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História Lendo Percy Jackson e o Ladrão de Raios - Professora de álgebra


Escrita por: MeliVi

Notas do Autor


Capítulo feito pelo celular.
Mais tarde será editado e colocarei negrito.

Capítulo 2 - Professora de álgebra


Sem querer, transformo em pó minha professora de iniciação à Álgebra.
Annabeth leu, Thalia e Nico riram, claro Nico estava bem contido, mas mesmo assim riu um pouco.
  -   Como se mata alguém sem querer? - perguntou Jason, Annabeth deu de ombros e disse.
  - É o Percy. Tudo é possível!
  Não era necessário dizer que os três novatos no acampamento e os deuses ficaram curiosos com isso.
  - O que será que isso quer dizer? - se perguntaram a maioria.
  - Annabeth continue a ler. - Atena disse.
Olhe, eu não queria ser um meio-sangue.
  -   Por quê? - Apolo e Ares falaram.
  - Por que será? - respondeu, irônica, Ártemis.
Se você está lendo isto porque acha que pode ser um, meu conselho é o seguinte:
  - Nãoooooooo, deuses, não... - Thalia gritou.
  -   O quê? Porque tá gritando assim? - Hera perguntou, um pouco zangada.
  - Percy. Dando. Conselhos. É o fim do mundo mesmo. Literalmente! - Thalia disse, Annabeth e Nico só concordando com elas.
Feche este
livro agora mesmo. Acredite em qualquer mentira que sua mãe ou seu pai lhe contou sobre seu
nascimento, e tente levar uma vida normal.
  -   Não funciona muito. - Os semideuses disseram, tristonhos. Os deuses estavam pensando se deveriam se importar muito.
Ser meio-sangue é perigoso. É assustador. Na maioria das vezes, acaba com a gente de um jeito
penoso e detestável.
  -   É verdade, eu sei disso muito bem, e olha que faz pouco tempo que eu tô no negócio de deuses. - falou Leo, rindo, mas eles sabem que foi só para não se sentirem mal.
  Os deuses só olharam para os filhos.
Se você é uma criança normal, que está lendo isto porque acha que é ficção, ótimo. Continue
lendo. Eu o invejo por ser capaz de acreditar que nada disso aconteceu.
  -   Os mortais lêem isso? - Afrodite perguntou. Achando estranho, Apolo então respondeu.
  - Sim. Parece que foi publicado por alguém chamado Rick Riordan, no mundo mortal.
  - Hum... Estranho. - Atena falou - Quem é esse  que, aparentemente, sabe de todos os pensamentos de Perseu Jackson?
  - Quem sabe? - Thalia perguntou - Vamos continuar...
 
Mas, se você se reconhecer nestas páginas – se sentir alguma coisa emocionante lá dentro -,
pare de ler imediatamente. Você pode ser um de nós. E, uma vez que fica sabendo disso, é apenas
uma questão de tempo antes que eles também sintam isso, e venham atrás de você.
  -   Na verdade... é um bom aviso! - Annabeth disse. Nico e Thalia também pareciam espantados. Leo, Jason  e e Piper pensando *Ele é mesmo o maior herói com os amigos falando assim dele?*
  - Eu ia explicar para vocês por que estamos falando assim de Percy, mas vocês vão entender. - Nico disse - Lendo.
  Os deuses só observavam e ouviam a leitura.
Não diga que eu não avisei.
  -   Não diga! - Nico ameaçou a Leo que já ia abrindo a boca.
Meu nome é Percy Jackson.
  -   Quem adivinharia. - Thalia disse sarcástica.
  Alguns deram umas risadinhas.
Tenho doze anos de idade.
Até alguns meses atrás, era aluno de um internato, na Academia
Yancy, uma escola particular para crianças problemáticas no norte do estado de Nova York.
Se eu sou uma criança problemática?
  -   Sim! - Thalia e Annabeth e Nico disseram juntos. Hades concordou com os três.
Sim. Pode-se dizer isso.
  -   Até mesmo ele diz isso -  Poseidon disse, meio  divertido e meio horrorizado -, é mesmo um caso perdido.
  E esta observação arrancou algumas risadas de quem tem senso de humor.
Eu poderia partir de qualquer ponto da minha vida curta e infeliz para prová-lo,
  - Curta e infeliz? - Poseidon disse, calmo só para si.
Mas as coisas
começaram a ir realmente mal no último mês de maio, quando nossa turma do sexto ano fez uma
excursão a Manhattan – vinte e oito crianças alucinadas e dois professores em um ônibus escolar
amarelo indo para o Metropolitan Museum of Art, a fim de observar velharias gregas e romanas.
  - Tirando a parte do ônibus, parece ótimo. - Annabeth disse.
  - Sim - Atena concordou -, talvez eu deva ir ao museu novamente...
  -   Ugh - Leo, Piper, Thalia e Nico disseram - que tortura.
  - Concordo! - Apolo e Hermes disseram.
Eu sei, parece tortura.
  - Sim. - disseram os ditos a cima.
- Pelo menos ele concorda.
A maior parte das excursões da Yancy era mesmo.
Mas o sr. Brunner, nosso professor de latim, estava guiando essa excursão, assim eu tinha
esperanças.
O sr. Brunner era um sujeito de meia-idade em uma cadeira de rodas motorizada. Tinha o
cabelo ralo, uma barba desalinhada e usava um casaco surrado de tweed que sempre cheirava a
café. Talvez você não o achasse legal, mas ele contava histórias e piadas e nos deixava fazer
brincadeiras em sala.
Também tinha uma impressionante coleção de armaduras e armas romanas, portanto era o único
professor cuja aula não me fazia dormir.
  -   Ele dormia na aula? - Atena perguntou  indignada.
  - Deixa eu tentar adivinhar quem é... - Hera começou.
  - É Quiron! - Dionísio cortou a rainha, que ficou bem chateada.
Eu esperava que desse tudo certo na excursão. Pelo menos tinha esperança de não me meter em
encrenca dessa vez.
  -   Duvi de ó do. - Annabeth disse.
  - Percy é um ímã para encrencas. - Nico completou a frase de Annabeth.
Cara, como eu estava errado.
  -   E aí está a confirmação... - Apolo apontou, rindo.
Entenda: coisas ruins me acontecem em excursões escolares. Como na minha escola da quinta
série, quando fomos para o campo de batalha de Saratoga, e eu tive aquele acidente com um
canhão da Revolução Americana. Eu não estava apontando para o ônibus da escola, mas é claro que fui expulso do mesmo jeito.
  -   Cara, isso é tão Percy. - riram os semideuses gregos mais antigos, Poseidon riu um pouco também.
E antes disso, na escola da quarta série, quando fizemos um passeio pelos bastidores do tanque
dos tubarões do Mundo Marinho, e eu de, alguma forma, acionei a alavanca errada no passadiço e
nossa turma tomou um banho inesperado. E antes disso... Bem, já dá para você ter uma idéia.
  -   Eu queria ouvir mais... é ouro puro. - os brincalhões riram.
Nessa viagem, eu estava determinado a ser bonzinho.
  -   Seiiii. - Annabeth, Nico e Thalia, junto com Hades mentalmente, disseram.
Ao longo de todo o caminho para a cidade aguentei Nancy Bobofit, aquela cleptomaníaca ruiva
e sardenta, acertando a nuca do meu melhor amigo, Grover, com pedaços de sanduíche de
manteiga de amendoim com ketchup.
  -   O quê? - Thalia e Annabeth rosnaram.
Grover era um alvo fácil.
  - O quê? - foi a vez de Nico.
Ele era magrelo. Chorava quando ficava frustrado. Devia ter repetido
de ano muitas vezes, porque era o único na sexta série que tinha espinhas e uma barba rala
começando a nascer no queixo. E, ainda por cima, era aleijado.
  - Ele é amigo dele mesmo? - perguntou Leo rindo.
  - Acho que é... - Jason disse, um pouco confuso.
Tinha um atestado que o
dispensava da Educação Física pelo resto da vida, porque tinha algum tipo de doença muscular nas
pernas. Andava de um jeito engraçado, como se cada passo doesse, mas não se deixe enganar por
isso. Você precisa vê-lo correr quando era dia de enchilada na cantina.
  -   Hahaha, é mesmo o Grover. - Thalia riu. Era claro que eles ainda estavam preocupados, mas era menos agora.
De qualquer modo, Nancy Bobofit estava jogando bolinhas de sanduíche que grudavam no
cabelo castanho cacheado dele, e ela sabia que eu não podia revidar, porque já estava sendo
observado, sob o risco de ser expulso. O diretor me ameaçara de morte com uma suspensão ―na
escolaǁ (ou seja, sem poder assistir às aulas, mas tendo de comparecer à escola e ficar trancado
numa sala fazendo tarefas de casa) caso alguma coisa ruim, embaraçosa ou até moderadamente
divertida acontecesse durante a excursão.
  -   Ah cara, que chato. - Leo disse.
  -   Não se preocupe, conhecendo Perseu ele não vai obedecer. -  Hades falou - Falando nisso, cadê ele?
  Não é que ele não sabia  o que Juno, Juno a própria, tinha  sequestrado  o garoto. Ele só queria colocar lenha na fogueira. Hestia balançou a cabeça negativamente para ele, mas ele não ligou.
- Sumiu, ninguém sabe dele. - Thalia disse - E com o Olimpo fechado nós nem podemos pedir ajuda para encontrá-lo.
  - Mas, nós temos uma idéia de onde ele possa estar e de quem o pegou. - Annabeth disse.
  - Nós temos? - Nico perguntou, fingindo ignorância.
- Eu vou matá-la – murmurei.
  -   Sim, por favor, ação. - Ares disse.
Grover tentou me acalmar.
  -   Nãoooo. - Ares disse - Deixe- o.
- Está tudo bem. Gosto de manteiga de amendoim.
  -   Não no seu cabelo, tenho certeza. - Hefesto disse. Afrodite o olhou *será que ele vai começar a se preocupar com sua aparência? Talvez eu possa ajudar.*
Ele se esquivou de outro pedaço do lanche de Nancy.
- Agora chega. - Comecei a levantar,
  - Sim....
mas Grover me puxou de volta para o assento.
  -   Nãoooo...
- Você já está sendo observado - ele me lembrou. - Sabe que será culpado se acontecer alguma
coisa.
  - Ele sempre é. - Nico disse.
  - E o pior é que é verdade. - Annabeth falou.
  - Vocês falam como se ele estivesse morto. - Piper disse - Tenho certeza que ele vai estar onde achamos que ele tá.
  - E onde seria isso? - perguntou Poseidon.
  Nenhum dos semideuses disse nada.
  - Ótimo. Ignorem um deus. Um pai preocupado. Sequestrado pelo próprio irmão.
  - E eu pensado que o deus mais dramático era o meu pai. - Thalia disse só para Nico e Annabeth.
  - Ouvi isso!

Quando me lembro daquilo, preferia ter acertado Nancy Bobofit no ato. A suspensão na escola
não teria sido nada em comparação com a encrenca que eu estava prestes a me meter.
O sr. Brunner guiou o passeio pelo museu.
Ele foi na frente em sua cadeira de rodas, conduzindo-nos pelas grandes galerias cheias de ecos,
passando por estátuas de mármore e caixas de vidro repletas de cerâmica preta e laranja muito
velha.
  -   É claro que teria que ter  uma observação dessas. - disse Nico.
Eu ficava alucinado só de pensar que aquelas coisas tinham sobrevividos por dois mil, três mil
anos.
  -   Um pouco mais. - disse Hestia de sua lareira.
Ele nos reuniu em volta de uma coluna de pedra com quatro metros de altura e uma grande
esfinge no topo,
Annabeth estremeceu um pouco com a lembrança de esfinge.
Sr Brunner começou a explicar que aquilo era um marco tumular, uma estela, feita para
uma menina mais ou menos da nossa idade. Contou-nos sobre as inscrições laterais. Estava
tentando ouvir o que ele tinha a dizer, porque era um pouco interessante, mas todos ao meu redor
estavam falando, e cada vez que eu dizia para calarem a boca, a outra professora que nos
acompanhava, a sra. Dodds, me olhava de cara feia.
A sra. Dudds era aquela professorinha de matemática da Geórgia que sempre usava um casaco
de couro preto, apesar de ter cinqüenta anos de idade. Parecia má o bastante para entrar com uma
moto Harley bem dentro do seu armário. Tinha chegado em Yancy no meio do ano, quando nossa
última professora de matemática teve um colapso nervoso.
  - Será que foi o Percy? - Thalia perguntou.
  - Não dúvido muito. - Annabeth respondeu.
  Leo, Jason e Piper realmente queriam saber como é que Percy Jackson, um cara mais admirado que os próprios deuses, chegou a ser assim se os amigos faziam ele parecer um garoto problema.
Desde o primeiro dia, a sra. Dodds adorou Nancy Bobofit e concluiu que eu tinha sido gerado
pelo diabo.
  - Olha Nico, ela achou que ele era seu irmão. - Thalia disse no mesmo momento que Hades dizia.
  - Ele não é meu filho...
   Todos olharam estranhamente para ele que se justificou dizendo: - Todos dizem que eu sou o diabo, só tava me defendendo.

Ela me apontava o dedo torto e dizia: ―Agora, meu bem, com a maior doçura, e eu sabia que
ia ficar detido depois da aula por um mês.
Certa vez, depois que ela me fez apagar as respostas em antigos livros de exercícios de
matemática até meia-noite, disse a Grover que achava que a sra. Dodds não era gente. Ele olhou
para mim, muito sério, e disse: - Você está certíssimo.
  -   Legal! - Ártemis disse sarcástica - Belo jeito de estragar o disfarce.
O sr. Brunner continuou falando sobre arte funerária grega.
Finalmente, Nancy Bobofit, abafando o riso, falou algo sobre o sujeito pelado na estela, e eu me
virei e disse: - Quer calar a boca?
Saiu mais alto do que eu pretendia.
  -   Sempre! - os semideuses disseram suspirando.
   Os deuses só os observavam.
O grupo inteiro deu risada. O Sr. Brunner interrompeu seu história.
- Sr. Jackson - disse ele -, fez algum comentário?
Meu rosto estava completamente vermelho. Eu disse: - Não, senhor.
O sr. Brunner apontou para uma das figuras na estela.
- Talvez possa nos dizer o que esta figura representa.
Olhei para a imagem entalhada e senti uma onda de alívio, porque de fato a reconhecera.
  -   O quê? Ele sabe? - Thalia perguntou. Nico e alguns deuses riram enquanto Annabeth continuou a leitura e Jason, Leo e Piper só observavam.
- É Cronos comendo os filhos, certo?
- Sim – disse o sr. Brunner, e obviamente não estava satisfeito. – E ele fez isso porque...
- Bem... - eu quebrei a cabeça para me lembrar. - Cronos era o deus-rei e...
  -   Deus-rei? - Zeus perguntou zangado.
- Rei? - perguntou o sr. Brunner.
- Titã - eu me corrigi. - E... ele não confiava nos filhos, que eram os deuses. Então, hum, Cronos
os comeu, certo? Mas sua esposa escondeu o bebê Zeus e deu a Cronos uma pedra para comer no
lugar dele.
  - Imagine o que ele era feio pro pai confundi-lo com uma pedra. - Poseidon disse para Hades que riu um pouco.
E depois, quando Zeus cresceu, ele enganou o pai, Cronos, e o fez vomitar seus irmãos
e irmãs.
- Eca! - disse uma das meninas atrás de mim.
  -   Sim, eca. - Deméter disse.
- ...e então houve aquela grande briga entre os deuses e os titãs - continuei -, e os deuses
venceram.
  -   Resumo de uma história de guerra em um parágrafo. - Atena disse.
  - Isso é talento. - Hermes comentou.
  - Não tem nenhum detalhe. - a deusa rebateu.
  - Quem precisa de detalhes? - Apolo perguntou.
  Annabeth resolveu continuar a ler e assim interromper a discussão iminente.
Algumas risadinhas do grupo.
Atrás de mim, Nancy Bobofit murmurou para uma amiga: - Como se fôssemos usar isso na vida
real. Como se fossem falar nas nossas entrevistas de emprego: ―Por favor explique por que
Cronos comeu seus filhos.
- E por que, Sr. Jackson - disse o sr. Brunner -, parafraseando a excelente pergunta da Srta.
Bobofit, isso importa na vida real?
- Se ferrou – murmurou Grover.
  -   Grover sou eu. - Leo disse, rindo um pouco.
- Cala a boca - chiou Nancy, a cara ainda mais vermelha que seu cabelo.
Pelo menos Nancy também foi enquadrada. O sr. Brunner era o único que a pegava dizendo algo
errado.
Tinha ouvidos de radar.
Pensei na pergunta dele, e encolhi os ombros.
- Não sei, senhor.
  -   É... resposta padrão dele. - Nico disse. Thalia só concordando.
- Entendo. - O sr. Brunner pareceu desapontado. - Bem, meio ponto, Sr. Jackson. Zeus, na
verdade, deu a Cronos uma mistura de mostarda e vinho, o que o fez vomitar as outras cinco
crianças, que, é claro, sendo deuses imortais, estavam vivendo e crescendo sem serem digeridas no estômago do titã. Os deuses derrotaram o pai deles, cortando-no em pedaços com sua própria
foice e espalharam os restos no Tártaro, a parte mais escura do Mundo Inferior. E com esse alegre
comentário, é hora do almoço. Sra. Dodds, quer nos levar de volta para fora?
  -   Isso é o que eu chamo de um comentário alegre. - Piper disse.
A turma foi retirada, as meninas segurando a barriga, os garotos empurrando uns aos outros e
agindo como bobões.
  -   Eles são. Ainda bem que ele sabe. - Todas as mulheres disseram.
Grover e eu estávamos prestes a segui-los quando o sr. Brunner disse: - Sr. Jackson.
  -   Vish! - Leo falou.
Eu sabia o que vinha a seguir.
Disse a Grover para ir andando. Então me voltei para o professor.
- Senhor?
O sr. Brunner tinha aquele olhar que não deixa a gente ir embora - olhos castanhos intensos que
poderiam ter mil anos de idade e já ter visto de tudo.
  -   Tudo não - Hera disse -, quase tudo.
  Os deuses concordaram com ela e os heróis, dessa vez, os observaram.
- Você precisa aprender a responder à minha pergunta - disse ele.
- Sobre os titãs?
- Sobre a vida real. E como seus estudos se aplicam a ela.
- Ah.
  -   Eu imagino que seja outra resposta padrão dele...? - Jason arriscou, olhando a irmã e os amigos dela rindo.
  - Sim. - disseram os três.
- Isso é um tipo de bullying, não? - Poseidon perguntou.
- O que você aprende comigo - disse ele - é de uma importância vital. Espero que trate o assunto
como tal.
De você, aceitarei apenas o melhor, Percy Jackson.
Eu queria ficar zangado, aquele sujeito me pressionava demais.
Quer dizer, claro, era legal em dias de torneio, quando ele vestia uma armadura romana,
bradava ―Olé! e nos desafiava, ponta de espada contra o giz a correr para o quadro-negro e citar
pelo nome cada pessoa grega ou romana que já viveu, o nome de sua mãe e que deuses cultuavam.
  -   Porque grega e romana se ele é grego? - Zeus perguntou a Poseidon.
  - Não sei. Nunca dei aulas.
Mas o sr. Brunner esperava que eu fosse tão bom quanto todos os outros a despeito do fato de que
tenho dislexia e transtorno do déficit de atenção, e de que nunca na vida tirei uma nota acima de
C-. Não - ele não esperava que eu fosse tão bom quanto; ele esperava que eu fosse melhor. E eu
simplesmente não podia aprender todos aqueles nomes e fatos, e muito menos escrevê-los direito.
Murmurei alguma coisa sobre me esforçar mais, enquanto o sr. Brunner lançava um olhar longo
e triste para a estela, como se tivesse estado no funeral daquela menina.
Ele me disse para sair e comer meu lanche.
A turma se reuniu nos degraus da frente do museu, de onde podíamos assistir ao trânsito de
pedestres pela Quinta Avenida.
Acima de nós, uma imensa tempestade estava se formando, com as nuvens mais escuras que eu
já tinha visto sobre a cidade. Imaginei que talvez fosse o aquecimento global ou qualquer coisa
assim, porque o tempo em todo o estado de Nova York estava esquisito desde o Natal. Tivemos
nevascas pesadas, inundações, incêndios nas florestas causados por raios. Eu não teria ficado
surpreso se fosse um furacão chegando.
Ninguém mais pareceu notar. Alguns dos garotos estavam jogando biscoitos para os pombos.
Nancy Bobofit tentava afanar alguma coisa da bolsa de uma senhora e, é claro, a sra. Dodds não
via nada.
  -   É claro.
Grover e eu nos sentamos na beirada do chafariz, longe dos outros. Pensamos que, se
fizéssemos isso, talvez ninguém descobrisse que éramos daquela escola - a escola para esquisitões
lesados que não davam certo em nenhum outro lugar.
- Detenção? - perguntou Grover.
- Não - disse eu. - Não do Brunner. Eu só gostaria que ele às vezes me desse um tempo. Quer dizer, não sou um gênio.
  -   A gente sabe. - Thalia disse.
  - Queria que ele estivesse aqui para ouvir nossas brincadeiras com ele. - Nico disse.
  - Sim! - Thalia concordou.
  - Vocês estão falando de novo como  se ele tivesse morrido. - Piper falou. - Vocês  devem relaxar um pouco. - usando o charme.
  - Bela tentativa, mas isso não funciona com caçadoras. - Thalia disse.
Grover não disse nada por algum tempo. Então, quando achei que ele ia me brindar com algum
comentário filosófico profundo para me fazer sentir melhor, ele disse: - Posso comer sua maçã?
  -   Muito filosófico. - Os deuses riram.
Eu não estava com muito apetite, então a entreguei a ele.
Nico, Thalia e Annabeth  ficaram de boca aberta, mas não disseram nada.
Observei os táxis que passavam descendo a Quinta Avenida e pensei no apartamento de minha
mãe, na área residencial próxima ao lugar onde estávamos sentados. Eu não a via desde o Natal.
Tive muita vontade de pular em um táxi e ir para casa. Ela me abraçaria e ficaria contente de me
ver, mas também ficaria desapontada. Imediatamente me mandaria de volta para Yancy e me
lembraria que preciso me esforçar mais, ainda que aquela fosse minha sexta escola em seis anos
  - Seis em Seis? - bateu meu recorde, Thalia disse.
  - O meu não. - Leo disse. - Empate.
e
que, provavelmente, eu seria chutado para fora de novo. Não conseguiria suportar o olhar triste
que ela me lançaria.
  -   Ele é um bom filho. - Hera elogiou.
O sr. Brunner estacionou a cadeira de rodas na base da rampa para deficientes. Comia aipo
enquanto lia um romance. Um guarda-chuva vermelho estava enfiado nas costas da cadeira,
fazendo-a parecer uma mesa de café motorizada.
  -   Legal! - Leo disse tirando um caderninho do cinto de ferramentas e um caneta e anotando algo. Hefesto só olhou para ele de sobrancelhas levantadas.
Eu estava prestes a desembrulhar meu sanduíche quando Nancy Bobofit apareceu diante de mim
com as amigas feiosas - imagino que tivesse se cansado de roubar dos turistas - e deixou seu
lanche, já comido pela metade, cair no colo de Grover.
- Oops. - Ela arreganhou um sorriso para mim, com os dentes tortos. As sardas eram
alaranjadas, como se alguém tivesse pintado o rosto dela com um spray de Cheetos líquido.
Todos franziram as sobrancelhas se perguntando o que ela parecia.
Tentei ficar calmo. O orientador da escola me dissera um milhão de vezes: "Conte até dez,
controle seu gênio." Mas estava tão furioso que me deu um branco. Uma onda rugia nos meus
ouvidos.
  -   Literalmente? - Jason perguntou.
  -   Provavelmente! - Poseidon disse.
Não me lembro de ter tocado nela, mas quando dei por mim Nancy estava sentada com o
traseiro no chafariz, berrando: - Percy me empurrou! A sra. Dodds se materializou ao nosso lado.
Algumas das crianças estavam sussurrando: - Você viu...
- ...a água...
- ...parece que a agarrou...
  -   Uau! - ele nem sabia de nada ainda...
Eu não sabia do que elas estavam falando. Tudo o que sabia era que estava encrencado outra
vez.
Assim que se certificou de que a pobre Nancy estava bem, prometendo dar-lhe uma blusa nova
na loja de presentes do museu etc. e tal, a sra. Dodds se voltou para mim. Havia um fogo
triunfante em seus olhos, como se eu tivesse feito algo pelo que ela esperara o semestre inteiro: -
Agora, meu bem...
- Eu sei - resmunguei. - Um mês apagando livros de exercícios
  -   Não. Eu pensei que ele já era expert, mas é óbvio que ele tem que melhorar. - Hermes disse.
  - Quê? - os semideuses perguntaram, ele não respondeu.
Não foi a coisa certa para dizer.
- Venha comigo - disse a sra. Dodds.
- Espere! - guinchou Grover. - Fui eu. Eu a empurrei.
Olhei para ele perplexo. Não podia acreditar que estivesse tentando me proteger. Ele morria de
medo da sra. Dodds.
Ela lançou um olhar tão furioso que fez o queixo penugento dele tremer.
- Acho que não, sr. Underwood - disse ela.
- Mas...
- Você... vai... ficar... aqui.
Grover me olhou desesperadamente, - Tudo bem, cara - disse a ele. - Obrigado por tentar.
  - Meu bem - latiu a sra. Dodds para mim. - Agora.
Nancy Bobofit deu um sorriso falso.
Lancei-lhe meu melhor olhar de "vou acabar com a sua raça".
  - Ugh! - disseram os que já tinham recebido aquele olhar. Incluídos deuses.
E me virei para enfrentar a
sra. Dodds, mas ela não estava lá.
- Onde ela estava então? - Atena perguntou.
Estava postada à entrada do museu, lá no alto dos degraus,
gesticulando impaciente para mim.
Como ela chegou lá tão depressa?
  -   Monstro! - todos disseram.
Tenho milhares de momentos desse tipo - meu cérebro adormece ou algo assim e, quando me
dou conta, vejo que perdi alguma coisa, como se uma peça do quebra-cabeça desaparecesse e me
deixasse olhando para o espaço vazio atrás dela. O orientador da escola me disse que isso era parte
do transtorno do déficit de atenção, era meu cérebro que interpretava tudo errado.
  -   Não tenha tanta certeza. - Hera disse.
Eu não tinha tanta certeza.
  -   Ele não tem! - Hermes disse brincando.
Fui atrás da sra. Dodds.
No meio da escadaria, olhei para Grover lá atrás. Ele parecia pálido, movendo os olhos entre
mim e o sr.
Brunner, como se quisesse que o sr. Brunner reparasse no que estava acontecendo, mas o
professor estava absorto em seu romance.
Voltei a olhar para cima. A sra. Dodds desaparecera de novo. Estava agora dentro do edifício,
no fim do hall de entrada.
Certo, pensei. Ela vai me fazer comprar uma blusa nova para Nancy na loja de presentes.
Hermes e Apolo só bateram na testa com a mão.

Mas aparentemente não era esse o plano.
Eu a segui museu adentro. Quando finalmente a alcancei, estávamos de volta à seção greco-
romana.
A não ser por nós, a galeria estava vazia.
  -   Legal. - murmuraram os semideuses. - Por que sempre tem que ser assim?
  - É sempre assim? As pessoas somem quando vocês vão enfrentar os monstros? - Afrodite foi a primeira a parecer se preocupar.
A sra. Dodds estava postada de braços cruzados na frente de um grande friso de mármore com
os deuses gregos. Ela fazia um mulo estranho com a garganta, como um rosnado.
Mesmo sem o ruído, eu teria ficado nervoso. É esquisito estar sozinho com uma professora,
especialmente a sra. Dodds. Algo no modo como ela olhava para o friso, como se quisesse
pulverizá-lo...
- Você está nos criando problemas, meu bem - disse ela.
Fiz o que era seguro. Disse:
- Sim, senhora.
  -   Sim, ainda há esperança afinal.
Ela ajeitou os punhos de seu casaco de couro.
- Você achou mesmo que ia se safar desta?
A expressão em seus olhos era mais que furiosa. Era
perversa. Ela é uma professora, pensei, nervoso. Não é provável que vá me machucar.
  - Ah Percy - Jason disse - eu acho que essa aí vai.
Eu disse: -
Eu... eu vou me esforçar mais, senhora. Um trovão sacudiu o edifício.
- Nós não somos bobos, Percy Jackson - disse a sra. Dodds. - Seria apenas uma questão de
tempo até que o descobríssemos Confesse, e você sentirá menos dor.
Eu não sabia do que ela estava falando.
  -   Como sempre! - os amigos  e dele disseram.
  Os outros ainda queriam saber  como Percy ficou tão bem falado com esses amigos.
Tudo o que pude pensar foi que os professores haviam descoberto o estoque ilegal de doces que
eu estava vendendo no meu dormitório. Ou talvez tivessem descoberto que eu pegara meu trabalho
sobre Tom Sawyer na Internet sem ter nem lido o livro, e agora iam retirar minha nota. Ou pior,
iam me obrigar a ler o livro.
  -   Sim, esse é dos meus. - Leo elogiou.
  - É um bom livro. - Annabeth defendeu o livro.
- E então? - exigiu.
- Senhora, eu não...
-O seu tempo se esgotou - sibilou ela.
Então algo muito estranho aconteceu. Os olhos dela começaram a brilhar como carvão de
churrasco. Os dedos se esticaram, transformando-se em garras. O casaco se fundiu em grandes
asas de couro. Ela não era humana. Era uma bruxa má e enrugada, com asas e garras de morcego e
com uma boca repleta de presas amareladas - e estava prestes a me fazer em pedaços.
  -   Uma fúria? - gritou o pai-deus-do-ano para Hades.
  Hades só deu de ombros. Ele tinha um motivo.
Então as coisas ficaram ainda mais esquisitas.
O sr. Brunner, que estava na frente do museu um minuto antes, foi com a cadeira de rodas até o
vão da porta da galeria, segurando uma caneta.
- Olá, Percy! - gritou ele, e lançou a caneta pelo ar.
A sra. Dodds deu um bote para cima de mim.
Com um gemido agudo, eu me esquivei e senti as garras cortando o ar ao lado do meu ouvido.
Agarrei a caneta esferográfica no alto, mas quando ela atingiu minha mão já não era mais uma
caneta. Era uma espada - a espada de bronze do sr. Brunner, que ele sempre usava em dias de
torneio.
A sra. Dodds virou-se na minha direção com uma expressão assassina nos olhos.
Meus joelhos ficaram bambos. As mãos tremiam tanto que quase deixei a espada cair.
  -   Fracote. - Ares pensou.
  - Ele estava confuso. - Hefesto disse - E nunca, provavelmente, teve que lutar na vida, não literalmente pelo menos.
  Afrodite observava os dois, principalmente Ares sendo um idiota.
Ela rosnou:
- Morra, meu bem!
E voou para cima de mim.
Um terror absoluto percorreu meu corpo. Fiz a única coisa que me ocorreu naturalmente:
desferi um golpe com a espada.
  -   Naturalmente? - os deuses perguntaram.
  - Graças aos deuses sim. - os semideuses responderam.
A lâmina de metal atingiu o ombro dela e passou direto por seu corpo, como se ela fosse feita
de água: Zaz!
A sra. Dodds era um castelo de areia debaixo de um ventilador. Ela explodiu em areia amarela,
reduziu-se a pó, sem deixar nada do cheiro de enxofre, um grito estridente que foi sumindo e um
calafrio de maldade no ar, como se aqueles olhos vermelhos incandescentes ainda estivessem me
olhando.
Eu estava sozinho.
Havia uma caneta esferográfica na minha mão.
  -   Névoa. Ainda afeta ele, né? - Hestia perguntou.
  - Parece que sim. - responderam.
O sr. Brunner não estava lá. Não havia ninguém lá além de mim.
Minhas mãos ainda estavam tremendo. Meu lanche devia estar contaminado com cogumelos
mágicos ou coisa assim.
  -   Cogumelos mágicos existem? -  Nico perguntou para Deméter.
  - Não. - a deusa respondeu, rispida.
  - Não é necessário falar assim com ele, Deméter. - Hades disse.
Será que eu havia imaginado tudo aquilo?
Voltei para o lado de fora.
Tinha começado a chover.
Grover estava sentado junto ao chafariz com um mapa do museu formando uma tenda em cima
de sua cabeça. Nancy Bobofit ainda estava lá, encharcada do banho no chafariz, resmungando para
as amigas feiosas. Quando me viu, disse: - Espero que a sra. Kerr tenha chicoteado seu traseiro.
  -   Quem? - perguntou Jason.
- Quem? - respondi.
  -   Não. Meu irmãozinho tá começando a pensar  como Percy, alguém dá alguma coisa para  ele. - Thalia dramatizou.
  - Por quê? - Jason perguntou.
  - Dramática. - Nico disse.
  - É hereditário. -  a caçadora disse.
  O pai dela não disse nada em resposta.
- Nossa professora. Dãã!
Eu pisquei. Não tínhamos nenhuma professora chamada sra. Kerr. Perguntei a Nancy de quem
ela estava falando.
Ela simplesmente revirou os olhos e me deu as costas.
  -   Educada. - Dionísio falou. Todos o encararam. Tinham esquecido dele.
Perguntei a Grover onde estava a sra. Dodds.
  - Quem? - respondeu ele.
Mas Grover primeiro fez uma pausa, e não olhou para mim, portanto, pensei que estivesse me
gozando.
  -   Não sabe mentir. - Hermes falou horrorizado.
  - Isso não é tão terrível. - Apolo disse.
  - Só porque você é o deus da verdade.
  - Isso vai longe se você não continuar a ler Annabeth. - Ártemis disse.
- Não tem graça, cara - disse a ele. - Isso é sério. Um trovão estourou no alto.
Vi o sr. Brunner sentado embaixo do guarda-chuva vermelho, lendo seu livro, como se nunca
tivesse se mexido. Fui até ele. Ele ergueu os olhos, um pouco distraído.
- Ah, é a minha caneta. Por favor, traga seu próprio instrumento de escrita no futuro, sr.
Jackson.
Entreguei a caneta ao sr. Brunner. Não tinha notado que ainda a estava segurando.
  -   Destino. - Thalia cantou e chamou Nico para se juntar a ela. Ele obedeceu.
- Senhor - disse eu -, onde está a sra. Dodds? Ele olhou para mim com a expressão vazia.
- Quem?
- A outra professora que nos acompanhava. A sra. Dodds. Professora de iniciação à álgebra.
Ele franziu a testa e se inclinou para a frente, parecendo ligeiramente preocupado.
- Percy, não há nenhuma sra. Dodds nesta excursão. Até onde sei, nunca houve uma sra. Dodds
na Academia Yancy. Está se sentindo bem?
  - isso é o que eu chamo de mentir. - Hermes disse.
  - O capítulo acabou. - Annabeth disse.
  - CHEGUEI! - uma voz gritou.
  - Grover? - perguntaram Dionísio, Annabeth, Thalia e Nico.
  - Sim. - disse mais baixo, se curvando para os deuses.
  - Quem quer ler o próximo? - Annabeth perguntou.
  - Eu! - Atena disse.
  Capítulo Dois.



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