazendo as roupas continuarem coladas ao seu corpo, e não conseguia identificar se tremia de frio ou de medo. Os dois, com certeza os dois.

“Então o que a gente é?”

“Amigos... Apenas eu me apaixonei por você na faculdade, mas eu fiquei em silêncio, eu não queria que os meus sentimentos nos afastassem, eu não sabia sobre a sua orientação sexual. Então...” A voz saiu mais chorosa que anteriormente. “Você apareceu com um namorado novo, e me apresentou. Eu pensei que fosse morrer.”

“Então o resto é verdade? Sobre o orfanato, os sonhos, a faculdade, tudo?”

Baekhyun confirmou com a cabeça.

“Até mesmo o apartamento?” Baekhyun repetiu o ato anterior, confirmando. “Então só “nós” que não é real?”

Baekhyun começou a chorar e a tremer ainda mais, queria que a chuva parasse, só para ter certeza que Chanyeol ouviria todas as palavras que estava prestes a dizer.

“É real! Os últimos meses foram reias... Eu amo você, você me pediu em noivado, nós vamos casar... Por que está fazendo isso?”

“Ah...” começou irônico. “Não tenha tanta certeza sobre o nosso casamento.”

Chanyeol estava perdido, irado, só conseguia sentir raiva de Baekhyun por ter suas lembranças roubadas. Sentia-se traído, enganado. Tudo aquilo colocou um véu sobre os sentimentos que sentia pelo garoto, sentimentos que se desenvolveram rápidos e se tornaram fortes para lhe encorajar a pedir ao outro em casamento estavam cobertos agora, mas ainda estavam lá.

“Eu quero me encontrar com ele.” Referia-se a Jongin. “Eu sei que o conhece, você vai dar um jeito de nos encontrarmos.”

“Não, por favor não...” Pediu penoso.

“Ah, você vai. Nem que seja a última coisa que você faça por mim. Ou seria o primeiro favor?” Isso foi uma deixa, Chanyeol virou às costas e caminhou na chuva em direção oposta ao apartamento que ambos dividiam, precisava pensar.

Mas Baekhyun não deixou que escapasse, ele o abraçou pelas costas, era tão menor que si que sua cabeça batia em suas costas. Ele tremia de frio, sua voz também saía tremida devido ao choro.

“Não seja mal agradecido... Não deixe uma mentira apagar tudo”

Chanyeol não tentou se afastar, não soube o motivo, mas ficou para ouvir mais.

“Eu estive com você a vida inteira. Quando você se acidentou, eu fiquei por você, não ele. Eu sempre amei você e estive ao seu lado todos os momentos, eu te esperei durante minha adolescência, continuei de esperando quando você se acidentou e os médicos perderam as esperanças. Eu estou aqui te amando. Não ele. Ele te abandonou.”

Chanyeol não aguentou mais ouvir aquilo, não aguentou porque sabia que era a verdade. Não aguentou porque se ficasse cederia, e se cedesse nunca teria certeza sobre o seu passado. E foi com muito esforço que ele se soltou dos braços do seu noivo e partiu.

***

Baekhyun fez como Chanyeol pediu, conseguiu o número de Jongin e entregou para o mais alto, que mal lhe olhou na cara. Chanyeol ligou para o outro, ouvindo a voz desconhecida soar do outro lado, e o encontro foi marcado para sábado, em um café.

Chanyeol foi mais cedo que combinado, afinal Jongin lhe reconheceria com felicidade, ao contrário de si. Sentou-se em uma das mesas, e ficou dobrando os guardanapos até ouvir a cadeira a sua frente ser puxada.

Esperou um pouco antes de levantar a face e encontrar com o rosto desconhecido por sua mente, era um pouco diferente das fotos, o cabelo estava com uma cor diferente, mas ele continuava bonito.

“Jongin, certo?”

“Você costumava me chamar de Kai.” O moreno colocou as mãos sobre a mesa, entrelaçando uma nas outras.

“Como eu disse por telefone, eu não me lembro de nada antes do acidente.”

“Sim, eu sinto muito por isso.”

Chanyeol sentiu um momento de tensão, e agradeceu quando um garçom chegou oferecendo algo, parecia ser um conhecido de Jongin, pelo jeito como conversaram, não prestou muito atenção, apenas pediu o seu café.

“Você vai pra casa depois, ou vai me esperar?” O garçom indagou, fazendo Chanyeol olhar a cena, curioso. Acabou recebendo um olhar nada gentil do outro.

“Eu vou pra casa e passo na sua mais tarde, Kyungsoo.”

“Está bem.” Disse se retirando.

“Seu novo namorado?” Indagou com escárnio, vendo Jongin confirmar com a cabeça, um pouco envergonhado. “Esqueça, nem sei por que vim aqui.”

Levantou-se, e o outro o imitou, não deixando que fosse embora.

“Por favor, fique, eu preciso te explicar tudo.”

“E o que adianta? Eu vou continuar não lembrando de nada, e sem saber se o que me contar é a verdade.”

“Por mais envergonhado que eu esteja, eu prometo ser sincero, por favor, apenas sente-se.”

Chanyeol fez como o pedido, precisava mesmo saber a verdade, preencher aquele buraco negro na sua cabeça, por mais dolorido que fosse.

“Nós realmente namoramos?” Foi a primeira coisa que perguntou.

“Por quase um ano.”

“Então depois do acidente você me abandonou...” Completou a história, parecia simples.

“Não é bem assim.” Na verdade era, mas não com aquelas palavras. “Eu me senti mal pelo acidente, eu estava dirigindo, mas também não tive culpa, um carro da outra pista se perdeu e bateu bem do seu lado. Eu sinto muito por isso.”

Chanyeol engoliu em seco, quase havia perdido a vida.

“E depois, você foi me visitar no hospital?”

“Só no primeiro mês.” Abaixou a cabeça, envergonhado. “Os médicos estavam sem esperanças, eu acabei seguindo com a minha vida, uma vez ou outra eu ainda ia lá. E ficava confortável ao ver Baekhyun ao seu lado, ele passou vários noites no hospital com você, esperando que acordasse.”

Chanyeol sentiu um peso na consciência repentino, um pouco de arrependimento por ter batido do menor. Não deveria ter feito isso, mas falhou em controlar sua raiva. Apertou os punhos inconscientemente, machucando a pele por causa das unhas compridas.

“O-o quanto a gente se gostava?” Indagou realmente receoso, com a voz falha.

Jongin sorriu um pouco, antes de responder.

“Não o suficiente pra viver juntos pra sempre. Você está descobrindo a sua sexualidade comigo, mas nunca se doava por inteiro, sabe?”

“Ah...” Foi tudo o que disse. Estava um pouco decepcionado na verdade, na foto eles pareciam realmente felizes. Mas pensando bem, até que se sentia aliviado também. “Isso é tudo. Eu preciso ir.”

“Se cuida, Chanyeol.” Pediu, levantando-se com o mais alto. “Eu espero que não fique chateado comigo por muito tempo.”

“Eu não tenho esse luxo. É bom ver alguém que me conheceu antes do acidente. Aliás, eu tinha mais amigos?”

“De trabalho talvez, mas você só saia comigo, ou com o Baekhyun. Ah, e você conheceu a minha família também.”

“Nós chegamos a esse ponto...” Disse baixinho, mais para si do que para próprio rapaz.

“Não leve muito em consideração, você só queria conhecer uma família.”

“Ah.” Claro, nunca conheceu a sua, pelo que sabia.

 “Por que sempre viveu em um orfanato, e tal.” Completou sem graça para Chanyeol.

Chanyeol não se sentiu mal, era mais uma coisa que Baekhyun não tinha mentido. Chanyeol se despediu e foi embora depois disso, sem saber como seguiria dali pra frente, talvez andar um pouco e esfriar a cabeça seria a solução por agora.

“Hey, Chanyeol!” Uma voz conhecida lhe chamou. Virou-se e viu Jongin correndo na sua direção, o mesmo estava ofegante e quando parou de correu, teve que apoiar as mãos do joelho e esperar a respiração voltar ao normal. “E-eu... Eu esqueci de te dizer uma coisa.”

“O que?”

“N-nós terminamos no dia do acidente. Eu fiquei muito puto, mas você disse que era apaixonado por outra pessoa, e que precisava se confessar enquanto tinha tempo. Parece que você pressentiu que algo ia acontecer, só não teve tempo...”

Chanyeol ficou pensativo, sentindo seu coração bater forte dentro do peito.

“Eu acho que você já sabe quem é.”

***

Baekhyun estava sentado na ponta da cama do casal, quando Chanyeol chegou. Encostou-se na porta e ficou ali até ser notado, o que não demorou muito.

“Se sente melhor agora?” Indagou, fitando o guarda-roupa.

Chanyeol não respondeu, ficou observando a face machucado no outro, os lábios inchados e o nariz roxo. Realmente fizera um estrago, e ah, como doía em seu peito agora. Não tirou os olhos do outro, e este nenhuma vez lhe olhou, até sua boca começar a tremer.

Chanyeol ficou um pouco surpreso ao ver as lágrimas rolando pela face do seu noivo, ele parecia realmente tranquilo quando entrou.

“E-eu só queria que você não sofresse. Queria que ficasse bem. Oh meu Deus.” Pôs a mão na boca, tentando conter os soluços que estavam escapando por ela. “Eu nunca imaginei que fosse acordar sem memórias, eu não queria que você soubesse que tinha sido abandonado. E-eu também me aproveitei de você, mas só porque eu te amava muito e nunca tive coragem de confessar. E-eu estava me sentindo tão amado, toda vez que você me tocava, ah, eu... E-eu não podia ficar sem aquilo, por favor entenda. Eu pensava em contar a verdade, mas tinha medo que você me deixasse e voltasse para os braços do Jongin, eu não poderia suportar isso.” Disse de uma vez, caindo num choro desesperado. “Eu o amo tanto que chega a doer.”

Chanyeol respirou fundo, olhando para o teto e segurando a lágrimas, deveria ser forte. Seguiu até o menor, e o puxou para um abraço, surpreendendo-o. Baekhyun pareceu chorar ainda mais, se sentindo confortável para fazê-lo. Beijou a topo da cabeça do menor, e sorriu com algumas lágrimas lhe traindo e rolando pela face.

“Agora eu entendo porque eu me apaixonei tão rápido. É porque foi uma segunda vez.”

“Ah?” Baekhyun não conseguiu ouvir, ou pensou ter ouvido errado, não tinha certeza.

“A gente vai se casar. Vamos continuar criando novas lembranças... Tudo vai ficar bem.”

“V-você me perdoa? Vamos mesmo casar?”

Baekhyun quase não pôde acreditar no que tinha ouvido, por aqueles dois dias pensou que Chanyeol saíria da sua vida para sempre, que o odiaria para sempre. Mas Chanyeol estava ali, dizendo que ficariam juntos, que tudo ia ficar bem. Quase voltou a chorar novamente, mas engoliu o choro assim que Chanyeol o pegou no colo e lhe jogou na cama, subindo em cima de si em seguida.

“Ah, sim nós vamos casar.” Começou, ignorando a pergunta sobre o perdão. “E eu vou te amar todas as noites como hoje.”

Chanyeol começou a desabotuar a camisa do noivo aos poucos, e este engoliu em seco, enquanto recebia um olhar pervertido.

“Eu vou fazer amor com você até que se canse” Baekhyun sorriu, um sorriso tão doce que quebrou toda a pose sedutora e pervertida que Chanyeol estava tentando manter para amenizar o clima tenso. Caiu sobre o corpo pequeno, lhe abraçando com força e escondendo sua cabeça no ombro deste.

“Nunca mais minta pra mim.”

“Não vou.”

“Eu me apaixonei duas vezes...” Começou, deixando Baekhyun confuso. “Eu entendo porque me apaixonei tão rápido, eu já era apaixonado por você antes do acidente. Foi isso que eu disse antes.”

Então Baekhyun tinha ouvido certo, não sabia como o outro descobriu isso. Mas resolveu não perguntar, ele só queria aproveitar aquele momento.

“Eu deixo você se apaixonar quantas vezes quiser, desde que seja sempre por mim.”

E naquela noite, como prometido por Chanyeol, fizeram amor até cansar.

*FIM*


Notas Finais


Eu estava com muita dor de cabeça quando escrevi, não sei se ficou bom, mas eu só queria deixá-la pronta para vocês.
Por favor, comentem o que acharam *-*
Kiss
twitter @ficstaitian


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