- SEMIDEUSES - uma voz repugnante cortou o céu. - FORAM MUITOS ANOS SENDO RECOLHIDA EM CADA CANTO DO MUNDO, CHEGOU A HORA DE FINALMENTE ESTAR INTEIRA, ENTREGUEM-ME O QUE FALTA.
- Ela está maluca né? - Theo me encarou.
Não Theo, ela não está.
Na fronteira Caly trocou um olhar comigo, era a que estava mais machucada, mas eu sabia que ela não iria morrer, pelo menos não hoje. Troquei um sinal com ela que milagrosamente me entendeu e me virei para Quíron.
- Se Ortros não está aqui, Equidna também não né?
- Sim, Equidna não está aqui - Quíron passou os olhos pela tropa a nossa frente.
Respirei fundo, peguei o braço da cobra na mão, foi repugnante, e avancei. O acampamento se posicionou em forma de ataque, estávamos em número menor, mas com bastante vantagens.
Peguei de dentro do meu cinto mágico o megafone que roubei do trinador Hedge e liguei.
- Um dois três testando - falei e o mega fone soltou um "A vaca faz muuu", acho que esqueci de concertar ele. - Equidna na escuta? "muuuuuuuu".
Silêncio total, não sei se estava ofendida pelo megafone ou se não escutava mesmo.
- Faremos uma barganha - continuei. - Os semideuses pelo seu magnífico braço.
Silêncio.
- Olha mulher-cobra - os monstros se contorceram na minha frente. - Essas aberrações vulcânicas vão morrer de qualquer forma, pensei que você queria ao menos minimizar o sofrimento.
- LEO VOCÊ FICOU MALUCO? - ouvi algum campista gritar.
Não disse nada pra ele, apenas esperei.
Notei que os de cara vulcânica começaram a dar passagem, e então logo um enorme cão de duas cabeças apareceu na minha frente, eu teria corrido de medo, mas o acampamento necessitava de mim ali.
- Minha mãe lhe manda lembranças Valdez - ele disse.
Espera, Ortros fala? Já estive no mundo inferior e Cérbero não solta um pio, porque o irmão fala?
- Hã, como vocês sabem meu nome? - que pergunta bosta eu sei, mas preciso manter ele falando.
- Os mortais não são os únicos a conhecer o cara que fugiu da morte e liberou uma feiticeira da prisão.
Caly se debateu novamente. Vi fúria em teus olhos.
- Certo, pode ser delicado o que vou perguntar agora mas, como você consegue falar? Tipo, você é um cachorro não é?
As duas cabeças grandes focaram em mim, pelo canto de olho vi Clarisse querendo me estapear.
- Filho de Hefesto costumam não falar muito - ele rosnou.
Não recuei, mas minhas pernas quase bateram uma na outra, qualé! Eu sou o rei da fala!
- Sou uma espécie rara - dei de ombros. - E aí, aceita a barganha?
- Um semideus pelo braço - Ortros disse.
- Os quatro pelo braço - falei. - E ainda deixo sair sem um arranhão!
- Apenas um.
Suspirei, seria no modo difícil então. Conjurei fogo, apesar de consumir um pouco de minha energia, era necessário.
- Os quatro ou braço queimado, você escolhe - aproximei aquele braço repugnante do fogo.
Os campistas se movimentaram atrás de mim, rezei pro meu pai pra que elesentendessem o sinal.
- Você não faria isso tolo, mataria mais uma mãe com fogo? - mostrou os dentes no que imaginei ser um sorriso cruel.
Aquilo machucou.
Queimei o braço, os campistas prenderam a respiração enquanto aquilo se diluia em um pó dourado. O chão balançou de novo.
- Eu estou disposto a matar várias mães com fogo, se elas forem monstros - murmurei.
Antes que Ortros respondesse, saquei a "arma" e atirei no braço do cara de vulcão que segurava Caly. Ele foi pego de surpresa, e virou pó. Sorri vitorioso, era um tiro no escuro, não tínhamos testado isso antes e funciona!
Meu autônomo seria uma máquina de destruição!
Ortros rosnou alto.
- Agora você está ferrado - o cachorrão fala palavras feias, mamãe não lhe deu educação.
Atirei na cabeça de Ortros, o buraco foi feio, ele uivou de dor, mas isso não matou ele, então dei três passos para trás entrando novamente na barreira,Ortros não passaria.
Com uma ordem direta Ortros comandou seu batalão, então eles atacaram, e uma chuva de bala cortou o ar, ainda bem que não fui atingido, rapidamente um terço daqueles monstros caíram em forma de pó.
Meus amigos aproveitaram a situação e saíram das garras dos que lhe faziam prisioneiros, Clarisse já estava atirando, de onde ela conseguiu a arma eu não sei.
Nico tentou abrir o chão, mas os monstros não caíram, se projetavam na sombra e reapareciam no campo de batalha.
- NICO - gritei e joguei minha arma, ele pegou rapidamente.
Saquei minha espada, havia feito uma mudança nela sem os meus irmãos saberem, ela era de bronze e ouro, o mesmo material das balas, então me ajudaria bastante.
Peguei Caly pelo pulso no momento em que o exército atravessou as barreiras, uma rajada de fogo quase nos pegou, olhei a tempo de ver uns dez caras com as mãos pegando fogo e sorrindo estranho.
Não não não e não, não pode existir outro Valdez além de mim nesse mundo, eu não permito!
- LEO, PRA ONDE VAMOS? - Caly gritou no meio da bagunça.
Olhei pra ela, ela estava machucada.
- Falar com Quíron - falei, surgiu uma ideia, apesar de que eu não queria me afastar de Caly novamente parei de correr e lhe encarei. - Eu vou atrás de Quíron, Nyssa e Harley, vá até o pavilhão, as armas estão lá pegue uma e corra até Clarisse, Caly não se afaste de Clarisse.
- Eu.. Leo eu não sei atirar - tinha um tom de desespero em sua voz.
- É como usar arco e flecha - garanti.
- Eu sou uma péssima arqueira!
- Você vai se sair bem - lhe dei um selinho rápido. - Agora vá, e por favor faça o que eu te pedi.
Ela concordou e saiu correndo, avistei Quíron do outro lado do campo de batalha, esbarrei por Harley no caminho e o arrastei comigo. Theo mancava enquanto lutava a base de espada. Estava em desvantagem.
- HARLEY ME DÊ A SUA ARMA! - gritei pro meu irmão.
Ele jogou e eu disparei contra o monstro ao pé de Theo, ele me encarou agradecido e eu joguei a arma pra ele.
Cheguei em Quíron que estava rodeado de monstros.
- EI ÉGUINHA POCOTÓ - Quíron me encarou com mais raiva do que quando olhava para aquelas aberrações. - VOU ATÉ O BUNKER, QUANTO TEMPO ACHA QUE ORTROS FICA PRO LADO DE FORA?
- POUCO QUATRO BOCAS - quatro bocas? Sério? - ALGUM PLANO?
- ATRASE ELES - apontei pro resto dos inimigos.
Voltei a correr, Harley não fazia perguntas, arrastei Nyssa (que encontrei no caminho do pavilhão) e corremos até a floresta. Um grupo de quinze monstros nos perseguiu, atiramos acertando eles em cheio, ou pelo menos alguns, já que outros se escondiam nas sombras e se projetavam a alguns metros de distância de onde estavam.
Entramos no Bunker e lacrei a porta, ninguém entrava.
- Tudo bem - Harley respirava com dificuldade. - Se explique.
Comecei a andar até os fundos.
- Vamos mandar Ortros para o tártaro - falei, os dois me seguiam. - Se ele voltar pra lá teremos mais chances contra esse exército, Ortros é o cérebro da operação.
- E como mandaremos ele pra lá? - Nyssa perguntou. - As balas mal fazem cócegas, e não teríamos chances num corpo a corpo.
- Eu tive uma ideia.
Eles se calaram esperando respostas, parei ao lado de Festus e o reativei.
- Eu amo esse dragão - ouvi Harlwy murmurar enquanto observava Festus sair de dentro da mala.
- Eu também - disse. - Descansado? - perguntei, Festus fez sinal em código morse dizendo "tô legal". - Aguenta um "mano a mano"? - Ele girou os dentes concordando.
Me virei para os dois ao meu lado que me encaravam como se eu fosse um E.T.
- A ideia é a seguinte, faremos uma bomba.
- Vamos fazer "cabum"? - Harley sorriu.
- Sim Harley, "cabum" - fiz movimento de explosão com as mãos, o sorriso do meu irmão aumentou.
- Certo, como vamos fazer? - Nyssa colocou a arma sobre uma mesinha que tinha ali.
Sorri maroto, caminhei até a bola de bronze de Festus, ele pareceu não gostar, pois cuspiu fogo em mim, com sorte me concentrei em deixar a roupa intacta.
- Eu faço outra pra você - lhe encarei zangado. - O negócio é o seguinte - me virei pros meus irmãos. - Eu vi hélices afiadas naquele depósito - apontei pra uma porta fechada. - Vocês pegam a hélice, creio que três dá, enquanto eu abro essa mega bola.
Eles concordaram e foram até lá, rápido e nada fácil eu cortei a bola em três, Festus estava de costas para mim.
Nyssa e Harley jogaram as hélices próximo aos meus pés.
- Harley, rolamentos e parafusos - ele saiu saltitando. - Nyssa, bastante pólvora e bronze celestial em pó.
- Leo, bronze celestial em pó não existe - ela falou.
- Demorei, mas eu consegui fazer - ela arqueou uma sobrancelha pra mim. - Eu faço visitas noturnas ao bunker quando não consigo dormir - dei de ombros. - O bronze está ao lado da garrafa de pólvora.
Ela saiu, Harley voltou com os rolamentos e os encaixei nas Hélices, o baixinho me ajudou a liga-las na grande bola, fizemos várias arrumações até que elas começaram a se ativar pelo controle improvisado.
Nyssa chegou e continuamos trabalhando em silêncio, não precisei falar o que queria, eles logo entenderam, seria uma bomba bumerangue, as hélices seriam lançadas na explosão e atingiriam os outros monstros enquanto a bomba cuidaria de Ortros.
- Nyssa, evacue o campo, fale pros campistas afastarem dos monstros - ela concordou e saiu do bunker, me virei pro pequeno. - Harley, leve esse sinalizador para Clarisse, diga a ela para pegar o que foi mandada e quando estiver longe de Ortros peça para lançar o sinalizador, vai ser nessa hora que a bomba vai explodir.
Ele concordou, quando chegou na porta se virou pra mim.
- Se você morrer posso namorar a Caly?
- Harley, vai logo - lhe lancei um olhar irritado.
Namorar a Caly! Nem pense nisso seu tampinha.
Me virei pro grandão, respirei fundo, e lá vamos nós com uma crise de Festus em plena batalha.
- Festus - chamei, ele não se mexeu. - Eu sei que você está me ouvindo - o único movimento foi erguer sua cabeça ainda mais. - Te dou um barril de óleo de motor com molho de pimenta - falei, nada. Bufei frustado. - O barril e uma bola de ouro imperial.
Festus virou minimamente a cabeça para meu lado, seus olhos vermelhos me olhavam de cima a baixo, e então soltou fumaça pelo nariz se dirigindo até a grande bola.
Evitei pular de alegria, Festus empurrava a bola enquanto eu abri a porta do bunker. os monstros ali já estavam mortos, subi nas costas do dragão e ele levantou voô com a cola em suas garras.
Sobrevoamos o campo de batalha, não estávamos uito alto, Ortros lutava contra quatro campistas, busquei um binóculo no meu cinto e foquei a atenção lá em baixo, Caly se ocupada de servir de isca enquanto Clarisse tentava pegar algo no pescoço do cão.
E Clarisse pegou, era um frasco verde, no momento seguinte foi pisoteada, Caly gritou, Nico conjurou esqueletos que retardaram o cachorro em tempo suficiente para que ela pegasse o corpo imóvel da marrentinha, Caly foi quem lançou o sinalizador, e então Festus abriu as garras, a bola caiu, quando estava perto do monstro apertei o botão, o fogo da explosão subiu até nós,felizmente pegando de raspão.
Abaixo Ortros era um monte de pó assim como todos os seus "irmãos". Festus desceu e pulei imediatamente de suas costas, corri até Caly.
- WILL - gritei.
A multidão de campistas começou a se formar, os filhos de Ares urraram quando viu sua conselheira imóvel.
Will apareceu correndo, Nico veio logo atrás, os campistas caíram em silêncio, Will se agachou colocando a mão sobre Clarisse.
- Cinco costelas quebradas, um órgão perdurado - ele parou e me encarou. - Não tem mais pulso.
Ficamos observando a garota, ouvi um soluço baixo vindo de um dos campistas. Encarei Caly, ela estava sangrando, um corte na testa.
- Eu não pensei que fossemos usar isso agora - murmurei para os três ao meu lado. - Will, leve Clarisse para a enfermaria, está na hora de usarmos aquela flor.
Charles chegou correndo e se agarrou ao corpo da namorada, seus olhos me encararam suplicantes, dei sinal e outros filhos de Apolo apareceram com uma maca. Cinco minutos depois do corpo de Clarisse ter saído dali e Will voltado confirmando que ela estava viva, a voz do início da batalha ressoou de novo, mais baixo e mais próximo.
- Estou impressionada pequeno herói, matou todos os meus filhos com apenas uma bomba - me virei de vagar.
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