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História Lendo Percy Jackson e o Ladrão de Raios - Meias da Morte


Escrita por: MeliVi

Notas do Autor


Capítulo feito pelo celular.
Editarei e colocarei em Negrito quando tiver pegado meu Notebook.

Capítulo 3 - Meias da Morte


Atena pegou o livro das mãos da filha e abriu na página certa.
Grover se sentou perto de Nico e Thalia. Annabeth estava ao lado de Jason, Piper e Leo, estavam sentados em círculo. Os deuses estavam sentados, no chão por que havia um outro bilhete que chegou dizendo "sem mordomias, todos sentados do mesmo jeito. Bem casuais."
  - Começarei a ler! - disse a deusa da sabedoria.

**Três velhas senhoras tricotam as meias da morte.**

  -   Legal... mais um título estranho! - Leo disse.
  - Parece que não teremos um título normal por enquanto! - Hermes comentou.
 
Eu estava acostumado a uma ou outra experiência esquisita, mas normalmente elas passavam
depressa.

  -   Todos nós estamos, na verdade! - Thalia disse.
  - Sim - Annabeth concordou com a amiga.
 
Aquela alucinação 24 horas por dia e sete dias por semana era mais do que podia encarar.

  -   Mais uma verdade. - disse Nico.
  - Mas, sempre acontece.
 
Durante o resto do ano escolar o campus inteiro parecia me pregando algum tipo de peça. Os
alunos agiam como se estivessem completa e totalmente convencidos de que a sra. Kerr - uma
loira alegre que eu nunca tinha visto na vida até o momento em que ela entrou no nosso ônibus no
fim da excursão - era nossa professora de iniciação à álgebra desde o Natal.

  -   Quem será que ela é...? - Nico perguntou, olhando para Annabeth. Thalia seguiu seu olhar.
  - O quê? Eu não sei. - Annabeth disse em tom de  defesa.
 
De vez em quando eu soltava uma referência à sra. Dodds para cima de alguém, só para ver se
conseguia fazê-los titubear, mas eles me olhavam como se eu fosse louco.

  -   Ele é... - Grover disse, o que teve o acordo de Nico e Thalia.
  - Eu não entendo realmente. - Jason parecia realmente confuso - Eles são realmente amigos?
  Annabeth riu e disse:
  -   Pior que são!


Acabei quase acreditando neles: a sra. Dodds nunca tinha existido.
Quase.
Mas Grover não conseguiu me enganar. Quando eu mencionava o nome Dodds ele hesitava, depois alegava que ela não existia. Mas eu sabia que ele estava mentindo.

  -   Por favor - o deus dos mensageiros implorou -, alguém me diz ele - apontou  para Grover - aprendeu a mentir direito!
  - Sim, um pouco! - Grover disse parecendo meio ofendido.
 

Alguma coisa estava acontecendo. Alguma coisa havia acontecido no museu.
Eu não tinha muito tempo para pensar no assunto durante o dia, mas, à noite, visões da sra.
Dodds com garras e asas de couro me faziam acordar suando frio.

Os semideuses estremeceram, quem nunca teve visões não podia entender de verdade.
  -   Vocês está bem? - Afrodite perguntou.
  - Sim - Grover disse por eles -, só tão se identificando com  a situação!
 
O tempo maluco continuou, o que não ajudava meu humor.
 

  - Percy irritado. Não é bom. - Annabeth disse. Thalia, Nico e Grover concordaram logo.
  - Por quê? - Zeus perguntou.
  - Bem... Ele fica chato. Às vezes, mesmo que raramente, perde o controle. E fala besteira, mais que o normal! - disse o melhor amigo de Percy.
 
Uma noite, uma tempestade de
raios arrebentou a janela do meu dormitório. Alguns dias depois, o maior tornado jamais visto no
vale do Hudson tocou o chão a apenas trinta quilômetros da Academia Yancy.

  - É... Eles estavam mesmo irritados... - Ártemis comentou. Os outros, alguns rindo, concordaram.

Um dos eventos
correntes que aprendemos na aula de estudos sociais era o número inusitado de pequenos aviões que caíram
 em súbitos vendavais no Atlântico naquele ano. 

Comecei a me sentir mal-humorado e irritado a maior parte do tempo.

  - Pior ainda. - os quatro mais chegados comentaram.

Minhas notas caíram de
D para F.

  - Vamos Percy. Isso é ruim até mesmo para um semideus. - disse uma voz diferente da de  todos presentes lá.
  Eles todos se viraram e viram um jovem adulto, aparentemente vinte e poucos anos, loiro, com uma cicatriz longa no rosto na porta da sala onde estavam.
  - Luke! - Thalia, Grover, Annabeth, Hermes e Nico disseram.
  - Quem? - os outros três perguntaram.
  Os deuses estavam desconfortáveis.
  - O que ele tá fazendo aqui? - Zeus perguntou a Hades, ele deu de ombros.
  - Elas me pediram para trazer ele. - respondeu.
 

Entrei em mais atritos com Nancy Bobofit e suas amigas. Era posto para fora da sala e tinha de
ficar no corredor em quase todas as aulas.
Finalmente, quando nosso professor de inglês, o sr. Nicoll, me perguntou pela milionésima vez
por que eu tinha tanta preguiça de estudar para as provas de ortografia, eu explodi. Chamei-o de
velho dipsomaníaco.

  -- - E é isso que eu quis dizer quando ele falava besteiras. - Grover disse a ninguém em particular.

Não sabia direito o que aquilo queria dizer, mas soou bem.

  -   Soou bem mesmo. - Luke disse - Mas, porque ele fala uma coisa sem saber  o que é?
  - É o Percy - Nico disse -, quem sabe o que se passa na cabeça dele?
  - Bem... Agora a gente vai saber! - Thalia disse - E vamos ter motivos de chantagem para o resto da vida!
  Os dois pareciam tão contentes por isso que Luke e os outros resolveram ignorar, menos Poseidon que os encarava chateado, não gostou muito daquilo.

O diretor mandou uma carta para minha mãe na semana seguinte, tornando oficial: eu não seria
convidado a voltar para a Academia Yancy no ano seguinte.
Ótimo, disse a mim mesmo. Simplesmente ótimo.
Eu estava com saudades de casa.
Queria ficar com minha mãe no nosso pequeno apartamento no Upper East Side, mesmo que
tivesse de freqüentar uma escola pública e aturar meu padrasto detestável e seus jogos de pôquer
estúpidos.
E no entanto... havia coisas em Yancy de que eu sentiria falta. A vista da minha janela para os
bosques, o rio Hudson a distância, o cheiro dos pinheiros.

  - Ele parece gostar da natureza! - Hera disse.
  - É verdade. - Ártemis completou.
  - Sim. Isso tudo é verdade. - os amigos disseram.

Sentiria falta de Grover, que tinha sido
bom amigo, mesmo com seu jeito meio estranho. Fiquei pensando como ele iria sobreviver ao
próximo ano sem mim.
Também sentiria falta da aula de latim - os dias malucos de torneio do sr. Brunner e sua
confiança em que eu poderia me sair bem.
Quando a semana de exames foi se aproximando, latim era a única prova para a qual eu
estudava.

- A única? - Atena estava horrorizada.
- Pelo menos ele estudou para uma! - Grover tentou defender.

Não tinha me esquecido que o sr. Brunner falara, sobre essa matéria ser questão de vida
ou morte para mim.
Não sabia muito bem por quê, mas acreditei nele.

  -   Bom. - Hades falou - Isso é bom... o quê?
  - Você parece se importar com ele falando assim. - Poseidon disse, sorrindo.
  - Bem... eu não o odeio. - o rei do submundo respondeu.

Na noite anterior ao meu exame final, fiquei tão frustrado que joguei o Guia Cambridge de
mitologia grega do outro lado do dormitório. As palavras tinham começado a flutuar para fora da
página, dando voltas na minha cabeça, as letras fazendo manobras radicais como se estivessem
andando de skate. Não havia jeito de eu me lembrar da diferença entre Quíron e Caronte, ou
Polidectes e Polideuces. E conjugar aqueles verbos latinos? Nem pensar.

  -   O engraçado era que ele sempre tirava A nas provas! - disse Grover rindo.
  - Sério? - todos que conheciam Percy perguntaram. Os deuses por motivos diferentes dos semideuses.
  - Sim! - respondeu o sátiro.

Fiquei indo de um lado para outro no quarto, com a sensação de que havia formigas andando
por dentro da minha camisa.
Lembrei a expressão séria do sr. Brunner, de seus olhos de mil anos. De você, aceitarei apenas
o melhor, Percy Jackson.
Respirei fundo. Peguei o livro de mitologia.
Eu nunca havia pedido ajuda a um professor antes. Se falasse com o sr. Brunner, quem sabe ele
me daria algumas dicas. Poderia, pelo menos, pedir desculpas pelo grande F que ia tirar na prova.
Não queria sair da Academia Yancy deixando-o pensar que eu não tinha me esforçado.
Desci a escada para os gabinetes dos professores. A maioria estava vazia e escura, mas a porta
do sr.
Brunner estava entreaberta e a luz que vinha da sua janela se estendia ao longo do piso do
corredor.
Eu estava a três passos da maçaneta da porta quando ouvi vozes dentro da sala.. O sr. Brunner
tinha feito uma pergunta. Uma voz que, sem sombra de dúvida, era a de Grover disse:
"...preocupado com Percy, senhor."
Eu gelei.
Normalmente não sou bisbilhoteiro,

  - Sei... - Nico disse, todos o observaram, mas não disseram nada. O menino estava com uma aura digna de Hades.
  - Eu que o diga... - Luke falou. Ninguém quis comentar com ele também.

mas desafio alguém a não tentar ouvir quando seu melhor
amigo está falando sobre você com um adulto.

  -   Eu perderia! - Luke já foi logo dizendo.
  - Todos nós eu acho! - Jason disse.


Cheguei um pouquinho mais perto.
- ...sozinho nesse verão - Grover estava dizendo. - Quer dizer, uma benevolente na escola! Agora que sabemos com certeza, e eles também sabem...
-Só vamos piorar as coisas se o apressarmos - disse o sr. Brunner. - Precisamos que o menino
amadureça mais.

Risos foram ouvidos ecoando pela grande sala. Eram Nico, Thalia, Grover, Annabeth, surpreendentemente, Hades, Poseidon e Dionísio.
  -   Porque estão rindo? - Leo perguntou.
  - Se a gente tivesse esperado Percy amadurecer o Olimpo estaria destruído. - Poseidon falou.
  - Vocês é o pai dele! - Luke disse, com a sobrancelha levantada.
  - Por isso sou eu quem digo isto... - o deus dos  mares respondeu. Luke escolheu não dizer nada.
  - A gente ainda estaria esperando. - Annabeth disse - ele amadurecer.

- Mas ele pode não ter tempo. O prazo final do solstício de verão...
- Terá de ser resolvido sem ele, Grover. Deixe-o desfrutar sua ignorância enquanto ainda pode.
- Senhor, ele a viu...
- Imaginação dele - insistiu o sr. Brunner. - A Névoa sobre os alunos e a equipe será suficiente para convencê-lo disso.

  -   A Névoa sim. - Hermes disse, bem humorado principalmente depois de ver o filho  e se sentar perto dele - Grover está lá para estragar isso.
  O sátiro ficou todo vermelho.


- Senhor, eu... eu não posso fracassar nas minhas tarefas de novo. - A voz de Grover estava embargada de emoção. – Sabe o que isso significaria.
- Você não fracassou, Grover - disse o sr. Brunner gentilmente. - Eu deveria tê-la visto como ela era. Agora vamos apenas nos preocupar em manter Percy vivo até o próximo outono...

  - Outra coisa que a gente tem que se preocupar - Thalia disse com voz de guia turístico -, manter Percy vivo. Coisa difícil, quase impossível, mas a gente tenta! 

O livro de mitologia caiu da minha mão e bateu no chão com um ruído surdo.
O sr. Brunner silenciou.
Com o coração disparado, peguei o livro e voltei pelo corredor.
Uma sombra deslizou pelo vidro iluminado da porta da porta de Brunner, a sombra de algo
muito mais alto do que meu professor de cadeira de rodas, segurando alguma coisa suspeitamente
parecida com o arco de um arqueiro.

  -   Não atire em Percy, Quiron. -  Luke, Thalia e Annabeth disseram, rindo um pouco.
  - Falando nisso... Cadê ele? - Luke perguntou.
  - Não sabemos. - Nico disse.
  - Foi sequestrado provavelmente. - Thalia disse olhando para Hera, que fez cara de paisagem.

Abri a porta mais próxima e me esgueirei para dentro.
Alguns segundos depois ouvi um lento clop-clop-clop, como, blocos de madeira abafados,
depois um som como o de um animal farejando bem na frente da minha porta. Um grande vulto
escuro parou diante do vidro e depois seguiu adiante.
Uma gota de suor escorreu por meu pescoço.

  -   Eca. - Deméter e Afrodite falaram juntas.

Em algum lugar no corredor, o sr. Brunner falou.
- Nada - murmurou ele. - Meus nervos não andam to bons desde o solstício de inverno.
- Nem os meus - disse Grover. - Mas eu podia ter jurado...
-Volte para o dormitório - disselhe o sr. Brunner. - tem um longo dia de provas amanhã.
- Nem me lembre.
As luzes se apagaram na sala do sr. Brunner.
Aguardei no escuro pelo que pareceu uma eternidade.
Por fim, me esgueirei para o corredor e subi de volta para o dormitório.
Grover estava deitado na cama, estudando as anotações para a prova de latim como se tivesse estado lá a noite inteira.

  -   Mente mal e atua bem! - Leo riu.
  - Qual é o problema? - Luke perguntou superprotetor.
  - Não disse que era um. Só achei engraçado! 

- Ei! - disse ele, com olhar de sono. - Vai estar preparado para a prova?
Não respondi.
- Está com uma cara horrível. - Ele franziu a testa. -Tudo bem?
- Só estou cansado.
Virei-me para que ele não pudesse perceber minha expressão e comecei a me preparar para
dormir.
Não entendi o que tinha ouvido lá embaixo. Queria acreditar que havia imaginado aquilo tudo.
Mas uma coisa estava clara: Grover e o sr. Brunner estavam falando de mim pelas costas.
Achavam que eu corria algum tipo de perigo.

  -   Sempre! - Thalia, Nico, Grover, Annabeth e Poseidon disseram em uníssono.
  - Vocês precisam me ensinar a fazer isso. - Luke disse.
  - Isso o que? - o deus perguntou.
  - Falar juntos! 
  - É talento natural! - Thalia brincou.
 

Na tarde seguinte, quando estava saindo da prova de latim de três horas, atordoado com todos os
nomes gregos e romanos que tinha escrito errado, o sr. Brunner me chamou de volta.
Por um momento, fiquei preocupado achando que ele descobrira minha bisbilhotice na noite
anterior, mas não parecia ser esse o problema.
- Percy - disse ele. - Não fique desanimado por deixar Yancy. É... é para o seu bem.

  -   Ai não... - Luke resmungou. - Ele tentou fazer isso? Só vai piorar...
  - O quê? - Jason perguntou.
  - é que às vezes o Quiron não é  o melhor com as palavras... - Annabeth respondeu pelo filho de Hermes.
 

Seu tom era gentil, mas ainda assim as palavras me deixaram sem graça. Embora ele estivesse
falando baixo, os que terminavam a prova podiam ouvir. Nancy Bobofit me lançou um sorriso
falso e, fez pequenos movimentos de beijo com os lábios.
Eu murmurei:
- Está bem, senhor.
- Quer dizer... - O sr. Brunner andou com a cadeira para trás e para frente, como se não tivesse
certeza do que falar. - Este não é o lugar certo para você. Era apenas uma questão de tempo.
Meus olhos ardiam.
Ali estava meu professor favorito, na frente da classe, me dizendo que eu não era capaz. Depois
de falar o ano todo que acreditava em mim, agora me dizia que eu estava destinado a ser expulso.

  -   Difícil! - comentaram os semideuses.
 

- Certo - disse eu, tremendo.
- Não, não - disse o sr. Brunner. - Ah, que droga. O que eu estava tentando dizer... é que você
não é normal, Percy. Não é nada ser...
- Obrigado - soltei. - Muito obrigado, senhor, por me lembrar.
- Percy...
Mas eu já tinha ido.
No último dia de aulas, enfiei minhas roupas na mala.
Os outros garotos estavam fazendo piadas, falando sobre os planos para as férias. Um deles ia
fazer trilha na Suíça. Outro faria um cruzeiro de um mês pelo Caribe. Eram delinqüentes juvenis
como eu, mas delinqüentes juvenis ricos. Os papais eram executivos, embaixadores ou
celebridades. Eu era um joão-ninguém, de uma família de joões-ninguém.

  -   Bem... ele é Ninguém! - Grover riu e Annabeth riu também.
  - Essa nem eu entendi! - Thalia confessou.
  - Piada interna. - disseram  os dois.
 

Eles me perguntaram o que ia fazer no verão, e eu disse que voltaria para a cidade.
O que não lhes contei foi que ia arranjar um trabalho de verão passeando com cachorros ou
vendendo assinaturas de revistas, e passar o tempo livre pensando em onde iria estudar no outono.
- Ah - disse um dos garotos. - Legal.
Eles voltaram à conversa como se eu não existisse.
A única pessoa de quem tinha medo de me despedir era Grover, mas do jeito como as coisas aconteceram, eu nem precisei. Ele havia comprado uma passagem para Manhattan no mesmo
onibus Greyhound que eu, então lá estávamos nós, juntos outra vez, indo para a cidade.
Durante toda a viagem de ônibus, Grover olhava nervoso para o corredor, observando os outros
passageiros. Ocorreu-me que ele sempre agia de modo nervoso e inquieto quando saíamos de
Yancy, como se esperasse que algo ruim fosse acontecer. Antes, eu achava que ele tinha medo de
que o provocassem. Mas não havia ninguém para fazer isso no Greyhound.
Finalmente, não pude mais agüentar.
- Procurando Benevolentes?

  - Tutorial de como matar alguém de susto! - Hermes riu, falando com o filho.


Grover quase pulou do assento.
- O que... o que você quer dizer?
Confessei ter ouvido a conversa dele com o sr. Brunner na noite anterior ao dia da prova.
O olho de Grover estremeceu.
- Quanto você ouviu?
  - Ah não muito... O que prazo final do solstício de verão? 

  - Ah... Não muito. - Grover ironizou - Só a conversa toda.
  Os outros riram dele.

Ele se esquivou.
- Olhe Percy... Eu só estava preocupado com você, entende? Quer dizer, tendo alucinações com professoras de matemática demoníacas...
- Grover...
- E eu estava dizendo ao sr. Brunner que talvez você estivesse muito estressado, ou coisa assim,
porque não havia uma pessoa chamada sra. Dodds e...
- Grover, você mente muito mal mesmo.
As orelhas dele ficaram cor-de-rosa.
Do bolso da camisa, ele pescou um cartão de visitas encardido.
- Pegue isto, certo? Para o caso de você precisar de mim este verão.
O cartão tinha uma escrita floreada, que era um terror para os meus olhos disléxicos, mas por
fim consegui identificar coisa como: Grover Underwood Guardião
Colina meio Sangue Long Island, Nova York (800) 009 -0009
- O que é Colina Meio...
- Não fale alto! — ganiu. — É meu, ah... endereço de verão.
Meu coração desabou. Grover tinha uma casa de veraneio. Eu nunca imaginara que a família
dele poderia ser tão rica quanto as dos outros em Yancy.

  -   Não. Eu nem sei se eles são pagos na verdade. - Luke parecia falar para si.


- Certo - falei, mal-humorado. - Tá, se eu quiser uma visita à sua mansão.
Ele assentiu.
- Ou... ou se você precisar de mim.
- Por que iria precisar de você?

  -   Mal educado! - Hera resmungou.


Saiu mais rude do que eu pretendia.

  -   Que bom que percebeu! - comentou a mesma.


Grover ficou com a cara toda vermelha.
- Olhe, Percy, a verdade é que eu... eu tenho, de certo modo, que proteger você.
Olhei fixamente para ele.
Durante o ano inteiro me meti em brigas para manter os valentões longe dele. Perdi o sono
temendo que, sem mim, ele fosse apanhar no ano que vem. E ali estava Grover agindo como se
fosse ele a me defender.
- Grover – disse eu -, do que exatamente você está me protegendo?
Houve um tremendo barulho de algo sendo triturado embaixo dos nossos pés. Uma fumaça
preta saiu do painel e o ônibus inteiro foi tomado por um cheiro de ovo podre. O motorista
praguejou e levou o Greyhound com dificuldade até o acostamento.
Depois de alguns minutos fazendo alguns sons metálicos no compartimento do motor, o
motorista anunciou que teríamos de descer. Grover e eu saímos em fila com todos os outros.
Estávamos em um trecho de estrada rural - um lugar que a gente nem notaria se não tivesse
enguiçado lá.
Do nosso lado da estrada não havia nada além de bordos e lixo jogado pelos carros que
passavam. Do outro lado, depois de atravessar quatro pistas de asfalto que refletiam uma claridade
trêmula com o calor da tarde, havia uma banca de frutas como as de antigamente.
As coisas à venda pareciam realmente boas: caixas transbordando de cerejas e maçãs vermelhas
como sangue, nozes e damascos, jarros de sidra dentro de uma tina com pés em forma de patas,
cheias de gelo. Não havia fregueses, só três velhas senhoras sentadas em cadeiras de balanço à sombra de um bordo, tricotando o maior par de meias que eu já tinha visto.
Quer dizer, aquelas meias eram do tamanho de suéteres, mas eram obviamente meias. A
senhora da direita tricotava uma delas. A da esquerda a outra. A do meio segurava uma enorme
cesta de lã azul brilhante.
As três mulheres pareciam muito velhas, com o rosto pálido e enrugado como fruta seca, cabelo
prateado preso atrás com lenço branco, braços ossudos espetados para fora de vestidos de algodão
pálido.

  -   Seria disso que ele tá te protegendo. - disse Luke.


A coisa mais esquisita era que elas pareciam olhar diretamente para mim.
Encarei Grover para comentar isso e vi que seu rosto tinha ficado branco. O nariz tremia.
- Grover? - disse eu. - Ei, cara...
- Diga que elas não estão olhando para você. Estão, não é?
- Estão. Esquisito, não? Você acha que aquelas meias serviriam em mim?

  -   Não é hora de piadas, menino!e- Ártemis disse.
  - Sim, por favor, sem piadas agora. -  Poseidon disse... Enquanto isso com Apolo e Hermes...
  - Hahahahaha! - 


- Não tem graça, Percy. Não tem graça nenhuma.
A velha do meio pegou uma tesoura imensa - dourada e prateada, de lâminas longas, como uma
tosquiadeira. Ouvi Grover tomar fôlego.
- Vamos entrar no ônibus - ele me disse. - Venha.
- O quê? - disse eu. - Lá dentro está fazendo quinhentos graus.
- Venha! - Ele forçou a porta e subiu, mas eu fiquei embaixo.

  -   Você sabe que não mudaria nada, certo? - Luke perguntou  olhando para o amigo.
  - Sei sim... - mas, Grover estava um pouco vermelho.
 

Do outro lado da estrada, as velhas ainda olhavam para mim. A do meio cortou o fio de lã, e
posso jurar que ouvi aquele ruído cruzar as quatro pistas de trânsito.

- Ele viu? - Thalia e Nico perguntaram preocupados.
- E vocês não disseram nada? - Annabeth perguntou irritada. Grover não disse nada. Ele não sabia o que dizer.

As duas amigas dela
enrolaram as meias azuis e me fizeram imaginar para quem seria aquilo - o Pé Grande ou o Godzilla.

Risos tensos foram ouvidos como ruídos surdos.
 
Na traseira do ônibus, o motorista arrancou um grande pedaço de metal fumegante do
compartimento do motor. O ônibus estremeceu e o motor voltou à vida, roncando.

  -   Coincidência! - Leo disse sarcástico.
  - Nada é coincidência quando se é um semideus. - Annabeth disse.


Os passageiros aplaudiram.
- Tudo em ordem! - gritou o motorista. Ele bateu no ônibus com o chapéu. - Todo mundo para dentro!
Quando já estávamos a caminho, comecei a me sentir como se tivesse pego uma gripe.
Grover não parecia muito melhor. Estava tremendo e batendo os dentes.
- Grover?
- Sim?
- O que me diz?
Ele enxugou a manga da camisa.
- Percy, o que você viu lá atrás, na banca de frutas?
- Você quer dizer, aquelas velhas? O que há com elas, cara? Elas não são com... a sra. Dodds, são?

  -   São muito piores, criança! - Héstia disse sabiamente.


A expressão dele era difícil de interpretar, mas tive a sensação de que as velhas da banca de frutas eram algo muito, muito pior do que a sra. Dodds.

- O bom é que ele é bem observador! - Jason meio que tentou defender o menino que não estava presente e que os amigos adoravam apontar as "falhas engraçadas".

Grover disse: -Só me diga o que você viu.
- A do meio pegou uma tesoura e cortou o fio.
Ele fechou os olhos e fez um gesto com os dedos parecido com o sinal-da-cruz, mas não era isso. Era outra coisa, algo um tanto... mais antigo.

  -   Bem observador! - Atena disse surpresa.
  - Geralmente nós somos! - Annabeth disse.
  - Temos que ser, senão... - Nico disse. Os deuses olharam para ele esperando.
  - Senão o quê? - Afrodite perguntou.
  - Senão... Bum! - Luke disse - Um monstro vem e te mata sem você perceber!
  Ele ainda está um pouco amargo, os deuses perceberam.

Ele disse:
- Você a viu cortar o fio?
-Sim. E daí? - Mas mesmo enquanto dizia isso, já sabia que era algo importante.

  - Sim é... - Annabeth começou.
  - Por isso que a gente não entende... - Thalia continuou.
  - O por que você não nos disse nada sobre isso, Jackson. - Nico terminou.
  - vocês perceberam que estão falando com um livro, certo? - Luke perguntou fingindo-se preocupado.
  - Ah... Cala-se Castellan. - Nico disse - Como se a gente já tivesse esquecido de você falando "não atire em Percy, Quiron!".
  - Eu não disse isso assim.
  - Mas, foi o que quis dizer! - rebateu o Rei Fantasma.

- Isso não está acontecendo - murmurou Grover. Ele começou a morder o dedão. - Não quero que seja como na última vez.
- Que última vez?
- Sempre na sexta série. Eles nunca passam da sexta.
- Grover - disse eu, porque ele estava realmente começando a me assustar -, do que você está falando?
- Deixe que eu vá com você da estação do ônibus até sua casa. Prometa.
Aquele me pareceu um pedido estranho, mas prometi.**

  -   Ele não fez isso, né? - Annabeth disse.
  - Não! - Grover negou.
 
- É uma superstição ou coisa assim? – perguntei.
Nenhuma resposta.
- Grover... aquele corte no fio. Significa que alguém vai morrer?

  -   Impressionante como ele percebe! - Thalia disse. Nico e Annabeth tiveram que concordar, nem mesmo eles às vezes, percebiam tanto.


**Ele olhou para mim com tristeza, como se já estivesse escolhendo o tipo de flores que eu gostaria de ter em meu caixão.**

  - Bem, esta é uma boa forma de se terminar um capítulo... - Atena disse colocando na próxima página. - Quem quer ser o próximo.
  - Eu vou - Jason disse, a deusa passou o livro até chegar a ele - Obrigado.
   **Capítulo Três**



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