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História Lendo o Futuro. - Capitulo XIII, parte II


Escrita por: Megizzie

Notas do Autor


...

Capítulo 15 - Capitulo XIII, parte II


Ouviram passos do lado de fora. Lupin precipitou-se para a porta; Harry pulou por cima das pernas de Hagrid e correu para o quintal.

Dois vultos tinham se materializado ali, e ao correr ao seu encontro, Harry percebeu que eram Hermione, agora retomando sua aparência normal, e Kingsley, ambos agarrados a um cabide de casacos amassado. Hermione atirou-se nos braços de Harry, mas Kingsley não demonstrou prazer algum ao vê-los. Por cima do ombro de Hermione, Harry o viu erguer a varinha e apontá-la para o peito de Lupin.

— Quais foram as últimas palavras de Alvo Dumbledore para nós dois?

— “Harry é a melhor esperança que temos. Confie nele” — respondeu Lupin calmamente.

 

- Típico de Dumbledore.

- As únicas pessoas que não poderiam confiar em Harry são aqueles que acreditam nos jornais. – May sorrir para o amigo.

 

Kingsley apontou a varinha para Harry, mas Lupin disse:

— É ele mesmo, já verifiquei.

— Tudo bem, tudo bem! — concluiu Kingsley, guardando a varinha sob a capa. — Mas alguém nos traiu! Eles sabiam, sabiam que era hoje à noite!

— É o que parece — replicou Lupin — mas aparentemente não sabiam que haveria sete Harrys.

 

- Como Snape sabia do plano? – Remus tentava a todo custo pensar o porquê.

- Creio que vocês não contaram. – Sra. Weasley olha os visitantes e os mesmos negam.

- A senhora ficará surpresa. – Assente Lana sapeca e eles se entreolham curiosos.

 

— Grande consolo! — rosnou Kingsley. — Quem mais voltou?

— Só Harry, Hagrid, Jorge e eu.

Hermione abafou um gemido com a mão e Mayara mordeu o lábio nervosa.

 

Não dava para ver, mas a cada segundo May apertava cada vez mais o braço nervosa.

 

— Que aconteceu com você? — Lupin perguntou a Kingsley.

— Fui seguido por cinco, feri dois, talvez tenha matado um — enumerou o auror. — E vimos Você-Sabe-Quem, ele se juntou aos Comensais mais ou menos no meio da perseguição, mas desapareceu em seguida. Remo, ele é capaz de...

— Voar — completou Harry. — Eu o vi também, veio atrás de mim e Hagrid.

— Então foi por isso que sumiu: para seguir você! — concluiu Kingsley. — Não consegui entender por que tinha desistido. Mas o que o levou a mudar de alvo?

— Harry foi bondoso demais com Lalau Shunpike — disse Lupin.

— Lalau? — repetiu Hermione. — Pensei que ele estava em Azkaban, não?

Kingsley deu uma risada sem graça.

— Obviamente, Hermione, houve uma fuga em massa que o Ministério abafou. O capuz de Travers caiu quando eu o amaldiçoei, ele deveria estar preso também. Mas que aconteceu com você, Remo? Onde está Jorge?

 

- Fez parecer fácil fugir de lá. – Mione segurava as mãos do amigos nervosa.

- Se tiver ajuda de fora é fácil. – Sirius pontua.

 

— Perdeu uma orelha — informou-o Lupin.

— Perdeu uma...? — repetiu Hermione com a voz esganiçada.

— Obra de Snape — disse Lupin.

 

Todos os Weasley começaram a gritar ao mesmo tempo com Snape que fingia que não ouvia.

- Ei! – Potter levanta gritando fazendo ecoar por todo salão e todos ficarem quietos. – Sem julgamento até o final do livro!

- Mas Harry, ele...

- Eu sei oque ele fez, mas essa discussão só adiaria o final e com isso as respostas de todos.

Quando percebeu que ninguém falaria mais nada se sentou  pediu para a continuação da leitura.

 

— Snape? — gritou Harry. — Você não disse...

— Ele perdeu o capuz durante a perseguição. O Sectumsempra sempre foi uma especialidade de Snape. Eu gostaria de poder dizer que lhe paguei na mesma moeda, mas pude apenas manter Jorge montado na vassoura depois que foi ferido, estava perdendo muito sangue.

 

- Porque ele usou esse feitiço? Pensei que comensais iam para matar, e não pareceu que ele queria isso. – Mione fala consigo mesma baixo.

 

O silêncio se abateu sobre os cinco ao erguerem os olhos para o céu. Não havia sinal de movimento; as estrelas retribuíram seu olhar, sem piscar, indiferentes, sem sombra de amigos em voo. Onde estava Rony? Onde estavam Fred e o Sr. Weasley? Onde estavam Gui, Fleur, Tonks, Olho-Tonto e Mundungo?

— Harry, me ajuda aqui! — chamou Hagrid, rouco, da porta na qual tornara a se entalar.

Feliz de ter o que fazer, Harry empurrou-o e depois atravessou a cozinha para voltar à sala de visitas, onde a Sra. Weasley e Gina ainda cuidavam de Jorge. A Sra. Weasley estancara a hemorragia e, à luz do candeeiro, Harry viu um buraco aberto onde antes havia uma orelha.

 

- Maneiro. – Jorge rir recebe um tapa da mãe fazendo Fred gargalhar.

 

— Como está ele?

A Sra. Weasley se virou para responder:

— Não posso recompor uma orelha que foi decepada por Artes das Trevas. Mas poderia ter sido muito pior... ele está vivo.

— Graças a Deus — disse Harry.

— Ouvi a voz de mais alguém no quintal? — perguntou Gina.

— Hermione e Kingsley.

— Felizmente — sussurrou Gina.

Os dois se entreolharam; Harry teve vontade de abraçá-la, não largá-la mais; nem se importava que a Sra. Weasley estivesse presente, mas, antes que pudesse dar vazão a esse impulso, ouviram um grande estrondo na cozinha.

 

Ambos os mais novos coraram.

 

— Fred! — ouviu Mayara gritar já correndo até o mesmo e pulando em seu colo o abraçando apertado, não pode ouvir o resto da conversa, mas soube que ela contara tanto a Fred como a Arthur sobre Jorge.

 

May sentiu Draco se mexer no pufe desconfortável, então acaricia sua mão tentando passar confiança.

 

— Vou provar quem sou, Kingsley, depois que vir o meu filho, agora saia da frente se sabe o que é bom para você!

Harry nunca ouvira o Sr. Weasley gritar assim. O bruxo irrompeu na sala, a careca brilhando de suor, os óculos tortos, Fred em seus calcanhares, os dois pálidos e ilesos.

— Arthur! — soluçou a Sra. Weasley. — Graças aos céus!

— Como é que ele está?

O Sr. Weasley ajoelhou-se ao lado de Jorge. Pela primeira vez desde que Harry o conhecia, Fred parecia não saber o que dizer. De pé, atrás do sofá, olhava boquiaberto para o ferimento do irmão gêmeo como se não conseguisse acreditar no que via.

Despertado talvez pelo barulho da chegada de Fred e do pai, Jorge se mexeu.

— Como está se sentindo, Jorginho? — sussurrou a Sra. Weasley.

 

Os irmãos começam o zoar pelo apelido.

 

O rapaz levou os dedos ao lado da cabeça.

— Mouco — murmurou.

 

- Destrambelhou de vez. – Fred nega.

 

— Que é que ele tem? — perguntou Fred lugubremente, com um ar aterrorizado, Mayara estava apenas pensativa tentando entender Jorge. — A perda afetou o cérebro dele?

— Mouco — repetiu Jorge, abrindo os olhos e erguendo-os para o irmão. — Entende... surdo e oco, Fred, sacou?

 

Parecia que o mundo começou a gritar denovo, só que dessa vez com Jorge.

- Eu estava preocupado com você! E você manda uma piada ruim!? – Fred estapeava o irmão.

 

 

A Sra. Weasley soluçou mais forte que nunca. A cor inundou o rosto pálido de Fred. Mayara ria aliviada.

— Se você não estivesse nessa situação eu lhe batia, Jorge. – Mayara passa mão nos cabelos.

 

Delicada como sempre, querendo me bater mesmo sem uma orelha. Jorge nega e May o enche de tapas. Ai! Que isso?

Você ainda tem duas orelhas.  

 

— Patético — respondeu Fred ao irmão. — Patético! Com um mundo de piadas sobre ferimentos para escolher, você me vem com “mouco”?

— Ah, bem — disse Jorge, sorrindo para a mãe debulhada em lágrimas. — Agora você vai poder distinguir quem é quem, mamãe.

Ele olhou para os lados.

— Oi, Harry... você é o Harry, certo?

— Sou — respondeu Harry, aproximando-se do sofá.

— Bom, pelo menos você voltou inteiro — comentou Jorge. — Por que Rony e Gui não estão rodeando o meu leito de enfermo?

— Ainda não voltaram, Jorge — disse a Sra. Weasley.

O sorriso de Jorge desapareceu. Harry olhou para Gina e fez sinal para que o acompanhasse ao quintal. Ao passarem pela cozinha, a garota comentou em voz baixa:

— Rony e Tonks já deviam ter voltado. A viagem não era demorada; a casa de tia Muriel não é tão longe daqui.

Harry não respondeu. Desde que chegara À Toca tinha procurado afastar o medo, mas agora o sentimento o envolveu, pareceu deslizar por sua pele, vibrar em seu peito, obstruir sua garganta. Quando desceram os degraus para o quintal escuro, Gina segurou sua mão. Kingsley estava dando grandes passadas para lá e para cá, olhando para o céu cada vez que completava uma volta. Harry se lembrou do tio Válter fazendo o mesmo na sala de estar, há milhões de anos. Hagrid, Hermione e Lupin se achavam parados, ombro a ombro, contemplando o céu em silêncio. Nenhum deles se virou quando Harry e Gina se uniram à sua muda vigília.

Os minutos se prolongaram como se fossem anos. O mais leve sopro de vento os sobressaltava e os fazia virar para o arbusto ou árvore que farfalhava, na esperança de que algum membro da Ordem, ainda ausente, saltasse ileso da folhagem...

Então uma vassoura se materializou diretamente sobre eles, e, como um raio, foi em direção ao chão...

— São eles! — gritou Hermione.

 

— Adivinhem quem são? — Gina olha a amiga que cora.

— Quem? — pergunta Rony lerdo.

— Você e Tonks. – Neville rir.

— Ahm? — Rony olha todos lerdo.

— Nada não Ron.

 

Tonks fez uma longa derrapagem que levantou terra e pedras para todo lado.

— Remo! — gritou ela ao descer entorpecida da vassoura para os braços de Lupin.

O rosto do marido estava sério e pálido: parecia incapaz de falar. Rony desmontou tonto e saiu aos tropeços ao encontro de Harry e Hermione.

 

— O amor. — Sirius olha o amigo que permanecia sem expressão, enquanto Tonks não tirava o sorriso do rosto.

 

— Você está bem — murmurou ele, antes de Hermione se precipitar para ele e abraçá-lo com força.

— Pensei... pensei...

— Tô inteiro — disse Rony, dando-lhe palmadinhas nas costas. — Tô inteiro.

 

— Palmadinha das costas? — James faz careta.

— Que horror, nem parece meus pais que todo motivo é para beijo. — Hugo olha os pais e os mesmos dão de ombro.

Rony gagueja pela declaração do futuro filho enquanto Mione corava abaixando a cabeça.

— Até Rose e Scorpius que não admitem amor são mãos carinhosos. — Lana olha o irmão rindo.

— Cala Boca escrotinha. – os gêmeos começam a se estapear enquanto a mãe finge não ver.

— Está difícil? — Malfoy olha os filhos que na hora param de brigar e abaixarem a cabeça para não receberem esporro. — Pensei.

 

— Rony foi o máximo — comentou Tonks calorosamente, soltando Lupin. — Fantástico. Estuporou um dos Comensais da Morte direto na cabeça, e olha que quando se está mirando um alvo móvel montado em uma vassoura...

 

— Você fez isso? — Mione olha Ronald surpresa.

— Sempre o tom de surpresa. — Rony resmunga enquanto o mais velho concorda.

 

— Você fez isso? — perguntou Hermione, olhando para Rony ainda com os braços em seu pescoço.

— Sempre o tom de surpresa — disse o garoto se desvencilhando, rabugento. — Somos os últimos a chegar?

 

Os amigos gargalham dos dois e começam a dizer que são perfeitos um para o outro.

 

— Não — disse Gina — ainda estamos esperando Gui e Fleur e Olho-Tonto e Mundungo. Vou avisar mamãe e papai de que você está bem, Rony...

Ela correu para dentro de casa.

— Então, qual foi a razão do atraso? Que aconteceu? — Lupin perguntou a Tonks quase zangado.

— Belatriz — respondeu ela. — Me quer tanto quanto quer o Harry, Remo, fez tudo para me matar. Eu gostaria de tê-la acertado, fiquei devendo. Mas, definitivamente, ferimos Rodolfo... então chegamos à casa da tia de Rony, Muriel, onde perdemos a nossa Chave de Portal, e ela ficou nos paparicando...

Um músculo tremia no queixo de Lupin. Ele assentiu, mas parecia incapaz de dizer qualquer outra coisa.

 

— É minha culpa dela querer te matar dessa maneira. — sussurra Remus.

— Não. — nega Tonks — Ela iria querer me matar de qualquer jeito, casando com você ou não.

— Vocês estarem juntos só aumentou a ira dela. — Teddy olha os pais. — É por causa da vovó, você sabe. — olha Remus que preferiu ficar quieto.

 

— E que aconteceu com vocês? — perguntou Tonks, virando-se para Harry, Hermione e Kingsley.

Eles contaram o que acontecera em suas jornadas, mas todo o tempo a ausência continuada de Gui, Fleur, Olho-Tonto e Mundungo parecia recobri-los como gelo, a frialdade a cada momento mais difícil de ignorar.

— Vou ter que voltar à residência do primeiro-ministro. Já deveria ter chegado lá há uma hora — disse Kingsley por fim, após esquadrinhar o céu uma última vez. — Avisem quando eles chegarem.

Lupin assentiu. Com um aceno para os demais, Kingsley se afastou no escuro em direção ao portão. Harry pensou ter ouvido um levíssimo estalido quando Kingsley desaparatou pouco além do perímetro d’A Toca.

O Sr. e a Sra. Weasley desceram correndo os degraus dos fundos, seguidos por Gina, e abraçaram Rony antes de falarem com Lupin e Tonks.

— Obrigada — disse a Sra. Weasley — pelos nossos filhos.

— Não seja boba, Molly — protestou Tonks na mesma hora.

— Como está Jorge? — perguntou Lupin.

— Que aconteceu com ele? — esganiçou-se Rony.

— Perdeu...

 

— Alguém chegou...

 

O final da frase da Sra. Weasley, porém, foi abafado por uma gritaria geral: um testrálio acabara de surgir no céu e aterrissar a pouca distância do grupo. Gui e Fleur desceram do animal, descabelados pelo vento, mas ilesos.

— Gui! Graças a Deus, graças a Deus...

A Sra. Weasley se adiantou para o casal, mas o abraço que Gui lhe concedeu foi superficial. Olhando diretamente para o pai, comunicou:

— Olho-Tonto morreu.

 

Tonks começou a chorar enquanto o dito apenas olhava o livro imparcial, como se a morte dele não fosse nada.

— Por isso o nome do capítulo. — Harry olha Alastor que não tirava os olhos do livro.

 

Ninguém falou, ninguém se mexeu. Harry sentiu que alguma coisa dentro dele estava caindo, atravessando a terra, deixando-o para sempre.

— Vimos acontecer — continuou Gui; Fleur confirmou com a cabeça, lágrimas brilhantes escorrendo por suas faces à claridade da janela da cozinha. — Foi logo depois que rompemos o cerco: Olho-Tonto e Dunga estavam perto de nós, rumando também para o norte. Voldemort, que é capaz de voar, partiu direto para cima deles. Dunga entrou em pânico, ouvi-o gritar, Olho-Tonto tentou fazê-lo parar, mas ele desaparatou. A maldição de Voldemort atingiu Olho-Tonto em cheio no rosto, ele caiu da vassoura e... nada pudemos fazer, nada, havia meia dúzia deles nos perseguindo...

A voz de Gui quebrou.

— Claro que você não poderia ter feito nada — disse Lupin.

Todos pararam, se entreolhando. Harry não conseguia absorver. Olho-Tonto morto; não podia ser... Olho-Tonto, tão resistente, tão corajoso, um perfeito sobrevivente...

 

— Palavras acolhedoras, Harry, mas no fim todos morrem. – Olho-Tonto olha o garoto.

— Mas não tinha que ser agora. — ele retruca.

— Mas aconteceu... — Harry reparou que o mesmo não queria falar muito sobre isso e ficou quieto.

 

Por fim, as pessoas começaram a compreender, embora ninguém falasse, que não havia mais razão para continuar aguardando no quintal e, em silêncio, eles acompanharam o Sr. e a Sra. Weasley de volta à casa e à sala de visitas, onde Mayara permanecia quieto olhando Fred e Jorge que riam juntos.

— Que aconteceu? — perguntou Fred, vendo os rostos das pessoas à medida que entravam. — Que aconteceu? Quem...?

— Olho-Tonto — disse o Sr. Weasley. — Morto.

As risadas dos gêmeos se transformaram em caretas de sobressalto. Ninguém parecia saber o que fazer. Tonks chorava silenciosamente, levando o lenço ao rosto: Harry sabia que ela fora muito chegada a Olho-Tonto, sua aluna favorita e protegida no Ministério da Magia.

Hagrid, que se sentara no chão, a um canto mais espaçoso, enxugava os olhos com um lenço do tamanho de uma toalha de mesa.

Gui foi ao aparador e apanhou uma garrafa de uísque de fogo e alguns copos.

 

— Um brinde. — Gui sorriu de lado.

 

— Peguem — disse ele e, com um aceno da varinha, lançou no ar doze copos cheios, um para cada pessoa, mantendo o décimo terceiro no ar. — A Olho-Tonto.

 

— A Olho-Tonto — todos na sala repetiram.

 

— A Olho-Tonto — disseram todos, e beberam.

— A Olho-Tonto — secundou Hagrid, atrasado com um soluço.

O uísque de fogo queimou a garganta de Harry: deu a impressão de instilar sentimento, dissipar a insensibilidade e a sensação de irrealidade, despertar nele algo semelhante à coragem.

— Então Mundungo desapareceu? — disse Lupin, que bebera todo o uísque de um gole.

 

— Você não bebia assim na época de escola. — Sirius olha Remus e o mesmo deu de ombro.

 

Houve uma mudança instantânea na atmosfera. Todos pareceram se tensionar e observar Lupin, dando a Harry a impressão de que desejavam que ele continuasse a falar e, ao mesmo tempo, receavam o que poderiam ouvir.

— Sei o que está pensando — disse Gui — e me ocorreu o mesmo pensamento quando estava voltando para cá, porque eles pareciam estar nos esperando, não é? Mas Mundungo não poderia ter nos traído. Eles não sabiam que haveria sete Harrys, isto os confundiu no instante em que aparecemos, e, caso tenham esquecido, foi Mundungo que sugeriu esse pequeno ardil. Por que omitiria esse ponto essencial para os Comensais? Acho que Dunga entrou em pânico, foi só. Primeiro não queria ir, mas Olho-Tonto o obrigou, e Você-Sabe-Quem investiu direto contra os dois: isto é suficiente para fazer qualquer um entrar em pânico.

— Você-Sabe-Quem agiu exatamente como Olho-Tonto previu — disse Tonks, fungando. — Olho-Tonto disse que ele calcularia que o verdadeiro Harry estaria com os aurores mais fortes e capazes. Perseguiu, primeiro, Olho-Tonto, e, quando Mundungo os denunciou, virou-se para Kingsley...

— É, tude stá muite bem — retrucou Fleur — mes inde nam exxplique come sabiem qu’ íamos trransferrir Arry hoje à noite. Alguém foi descuidade. Alguém deixou scapar a date prra um strranhe. É a unique explicaçon prra eles conhecerrem a data mas nam o plane tode.

 

— Sinto muito, eu não consigo ler isso direito, me deu até tontura. — May nega e Gui sorri sem graça.

— Pensei que você a ensinava inglês. — Molly olha o filho.

— Ele ensina, olha aqui como ele ensina. — Fred aponta para Victoria e Louis que riram do pai que ficava vermelho.

 

Ela olhou séria para todos, os filetes de lágrimas ainda visíveis em seu belo rosto, desafiando silenciosamente que alguém a contradissesse. Ninguém o fez. O único som a romper o silêncio foi a tosse de Hagrid, abafada por seu lenço. Harry olhou para o gigante, que acabara de arriscar a vida para salvá-lo – Hagrid a quem ele amava, em quem confiava, que no passado tinha caído em uma esparrela e dado a Voldemort uma informação crítica em troca de um ovo de dragão...

— Não — disse Harry em voz alta, e todos olharam para ele surpresos: o uísque de fogo aparentemente amplificara sua voz. — Quero dizer... se alguém errou — continuou Harry — e deixou escapar alguma coisa, sei que não errou por mal. Não é culpa dele — repetiu outra vez, um pouco mais alto do que teria normalmente falado. — Temos que confiar uns nos outros. Eu confio em todos vocês, acho que nenhum dos presentes nesta sala me venderia a Voldemort.

 

— Obvio que não! — Arthur nega exasperado.

 

Às suas palavras, seguiu-se mais silêncio. Todos olhavam para ele; Harry sentiu-se um pouco mais acalorado e bebeu um pouco mais de uísque de fogo para se ocupar. Ao beber, pensou em Olho-Tonto. O auror sempre ironizara a disposição de Dumbledore para confiar nas pessoas.

— Muito bem falado, Harry — disse Fred, inesperadamente.

— É, apoiado, apoiado — emendou Jorge, com um meio relance para Fred, cujo canto da boca tremeu.

Lupin tinha uma estranha expressão no rosto quando olhou para Harry: beirava a piedade.

 

Harry revira os olhos e cruza os braços.

 

— Você acha que sou tolo? — perguntou-lhe Harry.

— Não, acho que você é igual ao Tiago — respondeu Lupin — que teria considerado a maior desonra desconfiar dos amigos.

Harry sabia a que Lupin estava se referindo: que seu pai fora traído pelo amigo Pedro Pettigrew. Sentiu-se irracionalmente irritado. Queria discutir, mas Lupin lhe deu as costas, descansou o copo em uma mesinha lateral e se dirigiu a Gui.

— Temos trabalho a fazer. Posso perguntar a Kingsley se...

— Não — Gui o interrompeu. — Eu farei, eu irei.

— Aonde estão indo? — perguntaram Tonks e Fleur ao mesmo tempo.

— O corpo de Olho-Tonto — explicou Lupin. — Precisamos resgatá-lo.

— Não podem... — começou a Sra. Weasley, lançando um olhar suplicante a Gui.

 

— E deixar ele lá? — Gui nega.

— É o certo a fazer. — Carlinhos olha a mãe que suspira.

 

— Esperar? — perguntou Gui. — Não, a não ser que a senhora prefira que os Comensais da Morte o levem.

Todos se calaram. Lupin e Gui se despediram e saíram.

Os que tinham ficado agora se sentaram, todos exceto Harry, que continuou de pé. A repentinidade e completude da morte dominava a atmosfera da sala como uma presença.

— Eu tenho que ir também — anunciou Harry.

Dez pares de olhos assustados o olharam.

 

— Não seja tolo, Harry — disse Molly negando.

 

— Não seja tolo, Harry — disse a Sra. Weasley. — Que está dizendo?

— Não posso ficar aqui.

Ele esfregou a testa: voltara a formigar; não doía assim havia mais de um ano.

— Todos vocês correm perigo enquanto eu estiver aqui. Não quero...

— Mas não seja tolo! — protestou a Sra. Weasley. — A razão do que fizemos hoje à noite foi trazê-lo para cá em segurança e, graças aos céus, conseguimos. Fleur concordou em casar aqui, em vez de na França, já providenciamos tudo para que possamos ficar juntos e cuidar de você...

 

— Molly, ele não é mais uma criança. — Sirius nega.

— Claro que ele é.

— Ele já vai fazer 17 anos, e passou por muita coisa que uma criança não passaria.

 

Ela não compreendia; estava fazendo Harry se sentir pior e não melhor.

— Se Voldemort descobrir que estou aqui...

— Mas por que descobriria? — perguntou a Sra. Weasley.

— Há outros doze lugares onde você poderia estar agora, Harry — lembrou o Sr. Weasley. — Ele não tem como saber para qual das casas protegidas você foi.

— Não é comigo que estou preocupado! — contrapôs o garoto.

— Nós sabemos — replicou o Sr. Weasley em voz calma. — Mas, se você for embora, teremos a sensação de que os nossos esforços desta noite foram inúteis.

— Você não vai a lugar nenhum — rosnou Hagrid. — Caramba, Harry, depois de tudo que passamos para trazer você para cá?

— É, e a minha orelha sangrenta? — acrescentou Jorge, erguendo-se nas almofadas.

— Sei que...

— Olho-Tonto não iria querer isso...

— EU SEI! — berrou Harry.

Ele se sentiu pressionado e chantageado: será que pensavam que ignorava o que tinham feito por ele, não compreendiam que essa era exatamente a razão por que queria partir, antes que sofressem mais por sua causa? Houve um longo silêncio de constrangimento, em que sua cicatriz continuou a formigar e a latejar, e que foi, por fim, rompido pela Sra. Weasley.

— Onde está Edwiges, Harry? — perguntou ela, querendo agradá-lo. — Podemos colocá-la com Pichitinho e lhe dar alguma coisa para comer.

 

— Não foi de muita ajuda. — Mione suspira e olha o amigo.

 

As entranhas dele se contraíram como um punho. Não podia contar a verdade. Bebeu o resto do uísque de fogo para evitar responder.

— Espere até espalharem que você conseguiu novamente, Harry — disse Hagrid. — Escapou dele, o repeliu quando estava em cima de você!

— Não fui eu — negou Harry categoricamente. — Foi a minha varinha. Minha varinha agiu sozinha.

Passados alguns momentos, Hermione argumentou gentilmente:

— Mas isso é impossível, Harry. Você quer dizer que usou a magia sem querer; reagiu instintivamente.

— Não — respondeu Harry. — A moto estava caindo, eu não saberia dizer onde estava Voldemort, mas a minha varinha rodou a minha mão, localizou-o e disparou um feitiço, e não foi um feitiço que eu conhecesse. Nunca fiz aparecer labaredas douradas antes.

 

— Nunca ouvi falar de uma varinha agir sozinha. — Mione bate a cabeça, não literalmente.

— Achei que isso não fosse possível. — Rony mais confuso que ela.

— Tenho certeza que no livro explicará. — Dumbledore indica May para continuar.

 

— Muitas vezes — disse o Sr. Weasley — quando o bruxo está em uma situação crítica, é possível ele produzir feitiços com que nunca sonhou. Isso acontece muitas vezes com as crianças, antes de terem estudado...

— Não foi assim — retrucou Harry com os dentes cerrados.

Sua cicatriz estava queimando: ele sentia raiva e frustração; odiava a ideia de que o imaginassem dotado de um poder equiparável ao de Voldemort.

Todos se calaram. Harry sabia que não estavam acreditando nele. Agora, porém, lhe ocorria que nunca ouvira falar de uma varinha que fizesse gestos de magia por conta própria.

 

— Isso é impossível. — Minerva tentava a todo custo ter uma resposta.

 

 Sua cicatriz queimava barbaramente: só havia uma coisa que podia fazer para não gemer alto. Murmurando que ia tomar ar fresco, pousou o copo na mesa e saiu da sala.

Ao atravessar o quintal escuro, o grande testrálio ossudo ergueu a cabeça, moveu as enormes asas de morcego, depois continuou a pastar. Harry parou diante do portão que abria para o jardim e se pôs a contemplar as plantas excessivamente crescidas, esfregando a testa latejante e pensando em Dumbledore.

Dumbledore teria acreditado, disso ele tinha certeza. Dumbledore teria sabido como e por que sua varinha agira sem que a comandasse, porque Dumbledore sempre tinha as respostas; conhecia tudo sobre varinhas, explicara a Harry a estranha ligação que existia entre a sua varinha e a de Voldemort...

 

— Pera, isso tem a ver com a varinha de vocês serem gêmeas? — Nevil olha o amigo que assente.

— Tinha esquecido desse detalhe. — Mione morde o lábio.

 

...mas Dumbledore, tal como Olho-Tonto, como Sirius, como seus pais, como sua pobre coruja, todos tinham partido para um lugar em que Harry não poderia mais falar com eles. Sentiu, então, uma ardência na garganta que não tinha qualquer relação com o uísque de fogo.

E, sem saber como, a dor em sua cicatriz atingiu o auge. Ao apertar a testa e fechar os olhos, uma voz gritou em sua cabeça.

 

— Uma voz? Como assim— Draco olha a namorada confuso.

 

— Você me disse que o problema se resolveria usando a varinha de outro bruxo!

E em sua mente irrompeu a visão de um velho emaciado, coberto de trapos sobre um piso de pedra, gritando, um grito longo e terrível, um grito de insuportável agonia...

— Não! Não! Eu lhe suplico, eu lhe suplico...

— Você mentiu para Lorde Voldemort, Olivaras!

— Não menti... Juro que não...

— Você quis ajudar Potter, ajudá-lo a escapar de mim!

— Juro que não... Acreditei que uma varinha diferente funcionaria...

— Explique então o que aconteceu. A varinha de Lúcio foi destruída!

— Não consigo entender... a ligação... existe apenas... entre as duas varinhas...

— Mentiras!

— Por favor... eu lhe suplico...

E Harry viu a mão branca erguer a varinha e sentiu a raiva maligna de Voldemort, viu o frágil velho no chão se contorcer de agonia...

 

O salão estava em silencio, olhavam Harry tentando entender o que aconteceu ali.

— O que foi isso?

— Parecia que estava sonhando...

— Ele estava invadindo a mente de Voldemort. — Hermione nega, nunca gostou disso.

Dumbledore suspira e olha os visitantes: Então essa tal ligação existe.

— Não são sonhos, são visões. — Potter olha o mais novo.

 

— Harry?

A visão terminou tão depressa quanto surgira: Harry ficou tremendo no escuro, agarrado ao portão do jardim, o coração disparado, a cicatriz coçando. Decorreram vários segundos até ele perceber que Mayara, Rony e Hermione estavam ao seu lado.

— Harry, volte para dentro de casa — sussurrou Hermione. — Você não está pensando em ir embora mesmo, está?

— É, você tem que ficar, cara — disse Rony, batendo em suas costas.

— Você está passando bem? — perguntou Hermione, agora suficientemente perto para ver o rosto de Harry.

 — Está com uma cara horrível! — Mayara o olha preocupada.

— Bem — respondeu Harry, trêmulo — provavelmente estou com uma cara melhor do que Olivaras...

Quando ele terminou de contar o que vira, Rony demonstrava espanto, mas Hermione e Mayara estavam aterrorizadas, poderiam dizer que ambas são irmãs pelas expressões parecidas.

— Isso devia ter acabado! A sua cicatriz... não devia mais fazer isso! Você não pode deixar essa ligação reabrir: Dumbledore queria que você fechasse a mente!

 

— Falar é fácil, oclumencia não é muito legal de se aprender. — Alvo olha a tia sorrindo de lado.

 

Ao ver que o amigo não respondia, ela o agarrou pelo braço.

— Harry, ele está dominando o Ministério, os jornais e metade do mundo bruxo! Não deixe que ele se infiltre também em sua mente!

 

— Terminou. — May respira fundo.

— Dumbledore, eu tenho que ir. — Alastor levanta e olha o amigo. — Fazer vigia no ministério. — Olha o ministro que permanecia quieto e assustado no canto.

— Daremos um jeito Alastor, as mortes ditas no livro não iram acontecer. — Minerva o olha e o mesmo assente dando um simples aceno aos companheiros da Ordem antes de sair.



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