História Leon e Nilce - True Love Forever - O que...

P.O.V Nilce

Eu não sabia o que dizer para Zoe. Agora eu sabia o porquê de tudo, o porquê de ela estar presa no jogo, o porquê de quando ela fala "marido" sua voz fica dura. Mesmo que Maycon não fosse marido dela, era como se fosse. 

- Nilce. - Disse ela, quebrando o silêncio. - Eu prometo que irei tirar você e... Seu marido desse jogo! Eu farei por vocês o que não consegui fazer por mim.

- Zoe... Eu... - Comecei, sem saber o que dizer.

- Por favor, não diga ''eu sinto muito'' - Zoe fez aspas com suas mãos pixeladas. - As palavras soam vazias. Não se preocupe, iremos dar um jeito. - Zoe limpa uma lágrima que caia de seu rosto.

- Sabe... Você pode sair daqui comigo e com o Leon. - Digo, serenamente.

- Oh, Nilce... Creio ser impossível. Maycon fez o jogo e eu acho que ele me amaldiçoou aqui. Pelas minhas contas, eu devo estar aqui por uns sete anos.  Sempre procurei uma forma de sair, mas nunca encontrei um jeito. Quer dizer... Tem uma parte da floresta... - Zoe começou a dizer.

Avisto água pura e límpida a frente e deixo a frase que Zoe disse pairando no ar.

- ÁGUA! - Grito e saio correndo em direção a ela.

Olho para trás e Zoe corre bem atrás de mim. 

- Bom, eu disse que tinha um rio! - Disse Zoe com um sorriso no rosto.

Começo a pegar água em minhas mãos pixeladas. Quando a água toca meu rosto, a fuligem se dissipa. Meu corpo, antes cheio de sujeira, agora fica limpo como quando cheguei a este mundo pixelado. Observo Zoe. Ela começa a lavar seu rosto, também cheio de fuligem. Percebo agora que ela é mais linda do que eu imaginava. Seu rosto, agora limpo, mostrava uma garota diferente. Seus olhos selvagens acinzentados olhavam para a água. Tudo neste mundo era diferente. Quando uma parte suja de nós tocasse a água pura e limpa, a sujeira se dissipava, deixando apenas um rastro marrom na água, que logo sumia. Zoe pegou em suas mãos pixeladas seu cabelo loiro e tocou-o na água do rio. No mesmo instante, toda a sujeira sumiu. Agora, o cabelo que antes estava sujo, estava brilhoso e sedoso. 

- Entre na água para suas roupas se limparem. Não se preocupe, esse rio não é perigoso. - Disse Zoe, me olhando.

- A-ah... Okay... - Respondo.

Começo a entrar no rio e sinto meu corpo amolecer. Era tão bom. Olho para baixo e percebo toda a sujeira saindo de mim, até mesmo aquele sangue de górgona que ficara na minha camiseta. Em dois minutos, eu estava limpa.

- Hã... Tem como levar dessa água para o Leon? - Pergunto a Zoe.

- Sim. Felizmente, eu tenho um cantil. Eu sempre o trago quando venho para cá. - Zoe responde e coloca o cantil embaixo da água.

Ela termina e tampa o cantil, colocando-o novamente em seu bolso.

- Bom, vamos voltar? - Diz Zoe.

- Claro. - Respondo.

P.O.V Leon

- N-Nilce? - Começo a abrir meus olhos lentamente. Tudo está embaçado. - Meu bem, eu tive um sonho bem estranho.

Sento-me. Meu corpo inteiro dói. Olho ao redor e percebo que estou numa... Tenda?

- NILCE!? - Grito, desesperado. - NILCE, CADÊ VOCÊ?

- Meu bem? - Ouço uma voz vindo de longe. Era Nilce!

- NILCE! - Grito.

Nilce entra correndo pela tenda, indo ao meu encontro e me beija. Retribuo, beijando-a mais forte.

- Meu bem, eu tive tanto medo de te perder! - Nilce chora e me abraça.

- Nilce, eu te amo tanto, mas... O que está acontecendo? - Observo confuso.

Uma moça entra na tenda. Observo-a melhor e vejo que é a que estava em meus sonhos, matando o touro de colchis.

- Bom dia, dorminhoco. - Disse a mulher estranha, com uma expressão dura.

- Meu bem, nós estamos dentro do jogo. - Nilce começa a explicar a situação. Faço uma cara confusa. - Nem me pergunte, porque eu também não sei como isso aconteceu... Ah sim, essa é Zoe, ela matou o touro de colchis e ajudou você. Enquanto você dormia, nós fomos ao rio e pegamos um pouco d'água para você, e ela me contou sobre... - Zoe e Nilce trocam um olhar. - Me contou... Que podemos sair daqui. 

- Bom, Leon, preste atenção. Neste jogo, temos monstros. Os monstros são da mitologia grega, então, só se consegue matar com bronze celestial, um metal extremamente raro. Se você morre no jogo, sua vida real também se dissipa, portanto, temos que ser astutos e ágeis. Este mundo está divido entre duas partes, a escuridão e a luz. Fique na luz e você não terá problemas. Fique na escuridão e você pode se considerar um homem morto. Se quer sair daqui, precisa matar o dono do jogo e vai precisar de minha ajuda. - Disse Zoe.

- Como se consegue bronze celestial? - Pergunto.

Ela levanta uma das sobrancelhas e dá um sorrisinho sarcástico e diz:

- Caramba! Essa é a sua primeira pergunta? Bom, eu conheço um lugar. Tem pouco, mas é o suficiente para uma arma. Fica na floresta sombria, um local repleto de monstros e outros perigos. - Respondeu Zoe.

- Eu posso ir! - Respondi.

Nilce tocou em meu braço e me olhou como se dissesse: ''Leon!'' 

- Eu vou! Eu quero ir! - Respondi em tom heroico.

- Então eu vou também! - Gritou Nilce.

Zoe deu um suspiro. 

- Tudo bem. Partiremos amanhã bem cedo. Mas, agora, temos que descansar. Nilce e Leon, podem dormir em minha ''cama'' - Zoe fez aspas com suas mãos pixeladas - Eu irei arrumar umas coisas. Boa noite. Ah, sim, aliás, eu tenho algumas sopas de monstros se tiverem fome. Estão na outra parte da tenda. Ah, mais uma coisa. Nilce, pegue - Jogo o cantil para Nilce - Bom, amanhã temos uma longa jornada. Descansem. - Zoe saiu da tenda, deixando-nos a sós.

Deito-me na ''cama'' de Zoe com Nilce. Nilce lavava meu rosto com a água do cantil e eu a observava. Ela estava com a expressão mais dura.

- Meu bem, o que aconteceu quando eu fiquei inconsciente? - Perguntei.

- Bom, Zoe disse poder te ajudar e eu aceitei. Nós enfrentamos a floresta sombria e havia um monstro... Uma górgona, para ser mais exata. Eu a matei com uma adaga que Zoe me deu. Depois, chegamos até aqui e Zoe preparou algo para você e deu para você beber. No começo fiquei meio apreensiva, pois aquilo tinha um odor forte e você quase botou para fora - Bem que eu estava sentindo um gosto ruim na boca - então, Zoe disse que você ia ficar bem logo. Enquanto você dormia, ela me levou no rio que tem aqui perto para eu poder me lavar. Foi isso. - Terminou Nilce, selando seus lábios no meu.

- Nilce, obrigado por cuidar de mim, eu te amo tanto, meu bem. - Abracei Nilce.

- Meu bem, eu nunca vou te abandonar, você é a coisa que eu mais amo no mundo. - Disse Nilce com lágrimas nos olhos.

P.O.V Zoe

Eu estava do lado de fora da tenda, ouvindo Nilce e Leon conversarem.

- Meu bem, eu nunca vou te abandonar, você é a coisa que eu mais amo no mundo. - Ouvi Nilce dizer.

Senti uma ponta de inveja. Meus olhos começaram a ficar molhados com minhas lágrimas. Era tão boa a época que o Maycon estava aqui comigo... Por que ele teve que ir? Por quê? - Pensei, lamentando. 

- Por que ele se tornou esse monstro? - Disse, em voz alta.

Depois de um tempo, eu caí no chão de sono. Tive um sonho.

Eu estava no mundo real, dentro de uma igreja. E eu era a noiva... A igreja estava lotada. Sinos começaram a tocar e eu comecei a andar, mas não era eu quem estava movimentando meu corpo, ele se movia sozinho. Fui me aproximando do altar e notei que havia um homem estranho no altar, mas ele era a coisa mais linda que eu já vira. Ele tinha os cabelos pretos e seus olhos eram mais pretos ainda. Ele parecia normal, exceto por um detalhe... Ele tinha asas! Suas asas tinham o mesmo tom do seu cabelo. O olhar dele era alegre. Ele estava usando um terno, mas, mesmo de terno, seus músculos ficavam a mostra no tecido. Até que cheguei ao altar e um padre começou a dizer várias coisas. Aparentemente, eu estava no meu casamento... Num piscar de olhos, o padre disse:

- Pode beijar a noiva.

Quando meus lábios iam encostar nos lábios do estranho homem com asas, o sonho se foi. Eu estava, agora, vagando numa escuridão infinita. 

- Zoe. Zoe, acorda. - Ouvi longe, até que meus olhos se abriram. Era Nilce. Já estava de manhã, notei!

- Ah, droga! Desculpe... Eu... - Disse.

- Tudo bem. Leon ainda está dormindo. - Nilce me disse.

- Oh... Certo... Irei me arrumar e pegar algumas coisas. Encontre-me daqui a 10 minutos. - Respondo.

- Tudo bem. - Nilce dá um sorriso para mim.

Levanto-me e vou em direção ao meu cavalo.

- Bom dia, garotão, tudo bem? - Faço-lhe carinho nas orelhas, ele relincha. - Temos uma longa jornada hoje!