"- E o que fazemos com ele? – Apontei para o homem estranho.
- Levamos com a gente. – Ártemis finalizou."
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P.O.V Leon
- Não faça isso... Por favor... – Ouvi um murmuro, seguido de um grito.
Abri meus olhos, minha visão estava turva, estava vendo apenas vultos. Tentei mover minhas mãos e notei que estavam presas. De novo? Droga. Mas o que aconteceu agora? E Nilce? Onde está Nilce? Minha visão começou a se endireitar. Olhei em volta. Eu estava em um quarto totalmente escuro. Havia apenas uma vela que iluminava um pouco o lugar. Notei um homem amarrado em minha frente. Ele estava sem camisa e tinha diversos ferimentos. Ele levantou a cabeça, olhou pra mim e endureceu a expressão no mesmo tempo. Tentei falar, mas notei que tinha algo em minha boca. O homem então disse:
- V-Você tem sorte.
Fiz uma expressão de dúvida. Como aquilo poderia ser sorte? Ele estava louco? Tentei falar novamente, sem sucesso. O homem estranhou falou novamente:
- Sua família ao menos vem te buscar. Você tem alguém que te ama. A propósito, meu nome é Victor.
De repente, ouvi uma porta se abrindo, provavelmente a porta daquele quarto. Olhei pelo canto do olho e notei que era uma Fúria. Escorreu uma gota de suor pelo meu rosto. Ela nem me deu bola e foi em direção ao homem chamado Victor. Tentei gritar para deixá-lo em paz, mas sem sucesso. Tudo que saia eram murmúrios. Então a fúria virou-se e me encarou, e deixou escapar um sorriso de orelha a orelha.
- Olhe só quem acordou... – Ela disse.
Ela então retirou aquilo que estava na minha boca – Era uma mordaça – dei uma tossida e a encarei. Ela continuava sorrindo diabolicamente, e então sussurrou:
- É aqui que você passará a eternidade, meu doce. Eu prometo que aquela sua chama de esperança irá se apagar, e eu nunca quebro uma promessa. Você passará momentos achando que sua esposinha virá buscá-lo, mas você está enganado! Até porque ela está morta! – A fúria deu um berro e começou a dar gargalhada.
Uma lágrima escorreu de meu olho. Nilce não pode estar morta! Num impulso, cuspi na cara da Fúria e gritei:
- Não! Você está mentindo! Nilce virá me buscar, pois ela me ama!
A fúria deu mais uma risada, limpou a saliva e disse:
- Estou mesmo mentindo, meu doce? Você está aqui desacordado há uma semana. Você não acha que uma semana já o suficiente, meu doce? Ela está morta.
Soltei mais lágrimas. Nilce não podia estar morta... Não...
- O deixe em paz! É a mim que você quer! – Victor disse.
- Errado, meu doce. Eu quero ambos. – A fúria sorriu e virou-se para Victor. – Por falar nisso, meu doce, está na hora da nossa sessão de tortura!
Sessão de tortura? O que? Como assim? A fúria então exibiu uma adaga que estava em sua mão esse tempo todo e disse com um grande sorriso:
- Isso vai doer, meu bem.
Em seguida, ela começou a cortar novamente o peito de Victor enquanto ele gritava.
P.O.V Nilce
- Como vamos sair daqui? – Zoe perguntou.
- Eu vou abrir um portal. – Ártemis respondeu.
- Mas por que não pode abrir ele aqui? Por que temos que andar e levar este homem conosco? – Zoe perguntou.
- Porque esta é uma área com pouca magia. Devemos alcançar o pico da montanha de cristal. E devemos levar Carlos, pois ele será importante para nossa viagem. – Ártemis respondeu.
- Como assim importante? – Perguntei.
- Não queira apressar o futuro, querida. – Ártemis respondeu.
Depois de algumas horas andando, Ártemis disse:
- Vejam, chegamos.
Olhei em volta e notei que logo a nossa frente, havia uma certa proteção que nos impedia de entrarmos.
- E agora? Como entramos? – Perguntei.
- Você é a chave. – Ártemis respondeu.
Fiz uma expressão de dúvida. Do que ela estava falando?
- O que quer dizer? – Perguntei.
Ártemis sentou-se no chão serenamente e disse:
- Apenas o amor verdadeiro pode quebrar essa barreira. E vamos combinar, eu não tenho amor, e Zoe... Bem...
Zoe fez uma cara brava e Ártemis apenas sorriu. Comecei a sentir tontura. Não podia fazer isso, não sem Leon. Meu coração se apertou e segurei o choro. Será que ele estava bem? Teria que fazer aquilo, por ele!
- Tudo bem. O que eu faço? – Perguntei para Ártemis.
- Somente você pode entrar nesta caverna. Ao chegar lá, terão alguns desafios. Caso consiga fazê-los, irá quebrar a proteção. – Ártemis respondeu serenamente. Zoe apenas observava.
- E caso eu não consiga? – Perguntei com um nó na garganta.
- Então todos morreremos. – Ela respondeu.
Engoli em seco. Uma gota de suor escorria pelo meu rosto. Zoe me abraçou e disse:
- Você vai conseguir. Você sempre consegue. Quando eu salvei você e Leon eu achei que você era só mais uma mulher fresca e fraca, mas você é totalmente o contrário disso. Em todos os momentos, você conseguiu manter o controle da situação, e eu te admiro muito, Nilce. Se eu fosse lésbica, eu com certeza te pegaria.
Arregalei os olhos, Zoe me soltou e sorriu para mim. Sorri de volta. Ártemis estava sentada serenamente e tudo que disse foi:
- Boa sorte.
Dei uma última olhada para elas, respirei fundo e entrei na caverna. Quando olhei para trás, era como se não houvesse uma saída. Olhei para frente e vi uma mesa. Cheguei próximo a mesa e havia um bilhete escrito: “Nilce”. Novamente respirei fundo e peguei o papel. Abri o papel e estava escrito:
“Venha até mim”.
A gota de suor caiu em cima das letras, borrando-as um pouco. Quem queria que eu fosse até ele? Minhas mãos começaram a tremer. De repente, uma luz se acendeu do meu lado direito. Era mais uma mesa. Fui até ela, e mais uma vez, havia um bilhete escrito Nilce. Abri o bilhete e estava escrito:
“Caso queira passar
Seu segredo deverá contar
Apenas o coração sincero poderá atravessar
O segredo mais obscuro
Poderá ser a sua chance para o futuro”.
O segredo mais obscuro... Comecei a pensar em diversas coisas. Então me lembrei de uma coisa...
*Flashback on*
- Meu bem, vamos! Já está quase na hora de gravar vídeo pro canal e você ainda não se arrumou! – Ouvi Leon gritando.
Eu estava no banheiro com um teste de gravidez na mão. Tinha dado positivo. Era o dia mais feliz da minha vida. Eu não estava acreditando! Como eu iria contar ao Leon? Eu estava com um sorriso de orelha a orelha. Mal podia esperar para contar. Enrolei o teste de gravidez num papel e o joguei no lixo. Lavei as mãos e sai para gravarmos o vídeo para o canal. Mas sinceramente, eu estava focada mesmo, era no nosso filho. Quando acabou a gravação eu me ofereci para ir comprar a comida. Eu iria fazer uma surpresa. Leon até estranhou, mas ficou feliz por não ter que ir buscar comida no frio. Agasalhei-me toda e saí para o mercado, mas para minha infelicidade, aquele não era meu dia. Um adolescente correu em minha direção e me fez tropeçar. Na hora eu senti o impacto. Consegui levantar e fui direto para o hospital. Os médicos fizeram um ultrassom, quando terminaram, eles disseram que o bebê estava morto. Foi o pior momento da minha vida. É claro que eu nunca contei para o Leon...
*Flashback off*
Eu estava chorando, e com o coração partido. Revelei o segredo que eu levaria para o túmulo. Eu estava despedaçada por dentro. A luz se apagou e uma luz se acendeu no meu lado esquerdo. Fui até lá. Dessa vez o bilhete tinha uma cor azulada. Respirei fundo e abri o bilhete, ainda chorando e li:
“Só havia um único desafio. Muitos não conseguiram passar, pois se negavam a contar-nos o segredo mais obscuro, ou mentiam. Mas você não. Você tem o coração puro e sincero, e por isso, merece conseguir recuperar seu amor. Parabéns, Nilce.”
- Eros
Caí de joelhos no chão e me acabei de chorar. Ouvi um barulho como se fosse vidro se quebrando, e percebi que era a proteção. Zoe foi a primeira a entrar e correu até mim, me abraçando.
- Eu sabia que você conseguiria. – Zoe disse, emocionada.
Fiquei calada, apenas me confortando com o abraço de Zoe.
- Meus parabéns, Nilce. – Ártemis sussurrou em minha cabeça.
Olhei para Ártemis e vi que ela estava usando magia e trazendo Carlos com flutuação. Ele continuava desacordado. Zoe me soltou e olhou séria para Ártemis.
- E agora? – Zoe perguntou.
- Agora irei abrir meu portal nesta caverna. Fiquem atrás de mim. Antes de abrir, Zoe, você deve ter suas memórias de volta. – Ártemis disse.
Zoe fez uma cara de dúvida. Ártemis levantou seus braços e uma névoa roxa saia de suas mãos indo em direção a cabeça de Zoe, e uma segunda névoa roxa ia para a cabeça de Carlos. Quando a névoa terminou de sair, Zoe fez uma expressão de choque e Carlos acordou na mesma hora. Ártemis o colocou no chão. Carlos e Zoe se olharam com uma expressão de choque até que Zoe finalmente disse:
- Pai!
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